sábado, 15 de dezembro de 2012
O que devemos fazer?
Como podemos manifestar de maneira concreta a conversão à qual o Senhor nos chama?
RIO DE JANEIRO, sexta-feira, 14 de dezembro de 2012 (ZENIT.org) - É a pergunta que as diversas situações fazem a João Batista diante da pregação da chegada do Messias, Salvador do Mundo. E João convida a todos à mudança concreta de vida. Essa mudança é para nós demonstrada com a celebração penitencial.
Aproximamo-nos da grande solenidade do Natal do Senhor, quando a liturgia nos fará penetrar no mistério do Salvador, que se faz homem para nos redimir e elevar-nos à Sua divina dignidade. Como na noite de Natal, há dois mil anos passados, somos chamados a reconhecer a luz que ilumina as trevas da humanidade, e, reconhecendo-a, acercar-se dela e contemplá-la, a fim de que ela nos ilumine e nos faça partícipes da sua graça.
Nessa perspectiva, somos chamados a olhar para o nosso interior e perceber o quanto cada um de nós, de maneira tanto particular quanto comunitária, vive o momento propício que o Tempo do Advento nos proporciona, no qual realizamos a caminhada do Povo de Deus da antiga Aliança, que, na expectativa do Messias, vivencia uma caminhada de penitência, a fim de se preparar para a chegada d’Ele.
Precisamente por isso, no tempo do Advento a Igreja celebra o Mistério do Senhor revestida da cor litúrgica roxa, remetendo-nos à penitência e à conversão, chamando-nos a corresponder a esse sinal e a manifestar desse modo que, assim como o povo de Deus de outrora, nós também estamos na expectativa pela chegada do Senhor e desejamos que ela aconteça mediante nossa pureza de coração.
No Evangelho do domingo passado, vimos o clamor de João Batista incitando o povo a “aplainar os caminhos do Senhor” e “endireitar suas veredas”. Esse brado veemente que o precursor do Messias exclamava por onde passava, precisamente na iminência da chegada d’Ele, também hoje é dirigido a todo o povo de Deus. Diante dessa certeza, precisamos assumir a nossa responsabilidade e reconhecermo-nos como sendo esse povo, e, desse modo, mergulhar nesse processo de penitência e conversão a que o Senhor, pelos lábios de João Batista, nos convoca.
Todavia, como podemos manifestar de maneira concreta a conversão à qual o Senhor nos chama? Certamente é preciso tomar parte de um processo de reconciliação que se inicia no íntimo de cada um de nós. A conclusão desse processo, onde se manifesta a graça salvífica de Cristo, é o Sacramento da Confissão. É por ele que somos reconduzidos ao Senhor e, desta forma, reabilitados na vida da graça.
Assim sendo, somos todos convidados a voltar sua atenção para a figura dos pastores, como apresentada na noite de Natal pelos evangelhos. Eles, sempre vigilantes, estavam prontos para caminharem até o Salvador quando da Sua chegada. Precisamente a eles, o anjo do Senhor dirigiu de modo primordial o anúncio alegre e solene da Sua chegada. E este anúncio primordial que os pastores receberam certamente tem sua razão de ser na vigilância em que eles se encontravam na noite em que o Senhor chegou para nós.
E nós, até que ponto somos vigilantes? O próprio Senhor, no Evangelho, nos alerta para a necessidade de mantermos tanto a vigilância quanto a oração, pois não sabemos nem o dia nem a horaem que Elevirá. Exatamente por isso, somos todos convidados a observar a importância do Sacramento da Confissão nesse contexto de penitência e conversão que o tempo do Advento nos proporciona.
Iniciemos por fazer nosso devido exame de consciência e observemos a figura de Maria, mulher da pureza e da oração, sempre confiante nas promessas do Senhor e a primeira a aderir de todo o coração ao convite do próprio Deus que a escolhera para ser a mãe do Salvador e, assim, colaborar com a salvação de toda a humanidade. Em seguida, olhemos para dentro de nós mesmos e observemos até que ponto nos configuramos ao Senhor, tendo por exemplo a figura de Maria.
Nesse sentido, o nosso convite para que todos reconheçamos no tempo litúrgico do Advento o momento propício para reconciliarmo-nos com Deus, para poder assim acolher generosa e dignamente o Salvador. Os sacerdotes são convidados a assumir o papel de João Batista, anunciando a chegada do Salvador e a necessidade de uma conversão verdadeira, que faça de cada cristão verdadeiras manjedouras onde se reclina o Salvador não só na noite de Natal, mas durante toda a caminhada da vida. Os padres assumem o papel de “aplainar a caminho do Senhor” na vida de quantos lhes são confiados, tendo a viva consciência de que são os mediadores da graça sacramental e de que depende largamente de sua eficiente ação pastoral a reconciliação do povo com o seu Deus.
Precisamente por isso, sabendo do valioso momento dos “mutirões de confissões” em todas as paróquias, seria muito importante neste tempo que em todas as paróquias, institutos religiosos, oratórios, comunidades diversas seja ministrado de modo mais frequente o sacramento da Penitência, de maneira auricular, criando-se para isso horários condizentes com as realidades pastorais em que estão inseridos, não se medindo os esforços necessários para que o maior número de fiéis aproxime-se desse sacramento por meio do qual são reconduzidos à vida da graça. Ainda mais neste Ano da Fé será importante essa missão nas Igrejas de “peregrinação” para obter as indulgências.
Reconheçamos no Senhor que está para chegar a “luz” que ilumina a nossa escuridão e nos dá a conhecer a maravilha que Ele traz: a felicidade eterna, a nossa Salvação. Nesta perspectiva, observemos como caminha nossa sociedade nesse período de aproximação do Natal e vejamos que em não poucos ambientes o protagonismo de Cristo, como “o esperado” na noite santa, “o aniversariante” que dá sentido a toda esta comemoração, está sendo cada vez mais ofuscado nos corações e nas vidas de tantas pessoas. Esse “pecado social” certamente possui uma dimensão particular que toca a cada um de nós, porquanto nos faz enxergar que se Cristo está sendo esquecido pela nossa sociedade, há uma parcela de culpa em cada cristão. Precisamente por isso, é preciso que nos reconheçamos pecadores, pois indiretamente somos carentes de um testemunho eficaz que manifeste ao mundo a beleza e a razão de ser do Nascimento do Salvador.
Poderíamos, a partir dessa constatação, iniciar o nosso exame de consciência. A nossa pequenez nos convida a uma reflexão aprofundada, por meio da qual devemos eliminar de nossa vida tudo o que reconheçamos nos afastar de Deus. E o façamos de modo concreto, recorrendo ao Sacramento da Confissão.
Enfim, voltemos novamente o nosso olhar para a figura dos pastores e reconheçamos neles a figura do cristão que vive “acordado” e a quem pode chegar a mensagem solene do anjo na noite santa. Precisamente porque os pastores estavam acordados, a eles chegou a notícia que a humanidade esperava, e diante deles os anjos apareceram entoando louvores a Deus por tão grande evento. Estar acordados significa estar despertados para a realidade objetiva, não se fechando em um mundo particular, onde só existe lugar para nossos próprios impulsos e inclinações. Conduzidos por essa visão particular da vida, muitos mergulham no egoísmo e fecham-se para a liberdade própria da boa-nova de Cristo. Estar acordados, ou melhor, “estar vigilantes”, significa sair do mundo particular e abraçar a Verdade que é o próprio Cristo, que caminha ao nosso encontro e chegará de maneira solene e intensa na liturgia do Natal que estamos a esperar.
É neste sentido que o nosso despertar para o Natal do Senhor concretiza-se quando nos conscientizamos da realidade de que é preciso abandonar o pecado, deixar de lado tudo o que nos afasta de Deus, realizar um sincero e compromissado exame de consciência e mergulhar na graça do Sacramento da Confissão. O mesmo Cristo cujo nascimento celebraremos na noite do Natal do Senhor é o que nos espera nos confessionários. E a luz que guiou outrora os magos do Oriente no seu caminho a Belém para adorar o Messias é a mesma que deseja guiar a nossa vida se lhe formos ao encontro.
Deste modo, enquanto povo de Deus que na liturgia do Tempo do Advento caminha rumo à chegada do Salvador, vivenciamos um tempo de penitência que não deve ser próprio somente da liturgia, mas da nossa vida de maneira completa. Por isso, não tenhamos medo, não recusemos tomar parte dentre os que buscam o Sacramento da Confissão, afim de que, iluminados pela estrela de Belém, sejamos manjedouras onde o Senhor dignamente quer se reclinar na noite santa do seu Natal.
† Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
Cardeal Sarah: "pobreza é criada pelo homem"
Cidade do Vaticano (RV) - No dia 29 de novembro último, os meios de comunicação de diversas partes do mundo, especialmente na Europa, dedicaram amplos espaços ao tema da pobreza, dentro da iniciativa “Por que pobreza?”. Nesta sexta-feira, a Rádio Vaticano conversou com o Presidente do Pontifício Conselho Cor Unum, Cardeal Robert Sarah sobre esta campanha Radiotelevisiva da União Europeia.
Na entrevista, o Cardeal Sarah analisou as possíveis causas da pobreza no mundo, considerando que em muitos casos, como o da guerra ou de sistemas econômicos e sociais injustos, é o próprio homem que cria um ambiente favorável à pobreza.
Por outro lado, ele observa que a pobreza tem um lado positivo, que é aquele de se viver na sobriedade, na simplicidade, “sem que nossa vida seja cheia de tantas coisas desnecessárias”. E cita, como exemplo, a alegria e a maior confiança na vida que pessoas de países pobres possuem se comparado com pessoas de nações mais ricas. Ele ressalta, no entanto, que a miséria deve ser combatida: “devemos combater o fato de não se ter nada: nem casa, nem comida, nem saúde; devemos ter o mínimo para viver dignamente como seres humanos, feitos à imagem do Criador”.
Segundo o purpurado, deve se distinguir entre miséria e pobreza. A pobreza é criada pelo homem quando se nega a ele a possibilidade de trabalhar e de ganhar um mínimo indispensável. Recordando as palavras de Jesus que disse “Pobres sempre tereis convosco!”, enfatiza que, o que se deve fazer é se combater a miséria.
Falando sobre como a Igreja responde ao drama da pobreza e da miséria no mundo, o Presidente do Pontifício Conselho Cor Unum recorda que “os missionários sempre lutaram para dar dignidade ao homem, para lhe dar comida, saúde, criando escolas e hospitais, auxiliando as populações a produzir melhor”, ou seja, lutando para melhorar as condições de vida e de trabalho das populações. Uma das formas de pobreza, ressalta “é não poder educar o espírito, isto é, poder levá-lo a refletir, a ver as coisas de maneira que o homem possa progredir no seu bem-estar total, isto é não somente material, mas também espiritual”.
Perguntado sobre a ajuda oferecida pelo Santo Padre, através do Pontifício Conselho Cor Unum, às vítimas do terremoto no Haiti, aos japoneses vitimados pelo tsunami e aos refugiados sírios no Líbano, o Cardeal Sarah sublinhou que aquilo que o toca profundamente no trabalho do Cor Unum, é que este não se restringe a uma mera ajuda material, mas também busca levar um conforto, um auxílio espiritual às pessoas. “Ver a pobreza, a miséria, as condições de vida, - destaca, - me ajuda a rezar melhor pelo mundo, que tem necessidade de paz. Somos nós que criamos as condições de miséria através da guerra, da venda de armas para destruir as populações, com esta estrutura econômica mundial que não favorece o desenvolvimento das nações mais pobres. Por isto, - conclui, - desenvolvemos o nosso trabalho mas ao mesmo tempo rezamos para que o mundo aceite uma maior sabedoria vinda de Deus para que possa se tornar melhor”. (JE)
10:30 | Postado pela Assessoria de Comunicação CNBB NE2
Fruto da Visita Pastoral: Lei da Ficha Limpa para cargos comissionados será aplicada em Jaboatão
As Visitas Pastorais realizadas há quase dois anos pelo arcebispo de
Olinda e Recife tem motivado as paróquias e fiéis a assumir um
compromisso com a missão a eles confiada no Batismo. Não é só a dimensão
espiritual que tem sido levada em conta. São suscitadas também ações
concretas para transformar a realidade local tanto no âmbito social
quanto no político. Várias propostas e projetos têm surgido ao longo
deste período.
Na visita à Paróquia Santo Amaro, a cidade de Jaboatão dos Guararapes,
Região Metropolitana do Recife, ocorrida entre os dias 27 e 29 de abril
deste ano, foi realizado encontro com autoridades políticas e candidatos
aos cargos municipais. Na ocasião, ocorreu debate sobre a Lei da Ficha
Limpa (Lei Complementar nº 135/2010) defendida e proposta pela Igreja
através da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A
instituição publicou a nota “Eleições Municipais de 2012″ durante a 50ª
Assembleia Geral (18 e 26 de abril) defendendo entre outras coisas “a
necessidade de a “Ficha Limpa” ser aplicada também aos cargos
comissionados para maior consolidação da democracia. Desta forma, dá-se
importante passo para colocar fim à corrupção, que ainda envergonha o
nosso país.” A proposta foi reafirmada pelo arcebispo metropolitano, Dom
Fernando Saburido, durante a reunião com as lideranças políticas da
cidade.
Os frutos do encontro de abril começam a surgir. O prefeito reeleito,
Elias Gomes, revelou ao arcebispo durante audiência nesta quinta-feira,
13, que fará um decreto, posteriormente, transformado em lei exigindo
dos nomeados para os cargos comissionados de Jaboatão a apresentação até
o dia da posse de documento comprovando que ele cumpre a lei da Ficha
Limpa, ou seja, que ele não tenha sido condenado por órgão judicial
colegiado. “A CNBB influenciou na decisão ao colocar este tema. A gente
decidiu fazer porque concorda e pode ajudar a muitos gestores a dar este
passo”, afirmou o prefeito.
A notícia foi recebida com alegria por Dom Fernando. “Fiquei muito
contente pela iniciativa e em saber que o prefeito tomou esta atitude
após o encontro realizado na Visita Pastoral e com base na Mensagem da
CNBB. É uma conquista não só para a Igreja, mas para o município de
Jaboatão”, ressaltou o arcebispo.
Fonte: Pascom da Arquidiocese de Olinda e Recife
Ameaças ao bispo Casaldáliga, condenação das instituições
13/12/2012 | MISNA Diante de novas ameaças por causa de sua posição corajosa em solidariedade com os povos indígenas e trabalhadores da terra, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, expressou "seu mais firme apoio ao bispo Casaldáliga, um humanista que é motivo de orgulho para todos os brasileiros e todos os que estão comprometidos com os direitos humanos", afirma em comunicado emitido a partir de Brasília, acompanhado de muitas manifestações de apoio que chegaram nos últimos dias por iniciativa de várias organizações da sociedade civil para com monsenhor Pedro Casaldáliga, 84, bispo emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia.A Comissão Especial da Câmara elogiou "a presença, o apoio e a autoridade moral do bispo perante a resistência dos Xavantes indígenas a favor do retorno ao seu território". Também reconheceu "a legitimidade de sua militância como um defensor dos direitos humanos, por ter agido em defesa do povo oprimido no campo". Na moção, os deputados condenaram a ocupação de terras indígenas, observando que "a retirada dos fazendeiros é imperativo para a paz nas zonas rurais". Também pediram que as autoridades "acelerem o processo de demarcação e inserção dos povos indígenas em seus territórios no Mato Grosso e em outros estados onde há conflitos devido à ocupação de áreas indígenas".
Nascido na Catalunha, Dom Casaldáliga chegou à Amazônia brasileira em 1968, depois de passar sete anos como missionário na Guiné Equatorial. Conhecido expoente da teologia da libertação, recentemente tornou-se novamente alvo de ameaças por setores contrários a um decreto-lei que estabeleceu a retirada dos invasores de terras indígenas pertencentes aos povos Marãiwasèdè Xavante após 20 anos de batalhas legais.
Juntamente com outras organizações, o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT) têm chamado de "atitude irresponsável o fato de atribuir a dom Pedro a responsabilidade pela demarcação da terra Xavante", sublinhando que o bispo "sempre atuou em defesa dos interesses dos pobres, dos povos indígenas e dos trabalhadores precários".
Desde os anos 30 do século passado há sinais da presença de terras Xavantes Marãiwasèdè: desde os anos 60, com a chegada das fazendas e em particular o Suiá Missu começaram a ser expulsos de seu território, que se tornou progressivamente invadido por latifundiários, políticos e comerciantes.
POESIA DE CASALDÁLIGA
Eu morrerei de pé como as árvores.
Me matarão de pé.
O sol, como testemunha maior, porá seu lacre
sobre meu corpo duplamente ungido.
E os rios e o mar
serão caminho
de todos meus desejos,
enquanto a selva amada sacudirá, de júbilo, suas cúpulas.
Eu direi a minhas palavras:
- Não mentia ao gritar-vos.
Deus dirá a meus amigos:
- Certifico
que viveu com vocês esperando este dia.
De golpe, com a morte,
minha vida se fará verdade.
Por fim terei amado!
Fonte: www.misna.org
Dom Leonardo Ulrich Steiner: Precisamos ser discípulos-missionários para o mundo”
14/12/2012 | Fúlvio Costa
O secretário geral da Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Leonardo Ulrich Steiner,
provocou os membros da Pontifícia Obra da Propagação da Fé a se
esforçarem pelo discipulado missionário.
Ele deu início na manhã desta
sexta-feira, 14, às atividades da 5ª Assembleia da Obra que reúne
membros de todos os estados do país. Com o tema "Ide e fazei discípulos
entre todas as nações (Mt 28, 19)" ele foi enfático quanto à mensagem do
Evangelho.
"Precisamos ser discípulos-missionários
para o mundo. Essa iniciativa é necessária e urgente por que somos
anunciadores e nossa tarefa é ir por todo o mundo e anunciar a Boa Nova a
toda criatura, conforme nos pede a Palavra de Deus", exortou dom
Leonardo. O prelado aprofundou sua reflexão em quatro pontos:
espiritualidade, missionariedade, jovialidade e Deus que habita em luz
inacessível (1 Tm 6, 16).
Antes de dar início às reflexões, dom
Leonardo convocou os jovens a serem menos objetivos quanto às definições
daquilo que queremos compreender. "Temos a tendência de definir as
coisas com muita objetividade. É uma maneira que a maioria das pessoas
adota e passa a ver o mundo. Somos motivados por aquilo que impacta, mas
devemos também observar de outra forma, como exemplo, ler o mesmo livro
várias vezes", sublinhou.
De acordo com o secretário da CNBB,
"precisamos estar mais abertos, ouvir mais e se deixar encontrar pelo
outro. Falar de espírito é pensar num modo de espera, ou seja, não ir
direto ao ponto". Ele disse aos participantes da Assembleia que a
espiritualidade (cuidar do espírito) "não é uma ciência de dominação,
não é estudo do espírito, mas um modo próprio de existir". E afirmou que
é importante por que "é o espírito que cuida de nós".
Dom Leonardo demonstrou algumas formas
de deixar o espírito cuidar. "Devemos ter abertura da nossa parte, pois é
o espírito de Deus que vem ao nosso encontro. Quando nos esquecemos
disso vivemos de maneira alienada. Ao lermos a Bíblia, damos abertura ao
espírito e criamos a possibilidade de mergulhar na profundidade de
nossa existência", refletiu.
Espiritualidade e Missão
A abertura é um modo de vida indispensável ao trabalho do missionário, segundo dom Leonardo. Ele disse que, "o Evangelho deve ser um horizonte e se queremos ser cristãos anunciadores, temos que nos ater a ouvir o mundo pelo espírito" e salientou que a missionariedade não é algo a ser acrescentado na vida do cristão, mas faz parte da sua vida. "A missionariedade trata-se de uma força que é dada ao missionário. Ele não é enviado por que quer ir, mas porque Deus o envia através do Evangelho e a pessoa vai pelo amor de Deus que é uma força que impulsiona para fora de nós mesmos".
A alegria de ser discípulo-missionário é
outro ponto que deve ser observado pelo missionário, comentou ainda dom
Leonardo. Ele citou o Documento de Aparecida (DAp) para justificar essa
questão. "Aqui está o desafio fundamental que afrontamos: mostrar a
capacidade da Igreja para promover e formar discípulos e missionários
que respondam à vocação recebida e comuniquem por toda parte,
transbordando de gratidão e alegria, o dom do encontro com Jesus Cristo
(n. 14)". Completou dizendo que "o envio não é imposto e que pelo rosto
do missionário se sabe se ele é enviado ou não".
A palavra jovialidade, explicou o bispo
auxiliar de Brasília, "significa ter a força de Deus", portanto, não
deve ser confundida com qualidade da força biológica, mas "uma
vitalidade que vem de Deus". Com relação a Deus que habita em luz
inacessível, dom Leonardo explicou que é a capacidade do cristão de
deixar-se encontrar. "Inacessível é o modo como Deus veio até nós: Deus
me toca, agora posso tocá-lo; Deus ama, agora posso amá-lo; Deus me
deseja, agora posso deseja-lo. Falamos de inacessibilidade por que eu
que fui tocado por ele".
Dom Leonardo aprofundou esse último tema
de sua orientação espiritual destacando que a inacessibilidade de Deus é
próprio do Cristianismo, por que ele nos ama antes, se faz próximo de
nós através da pequenez, do sofrimento, da cruz e se deixa tocar. "Deus é
tão grande que mesmo suspenso numa cruz ele não enxerga mais o
horizonte, mas continua a amar o Pai e entrega seu espírito a Deus". O
missionário, completou o bispo, "deve ser envolvido por esse mesmo amor e
se doar completamente pela Missão", completou.
Fonte: www.pom.org.brA SEGUNDA: A VELA DE BELÉM
A primeira vela de Advento foi a vela da Profecia. A segunda vela é a
Vela da Preparação para a vinda do Salvador, denominada a Vela de Belém. Muitos
pensamentos se acumulam na mente dos cristãos durante esta época cheia de
atividades de Advento. É da maior importância que os nossos corações se atenham
à admoestação de João Batista, de arrependimento, por causa da presença do
Reino de Deus entre nós. José e a Virgem Maria fizeram uma jornada até Belém.
Foi uma longa e cansativa jornada. Mas a viagem era necessária em preparação
para o grande evento daquele primeiro Natal.
Escreve o evangelista Mateus (2.6), citando as palavras do profeta: E
tu, Belém, terra de Judá, não és de modo algum a menor entre as principais de
Judá; porque de ti sairá o Guia que há de apascentar o meu povo, Israel.
A mensagem da Vela da Preparação, ou a Vela de Belém, nos leva a meditar e render graças a Deus que colocou até mesmo um imperador pagão, César Augusto, a nosso serviço, para que o Salvador nascesse na cidade designada por Deus. E reconheçamos o grande privilégio de pertencermos como membros, ao corpo de Cristo, pela fé. Recebamos em nossos corações o Emanuel, Deus conosco!
O anjo parte, a missão permanece e Jesus, o Deus que salva, fica
“Penso que seja importante ouvir também a última frase da narração do
Evangelho de S. Lucas da Anunciação: “E o anjo a deixou” (Lc 1,38). A grande
hora do encontro com o mensageiro de Deus, na qual toda a vida muda, passa; e
Maria fica sozinha com a tarefa que verdadeiramente supera toda a capacidade
humana. Não há anjos ao seu redor; ela deve prosseguir pelo seu caminho, que
passará através de muitas obscuridades, a começar pelo espanto de José perante
a sua gravidez até o momento em que se diz de Jesus que está `fora de si´ (Mc
3,21; cf. Jo 10,20), antes, até a noite da Cruz.
Quantas vezes, em tais situações, Maria terá interiormente voltado à
hora em que o anjo de Deus lhe falara, terá escutado de novo e meditado a
saudação `alegra-te, cheia de graça´, e as palavras de conforto `não temas!´. O
anjo parte, a missão permanece e, juntamente com esta, matura a proximidade
interior a Deus, o íntimo ver e tocar a sua proximidade.”
Joseph Ratzinger/Bento XVI,
A infância de Jesus, São Paulo: Planeta,
2012, p. 38
Cúpula do clima de Doha/Qatar estende Kyoto até 2020
Acordo final saiu com
um dia de atraso e após madrugada de negociações; Rússia, Canadá e Japão não
aderiram. Pontos polêmicos em discussão como a reparação aos países pobres
pelos mais ricos ficaram para depois.
DAS AGÊNCIAS DE
NOTÍCIAS
e F.d.S.P. 9.12.2012, p. A22
A conferência do
clima da ONU, a COP-18, terminou sábado, dia 8 de dezembro, em Doha, no Qatar, aprovando a extensão
do Protocolo de Kyoto, que expiraria no fim deste ano, até 2020.
A prorrogação de oito
anos mantém vivo o único pacto já firmado entre as nações do planeta para a
redução das emissões de gases-estufa.
Em vigor desde 1997,
o protocolo comprometeu as nações desenvolvidas a reduzirem suas emissões em
5,2%, entre 2008 e 2012, em comparação com os níveis de 1990.
Apesar do resultado,
a aprovação de um segundo período para Kyoto é mais um ato simbólico, já que
com as deserções de Rússia, Canadá e Japão, os atuais signatários do pacto
respondem por apenas 15% das emissões mundiais de gases-estufa.
"Agradeço a
todos vocês pela boa vontade e pelo trabalho duro em levar o processo
adiante", disse o presidente da conferência, Abdullah bin Hamad
Al-Attiyah.
Com um dia de atraso
e depois de uma intensa noite de negociações, os 194 países presentes chegaram
a um acordo para um segundo período do protocolo de Kyoto, comprometendo União
Europeia, Austrália e mais uma dezena de países industrializados a realizar os
cortes acordados até 2020.
Os países haviam
concordado no encontro do ano passado em Durban, na África do Sul, a trabalhar
em favor de um novo acordo que comprometesse todos os países do mundo a
reduzirem suas emissões, e não apenas os ricos. O novo acordo, prevê-se, deve
ser concluído em 2015 e implementado em 2020.
Outros pontos
polêmicos da conferência, como a ajuda aos países pobres para enfrentar os
efeitos do aquecimento global e a reparação por parte dos países ricos pelos
danos já causados, ficaram para depois também.
Definidos tema e lema da Campanha Missionária 2013
14/12/2012 | Fúlvio Costa / Assessoria de Imprensa POM A equipe responsável pela Campanha Missionária 2013 se reuniu nesta quinta-feira, 13, na sede nacional da POM em Brasília para definir a organização e produção dos subsídios do evento.Os principais pontos já foram definidos, entre eles o tema "Juventude em Missão" e o lema "A quem eu te enviar, irás (Jr 1, 7b)". Conforme acontece anualmente, a Campanha Missionária dá continuidade à temática trabalhada pela Campanha da Fraternidade (CF) da CNBB, que em 2013 tem como tema "Fraternidade e Juventude".
O secretário nacional da Pontifícia Obra da Propagação da Fé, padre Marcelo Gualberto, explicou o sentido do tema proposto para a Campanha Missionária. "Juventude em Missão significa que o jovem caminha em missão e que ele quer continuar essa caminhada, se fortalecendo nessa perspectiva", disse. Com relação ao lema escolhido, a sugestão foi acatada pela equipe reunida por que a passagem relata o temor do jovem Jeremias de encarar a Missão lhe confiada por Deus, mas o próprio Deus o encoraja a suportar os obstáculos que aparecem. Também por que o texto complementou o lema da CF-2013, "Eis-me aqui, envia-me (Is 6, 8)".
Durante as discussões, o diretor nacional da POM, padre Camilo Pauletti, destacou os pontos positivos e negativos do material da Campanha Missionária de 2012, enviado a toda a Igreja no Brasil, com base nas avaliações que chegaram à sede nacional. "A novena vem sendo elogiada e bastante usada; o mesmo acontece com o DVD que tem sido bem utilizado por que conta com os testemunhos dos missionários presentes em diversas realidades. Percebemos que um material vem complementando o outro", disse.
Para a produção do material da Campanha de 2013, a equipe sugeriu que o foco tenha um apelo nas questões que envolvem diretamente a juventude. "A juventude é envolvida por temas muito específicos como trabalho, educação e segurança. Esta última se divide em segurança pública e familiar", sugeriu Thiesco Crisóstomo, secretário nacional da PJ. "Temos que ter em mente que a Campanha é voltada para a Igreja no Brasil, mesmo que tenha na juventude o seu foco, portanto, precisamos ter presentes alguns pontos: sensibilizar os cristãos para a solidariedade, a partilha e ao compromisso", pontuou padre Jaime Patias, secretário nacional da Pontifícia União Missionária.
Os testemunhos continuarão a ser destaque no material da Campanha Missionária, como vem acontecendo nos últimos anos, de modo especial, no DVD. E em 2013, o testemunho de jovens missionários deverão estar presentes com o objetivo de incentivar a missão além-fronteiras. "O protagonismo dos próprios jovens deverão estar presentes no material, como meio de incentivar as Missões", sugeriu padre Camilo. Alguns temas que serão desenvolvidos no material: Juventude Missionária (atividade da Pontifícia Obra da Propagação da Fé); jovens missionários estrangeiros no Brasil; jovens brasileiros em missão ad gentes; os desafios da juventude hoje; Santas Missões Populares; jovem e a vocação missionária; Amazônia e Dia Nacional da Juventude (DNJ).
Nos folhetos dos quatro domingos do Mês Missionário (outubro) ficaram definidos os seguintes temas: 1º domingo, Infância e Adolescência Missionária; 2º, motivações para a coleta; 3º Amazônia e 4º Dia Nacional da Juventude. A produção do material já foi definida e uma nova reunião deverá acontecer no dia 20 de fevereiro de 2013.
A equipe que organiza a Campanha Missionária 2013 é composta pela direção e secretários das Pontifícias Obras Missionárias (POM); pelos assessores da CNBB para Dimensão Missionária, irmã Dirce Gomes, e para a Missão Continental, padre Sidnei Dornelas; pelo secretário nacional da Pastoral da Juventude, representante da Comissão para a Juventude da CNBB, Francisco Crisóstomo (Thiesco) e Nelson Tyski, da Verbo Filmes.
Fonte: www.pom.org.br
Terra e ciência sinalizam: o futuro é hoje, e é quente
14/12/2012 | Washington Novaes * "Uma pesquisa do Global Carbon Project dizia que, até o fim deste mês, as emissões globais no ano atingirão 35,6 bilhões de toneladas de carbono, 2,6% mais que em 2011 e 54% mais que em 1990", informa Washington Novaes, jornalista, em artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo, 14-12-2012.Segundo o jornalista, "apesar dos fatos, das estatísticas, das pesquisas, continuamos a nos comportar como se tivéssemos prazos infinitos. Só que, como diz James Hansen, cientista da Nasa, "o futuro é agora; e ele é quente".
Eis o artigo.
Como já prevíramos neste espaço (18/11), a 18.ª reunião dos 194 países-membros da Convenção do Clima em Doha, no Catar (22/11 a 7/12), não conseguiu nenhum avanço importante - a não ser a prenunciada prorrogação, até 2020, do Protocolo de Kyoto, de 1997, que venceria no próximo dia 31 e propunha a redução de 5,2% das emissões poluentes dos países industrializados (calculadas sobre as de 1990, que já aumentaram 50%) em troca de financiamentos para projetos redutores em outros países. A prorrogação era fundamental para o sistema financeiro, pelo qual foram negociados em uma década 5 mil projetos dessa natureza em 81 países - entre eles o Brasil, que apoiou "com entusiasmo" a continuação -, porque o mercado decorrente dessas iniciativas movimenta muitas dezenas de bilhões de dólares (mas, na última semana antes da reunião, o valor da tonelada de carbono negociada nesse mercado, que em outros tempos já valera até US$ 80, caíra para menos de US$ 1).
Ainda assim, ela foi aprovada na penúltima hora, com a direção da convenção passando por cima dos protestos da Rússia e de outros países da antiga área soviética, que queriam continuar comercializando o hot air, isto é, a redução de emissões que tiveram com o processo de desindustrialização em várias nações após a redivisão territorial e política. A mesa dos trabalhos decidiu fazer-se de surda aos protestos e às opiniões contrárias também dos Estados Unidos (que nunca homologaram o protocolo de 1997), do Canadá, do Japão, da Nova Zelândia e da China. Na verdade, a prorrogação agora só abrange 15% das emissões em países da comunidade europeia, na Austrália, na Suíça e em mais oito nações.
Hoje 60% das emissões já estão nos países "emergentes" e outros não industrializados. A China é a maior emissora (6,6 toneladas anuais por pessoa), à frente, dos Estados Unidos (17,2 toneladas per capita) e seguida pela Índia. A União Europeia emite 7,3 toneladas por pessoa. O Brasil, segundo o ex-economista-chefe do Banco Mundial lorde Nicholas Stern, mais de 10 toneladas anuais por pessoa, incluídas as emissões por desmatamento. De 1990 para cá os Estados Unidos aumentaram suas emissões em 10,8%, a União Europeia diminuiu as suas em 18%.
O próprio secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, alertou na convenção que "o mundo precisa acelerar suas ações", diante do quadro atual de secas na Ucrânia, na Índia, no Brasil, da supertempestade Sandy nos Estados Unidos, de inundações na China, em Moçambique, na Colômbia, na Austrália, do derretimento dos gelos polares em níveis inéditos, da degradação do solo, que afeta 1,5 bilhão de pessoas. Mas nada disso comoveu os países industrializados, que, envolvidos na crise econômico-financeira, não quiseram avançar no compromisso de doar, para um fundo de US$ 100 bilhões anuais, recursos para que os países mais pobres enfrentem o problema e mitiguem as mudanças. Nem para transferir gratuitamente tecnologias. O representante das Filipinas chegou a chorar no plenário, ante esse quadro, e foi aplaudido pelos delegados de dezenas de países-ilhas, que já estão sendo atingidos pela elevação do nível dos oceanos.
A ministra brasileira do Meio Ambiente, embora lamentando o impasse nas negociações mais amplas, considerou o avanço em relação a Kyoto "um resultado histórico". Disse que o Brasil "está orgulhoso" com a redução do desmatamento na Amazônia. E será favorável ao compromisso geral previsto para 2015.
Nas palavras, praticamente todos os países continuaram dizendo que se espera chegar a 2015 com esse compromisso obrigatório de redução de emissões para todas as nações - mas que só entre em vigor a partir de 2020. Um tanto enigmático, o representante norte-americano garantiu que o governo Barack Obama, até 2020, reduzirá as emissões nacionais em 17%, calculadas sobre as de 2005. Mas não aceitou compromisso de contribuir para um fundo imediato de US$ 60 bilhões que, até 2015, minoraria a situação nos países mais pobres.
Enquanto o plenário era abalado pelas notícias a respeito do recente tufão sobre as Filipinas, com mais de mil mortos e desaparecidos, uma pesquisa do Global Carbon Project dizia que, até o fim deste mês, as emissões globais no ano atingirão 35,6 bilhões de toneladas de carbono, 2,6% mais que em 2011 e 54% mais que em 1990. A continuarem nesse ritmo, a temperatura poderá subir 5 graus Celsius até o fim do século. Segundo lorde Nicholas Stern, para conter o aumento da temperatura do planeta em 2 graus até 2050 será preciso reduzir as emissões em 15 bilhões anuais de toneladas sobre o que seriam em 2030; se isso não acontecer, os países não industrializados emitirão de 37 bilhões a 38 bilhões de toneladas nesse ano (ou dois terços do total; emitiam um terço em 1990) e os industrializados, de 11 bilhões a 14 bilhões de toneladas. Já o Banco Mundial prevê uma tendência de a temperatura aumentar 3 graus até 2050.
Um dos nós do problema continua nos subsídios governamentais ao uso de combustíveis fósseis na geração de energia: US$ 523 bilhões em 2011, segundo a Climate Action Tracker, ou 30% mais que em 2010; enquanto isso, as energias renováveis e não poluentes tiveram US$ 88 bilhões de subsídios oficiais.
E, entre nós, os discursos continuam muito mais otimistas que as práticas: o governo federal utilizou este ano apenas 48% (R$ 2,1 bilhões, dos quais R$ 1,1 bilhão pago) das verbas previstas para evitar desastres climáticos (Estado, 3/12), embora o seu Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres já tenha emitido alertas de emergência em 407 municípios, por causa de seca ou chuvas. E apesar das previsões de "chuvas fortes" nos três meses a partir de dezembro.
Apesar dos fatos, das estatísticas, das pesquisas, continuamos a nos comportar como se tivéssemos prazos infinitos. Só que, como diz James Hansen, cientista da Nasa, "o futuro é agora; e ele é quente".
* Washington Novaes é jornalista.
Fonte: www.ihu.unisinos.br
sexta-feira, 14 de dezembro de 2012
PROFESSORA AMANDA GURGEL RECEBE DIPLOMA DE VEREADORA
O mandato ainda não começou, mas a professora Amanda Gurgel já mostrou como serão os quatro anos de um ma
ndato
revolucionário na Câmara de Vereadores de Natal. A diplomação dos
vereadores e do prefeito eleitos foi marcada por protestos contra o
reajuste salarial, que levará o salário dos vereadores para R$ 18 mil.
Amanda Gurgel foi aplaudida e recebeu o seu diploma de punho erguido sob a palavra de ordem “Amanda, vereadora, professora, socialista e lutadora”.
Amanda Gurgel foi aplaudida e recebeu o seu diploma de punho erguido sob a palavra de ordem “Amanda, vereadora, professora, socialista e lutadora”.
CNTE marca greve nacional para abril de 2013 |
Durante
o encontro do Conselho Nacional de Entidades, a CNTE definiu que
realizará uma Semana Nacional da Educação em abril de 2013 que será
focada na valorização dos profissionais em educação e também agendou uma
greve de 3 dias. "Esta semana tradicionalmente se destina ao debate das
questões educacionais e terá como prioridade o debate sindical da
mobilização, mais um ano que estaremos lutando para que o piso salarial
nacional seja efetivamente aplicado no nosso país com uma greve nacional
nos dias 23,24 e 25 de abril", explica o presidente da CNTE, Roberto
Leão.
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quarta-feira, 12 de dezembro de 2012
Catequese de Bento XVI: Etapas da Revelação - 12/12/12
Boletim da Santa Sé
(Tradução: Jéssica Marçal, equipe CN Notícias)
CATEQUESE
Sala Paulo VI - Vaticano
Quarta-feira, 12 de dezembro de 2012
Queridos irmãos e irmãs,
Na catequese passada falei da Revelação de Deus, como comunicação que Ele faz de Si mesmo e do seu desígnio de benevolência e de amor. Esta Revelação de Deus se insere no tempo e na história dos homens: história que transforma “o lugar no qual podemos constatar o agir de Deus a favor da humanidade. Ele chega até nós naquilo que para nós é mais familiar, e fácil de verificar, porque constitui o nosso contexto cotidiano, sem o qual não seríamos capazes de entender” (João Paulo II, Enc. Fides et ratio, 12).
O Evangelista São Marcos – como ouvimos – relata, em termos claros e sintéticos, os momentos iniciais da pregação de Jesus “O tempo está cumprido e o reino de Deus está próximo” (Mc 1, 15). Isso que ilumina e dá sentido pleno à história do mundo e do homem começa a brilhar na gruta de Belém; é o Mistério que logo contemplaremos no Natal: a salvação que se realiza em Jesus Cristo. Em Jesus de Nazaré Deus manifesta a sua face e pede a decisão do homem de reconhecê-Lo e de segui-Lo. O revelar-se na história para entrar em relação de diálogo de amor com o homem, doa um novo sentido a todo o caminho humano. A história não é uma simples sucessão de séculos, de anos, de dias, mas é o tempo de uma presença que doa pleno significado e a abre a uma sólida esperança.
Onde podemos ler as etapas desta Revelação de Deus? A Sagrada Escritura é o lugar privilegiado para descobrir os eventos deste caminho, e gostaria – mais uma vez – de convidar todos, neste Ano da Fé, a tomar mais em mãos a própria Bíblia para lê-la e meditá-la e a prestar mais atenção às Leituras da Missa dominical; tudo isso constitui um alimento precioso para a nossa fé
Lendo o Antigo Testamento podemos ver como as intervenções de Deus na história do povo que foi escolhido e com o qual estabelece aliança não são fatos que passam e caem no esquecimento, mas tornam-se “memória”, constituem juntos a “história da salvação”, mantida vida na consciência do povo de Israel através da celebração dos acontecimentos salvíficos. Assim, no Livro do Êxodo o Senhor diz a Moisés para celebrar o grande momento da libertação da escravidão do Egito, a Páscoa hebraica, com estas palavras: “Este dia será para vós um memorial; o celebrais como festa do Senhor: de geração em geração o celebrais como um rito perene” (12, 14). Para todo o povo de Israel recordar isso que Deus fez torna-se uma espécie de imperativo constante, para que a passagem do tempo seja marcada pela memória viva dos eventos passados, que assim formam, dia a dia, de novo a história e permenecem presentes. No Livro do Deuteronômio, Moisés se dirige ao povo dizendo: “Guarda-te, pois, a ti mesmo: cuida de nunca esquecer o que viste com os teus olhos, e toma cuidado para que isso não saia jamais de teu coração, enquanto viveres; e ensina-o aos teus filhos, e aos filhos de teus filhos” (4, 9). E assim diz também a nós: “Cuides bem para não esquecer as coisas que Deus fez conosco”. A fé é alimentada pela descoberta e pela memória de Deus sempre fiel, que conduz a história e que constitui o fundamento seguro e estável sobre o qual construir a própria vida. Também o canto do Magnificat, que a Virgem Maria eleva a Deus, é um exemplo altíssimo desta história da salvação, desta memória que faz e tem presente o agir de Deus. Maria exalta o agir misericordioso de Deus no caminho concreto de seu povo, a fidelidade às promessas de aliança feitas a Abraão e à sua descendência; e tudo isso é memória viva da presença divina que nunca falha (cfr Lc 1,46-55).
Para Israel, o Êxodo é o acontecimento histórico central no qual Deus revela a sua ação poderosa. Deus livra os israelitas da escravidão do Egito para que possam retornar à Terra Prometida e adorá-Lo como o único e verdadeiro Senhor. Israel não se coloca a caminho para ser um povo como os outros – para ter também ele uma independência nacional - , mas para servir Deus no culto e na vida, para criar para Deus um lugar onde o homem está em obediência a Ele, onde Deus é presente e adorado no mundo; e, naturalmente, não só para eles, mas para testemunhá-lo em meio aos outros povos. A celebração deste acontecimento é um torná-lo presente e atual, porque a obra de Deus não falha. Ele tem fé em seu desígnio de libertação e continua a persegui-lo, a fim de que o homem possa reconhecer e servir o seu Senhor e responder com fé e amor à sua ação.
Deus também revela a Si próprio não somente no ato primordial da criação, mas entrando na nossa história, na história de um pequeno povo que não era nem o mais numeroso, nem o mais forte. E esta Revelação de Deus, que segue na história, culmina em Jesus Cristo: Deus, o Logos, a Palavra criadora que é a origem do mundo, encarnou-se em Jesus e mostrou a verdadeira face de Deus. Em Jesus se cumpre cada promessa, Nele culmina a história de Deus com a humanidade. Quando lemos a história dos dois discípulos no caminho de Emaús, narrada por São Lucas, vemos como emerge de modo claro que a pessoa de Cristo ilumina o Antigo Testamento, toda a história da salvação e mostra o grande desígnio unitário dos dois Testamentos, mostra a via da sua singularidade. Jesus, de fato, explica aos dois viajantes perdidos e desiludidos ser o cumprimento das promessas: “E começando por Moisés, percorrendo todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava dito em todas as Escrituras” (24, 27). O Evangelista relata a exclamação dos dois discípulos depois de terem reconhecido que aquele companheiro de viagem era o Senhor: “Não abrasava em nós o nosso coração enquanto Ele conversava conosco ao longo do caminho, quando nos explicava as Escrituras?” (v. 32).
O Catecismo da Igreja Católica resume as etapas da Revelação divina mostrando sinteticamente o desenvolvimento (cfr nn. 54-64): Deus convidou o homem desde o início a uma íntima comunhão consigo e mesmo quando o homem, pela própria desobediência, perdeu a sua amizade, Deus não o abandonou em poder da morte, mas ofereceu muitas vezes aos homens a sua aliança (cfr Missal Romano, Pregh. Euc. IV). O Catecismo traça o caminho de Deus com o homem a partir da aliança com Noé depois do dilúvio, ao chamado de Abraão a sair de sua terra para torná-lo pai de uma multidão de povos. Deus forma Israel como seu povo, através do acontecimento do Êxodo, a aliança do Sinai e a doação, por meio de Moisés, da Lei para ser reconhecido e servido como o único Deus vivo e verdadeiro. Com os profetas Deus conduz o seu povo na esperança da salvação. Conhecemos – através de Isaías – o “segundo Êxodo”, o retorno do exílio da Babilônia à própria terra, o restabelecimento do povo; ao mesmo tempo, porém, muitos permanecem na dispersão e assim começa a universalidade desta fé. No final, não se espera mais somente um rei, Davi, um filho de Davi, mas um “Filho do homem”, a salvação de todos os povos. Realizam-se encontros entre as culturas, primeiro com Babilônia e a Síria, depois também com a multidão grega. Assim vemos como o caminho de Deus se alarga, se abre sempre mais para o Mistério de Cristo, o Rei do universo. Em Cristo se realiza finalmente a Revelação na sua plenitude, o desígnio de benevolência de Deus: Ele próprio se faz um de nós.
Eu me concentrei em fazer memória do agir de Deus na história do homem, para mostrar as etapas deste grande desígnio de amor testemunhado no Antigo e no Novo Testamento: um único desígnio de salvação dirigido a toda a humanidade, progressivamente revelado e realizado pelo poder de Deus, onde Deus sempre reage às respostas do homem e encontra novos inícios de aliança quando o homem se perde. Isto é fundamental no caminho de fé. Estamos no tempo litúrgico do Advento que nos prepara para o Santo Natal. Como sabemos todos, o termo “Advento” significa “vinda”, “presença”, e antigamente indicava propriamente a chegada do rei ou do imperador em uma determinada província. Para nós cristãos a palavra indica uma realidade maravilhosa e perturbadora: o próprio Deus cruzou seu Céu e se inclinou sobre o homem; estabeleceu aliança com ele entrando na história de um povo; Ele é o rei que caiu nesta pobre província que é a terra e doou a nós sua visita assumindo a nossa carne, tornando-se homem como nós. O Advento nos convida a traçar o caminho desta presença e nos recorda sempre novamente que Deus não se retirou do mundo, não está ausente, não nos abandonou a nós mesmos, mas vem ao nosso encontro de diversos modos, que devemos aprender a discernir. E também nós com a nossa fé, a nossa esperança e a nossa caridade, somos chamados todos os dias a decifrar e testemunhar esta presença no mundo frequentemente superficial e distraído, e a fazer brilhar na nossa vida a luz que iluminou a gruta de Belém. Obrigado.
Na catequese passada falei da Revelação de Deus, como comunicação que Ele faz de Si mesmo e do seu desígnio de benevolência e de amor. Esta Revelação de Deus se insere no tempo e na história dos homens: história que transforma “o lugar no qual podemos constatar o agir de Deus a favor da humanidade. Ele chega até nós naquilo que para nós é mais familiar, e fácil de verificar, porque constitui o nosso contexto cotidiano, sem o qual não seríamos capazes de entender” (João Paulo II, Enc. Fides et ratio, 12).
O Evangelista São Marcos – como ouvimos – relata, em termos claros e sintéticos, os momentos iniciais da pregação de Jesus “O tempo está cumprido e o reino de Deus está próximo” (Mc 1, 15). Isso que ilumina e dá sentido pleno à história do mundo e do homem começa a brilhar na gruta de Belém; é o Mistério que logo contemplaremos no Natal: a salvação que se realiza em Jesus Cristo. Em Jesus de Nazaré Deus manifesta a sua face e pede a decisão do homem de reconhecê-Lo e de segui-Lo. O revelar-se na história para entrar em relação de diálogo de amor com o homem, doa um novo sentido a todo o caminho humano. A história não é uma simples sucessão de séculos, de anos, de dias, mas é o tempo de uma presença que doa pleno significado e a abre a uma sólida esperança.
Onde podemos ler as etapas desta Revelação de Deus? A Sagrada Escritura é o lugar privilegiado para descobrir os eventos deste caminho, e gostaria – mais uma vez – de convidar todos, neste Ano da Fé, a tomar mais em mãos a própria Bíblia para lê-la e meditá-la e a prestar mais atenção às Leituras da Missa dominical; tudo isso constitui um alimento precioso para a nossa fé
Lendo o Antigo Testamento podemos ver como as intervenções de Deus na história do povo que foi escolhido e com o qual estabelece aliança não são fatos que passam e caem no esquecimento, mas tornam-se “memória”, constituem juntos a “história da salvação”, mantida vida na consciência do povo de Israel através da celebração dos acontecimentos salvíficos. Assim, no Livro do Êxodo o Senhor diz a Moisés para celebrar o grande momento da libertação da escravidão do Egito, a Páscoa hebraica, com estas palavras: “Este dia será para vós um memorial; o celebrais como festa do Senhor: de geração em geração o celebrais como um rito perene” (12, 14). Para todo o povo de Israel recordar isso que Deus fez torna-se uma espécie de imperativo constante, para que a passagem do tempo seja marcada pela memória viva dos eventos passados, que assim formam, dia a dia, de novo a história e permenecem presentes. No Livro do Deuteronômio, Moisés se dirige ao povo dizendo: “Guarda-te, pois, a ti mesmo: cuida de nunca esquecer o que viste com os teus olhos, e toma cuidado para que isso não saia jamais de teu coração, enquanto viveres; e ensina-o aos teus filhos, e aos filhos de teus filhos” (4, 9). E assim diz também a nós: “Cuides bem para não esquecer as coisas que Deus fez conosco”. A fé é alimentada pela descoberta e pela memória de Deus sempre fiel, que conduz a história e que constitui o fundamento seguro e estável sobre o qual construir a própria vida. Também o canto do Magnificat, que a Virgem Maria eleva a Deus, é um exemplo altíssimo desta história da salvação, desta memória que faz e tem presente o agir de Deus. Maria exalta o agir misericordioso de Deus no caminho concreto de seu povo, a fidelidade às promessas de aliança feitas a Abraão e à sua descendência; e tudo isso é memória viva da presença divina que nunca falha (cfr Lc 1,46-55).
Para Israel, o Êxodo é o acontecimento histórico central no qual Deus revela a sua ação poderosa. Deus livra os israelitas da escravidão do Egito para que possam retornar à Terra Prometida e adorá-Lo como o único e verdadeiro Senhor. Israel não se coloca a caminho para ser um povo como os outros – para ter também ele uma independência nacional - , mas para servir Deus no culto e na vida, para criar para Deus um lugar onde o homem está em obediência a Ele, onde Deus é presente e adorado no mundo; e, naturalmente, não só para eles, mas para testemunhá-lo em meio aos outros povos. A celebração deste acontecimento é um torná-lo presente e atual, porque a obra de Deus não falha. Ele tem fé em seu desígnio de libertação e continua a persegui-lo, a fim de que o homem possa reconhecer e servir o seu Senhor e responder com fé e amor à sua ação.
Deus também revela a Si próprio não somente no ato primordial da criação, mas entrando na nossa história, na história de um pequeno povo que não era nem o mais numeroso, nem o mais forte. E esta Revelação de Deus, que segue na história, culmina em Jesus Cristo: Deus, o Logos, a Palavra criadora que é a origem do mundo, encarnou-se em Jesus e mostrou a verdadeira face de Deus. Em Jesus se cumpre cada promessa, Nele culmina a história de Deus com a humanidade. Quando lemos a história dos dois discípulos no caminho de Emaús, narrada por São Lucas, vemos como emerge de modo claro que a pessoa de Cristo ilumina o Antigo Testamento, toda a história da salvação e mostra o grande desígnio unitário dos dois Testamentos, mostra a via da sua singularidade. Jesus, de fato, explica aos dois viajantes perdidos e desiludidos ser o cumprimento das promessas: “E começando por Moisés, percorrendo todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava dito em todas as Escrituras” (24, 27). O Evangelista relata a exclamação dos dois discípulos depois de terem reconhecido que aquele companheiro de viagem era o Senhor: “Não abrasava em nós o nosso coração enquanto Ele conversava conosco ao longo do caminho, quando nos explicava as Escrituras?” (v. 32).
O Catecismo da Igreja Católica resume as etapas da Revelação divina mostrando sinteticamente o desenvolvimento (cfr nn. 54-64): Deus convidou o homem desde o início a uma íntima comunhão consigo e mesmo quando o homem, pela própria desobediência, perdeu a sua amizade, Deus não o abandonou em poder da morte, mas ofereceu muitas vezes aos homens a sua aliança (cfr Missal Romano, Pregh. Euc. IV). O Catecismo traça o caminho de Deus com o homem a partir da aliança com Noé depois do dilúvio, ao chamado de Abraão a sair de sua terra para torná-lo pai de uma multidão de povos. Deus forma Israel como seu povo, através do acontecimento do Êxodo, a aliança do Sinai e a doação, por meio de Moisés, da Lei para ser reconhecido e servido como o único Deus vivo e verdadeiro. Com os profetas Deus conduz o seu povo na esperança da salvação. Conhecemos – através de Isaías – o “segundo Êxodo”, o retorno do exílio da Babilônia à própria terra, o restabelecimento do povo; ao mesmo tempo, porém, muitos permanecem na dispersão e assim começa a universalidade desta fé. No final, não se espera mais somente um rei, Davi, um filho de Davi, mas um “Filho do homem”, a salvação de todos os povos. Realizam-se encontros entre as culturas, primeiro com Babilônia e a Síria, depois também com a multidão grega. Assim vemos como o caminho de Deus se alarga, se abre sempre mais para o Mistério de Cristo, o Rei do universo. Em Cristo se realiza finalmente a Revelação na sua plenitude, o desígnio de benevolência de Deus: Ele próprio se faz um de nós.
Eu me concentrei em fazer memória do agir de Deus na história do homem, para mostrar as etapas deste grande desígnio de amor testemunhado no Antigo e no Novo Testamento: um único desígnio de salvação dirigido a toda a humanidade, progressivamente revelado e realizado pelo poder de Deus, onde Deus sempre reage às respostas do homem e encontra novos inícios de aliança quando o homem se perde. Isto é fundamental no caminho de fé. Estamos no tempo litúrgico do Advento que nos prepara para o Santo Natal. Como sabemos todos, o termo “Advento” significa “vinda”, “presença”, e antigamente indicava propriamente a chegada do rei ou do imperador em uma determinada província. Para nós cristãos a palavra indica uma realidade maravilhosa e perturbadora: o próprio Deus cruzou seu Céu e se inclinou sobre o homem; estabeleceu aliança com ele entrando na história de um povo; Ele é o rei que caiu nesta pobre província que é a terra e doou a nós sua visita assumindo a nossa carne, tornando-se homem como nós. O Advento nos convida a traçar o caminho desta presença e nos recorda sempre novamente que Deus não se retirou do mundo, não está ausente, não nos abandonou a nós mesmos, mas vem ao nosso encontro de diversos modos, que devemos aprender a discernir. E também nós com a nossa fé, a nossa esperança e a nossa caridade, somos chamados todos os dias a decifrar e testemunhar esta presença no mundo frequentemente superficial e distraído, e a fazer brilhar na nossa vida a luz que iluminou a gruta de Belém. Obrigado.
terça-feira, 11 de dezembro de 2012
Discurso do Papa: Comissão Teológica Internacional - 7/12/2012
Boletim da Santa Sé
(Tradução: Jéssica Marçal, equipe CN Notícias)
Discurso
Audiência com os membros da Comissão Teológica Internacional
Sala de Papas do Palácio Apostólico Vaticano
Sexta-feira, 7 de dezembro de 2012
Venerados irmãos no Episcopado e no Sacerdócio,
Ilustres professores e caros Colaboradores,
Com grande alegria vos acolho ao término de seus trabalhos da vossa Sessão Plenária anual. Saúdo de coração o vosso novo presidente, Dom Gerhard Ludwig Müller, a quem agradeço pelas palavras que me dirigiu em nome de todos, assim como o novo secretário geral, o padre Serge-Thomas Bonino.
A vossa sessão desenvolveu-se no contexto do Ano da Fé, e estou profundamente satisfeito pelo fato da Comissão Teológica Internacional ter desejado manifestar a sua adesão a este evento eclesial através de uma peregrinação à Basílica Papal de Santa Maria Maior, para confiar à Virgem Maria, praesidium fidei, os trabalhos da vossa Comissão e para rezar por todos aqueles que, no meio Eclesial, dedicam-se a fazer frutificar a inteligência da fé em benefício e alegria espiritual de todos os crentes. Obrigado por este gesto extraordinário. Exprimo apreço pela mensagem que os senhores escreveram em ocasião deste Ano da Fé. Isso ilustra bem o modo específico no qual os teólogos, servindo fielmente à verdade da fé, podem participar do esforço evangelizador da Igreja.
Esta mensagem retoma os temas que os senhores desenvolveram mais amplamente no documento “A teologia hoje. Perspectivas, princípios e critérios”, publicado no início deste ano. Tomando nota da vitalidade e da variedade da teologia depois do Concílio Vaticano II, este documento pretende apresentar, por assim dizer, o código genético da teologia católica, isso é, princípios que definem a sua própria identidade e, por consequência, garantem a sua unidade na diversidade das suas realizações. Para este efeito, o texto esclarece os critérios para uma teologia autenticamente católica e, portanto, capaz de contribuir com a missão da Igreja, com o anúncio do Evangelho a todos os homens. Em um contexto cultural em que alguns são tentados ou a privar a teologia de um estatuto acadêmico, por causa de sua ligação intrínseca com a fé, ou de prescindir da dimensão crente e confessional da teologia, com o risco de confundi-la e de reduzi-la às ciências religiosas, o vosso documento recorda oportunamente que a teologia é inseparavelmente confessional e racional e que a sua presença dentro da instituição universitária garante, ou deveria garantir, uma visão ampla e integral da própria razão humana.
Entre os critérios da teologia católica, o documento menciona a atenção que os teólogos devem reservar ao sensus fidelium. É muito útil que a vossa comissão esteja concentrada também sobre este tema que é de particular importância para a reflexão sobre a fé e para a vida da Igreja. O Concílio Vaticano II, enfatizando o papel específico e insubstituível que cabe ao Magistério, salientou, no entanto, que todo o Povo de Deus participa na função profética de Cristo, realizando assim o desejo inspirado, expresso por Moisés: “Prouvera a Deus que todo o povo do Senhor profetizasse, e que o Senhor lhe desse o seu espírito!” (Nm 11,29). A Constituição dogmática Lumen gentium ensina sobre: “A totalidade dos fiéis, tendo a unção que vem do Santo (cfr 1 Jo 2,20.27), não pode enganar-se no crer, e manifesta esta sua propriedade mediante o sentido sobrenatural da fé de todo o povo, quando desde os bispos até os últimos fiéis leigos mostra universal seu consenso em matéria de fé e de moral” (n. 12). Este dom, o sensus fidei, constitui no crente uma espécie de instinto sobrenatural, que tem uma conaturalidade vital com o mesmo objeto da fé. Observamos que propriamente os simples fiéis carregam em si esta certeza, esta segurança do sentido da fé. O sensus fidei é um critério para discernir se uma verdade pertence ou não ao depósito vivo da tradição apostólica. Tem também um valor propositivo porque o Espírito Santo não para de falar à Igreja e de conduzi-la para a verdade inteira. Hoje, no entanto, é particularmente importante especificar os critérios que permitem distinguir o sensus fidelium autêntico das suas imitações. Na realidade, isso não é uma espécie de opinião pública eclesial, e é impensável podê-lo mencionar para desafiar os ensinamentos do Magistério, porque o sensus fidei não pode desenvolver-se autenticamente no crente se não na medida em que ele participa plenamente na vida da Igreja, e isso exige adesão responsável ao seu magistério, ao depósito da fé.
Hoje, este mesmo sentido sobrenatural da fé dos crentes leva a reagir com vigor também contra o preconceito segundo o qual as religiões, e em particular as religiões monoteístas, seriam intrinsecamente portadores de violência, sobretudo por causa do argumento de que elas têm a pretensão da existência de uma verdade universal. Alguns acreditam que apenas o “politeísmo de valores” garantiria a tolerância e a paz civil seria conforme o espírito de uma sociedade democrática pluralista. Nesta direção, o vosso estudo sobre o tema “Deus Trino, unidade dos homens. Cristianismo e monoteísmo” é de viva atualidade. Por um lado, é essencial lembrar que a fé no Deus único, Criador do céu e da terra, atende às exigências racionais da reflexão metafísica, a qual não é enfraquecida, mas reforçada e aprofundada na Revelação do Mistério de Deus-Trino. Por outro lado, é necessário salientar a forma que a Revelação definitiva do mistério do único Deus toma na vida e morte de Jesus Cristo, que vai ao encontro da Cruz como “cordeiro conduzido ao matadouro” (Is 53,7). O Senhor dá testemunho a uma rejeição radical de cada forma de ódio e violência em favor do primado absoluto da ágape. Se, portanto, na história, houve ou há formas de violência feita em nome de Deus, estas não são atribuídas ao monoteísmo, mas às causas históricas, principalmente aos erros dos homens. Pelo contrário, é o próprio esquecimento de Deus que imerge as sociedades humanas em uma forma de relativismo, que gera inevitavelmente a violência. Quando se nega a possibilidade para todos de referir-se a uma verdade objetiva, o diálogo transforma-se impossível e a violência, declarada ou oculta, torna-se a regra dos relacionamentos humanos. Sem a abertura ao transcendente, que permite encontrar as respostas às perguntas sobre o sentido da vida e sobre a maneira de viver de modo moral, sem esta abertura o homem torna-se incapaz de agir segundo a justiça e de empenhar-se pela paz.
Se o fracasso do relacionamento dos homens com Deus traz em si um desequilíbrio profundo nas relações entre os próprios homens, a reconciliação com Deus, feita pela Cruz de Cristo, “nossa paz” (Ef 2,14), é a fonte fundamental da unidade e da fraternidade. Nesta perspectiva, coloca-se também a vossa reflexão sobre o terceiro tema, aquele da doutrina social da Igreja no contexto da doutrina da fé. Essa confirma que a doutrina social não é uma adição extrínseca, mas, sem esquecer a contribuição de uma filosofia social, recebe os seus princípios básicos nas próprias fontes da fé. Tal doutrina procura tornar efetivo, na grande diversidade das situações sociais, o mandamento novo que o Senhor Jesus nos deixou: “Como eu vos amei, assim amais também vós uns aos outros” (Jo 13, 34).
Rezemos à Virgem Imaculada, modelo de quem escuta e medita a Palavra de Deus, que vós recebais a graça de servir sempre alegremente a inteligência da fé em favor de toda a Igreja. Renovando a expressão da minha profunda gratidão pelo vosso serviço eclesial, asseguro-vos a minha constante proximidade na oração e concedo de coração a todos vós a Benção Apostólica.
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