À distância se enxerga melhor?
Dom Aloísio Roque Oppermann, scj
Arcebispo Emérito de Uberaba / MG
Arcebispo Emérito de Uberaba / MG
As avaliações sobre a importância do
Concílio Vaticano II vão desde a glorificação exaltada, até a
hostilização mais mal humorada. Isso acontece por sintonizarmos a
retomada de suas grandes idéias no cinqüentenário de seu início (11 de
outubro de 1962). Os Padres Conciliares, em número aproximado de 2.500
na média, viram esse maravilhoso acontecimento eclesial, em centenas de
visões diversificadas.
A grande maioria viu seu espírito numa
linha de continuidade com a história da Igreja. Mas alguns quiseram
ver nele uma ruptura com a fé milenar dos discípulos de Cristo, e até
uma compactuação com a mentalidade secularizada do mundo moderno. Vamos
tentar dar um pequeno apanhado de suas linhas fundamentais, cujos
conceitos apelam para um aprofundamento neste ano da Fé, que inicia
neste mês (10/12).
A definição (ou descrição) de Igreja jamais foi tão ampla e completa. Nem Santo Tomás de Aquino, nem Santo Agostinho alcançaram tais alturas, atingidas pelo Concílio, (sem os Padres esquecer as Escrituras). Agora existe a convicção de que todos somos Igreja, e não só o clero.
A Reforma Litúrgica conseguiu ultrapassar séculos de passividade, para levar o povo a uma participação ativa e frutuosa, sobretudo na Eucaristia. As celebrações se tornaram mais vivas e compreensíveis.
Em que pese nossa boa e velha Tradição, o Concílio nos levou a um renovado amor ás Escrituras Sagradas. Elas voltaram a ser a “alma de toda a teologia”. Hoje até na Catequese elas voltaram a ser prioritárias.
Os Padres Conciliares nos levaram a uma grande redescoberta da Patrística. Os escritos dos primeiros quatro séculos foram traduzidos para as línguas modernas, e todos podem buscar o elo que liga os ensinamentos dos apóstolos aos tempos modernos.
O enfoque das relações Igreja x Mundo foi deslocado. Agora não se trabalha mais, considerando o mundo como um grande inimigo, mas se procura dialogar. Isso é um benefício recíproco.
Houve um esforço, nem sempre bem sucedido, de aproximação com os cristãos de outras denominações. Mas as relações melhoraram, apesar de haver um longo caminho a percorrer. Um dia a oração de Cristo será eficaz, e “seremos todos um” ( Jo 17, 11).
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