sábado, 10 de novembro de 2012

32º Domingo do Tempo comum


Este 32º domingo, trás na dinâmica da liturgia, o comportamento assinalado pela extraordinária solidariedade de duas mulheres viúvas (1ª leitura e Evangelho). A hospitalidade da primeira é compensada pelo milagre de Elias, sobretudo porque foi acompanhada pela fé na palavra de Deus e a humildade generosa da segunda mereceu ouvir de Jesus um elogio sem igual. Ensina-nos S. Paulo que o único sacrifício que agrada a Deus é o do coração disposto a amar quem quer que seja, não só oferecendo-lhe o que se possui, mas até a própria vida, se necessário for (2ª leitura).
·      Primeira leitura: 1 Rs 17,10-16
Contextualizando a primeira leitura, é possível chamar atenção para o confronto que havia entre os profetas de Baal, que eram adorados pelos habitantes de Canaã e o profeta de Deus, Elias, o homem da esperança.
No tempo de Elias quase todo o povo foi vítima das seduções desse deus Baal. Os ídolos são sempre assim: prometem o que não têm, por isso terminam iludindo os que lhes prestam culto.
Diante dessa apostasia, qual a postura de Elias, o profeta de Deus? Fazer a vontade de Deus, conscientizando povo a não entrar “nessa!”
O rei, após ser informado pelos bajuladores a respeito do trabalho de Elias, deu ordens para localizar o profeta e condená-lo à morte. É nessa faze da história de Elias que se insere o episódio da leitura de hoje.
Para livrar-se da ira de Acab, o profeta foge. Certo dia chega à cidade de Sarepta onde encontra uma viúva, à qual restou só um punhado de farinha e um pouco de azeite. O profeta é alimentado pela viúva, que lhe oferece o único alimento que lhe restava.
A viúva acredita nas palavras do profeta, oferece-lhe tudo o que tem e Deus abençoa a sua generosidade.
Vejamos, pois: Deus abençoa os que partilham os seus próprios bens; a multiplicação dos nossos bens é consequência da nossa generosidade.
·      Evangelho: Mc 12,38-44
Marcos divide o texto de hoje em duas partes: O primeiro (vv. 38-40), Jesus lembra aos discípulos para que tenham cuidado, quanto ao comportamento dos doutores da lei; a segunda parte (vv. 41-44) trás a narração sobre a viúva pobre que deposita seu donativo, o último recurso que ela tinha no cofre do templo.
Mas então, quem eram essas “figuras impolutas”, os doutores da Lei? Tratava-se dos “especialistas no conhecimento dos preceitos da LEI de Deus e de suas prescrições para o povo de Israel” (Esdras 7,11); além do mais, eram eles que exigiam e julgavam nos tribunais o que deviam também cumprir e não cumpriam.
  Um detalhe: Por que Jesus aparece sempre reprovando a atitude dos “doutores da lei”, os “escribas”? Por que não desfrutavam de forma alguma da sua simpatia? Porque eram “exibicionistas”, “orgulhosos”, “injustos” e “desumanos”, portanto, incoerentes com o que ensinavam e exigiam em relação aos outros. Folcloristas, no sentido negativo; a ponto de tornarem-se ridículos. O Mestre não tolerava essas facetas “encenações”, aliás, até parece que sentia alergia.
Jesus é encontrado no templo de Jerusalém, o centro do poder político e religioso daquela época, condenando não só o pecado de vaidade por parte dos doutores da Lei, mas, sobretudo porque eles “dilapidavam as casas das viúvas” (v. 40). Elas são as protegidas por Deus (Sl 146,9): “Ai de quem as maltrata! Ai de quem as faz chorar!
Em contraposição aos doutores da lei, às pessoas que dominam a sociedade, a segunda parte do evangelho, apresenta um exemplo de religiosidade autêntica: uma pobre viúva que escancara o seu coração e doa tudo o que tem.
Que lições é possível tirarmos? A mais simples e imediata, é de humildade, confiança, generosidade e fé em Deus, apesar de nunca ter acompanhado Jesus, como fizeram os doze, e como fazemos muitos de nós.
E mais: Precisamos entender melhor que, “cristão não é o homem rico que, possuindo muito bens, pode dar generosas esmolas, oferecendo parte daquilo que lhe sobra: cristão é só aquele que, rico ou pobre, coloca à disposição dos irmãos, ´tudo´ o que possui”.
O pobre também é convidado a partilhar os seus bens. Não há  ninguém tão pobre que não tenha nada a oferecer.
Mais uma lição: a viúva que oferece tudo é a imagem de Deus – a imagem de Jesus Cristo que – como ensina S. Paulo – “sendo rico, se fez pobre” (2 Cor 8,9).
Para Jesus, é evidente o contrate alarmante e injusto entre as lideranças (doutores da lei, escribas, fariseus, políticos, ricos e outros) e a classe das viúvas, representantes dos pobres, marginalizados, das “classes sobrantes”.
Enquanto os outros só buscam ver por fora, Jesus vê além das aparências, vê lá por dentro! Jesus vê o coração fechado do rico; Jesus vê o coração aberto da viúva pobre, que termina oferecendo tudo o que tem.
 Pois bem, aí está a autêntica atitude religiosa que é a de entregar-se totalmente a Deus, doando do que tem, doando-se a si mesmo ao seu semelhante, ao invés de confiar no seu poder e na sua riqueza.
O trecho estudado, faz-nos alguns questionamentos sobre as razões que trazemos no coração. Chega de máscaras e subterfúgios. Precisamos ser francos e sinceros. Cuidado para não ficarmos tão somente nas boas intenções, apesar das mesmas serem a primeira condição para se alcançar uma vida autêntica.
·      Segunda leitura: Hb 9,24-28
O trecho da Segunda leitura nos indica dois motivos pelos quais Jesus deve ser considerado como único e verdadeiro sacerdote.
Os antigos sacerdotes (Antiga Lei) – nos diz a leitura – ofereciam os seus sacrifícios num templo material. Cristo, ao contrário, cumpre o seu ministério no céu, num santuário não construído pelas mãos humanas.
Jesus, ao invés, ofereceu um só e perfeito sacrifício, não derramou o sangue dos animais, mas doou o seu próprio, e, com o seu gesto de amor, destruiu definitivamente o pecado (9vv. 25-27).
Pe. Francisco de Assis Inácio
Pároco de Nova Cruz

Festa da padroeira da Arquidiocese começa neste domingo

 
A partir de domingo, 11 de novembro, a Arquidiocese e a cidade do Natal festejam a padroeira, Nossa Senhora da Apresentação. Durante dez dias, os fiéis terão a oportunidade de participar de uma diversificada programação com caminhadas, missas, novenas, atendimento de confissões, reza do Ofício de Nossa Senhora e do terço, e atividades sociais, incluindo funcionamento de barracas e shows musicais.

O ápice dos festejos acontecerá no dia 21, feriado no município de Natal. Nesse dia, a programação terá início a zero hora, com uma vigília, na Pedra do Rosário. A partir das 3h30, acontecerá a procissão fluvial, pelas águas do Rio Potengi, com a imagem de Nossa Senhora da Apresentação. A procissão encerrará na Pedra do Rosário, onde, às 5 horas, será celebrada a missa, presidida pelo Vigário Geral da Arquidiocese, Padre Edilson Soares Nobre. Tradicionalmente, todos os anos, milhares de fiéis participam dessa celebração.

Ainda no dia 21, às 7h30, haverá missa, na antiga Catedral, presidida pelo Monsenhor Agnelo Dantas Barretto. Às 10 horas, na Catedral Metropolitana, haverá missa solene, presidida pelo Arcebispo, Dom Jaime Vieira Rocha. Às 14 horas, acontecerá a caminhada, intitulada '9º Natal Caminha com Maria', saindo do Santuário dos Mártires, no bairro de Nazaré, para a Catedral Metropolitana, onde haverá missa, também presidida pelo Arcebispo.
Durante os festejos, circula a XI edição da Revista Rosário do Potengi. Nesta edição, a revista traz uma matéria sobre o funcionamento da Paróquia da Catedral, criada em 29 de dezembro de 2009; artigos sobre o Ano da Fé, 50 anos da Campanha da Fraternidade e do Concílio Vaticano II; além da novena e do hinário da festa.
À luz do Ano da Fé e do Concílio
"Mãe da Apresentação, modelo perfeito de fé" é o tema escolhido para a festa de Nossa Senhora da Apresentação 2012. Segundo o pároco da Paróquia da Catedral, Padre Valdir Cândido de Morais, o tema está relacionado com o Ano da Fé, proclamado pelo Papa Bento XVI. "Julgamos que Maria foi quem mais professou sua fé, dando o sim ao projeto de Deus. Então, por isso, e em consonância com o Ano da Fé, escolhemos este tema", enfatizou.

Já, o lema é uma citação do Evangelho de Lucas, no texto conhecido como Magnificat: "Bem aventurada aquela que acreditou". "Uma vez que Maria deu seu sim ao projeto de Deus, ao mesmo tempo a alegria invadiu seu coração, e ela, por meio do Espírito Santo, tornou realidade o projeto de Deus, gerando o filho, Jesus Cristo", explicou o pároco.

Durante as festividades, a cada noite um subtema norteará a pregação da novena. Segundo o Padre Valdir, cada subtema é baseado no capítulo 8, da Constituição Dogmática Lumen Gentium, do Concílio Vaticano II. "Esse capítulo é dedicado à Bem Aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus. A Lumen Gentium foi promulgada pelo Papa Paulo VI, em 21 de novembro de 1964, dia da apresentação de Nossa Senhora", comenta Padre Valdir.
Um convite ao projeto de Deus
De acordo com o pároco da Catedral, a festa de Nossa Senhora da Apresentação é momento que possibilita às pessoas a adesão ao projeto de Deus. "Somos uma Igreja em estado permanente de missão e estamos vivenciando as alegrias do Ano da Fé, proclamado pelo Papa Bento XVI, como também vivemos os 50 anos do Concílio Vaticano II. Neste clima de alegria, queremos que este momento da festa de Nossa Senhora da Apresentação possibilite a nossa adesão ao projeto de Deus, que tão bem foi aceito por Nossa Senhora", destaca Padre Valdir. E acrescenta: "A festa que vamos celebrar nestes dias é um grande momento de crescimento na nossa missão e, ao mesmo tempo, um momento propício para reacender nossa fé e receber as graças que nos vêm pela intercessão da Mãe, Maria Santíssima."
Foto: Cacilda Medeiros
Imagem de Nossa Senhora da Apresentação

Meditando o Evangelho de hoje

Dia Litúrgico: Sábado, 10 de Novembro

Evangelho de hoje: Lc 16,9-15


31ª Semana do Tempo Comum

Eu vos digo: fazei-vos amigos com a riqueza injusta, para que, no dia em que ela vos faltar, eles vos recebam nos tabernáculos eternos. Aquele que é fiel nas coisas pequenas será também fiel nas coisas grandes. E quem é injusto nas coisas pequenas o será também nas grandes. Se, pois, não tiverdes sido fiéis nas riquezas injustas, quem vos confiará as verdadeiras? E se não fostes fiéis no alheio, quem vos dará o que é vosso? Nenhum servo pode servir a dois senhores: ou há de odiar a um e amar o outro, ou há de aderir a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro”. Ora, ouviam tudo isso os fariseus, que eram avarentos, e zombavam dele. Jesus disse-lhes: "Vós procurais parecer justos aos olhos dos homens, mas Deus vos conhece os corações; pois o que é elevado aos olhos dos homens é abominável aos olhos de Deus. 



Comentário

Viver dividido é uma das causas do desgaste e da angústia dos homens e mulheres da pós-modernidade. Jesus nos afirma categoricamente no evangelho de hoje: "Nenhum servo pode servir a dois senhores: ou há de odiar a um e amar o outro, ou há de aderir a um e desprezar o outro”. Senhor, liberta nosso coração, pois estamos cansados e abatidos por tanta divisão interior, por tantos senhores a nos "mandar” e a "exigir” nossa dedicação e atenção. Teu evangelho nos alerta sobre o "senhor” dinheiro, mas ele é apenas um dentre tantos "senhores” manipuladores e possessivos que estão a nos rodear.
Bento XVI cria Pontifícia Academia para promover a língua e a cultura latina

Papa Bento XVI
Vaticano, 10 Nov. 12 / 03:11 pm (ACI/EWTN Noticias).- O Papa Bento XVI emitiu no dia 10 de novembro, memória de São Leão Magno, a Carta Apostólica em forma do Motu Próprio “Latina Lingua”, com a qual institui a Pontifícia Academia de Latinidade, cujo fim será promover e valorizar a língua e a cultura latina.

De acordo à sua constituição, anexada à Carta Apostólica, a Pontifícia Academia de Latinidade dependerá do Pontifício Conselho da Cultura, estará regida por um Presidente auxiliado por um secretário, ambos nomeados pelo Papa, e estará conformada por um máximo de 50 membros, entre acadêmicos, estudiosos e autoridades da matéria, nomeados pelo Secretário de estado.

O Papa nomeou como primeiro Presidente da Pontifícia Academia o professor Ivano Dionigi, e como Secretário o P. Roberto Spataro.

O Papa Bento XVI sublinhou que a língua latina foi mantida em alta consideração pela Igreja Católica e pelos Romanos Pontífices, quem freqüentemente têm promovido seu conhecimento e difusão.

“Em realidade, desde Pentecostes a Igreja falou e orou em todas as línguas dos homens. Entretanto, as Comunidades cristãs dos primeiros séculos usaram ampliamente o grego e o latim, línguas de comunicação universal do mundo no qual viviam, graça às quais a novidade da Palavra de Cristo encontrava a herança da cultura helênico-romana”, escreveu o Papa.

Bento XVI indicou que depois da queda do Império Romano do Ocidente, a Igreja não só seguiu valendo-se do latim, mas também se converteu em custódia e promotora do seu uso, tanto no âmbito teológico e litúrgico como na formação e transmissão do saber.

O Papa também se referiu à debilitação da língua latina no âmbito dos estudos humanísticos e na cultura geral, mas sublinhou que atualmente persiste um renovado interesse na cultura e na língua latina. “Torna-se portanto urgente sustentar o compromisso por um maior conhecimento e um uso mais competente da língua latina”, assinalou.

Bento XVI destacou que “para contribuir no alcance de tais objetivos, seguindo os rastros de meus venerados Predecessores, com o presente Motu Proprio hoje instituo a Pontifícia Academia de Latinidade, dependente do Pontifício Conselho da Cultura. Estará regida por um Presidente, ajudado por um Secretário, por mim nomeado, e por um Conselho Acadêmico”. (ACIDigital)
Comentário ao Credo do Povo de Deus - I


Caro Internauta, no horizonte deste Ano da Fé, proclamado pelo Santo Padre Bento XVI, desejo comentar, pouco a pouco, o Credo do Povo de Deus, professado de modo solene pelo Papa Paulo VI, no encerramento do Ano da Fé de 1968. Trata-se de uma bela e robusta síntese da nossa fé católica e apostólica! Espero que a meditação desse Símbolo a todos ajude no aprofundamento da nossa opção de vida pelo Cristo Senhor e no maior conhecimento da nossa santa fé católica.

Cremos em um só Deus - Pai, Filho e Espírito Santo - Criador das coisas visíveis - como este mundo, onde se desenrola nossa vida passageira -, Criador das coisas invisíveis - como são os puros espíritos, que também chamamos anjos -, Criador igualmente, em cada homem, da alma espiritual e imortal.

Antes de tudo chama atenção o plural usado pelo Papa: cremos! É que a fé, sendo sempre uma atitude pessoal, uma adesão que cada pessoa faz com toda a sua consciência, vida e liberdade, é também sempre uma realidade comunitária, eclesial: creio com a Igreja, creio enquanto membro da Igreja, creio com a fé da Igreja e creio na fé da Igreja, isto é, na doutrina que a Igreja professa inspirada pelo Santo Espírito de Jesus.
É totalmente sem sentido que um católico fizesse uma triagem na fé da Igreja, crendo em umas verdades e rejeitando outras. Aí já não se é realmente católico. Interessante, neste aspecto, é o sentido mesmo do adjetivo “católica”. Dizer que a Igreja de Cristo é católica (= kat’olon), isto é, “segundo a totalidade”: aquele à qual o Senhor concedeu a totalidade da doutrina salvífica, do sacramentos e dos dons e carismas para que possa viver como verdadeiro povo de Deus em Cristo Jesus. Deste modo, um católico que escolhesse o que crer e o que não crer no conjunto da fé católica, já não seria realmente católico, já não seria segundo a totalidade daquilo que Jesus nosso Senhor deixou para o bem da Sua Igreja. Por isso mesmo, a fé, sendo uma realidade pessoal – Eu creio! – realiza-se de verdade na comunidade dos crentes em Cristo – Nós cremos!
Um vício do mundo atual, que devemos evitar com todo cuidado, é aquele do individualismo, que leva a pensar que posso ter um contato direto com Deus e nele crer do modo que bem imaginar. Neste triste caso, o contato já não é com Deus, mas com um ídolo, um deus feito por mim, à minha medida, de encomenda, segundo os meus critérios! Se Deus Se revelou em Cristo e, na potência do Espírito do Ressuscitado, formou para Si um povo, devo colocar-me em espírito de obediência da fé (cf. Rm 1,5) numa atitude de escuta para acolher aquilo que o Espírito de Cristo diz continuamente à Sua Igreja (cf. Ap 2,7.11.17.29; 3,6.13.22). Colocar-se na fé da Igreja é escutar efetivamente o Senhor tal qual Ele Se revelou e não, arbitrariamente, forjar uma fé ao meu gosto e um deus à minha imagem. Resumindo: o “eu creio” professado por cada cristão deve sempre estar no “nós cremos” professado pela Igreja toda.

 


Escrito por Dom Henrique 
"A Infância de Jesus": livro do Papa sairá em português


Cidade do Vaticano (RV) – Um dia após a sua apresentação mundial, no Vaticano, o último livro de Bento XVI sobre a vida de Jesus será lançado em português no dia 21 de novembro em Portugal.

A obra conclui a trilogia sobre ‘Jesus de Nazaré’ e aborda os primeiros anos da vida de Cristo, os chamados “Evangelhos da infância”. No prefácio, Bento XVI explica que se trata de uma introdução aos dois livros precedentes, sobre a figura e a mensagem de Cristo.

'Jesus de Nazaré – A Infância de Jesus' refere que “Jesus nasceu numa época que pode ser determinada com exatidão. No início da atividade pública de Jesus, Lucas oferece mais uma vez uma datação pormenorizada e exata daquele momento histórico: é o décimo quinto ano do império de Tibério César”.

De acordo com Bento XVI, são necessários “dois passos” para uma interpretação correta dos textos bíblicos: “De um lado, é preciso perguntar-se o que os autores pretendiam dizer com o seu texto, naquele momento histórico; no entanto, “não é suficiente deixar o texto no passado, arquivando-o entre os eventos acontecidos há tempos”.

O Papa frisa que “este colóquio na encruzilhada entre passado, presente e futuro nunca poderá ser completo e que nenhuma interpretação alcança a grandeza do texto bíblico”.

O primeiro volume de ‘Jesus de Nazaré’ foi publicado em 2007 e era dedicado ao início da vida pública de Cristo (desde o batismo à transfiguração). A segunda parte da obra foi apresentada em março de 2011, e tratava os momentos que precederam a morte de Jesus e a sua ressurreição.

Joseph Ratzinger começou a escrever a obra no verão de 2003, antes de ser eleito Papa.
(CM)
Deserto: realidade e metáfora
Leonardo Boff
Teólogo, filósofo e escritor
Adital

O deserto é uma realidade misteriosa e uma metáfora fecunda do percurso contraditório da vida humana.
Atualmente 40% da superfície terrestre está em processo avançado de desertificação. Os desertos crescem na proporção de 60 mil km2 por ano, o que equivale a 12 hectares por minuto. No Brasil há um milhão de km2em processo de desertificação. Só no Nordeste e em Minas são 180 mil km2. Esse fenômeno ameaçador para as colheitas, para a fome e a emigração de populações inteiras se deve ao desflorestamento, ao mau uso dos solos, às mudanças climáticas e aos ventos.
Lembremos o maior deserto do mundo, o Saara que possui uma superfície maior que a do Brasil (9.065000 km2). Há dez mil anos era coberto por densas florestas tropicais, contendo fósseis de dinossauros e sinais arqueológicos de antigas civilizações, pois outrora o rio Nilo desaguava no Atlântico. Nesta época, porém, ocorreu uma drástica mudança climática que o transformou numa imensa savana e depois num deserto árido eextremamente seco. Não é um sinal para a Amazônia?
Mas a vida sempre é mais forte. Ela resiste, se adapta e acaba triunfando. Ainda hoje nos desertos viceja vida: mais de 800 espécies de vegetais e minúsculos insetos e animais. Mas basta soprar um vento mais úmido ou cair algumas gotas de água para a vida invisível irromper soberbamente.
Em oito dias, a semente germina, floresce, madura, dá fruto que cai ao solo. Ela se recolhe. Espera mais de um ano, sob a calícula do sol e o vergastar do vento, até que possa de novo germinar e continuar o ciclo ininterrupto e triunfante da vida. Outros arbustos se enrolam sobre si mesmos, se contorcem para escapar dos ventos e sobreviver.
Da mesma forma, pequenos animais se alimentam de insetos, borboletas, libélulas e sementes trazidas pelo vento.
Mas quando há um oasis, a natureza parece se vingar: o verde é mais verde, os frutos, mais coloridos e atmosfera, mais ridente. Tudo proclama a vitória da vida.
Com sua tecnologia, o ser humano rasga os desertos, traça estradas luzidias, devolve o deserto à civilização como ocorre nos USA, na China e no Chile. Esta é a realidade da ecologia exterior do deserto.
Mas há desertos interiores, da ecologia profunda. Cada pessoa humana tem o seu deserto para atravessar em busca de uma "terra prometida”. É um percurso penoso e cheio de miragens. Mas o espera sempre um oásis para se refazer.
Há desertos e desertos: deserto dos sentidos, do espírito, da fé. O deserto dos sentidos ocorre especialmente nas relações interpessoais. Depois dealguns anos, a relação de um casal conhece o deserto da monotomia do dia-a-dia e a diminuição do mútuo encantamento. Se não houver criatividade e aceitação dos limites de cada um, pode acabar a relação. Se a travessia não for feita, permanece o deserto desalentador.
Há ainda o deserto do espírito. No século IV quando o cristianismo começou a aburguesar-se, leigos cristãos se propuseram manter vivo o sonho de Jesus. Foram ao deserto para encontrar uma terra prometida em sua própria alma e encontrar o Deus nu e vivo. E o encontraram. Trata-se de uma travessia perigosa do deserto. São João da Cruz fala da noite do espírito "terrível e amedrontadora”. Mas o resultado é uma integração radical. Então, da aridez nasce o paraiso perdido. O deserto é metáfora desta busca e deste encontro.
Por fim há o deserto da fé. Hoje vive-se na Igreja Católica um árido desertopois a primavera que significou o Concílio Vaticano II se transformou num inverno severo por obra de medidas tomadas pelo organismo central do Vaticano no esforço de manter tradições e estilos de piedade que tem a ver com o modelo medieval de Igreja de poder. Ela se comporta como uma fortaleza sitiada e fechada aos apelos que vem dos povos, de seus lamentos e esperanças. É um modelo de Igreja do medo, da suspeita e dapobreza em criatividade, o que revela insuficiência de fé e de confiança no Espírito de Jesus. O que se opõe à fé não é o ateísmo, mas o medo. Uma Igreja cheia de medos perde a sua principal substância que é a fé viva. Os crimes da pedofilia de muitos religiosos e os escândalos financeiros do Banco do Vaticano fizeram com que muitos fiéis conhecessem o deserto, emigrassem da instituição, embora mantendo o sonho de Jesus e a fidelidade aos evangelhos. Vivemos num deserto eclesial sem vislumbrar um oásis pela frente. Será o nosso desafio, o de fazer, mesmo assim, a travessia com a certeza de que o Espírito irrompa e faça surgir flores no deserto. Mas como dói!
A morte anunciada dos Guarani-Kaiowá
Frei Betto
Escritor e assessor de movimentos sociais
Adital
A Justiça revogou a ordem de retirada de 170 índios Guarani-Kaiowá das terras em que habitam no Mato Grosso do Sul. Em carta à opinião pública, eles apelaram: "Pedimos ao Governo e à Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo, mas decretar nossa morte coletiva e enterrar nós todos aqui. Nós já avaliamos a nossa situação atual e concluímos que vamos morrer todos, mesmo, em pouco tempo”.
A morte precoce, induzida –o que nós, caras-pálidas, chamamos de suicídio– é recurso frequente adotado pelos Guarani-Kaiowá para resistirem frente às ameaças que sofrem. Preferem morrer que se degradar. Nos últimos vinte anos, quase mil indígenas, a maioria jovens, puseram fim às suas vidas, em protesto às pressões de empresas e fazendeiros que cobiçam suas terras.
A carta dos Guarani-Kaiowá foi divulgada após a Justiça Federal determinar a retirada de 30 famílias indígenas da aldeia Passo Piraju, em Mato Grosso do Sul. A área é disputada por índios e fazendeiros. Em 2002, acordo mediado pelo Ministério Público Federal, em Dourados, destinou aos índios 40 hectares ocupados por uma fazenda. O suposto proprietário recorreu à Justiça.
Segundo o CIMI (Conselho Indigenista Missionário), vinculado à CNBB, há que saber interpretar a palavra dos índios: "Eles falam em morte coletiva (o que é diferente de suicídio coletivo) no contexto da luta pela terra, ou seja, se a Justiça e os pistoleiros contratados pelos fazendeiros insistirem em tirá-los de suas terras tradicionais, estão dispostos a morrerem todos nela, sem jamais abandoná-las”, diz a nota.
Dados do CIMI indicam que, entre 2003 e 2011, foram assassinados, no Brasil, 503 índios. Mais da metade –279– pertence à etnia Guarani-Kaiowá. Em protesto, a 19 de outubro, em Brasília, 5 mil cruzes foram fincadas no gramado da Esplanada dos Ministérios, simbolizando os índios mortos e ameaçados.
São comprovados os assassinatos de membros dessa etnia por pistoleiros a serviço de fazendeiros da região. Junto ao rio Hovy, dois índios foram mortos recentemente por espancamentos e torturas.
A Constituição abriga o princípio da diversidade e da alteridade, e consagra o direito congênito dos índios às terras habitadas tradicionalmente por eles. Essas terras deveriam ter sido demarcadas até 1993. Mas, infelizmente, a Justiça brasileira é extremamente morosa quando se trata dos direitos dos pobres e excluídos.
Um quarto de século após a aprovação da carta constitucional, em 1988, as terras dos Guarani-Kaiowá ainda não foram demarcadas, o que favorece a invasão de grileiros, posseiros e agentes do agronegócio.
Participei, no governo Lula, de toda a polêmica em torno da demarcação da Raposa Serra do Sol. Graças à decisão presidencial e à sentença do Supremo Tribunal Federal, os fazendeiros invasores foram retirados daquela reserva indígena.
No caso dos Guarani-Kaiowá não se vê, por enquanto, a mesma firmeza do poder público. Até a Advocacia Geral da União, responsável pela salvaguarda dos povos indígenas –pois eles são tutelados pela União– chegou a editar portaria que, na prática, reduz a efetivação de vários direitos.
O argumento dos inimigos de nossos povos originários é que suas terras poderiam ser economicamente produtivas. Atrás desse argumento perdura a ideia de que índios são pessoas inúteis, descartáveis, e que o interesse do lucro do agronegócio deve estar acima da sobrevivência e da cultura desses nossos ancestrais.
Os índios não são estrangeiros nas terras do Brasil. Ao chegarem aqui os colonizadores portugueses –equivocamente qualificados nos livros de história de "descobridores”– se depararam com mais de 5 milhões de indígenas, que dominavam centenas de idiomas distintos. A maioria foi vítima de um genocídio implacável, restando hoje, apenas, 817 mil indígenas, dos quais 480 mil aldeados, divididos entre 227 povos que dominam 180 idiomas diferentes e ocupam 13% do território brasileiro.
Não adianta o governo brasileiro assinar documentos em prol dos direitos humanos e do desenvolvimento sustentável se isso não se traduzir em gestos concretos para a preservação dos direitos dos povos indígenas e de nosso meio ambiente.
Bem fez a presidente Dilma ao efetuar cortes no projeto do novo Código Florestal aprovado pelo Congresso. Entre o agrado a políticos e os interesses da nação e a preservação ambiental, a presidente não relutou em descartar privilégios e abraçar direitos coletivos.
Resta agora demonstrar a mesma firmeza na defesa dos direitos desses povos que constituem a nossa raiz e que marcam predominantemente o DNA do brasileiro, conforme comprovou o Projeto Genoma Humano.
[Frei Betto é escritor, autor da novela indigenista "Uala, o amor” (FTD), entre outros livros.
Segundo Houaiss, mito é a "construção mental de algo idealizado, sem comprovação prática; ideia, estereótipo". Mito: O afeto e o carinho dos professores são elementos imprescindíveis para que o aluno aprenda.
Desfazendo o mito: Afeto e carinho são sempre positivos, mas não determinam, por si sós, a aprendizagem. Além disso, a afirmativa induz à falsa ideia de que professor sério, introspectivo, que não externaliza sentimentos por característica pessoal, não pode ser bom professor, o que é seguramente uma inverdade.
Comentário
A escola está cheia de mitos que precisam ser desconstruídos com leituras e atitudes . Com uma hierarquização defectível não há escola que avance. A hierarquia separa, eleva a distância e adota o status. Esse é um ponto. O outro: devemos ter o cuidado para não caírmos na tentação de que basta abrir um largo sorriso para determina a aprendizagem significativa do aluno. É preciso pensar diferente e ser diferente. Avaliar é a coisa mais difícil que encontramos em nosso caminho. Mas é necessário.




Desvendamos Mistérios

     





POR QUE O MAR MORTO TEM ESSE NOME?
Um fenômeno único na Terra
O Mar Morto é um caso muito singular, um fenômeno único na Terra. Suas características sempre desafiaram a ciência nos últimos séculos, inclusive através de citações bíblicas: segunda o livro, abaixo de suas águas estão sepultadas as cidades de Sodoma e Gomorra.


Ele recebe este nome porque impossibilita a sobrevivência de peixes e plantas por conta da altíssima salinidade. Como é um dos lençóis de água mais baixos e mais salgados que existem, os animais não conseguem sobreviver.

  Mas existe outra curiosidade interessante sobre ele: Por que se flutua mais facilmente no Mar Morto? A explicação está na densidade de sua água, muito maior que a da água "doce". Devido ao clima, a água da superfície se evapora e o sal dissolvido permanece, tornando a água ainda mais salgada.

Normalmente, a quantidade de sal nos mares varia entre 2% a 3%, mas no Mar Morto ela chega a incríveis 27%, aumentando de acordo com a profundidade.

Assim, 1/4 deste mar é composto por sal dissolvido em água. Por isso as pessoas bóiam com muito mais facilidade! Outro aspecto curioso sobre o Mar Morto vem de suas supostas propriedades terapêuticas. Como possui altas taxas de minerais em suas águas, como magnésio, potássio e cálcio, suas diversas nascentes atraem pessoas em busca de cura.



Esta pergunta foi respondida pela equipe de professores do serviço Professor Web
A Relação Família e Escola – Uma Parceria Imprescindível
Kátia Bellotti
Menina pequena de mãos dadas a menino maior, estando os dois de mochilas e roupas coloridas

Desde o surgimento da escola, estudos vêm mostrando que a participação dos pais é de fundamental importância ao desempenho escolar e social das crianças.

Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), no seu artigo 4º:

É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária (BRASIL, 1990).

A legislação define que a família tem o dever educacional da criança e não delegar apenas à escola a função de educar.

O artigo 205 da Constituição Federal afirma:

A educação direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988).

A família não é um simples fenômeno natural, mas sim uma instituição social que vem se moldando através dos tempos.

Ela tem como papel fundamental a formação cultural e social de um indivíduo.

A frase “A família é a base da sociedade” é quase piegas, mas nos leva a pensar nas responsabilidades econômicas, culturais e políticas dessa instituição.

Porém, com as constantes transformações que a estrutura familiar vem sofrendo, há influências diretas e indiretas na dinâmica sociocultural do indivíduo.

Entre essas transformações, podemos citar, por exemplo, o antigo padrão familiar patriarcal que dá lugar a uma nova composição familiar, o aumento da expectativa de vida, a diminuição do índice de natalidade e o aumento de mulheres dominando o Mercado de Trabalho.

As mudanças são sempre bem-vindas, desde que sejam para acrescentar algo ou fortalecer uma sociedade.

A família passa por diversas transformações, mas sempre mantém um vínculo afetivo, o qual é essencial à vida escolar positiva da criança.

Dessa forma, a participação da família na vida escolar daquele que está na função de filho torna-se indispensável.

As crianças percebem se os seus responsáveis estão acompanhando o que acontece na sua escola e se estão verificando seu rendimento escolar.

Infelizmente, existem alguns responsáveis que não demonstram interesse em conhecer o meio escolar que a criança vive ou, até mesmo, deixam de acompanhar a rotina escolar.

Crianças com pais ou responsáveis relapsos possuem rendimento inferior ao das crianças com pais ou responsáveis interessados por sua rotina escolar.

Estas se sentem mais seguras e apresentam uma melhor execução em suas atividades.

A vida familiar e a vida escolar percorrem caminhos sincrônicos e fica cada vez mais indispensável o fortalecimento dessa relação à formação social e funcional da criança.

No mundo conturbado em que vivemos, é desafiador criar os filhos, educá-los e prepará-los para agir com compromisso.

Não se pode negligenciar o fato de que a família e a escola são pontos de apoio e de formação na vida de um cidadão.

O trabalho em conjunto produz resultados significativamente positivos, isso é fato.

Em momento algum a escola deve se apropriar da função da família na vida do aluno.

É fundamental que pais, professores e alunos compreendam e trabalhem de forma conjunta as questões do cotidiano escolar.

Isso, certamente, não é uma tarefa fácil, mas é compensadora para qualquer instituição que pensa contribuir para uma sociedade mais humana.

Kátia Bellotti  Cursa o 4º Semestre de Pedagogia (Uniararas|Fundação Hermínio Ometto) em Caçapava, São Paulo, e é Instrutora Técnica do Programa Informática Educacional.

Fonte da Imagem: Corbis.

Horrores da violência


Reflexões de Dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo de Belo Horizonte

BELO HORIZONTE, sexta-feira, 09 de novembro de 2012(ZENIT.org) - A sociedade está convocada a refletir sobre um grave problema: o aumento dos índices de violência. Não basta apenas proteger-se, com medo dos riscos e prejuízos que a criminalidade provoca. Reforçar sistemas de segurança e evitar situações perigosas são medidas importantes. Porém, é fundamental perceber como a solidariedade pode ajudar na diminuição da violência. Também é indispensável reconhecer como é ilusório e perigoso o enfrentamento dos crimes armando-se. É preciso seguir o caminho da solidariedade, uma defesa que precisa ser exercitada e está longe dessa busca pelas armas.
Fala-se de um grupo civil armado crescente em nossa sociedade. Dados do Sistema Nacional de Armas, da Polícia Federal, mostram que houve aumento de 406% nas expedições de portes em território mineiro, entre 2008 e 2011. É um equívoco convencer-se que a vitória sobre a violência será conquistada com a compra de uma arma de fogo para defesa pessoal. Justificar esta escolha com o argumento de que a polícia não está preparada e não tem contingente suficiente para proteger o cidadão é um risco. Se todos os cidadãos ou grande parte da população se armarem, não significa garantia de paz. Ao contrário, estaremos, na verdade, em tempo de guerra.
O impacto emocional na vida de quem já foi assaltado, ou com  parentes, amigos, alguém próximo que tenha sido vítima de violência, não pode se converter em desenfreada busca pelo armamento. Ao contrário, é preciso apoiar o controle rígido do porte de armas. Isso inclui, obviamente, um trabalho árduo e sistemático para o desarmamento urgente de bandidos. Nesse caminho, é preciso incluir, prioritariamente, na agenda da sociedade e na preocupação primeira de cada cidadão, a solidariedade como força educativa, de combate e de mudança dessa triste realidade. Ao indicar a solidariedade como remédio para a violência, não se está falando de concessões, de conivências ou de uma postura passiva. É preciso reagir diante da realidade que se estabelece. A violência está se tornando uma cultura e isso é gravíssimo. Ela começa a ser exercida não apenas pelos criminosos, mas também pelos honestos que optam pelo combate à violência com a violência.
A indignação inevitável que emerge no coração de vítimas, de parentes e dos cidadãos de boa vontade não pode obscurecer nossa coragem de apostar numa cultura marcada pela dinâmica da solidariedade, que tem força para mudanças profundas. Um exemplo concreto e palpável dessa força está nas muitas comunidades de fé, que desenham na vida de muitas pessoas um horizonte de espiritualidade à luz da Palavra de Deus.  Assim, ajudam a superar quadros de violência e fazem brotar um sentido novo de cidadania. Contribuem para fazer crescer o gosto de conviver respeitando o outro. Por esse caminho é urgente andar e investir. Alguém dirá ser um percurso demorado. Contudo, é o único com dinâmicas de  importância, para combater e impedir que a violência se torne uma cultura.
Nas realidades em que a violência se institucionalizou, presencia-se a dificuldade na organização social e o crescimento da delinquência que dizima, em todas as camadas sociais, o sentido de valor, a compreensão justa da vida e o gosto pelo respeito ao outro. No lugar da revolta, embora a indignação seja justificável, é preciso aderir às práticas solidárias, que têm força revolucionária. Este entendimento deve ser alcançado, para se evitar prejuízos irreversíveis.
O mapa da violência estampa o retrato de uma grave epidemia que atinge todos. A sociedade brasileira está numa posição sofrível e lamentável no ranking internacional sobre taxas de homicídio. Esses números elevados, mais do que mostrar uma triste realidade, indicam que os governantes, instituições e cidadãos têm responsabilidades graves neste período da história. É o momento de todos participarem, para mudar esta calamidade social que é a violência, contramão de uma cultura da solidariedade. Dinâmica que encontra força na fé. É indispensável conhecer e buscar  mais o remédio da solidariedade. Assim, será possível mudar esses quadros produzidos pelos horrores da violência.
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte (Fonte:ZENIT)
Um Deus, um povo, uma história cheia de histórias


O ser humano traz em si a percepção quase que instintiva da existência de um Deus bom, reto, justo e santo. A própria natureza clama por um Criador e Ordenador de todas as coisas. Sim, pode ter certeza: existe Alguém, um Deus do qual tudo provém. Mas, não basta afirmar isto. Tem mais: esse Deus misterioso que o coração humano procura de tantos modos e que cada religião vislumbra como que às apalpadelas, Ele mesmo saiu do Seu silêncio; Ele falou, veio ao encontro da Sua criatura, estendeu as mãos e abriu o coração à humanidade toda. Esta é a fé dos judeus e, de modo mais específico, a certeza dos cristãos: Deus dirigiu-Se ao homem para partilhar Sua vida conosco e nos chamar a uma vida plena na amizade com Ele. Fomos criados para Ele e Nele somente seremos plenos. Por isso, Ele veio ao nosso encontro! Se pensarmos bem... Que mistério tão grande: o Infinito sair do Seu silêncio e nos dirigir a Sua palavra, ocupar-Se conosco! Mas, como foi isso?
As Sagradas Escrituras são testemunhas desse misterioso diálogo entre Deus e a humanidade. Mas, compreendamos logo algumas coisas. (1) Deus não Se revelou primeiramente num livro. Revelou-Se na história de um povo, por Ele misteriosa e gratuitamente escolhido: o povo de Israel. Pouco a pouco, com admirável pedagogia, foi plasmando esse povo, foi a ele Se revelando, retirando-o do paganismo, educando-o; foi-lhe purificando a consciência, refinando a percepção que eles tinham o divino. Aos poucos, Israel foi se formando, foi compreendendo que havia sido escolhido e, dessa escolha, dependia também a bênção para toda a humanidade. E Israel foi experimentando, foi tomando consciência de que esse seu Deus não era um deus entre outros, mas Deus, simplesmente o Deus, o Eterno, o Invisível, o Santo, o Único! Nos percalços da história, o Senhor foi educando Israel para acolher a Sua revelação. (2) Atenção, que “revelação” aqui não quer dizer revelação de segredos e ideias abstratas, de teorias, mas se trata da revelação de Alguém, revelação do próprio Deus: como um amigo se revela a outro amigo, como o amado se revela à sua amada em palavras, em gestos, em atitudes, em convivência, assim Deus, o Altíssimo, foi Se revelando ao Seu povo. (3) Somente num segundo momento é que os sábios e profetas, os escribas e sacerdotes foram colocando por escrito a história de Israel: suas histórias, suas tradições, séculos e séculos de vida com o seu Deus, vida que muito antes havia experimentado na existência sofrida de cada dia. Então, uma conclusão importante: os textos da Escritura não são simples documentos históricos crus, impessoais, simplesmente objetivos, crônicas de jornal ou informação de livro de história! Nada disso: são textos vivos, textos vividos, cheios de emoção, de paixão: são o testemunho de como um povo vivenciou no seu coração e na sua vida o seu relacionamento com o Deus vivo que lhe veio ao encontro nos acontecimentos da sua história. Imagine alguém colocando por escrito sua vida com a pessoa amada, sua história de amor com tantos altos e baixos... Assim Israel colocou por escrito essa relação do Deus Amante com o Seu povo amado... É isto o conjunto de textos a que chamamos Antigo Testamento. (4) E Israel foi crescendo na convicção de que esses textos tão humanos, com linguagem de homens, não eram simplesmente obra de homens: por trás dos autores humanos, era Deus mesmo quem estava inspirando, comunicando-Se, rasgando Seu coração para que o homem nele pudesse entrar!
Pois, meu Leitor, são esses textos benditos que compõem o nosso Antigo Testamento; textos que contêm a Palavra de Deus tanto para os judeus como para os cristãos. Mas, qual o enredo desses textos, desses livros que são as Escrituras Santas de Israel? O que dizem? O que prometem? O que ensinam a esperar? Para onde nos orientam?
Procuram mostrar que Deus tem um plano de amor e salvação para toda a humanidade. Desse modo, a Escritura garante que desde o princípio Deus foi Se manifestando aos homens e os homens foram dizendo-Lhe “não”! Como assim? Na sua vida, na sua consciência, nas suas escolhas, o homem foi sempre tentado a pensar: “A vida é minha: eu sei o que é melhor para mim, eu faço como eu quero!” E Deus teimando em nos dirigir Seu apelo no íntimo da nossa consciência, persistindo no Seu amor. Podemos encontrar isto em histórias que o povo contava, como as parábolas de Jesus, cheias de vida e de sabedoria: Adão e Eva, criados à imagem de Deus, o pecado de querer ser seu próprio deus, o mal se espalhando na humanidade, o dilúvio com o qual Deus mostra que não se contenta com o mal, mas dá sempre uma nova chance à humanidade... Assim, as Escrituras desejam mostrar que Deus ama a todos os seres humanos e deseja a salvação de todos... E mostra também como o homem foi e vai fabricando deuses, ídolos aos quais se apegar, nos quais colocar a segurança, fugindo do Deus vivo e verdadeiro que lhe fala na voz da consciência e o visita na saudade do seu coração desejoso de vida, verdade e paz... Quer aprofundar isso? Veja no Catecismo da Igreja Católica, nos números 50-58...



Escrito por Dom Henrique 

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Brasil, país dos contrastes

Com população de 192 milhões de habitantes, apenas 6,6 milhões de brasileiros se encontram na universidade
09/11/2012
Frei Betto

Stefan Zweig intitulou Brasil, país do futuro seu livro de ensaios lançado em 1941, quando veio conhecer o país que o acolheria e no qual morreria no ano seguinte. Ora, pode ser aplicado ao futuro o que diz Eduardo Galeano a respeito da utopia: como o horizonte,  está sempre ali na frente, mas não se pode alcançá-la, por mais que se caminhe em sua direção.

Prefiro afirmar que o Brasil é um país de contrastes. Com população de 192 milhões de habitantes (dos quais 30 milhões na zona rural, onde predomina o latifúndio com grandes extensões de terras improdutivas), apenas 6,6 milhões de brasileiros se encontram na universidade. E dos 92 milhões de trabalhadores, quase a metade não tem carteira assinada.

Temos a maior área fundiária da América Latina e nunca se fez aqui uma reforma agrária. Somos o principal exportador de carne e temos a segunda maior frota de helicópteros das Américas, e convivemos com a miséria de 16 milhões de habitantes (dos quais 40% têm até 14 anos de idade e 71% são negros e pardos).

As marcas de 350 anos de escravidão no Brasil ainda são visíveis no fato de a maioria da população negra ser pobre e, com frequência, discriminada. O Brasil, considerado hoje a 6ª economia do mundo, ocupa a vergonhosa posição de 84º lugar no IDH da ONU (2012).
Embora 65% da renda nacional se concentrem em mãos de apenas 10% da população, o país experimenta sensíveis melhoras nesses primeiros anos do século XXI. Graças aos programas sociais dos governos Lula e Dilma, 30 milhões de pessoas deixaram a miséria. O controle da inflação, o crédito facilitado e a redução dos juros ampliam o segmento da classe média. A desoneração da indústria automobilística e dos produtos de linha branca (geladeiras, máquinas de lavar etc.) dão acesso a bens de consumo.

No entanto, 4 milhões de menores de 14 anos de idade ainda se encontram fora da escola e submetidos a trabalhos indignos. Cinco milhões de agricultores sem-terra se abrigam em precários acampamentos à beira de estradas ou habitam assentamentos com baixo índice de produtividade. Dos domicílios, 47,5% carecem de saneamento básico. Isso abrange um universo de 27 milhões de moradias nas quais vivem 105 milhões de pessoas.

Há cerca de 25 mil pessoas submetidas ao trabalho escravo, sobretudo nos estados da Amazônia, cujo desmatamento, provocado pelo agronegócio e a exploração predatória feita por empresas mineradoras, não cessa de despir a floresta de sua exuberância natural.

Na ponta mais estreita da pirâmide social, os brasileiros gastam, em viagens no exterior, US$ 1,8 bilhão por mês! O rombo nas contas externas atingirá, este ano, a cifra recorde de US$ 53 bilhões. Nos últimos anos, a baixa cotação do dólar em relação ao real afetou a indústria nacional e favoreceu a entrada de produtos estrangeiros.

Como a economia brasileira está ancorada principalmente na exportação de commodities, a crise financeira mundial reduz progressivamente as encomendas, tornando pífio o crescimento do PIB, previsto este ano para 1,2%.

Considerado o segundo maior consumidor de drogas no mundo (atrás apenas dos EUA), o Brasil convive com expressiva violência urbana. Os homicídios são a principal causa de mortes de jovens entre 12 e 25 anos.

Embora a situação social do Brasil tenha melhorado substancialmente na última década (a ponto de europeus afetados pela crise financeira migrarem para o nosso país em busca de emprego), falta ao governo implementar reformas estruturais, como a agrária, a tributária e a política.

O sistema de saúde pública é precário e somente neste ano os deputados federais propuseram dobrar para 10% do PIB o investimento federal em educação. Convivemos com 13,6% de adultos analfabetos literais e 29% de adultos analfabetos funcionais (sabem ler e assinar o nome, mas são incapazes de escrever uma carta sem erros ou interpretar um texto).

Segundo o Instituto Pró-Livro, o brasileiro lê apenas 4 livros por ano. E apenas 5% da população é capaz de se expressar em inglês, dos quais a maioria sem domínio do idioma.

O poder público brasileiro, com raras exceções, é avesso à cultura. O orçamento 2012 do Ministério da Cultura é de apenas R$ 5 bilhões (o PIB atual do Brasil é de R$ 4,7 trilhões). O que explica o país dispor de apenas 3 mil livrarias, a maioria concentrada nas grandes cidades do Sul e do Sudeste do país.

Apesar das dificuldades que o Brasil atravessa, somos um povo viciado em otimismo. Temos, por hábito, guardar o pessimismo para dias melhores...

Agora o nosso horizonte de felicidade se coloca na Copa das Confederações em 2013; na Copa do Mundo em 2014; e nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016.

Como o nosso país estará no centro das atenções mundiais, o governo apressa obras, reforma estádios, aprimora a infraestrutura e promete festas que nos farão esquecer que ainda somos, socialmente, uma das nações mais desiguais do mundo.


Frei Betto é escritor, autor do romance “Minas do Ouro” (Rocco), entre outros livros.


quinta-feira, 8 de novembro de 2012

OAB/MS cobra do MEC providência no caso de estudante indígena 

Assessoria/WM
A OAB/MS enviou ofício ao MEC (Ministério da Educação e Cultura) e ao Conselho Federal da Ordem solicitando providências no caso de Lúcia Duarte, 40 anos, da etnia Guarani-Kaiowá impedida de realizar o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) por apresentar como documento oficial o RANI (Registro Administrativo de Nascimento Indígena) no momento da prova. A Seccional entende que o edital apresenta falhas e que a mulher foi vítima de discriminação, ao não ter o documento de identificação aceito.
O ofício cobra do MEC a remarcação da prova para a estudante indígenas e retratação do caso. “Há uma lacuna no edital quanto ao documento de identificação. Nele diz quais documentos podem e quais não são válidos, mas o RANI não foi especificado”, comentou a presidente da Comissão Permanente de Assuntos Indígenas (Copai) da OAB/MS, Samia Roges Jordy Barbieri.
Outro ponto relevante na denúncias é que em 2008 e 2011 Lúcia conseguiu fazer o Enem apresentando este mesmo documento. “Está claro que não houve equilíbrio e faltou critério no entendimento dos fiscais, pois ela também tinha o cartão de confirmação”, disse a presidente da Copai.
De acordo com o edital do Enem, é obrigatória a apresentação de documento de identificação original com foto para a realização das provas:
11.2 Considera-se como documentos válidos para identificação do PARTICIPANTE: cédulas de identidade (RG) expedidas pelas Secretarias de Segurança Pública, pelas Forças Armadas, pela Polícia Militar, pela Polícia Federal; identidade expedida pelo Ministério das Relações Exteriores para estrangeiros; identificação fornecida por ordens ou conselhos de classes que por Lei tenham validade como documento de identidade; Carteira de Trabalho e Previdência Social; Certificado de Dispensa de Corporação; Certificado de Reservista; Passaporte; e a Carteira Nacional de Habilitação com fotografia, na forma da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997.
11.3 Não serão aceitos como documentos de identidade aqueles que não estejam listados no item 11.2, tais como: protocolos, Certidão de Nascimento, Certidão de Casamento, Título Eleitoral, Carteira Nacional de Habilitação em modelo anterior à Lei nº 9.503/97, Carteira de Estudante, crachás e identidade funcional de natureza privada, nem documentos ilegíveis, não identificáveis e/ou danificados, ou ainda, cópias de documentos, mesmo que autenticadas.
“Diz qual documento serve e qual não serve, mas não fala nada sobre a documentação indígena. Entendemos também que se é aceita identidade expedida pelo Ministério das Relações Exteriores para estrangeiros, como esta no edital, porque então não aceitar o RANI, que é expedido pelo Ministério da Justiça e o índio é brasileiro”, indagou Samia.
A OAB/MS foi procurada pela estudante. O pedido da Seccional é que ela possa realizar o Enem em dezembro, na mesma data marcada para que a estudante Pâmela Oliveira Lescano, 17 anos, que deu a luz durante o exame. (Fonte: CIMI)

LIBERDADE E CONSCIÊCIA

A questão da liberdade sempre foi motivo de reflexão na história da humanidade. A liberdade é em si uma dimensão indispensável para a inteira felicidade da humanidade. Ainda na primeira metade do século XIX já se mencionava com profundidade esse tema sobre a liberdade de consciência e as liberdades reivindicadas pela civilização moderna. Assim sendo, como cristãos e católicos, temos a nossa Igreja como Mestra no ensinamento da verdade que nos liberta. Verdade e liberdade formam uma unidade que se faz necessária em nossa realidade, muitas vezes marcada pela corrupção dos valores, pela mentira e pelo apego aos bens materiais. Uma geração que sente fome de poder para simplesmente oprimir, não consegue alcançar a plena liberdade. A liberdade não pode ser uma porta aberta à libertinagem. A liberdade não sente vergonha da humildade, da fé e do respeito mútuo. Sistemas totalitários usaram a liberdade como meio para oprimir até mesmo as almas dos seres humanos. 
Ser livre é saber escolher. "Por que Deus criou o homem livre, sabendo que ele abusaria desse dom"(Agostinho)? O livre arbítrio é necessário, ter discernimento é fundamental. Chegamos ao ponto que o homem toma consciência de sua autonomia. Isso é muito bom. Mas, também, o homem perdeu a noção de liberdade. Se uma sociedade perde a sua liberdade, ela se degenera, seus frutos são amargos. Estes frutos se manifestam numa desordem social colaborando com a destruição da liberdade. (Carlos: Bacharelando em Teologia)

terça-feira, 6 de novembro de 2012

  Home > Igreja > 06/11/2012 19:03:18
  



Mensagem de Bento XVI pelo falecimento do Patriarca da Igreja Búlgara


Sofia (RV) - Faleceu em Sofia, na manhã desta terça-feira, aos 98 anos, o chefe da Igreja Ortodoxa Búlgara, o Patriarca Máximo. Ele era o mais antigo patriarca dentre todos os Primazes das igrejas ortodoxas. Estava internado no Hospital de Lozinetz há um mês. Os bispos búlgaros deverão se reunir ainda hoje para organizar os funerais.

O Papa Bento XVI enviou um telegrama ao Presidente Interino do Santo Sínodo da Igreja Ortodoxa Búlgara, Dom Grigorij di Veliko Trnovo, manifestando pesar aos bispos, sacerdotes e fiéis búlgaros. Na mensagem, Bento XVI destaca a calorosa acolhida que teve o então Papa João Paulo II quando de sua visita ao país em maio de 2002 e as boas relações que o patriarca Búlgaro mantinha com a Igreja Católica.

Já o presidente da Conferência Episcopal Búlgara, Dom Hristo Prokov, enviou um telegrama ao Santo Sínodo da Igreja Ortodoxa Búlgara onde exprime “sincero e profundo pesar pela morte de Sua Santidade o Patriarca Máximo e unidos ao seu sofrimento, rezamos ao Senhor para que acolha a sua alma”.

O Patriarca Máximo nasceu em 29 de outubro de 1914 e em 4 de julho de 1971 foi eleito patriarca da Bulgária. Esteve à frente da Igreja Ortodoxa da Bulgária durante grande parte do período da ditadura comunista e posteriormente na transição democrática do país.

A Igreja Ortodoxa Búlgara possui cerca de 6,5 milhões de fiéis na Bulgária e cerca de 2 milhões imigrados para países europeus, América e Austrália. Atualmente a Igreja Ortodoxa Búlgara está em comunhão com outras Igrejas Ortodoxas e é reconhecida quer pelo Patriarcado de Moscou quer pelo Patriarcado Ecumênico de Constantinopla. (JE)

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

A Igreja adora os santos? - VIII
Para completar tudo quanto aqui foi dito, é muito útil transcrever trechos da declaração de um grupo de teólogos anglicanos, luteranos, reformados (todos protestantes!), ortodoxos e católicos reunidos em nome de suas igrejas na ilha de Malta, nos dias 8-15 de setembro de 1983:

1. Todos reconhecemos a existência da Comunhão dos Santos como comunhão daqueles que na terra estão unidos a Cristo, como membros vivos do seu Corpo Místico. O fundamento e o ponto central de referência desta comunhão é Cristo, o Filho de Deus feito homem e Cabeça da Igreja (cf. Ef 4,15-16), para nos unir ao Pai e ao Espírito Santo.
2. Esta comunhão, que é comunhão com Cristo e entre todos os que são de Cristo, implica uma solidariedade que se exprime também na oração de uns pelos outros; esta oração depende daquela de Cristo, sempre vivo para interceder por nós (cf. Hb 7,25).
3. O fato mesmo de que, no céu, à direita do Pai, Cristo roga por nós, indica-nos que a morte não rompe a comunhão daqueles que durante a própria vida estiveram unidos em Cristo pelos laços da fraternidade. Existe, pois, uma comunhão entre os que pertencem a Cristo, quer vivam na terra, quer, tendo deixado os seus corpos, estejam com o Senhor (cf. 2Cor 5,8; Mc 12,27).
4. Neste contexto, compreende-se que a intercessão dos Santos por nós existe de maneira semelhante à oração que os fiéis fazem uns pelos outros. A intercessão dos Santos não deve ser entendida como um meio de informar Deus das nossas necessidades. Nenhuma oração pode ter este sentido a respeito de Deus, cujo conhecimento é infinito. Trata-se, sim, de uma abertura à vontade de Deus por parte de si mesmo e dos outros, e da prática do amor fraterno.
5. No interior desta doutrina, compreende-se o lugar que pertence a Maria Mãe de Deus. É precisamente a relação a Cristo que, na Comunhão dos Santos, lhe confere uma função especial de ordem cristológica... Maria ora no seio da Igreja como outrora o fez na expectativa do Pentecostes (cf. At 1,14). Quaisquer que sejam nossas diferenças confessionais (= de denominação religiosa cristã), não há razão alguma que impeça de unir a nossa oração a Deus no Espírito Santo com a liturgia celeste, e de modo especial com a Mãe de Deus.
Este documento é assinado por teólogos e pastores luteranos, anglicanos, reformados, bem como por teólogos ortodoxos e católicos!
Conclusão: No culto e oração dos Santos nada há que fira a unicidade da mediação, da santidade e da glória de Cristo! É Ele, Autor da santidade, que é grande e admirável nos Seus Santos!
A Igreja adora os santos? - VII
3. Ainda a intercessão dos Santos
Com nossos irmãos que estão na Glória acontece o mesmo. A morte não nos separa do amor de Cristo nem dos irmãos, não rompe a comunhão entre os que estão com o Senhor, no céu, e nós, peregrinos: “Estou convencido de que nem a morte nem a vida... nem qualquer outra criatura poderá nos separar do amor de Deus manifestado em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8,38-39).
No Senhor todos vivem e permanecem unidos no amor. Se a morte interrompesse uma tal comunhão em Cristo isso significaria que ela - a morte - seria mais forte que o amor, que a vida e que a vitória do Senhor Jesus. Mas, não! Cristo é mais forte que a morte e o inferno: “Morte, onde está a tua vitória? Morte, onde está o teu aguilhão?” (1Cor 15,55).
Desse modo, nossos irmãos que estão com Cristo (cf. Fl 1,23) na Glória, são plenamente membros do Corpo do Cristo, vivem do Espírito do Cristo ressuscitado e participam da única mediação de Cristo! É Cristo quem intercede neles, de modo que a intercessão dos Santos, amigos de Cristo, nada mais é que uma admirável manifestação do poder e da fecundidade da única mediação do Senhor Jesus. Ele é o único Mediador, que inclui na Sua mediação única todos os que são uma só coisa com Ele por serem membros do Seu Corpo. A mediação do Senhor Jesus não é mesquinha: é única, mas não é exclusivista: ela inclui todos nós: não é exclusiva, mas inclusiva! Caso contrário, nem nós, que vivemos ainda neste mundo, poderíamos rezar uns pelos outros, já que isso é também uma forma de mediação.
Assim, é em Cristo, como Seus membros, no Seu Espírito, que os Santos intercedem ao Pai. A intercessão dos Santos nada mais é que uma manifestação da única intercessão do Senhor Jesus, que, sendo rico e potente, suscita em nós a capacidade de participar da sua única mediação. Os nossos irmãos na Glória são aquela nuvem de testemunhas de que fala a Epístola aos Hebreus: “Portanto, também nós, com tal nuvem de testemunhas ao nosso redor, rejeitando todo o fardo e o pecado que nos envolve, corramos com perseverança a corrida que nos é proposta, com os olhos fixos nAquele que é o Autor e Realizador da fé, Jesus” (Hb 12,1-2). São eles que, a exemplo dos primeiros santos mártires, participando da mediação única do Senhor Jesus, e nessa única mediação, suplicam em nosso favor, como membros de Cristo: “Vi sob o Altar as vidas dos que tinham sido imolados por causa da Palavra de Deus e do testemunho que dela tinham prestado. E eles clamaram em alta voz: ‘Até quando, ó Senhor Santo e Verdadeiro, tardarás a fazer justiça, vingando nosso sangue contra os habitantes da terra?’” (Ap 6,10).
Certamente, como aquela que mais esteve unida a Cristo Senhor neste mundo e na glória, a Virgem Maria participa de um modo todo especial dessa única mediação de Cristo...
Fica claro que uma coisa é certíssima: a Igreja de Cristo, ao ensinar que os nossos irmãos do céu, os Santos, intercedem por nós, mostra o quanto a única mediação de Cristo é fecunda e eficaz; de tal modo fecunda e eficaz, que nela nos inclui e dela nos faz participantes! Não se trata, portanto, nem de concorrência, nem de competição e nem mesmo de uma mediação paralela à mediação única de Cristo. Também não se trata de uma escadinha de mediadores: os Santos seriam mediadores junto a Cristo e Cristo é o Mediador junto ao Pai. Não! Há um só Mediador! Todos os outros apenas participam da única mediação do Cristo Jesus, nossa Cabeça e nossa santificação. Se participamos desta mediação única é exatamente porque, pelo Batismo, recebemos a plenitude de Cristo: “Nele aprouve a Deus fazer habitar toda a plenitude e reconciliar por Ele todos os seres” (Cl 1,19). E da Sua plenitude todos nós recebemos graça sobre graça! (Jo 1,16).
Atenção! É errado pensar que os Santos intercedem por nós informando a Deus sobre nossas necessidades - como se Deus não as conhecesse! - ou convencendo Deus a mudar sua opinião. É errado e herético pensar que a Virgem Maria e os Santos intercedem por nós a Deus de modo independente de Cristo ou ao lado de Cristo! A Virgem e os Santos intercedem por nós em Cristo, como membros do Seu Corpo e em união com a santíssima vontade do Senhor Jesus, nosso único Intercessor junto do Pai!
A Igreja adora os santos? - VI
3. A intercessão dos Santos
A Escritura nos ensina que todos os batizados foram revestidos de Cristo e, tornando-se uma só coisa com Ele, são membros do Seu Corpo, que é a Igreja. Ser cristão é estar incorporado, enxertado no Senhor Jesus ressuscitado: “Todos vós, que fostes batizados em Cristo, vos revestistes de Cristo... pois todos vós sois um só em Cristo Jesus” (Gl 3,27); “Vós sois o corpo de Cristo e sois Seus membros, cada um por sua parte” (1Cor 12,27); “Nós somos muitos, mas formamos um só corpo em Cristo” (Rm 12,27).
A união nossa com Cristo é tão forte e real, tão concreta e verdadeira, que Paulo fala que o cristão é batizado (=mergulhado) em Cristo, no Cristo, dentro de Cristo: “Não sabeis que todos os que fomos batizados em Cristo Jesus, é na Sua morte que fomos batizados?... Porque se nos tornamos uma só coisa com ele por uma morte semelhante à Sua, seremos uma só coisa com Ele também por uma ressurreição semelhante à Sua” (Rm 6,3-9).
A vida dos bem-aventurados no céu - e também já aqui na terra a vida de cada batizado - é vida em Cristo: “A graça de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6,23). A Ele estamos unidos como os ramos à videira, de tal modo que vivemos da sua mesma vida: “Eu sou a verdadeira videira e Meu Pai é o agricultor... Permanecei em Mim, como Eu em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanece na videira, assim também vós, se não permanecerdes em Mim. Eu sou a videira e vós os ramos. Aquele que permanece em Mim e Eu nele produz muito fruto; porque sem Mim, nada podeis fazer” (Jo 15,1.4-5). O cristão é aquele que permanece em Cristo, que vive não mais por si mesmo, mas por Cristo. A seiva, a vida nova da qual vivem os cristãos é o próprio Espírito Santo do Senhor Jesus ressuscitado, recebido no batismo: “Aquele que se une ao Senhor, constitui com Ele um só Espírito” (1Cor 6,17); “Pois fomos todos batizados num só Espírito para ser um só corpo... e todos bebemos de um só Espírito” (1Cor 12,13). De tal modo isto é verdadeiro, real, que Paulo exclamava: “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20); “Para mim o viver é Cristo...” (Fl 1,23). Cristo está de tal modo presente no cristão e este é de tal modo enxertado em Cristo e Nele incorporado, que fazia o Apóstolo afirmar: “A vossa vida está escondida com Cristo em Deus” (Cl 3,2). E o fazia falar também do mistério de Deus que é “o Cristo em vós, a esperança da glória” (Cl 1,27). Aparece, assim, claramente que os batizados - particularmente os que estão na Glória - são uma só coisa com Cristo, estão em Cristo, foram «con-formados» com Cristo, são membros de Cristo, que é Cabeça de todos. Não há, para aqueles que estão na Glória, outra vida que não a de Cristo e em Cristo!
Ora, o Espírito de Cristo ressuscitado em nós, fazendo-nos uma só coisa com o Senhor Jesus, suscita em nós os bons sentimentos e as boas obras: tudo de bom que pensamos e fazemos é suscitado pelo Espírito Santo em nós: “É Deus quem opera em vós o querer e o operar” (Fl 2,13). É exatamente porque cremos em Cristo, porque estamos unidos a Ele e Nele estamos enxertados e incorporados pelo Batismo, que podemos realizar as obras da fé, daquela fé que atua pela caridade (cf. Gl 5,6). Quando rezamos, não somos nós que rezamos: quem ora em nós, quem louva em nós e intercede em nós é o próprio Espírito do Cristo Jesus ressuscitado: “Assim também o Espírito socorre a nossa fraqueza. Pois não sabemos o que pedir como convém; mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis e Aquele que perscruta os corações sabe qual é o desejo do Espírito; pois é segundo Deus que Ele intercede pelos santos” (Rm 8,26-27).
É por isso que, já aqui na terra, pedimos aos nossos irmãos que intercedam por nós. Dizemos uns aos outros: «Fulano, reze por mim!» O próprio Novo Testamento recomenda que rezemos uns pelos outros (cf. 2Cor 1,1; Ef 1,16; 6,19; Fl 1,4; Cl 4,12; 1Ts 1,2; 1Ts 5,25; 1Tm 2,1; Tg 5,16). Pedimos a oração de um irmão batizado porque sabemos que ele ora em Cristo, que esse irmão é uma só coisa com Cristo, já que é membro do Seu Corpo e vive do Espírito do Senhor ressuscitado, de modo que já não é ele quem ora, mas é Cristo que ora nele como Mediador único entre nós e Deus.
Sandy provoca debates sobre mudança climática nos EUA
“O aquecimento global provavelmente foi um pequeno fator, mas significativo para o Sandy. Porém, este fator aumentará com o tempo”, diz o especialista em clima Michael Oppenheimer
Por Rebecca Hanser, da IPS/Envolverde
Para os especialistas em questões climáticas, a destruição e a devastação causadas pelo furacão Sandy na costa nordeste dos Estados Unidos são outra razão para colocar o aquecimento global na agenda política. O furacão acendeu o fraco debate em torno da mudança climática, ao qual ambientalistas atribuem episódios como o do Sandy. A recuperação imediata após o desastre causado pelo furacão se tornou a principal preocupação, embora os ambientalistas insistam em dizer que não se deve esquecer dos possíveis focos de contaminação causados pelo impacto sofrido no sistema de saneamento.
“Sandy é o que ocorre quando as temperaturas aumentam um grau”, disse Bill McKibben, presidente e cofundador do movimento 350.org, em um comunicado de imprensa. “Os cientistas que previram esta mega-tempestade também divulgaram outro duro alerta: se continuarmos pelo mesmo caminho, nossos filhos viverão em um planeta superquente, que terá temperatura quatro ou cinco vezes maior do que agora”.
O aquecimento global é o resultado de atividades humanas como a queima de combustíveis fósseis. Esta, entre outras, gera grandes concentrações de gases-estufa que elevam a temperatura dos oceanos e da atmosfera. “A indústria dos combustíveis fósseis causa a crise climática que gera fenômenos extremos como o furacão Sandy”, disse McKibben. “Pedimos às grandes petroleiras que deixem de gastar milhões de dólares para influírem nas eleições e doem o dinheiro para paliar os efeitos do desastre”, acrescentou.
Um informe da organização Rainforest Action Network demonstra que os bancos que financiam e investem em companhias intensivas em carbono também são responsáveis pela deterioração do clima. Tampouco medem de forma apropriada sua própria pegada de carbono, embora haja pautas suficientes disponíveis para ajudá-los, segundo o estudo Financiando o Desbaratamento do Clima: Impactos das Emissões Financiadas pelo Setor Bancário.
Nem todos os especialistas concordam quanto às causas que produziram o furacão Sandy. “É uma questão de probabilidades”, disse à IPS Steven Hamburg, diretor científico do Fundo de Defesa Ambiental. “Não se pode dizer que o Sandy aconteceu por causa da mudança climática. Pode-se dizer que é muito mais provável que este tipo de tempestade obedeça a fatores coadjuvantes, que incluem elementos diretamente relacionados com o aquecimento global. Sandy poderia ter ocorrido sem mudança climática? Naturalmente. É provável? Não”, acrescentou.
O jornalista David Biello, especializado em questões ambientais concorda: “O aquecimento global não criou o Sandy, mas certamente para seu impacto contribuíram alguns elementos que definitivamente o deixaram pior”. Biello, editor-adjunto da Scientific American, explicou que “normalmente os furacões chegam à costa e retornam para o mar, mas, devido ao derretimento do gelo no Ártico, neste verão boreal houve um padrão climático que impediu o furacão Sandy de seguir essa trajetória e o levou de volta à terra”.
Os especialistas concordam que a frequência e a intensidade dos furacões aumentarão com o tempo. “O aquecimento global provavelmente foi um pequeno fator, mas significativo para o Sandy. Porém, este fator aumentará com o tempo”, disse à IPS o especialista em clima Michael Oppenheimer, professor na Universidade de Princeton. “Este tipo de grandes tempestades só ocorre uma vez a cada cem anos, e agora se torna mais frequente, o que é um grande desafio para a adaptação humana e a resiliência de nossa infraestrutura”, alertou Oppenheimer. “Não vemos mais furacões, mas há mais variedades de tempestades e com uma intensidade maior”, concordou Hamburg.
Sandy quebrou o chamado “silêncio climático” da campanha para as eleições presidenciais de amanhã nos Estados Unidos. As atividades do dia 29 foram suspensas e no dia seguinte foi impossível ignorar o tema. “Os candidatos decidiram não falar sobre mudança climática, mas esta decidiu falar a eles”, afirmou Mike Tidwell, diretor da Chesapeake Climate Action Network, em um comunicado de imprensa. Porém, Biello discorda. “Gostaria de pensar dessa forma, mas temos muitos chamados de alerta, dos quais o maior foi o Katrina, que apagou a cidade de New Orleans do mapa. Infelizmente, até agora não se progrediu muito”, ressaltou.
A organização Riverkeeper, com sede em Nova York, expressou sua preocupação pela crescente contaminação da água por dejetos flutuantes, vazamento de petróleo e de outros produtos químicos dos tanques de combustível de veículos e barcos semi-afundados, tudo o que contamina as águas do rio Hudson e o porto de Nova York. A organização também destaca o perigo para a saúde pública de vazamentos na rede de esgoto, que já é considerado um “problema crônico”.
Também explicou que, embora o vazamento de esgoto seja comum quando há tempestades moderadas e fortes, a contaminação deixada pelo Sandy é diferente porque invadiu estradas e casas, não foi para o rio nem para o porto. “Esta tempestade não acabou”, disse o presidente Barack Obama em discurso feito no dia 30 de outubro, na sede da Cruz Vermelha. “Não há tempo para falta de ação. A recuperação vai demorar um tempo significativo”, enfatizou. (Fonte: Revista Forum)

domingo, 4 de novembro de 2012

A renovação permanente
Marcelo Barros
Monge beneditino e escritor
Adital
"A Igreja reformada deve se reformar permanentemente”. Esta palavra de Lutero é recordada em todo o mundo nesses dias em que a Reforma Protestante completa mais um aniversário (31 de outubro) e prepara a celebração dos seus 500 anos (2017). Neste ano do cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II, podemos também comemorar os 50 anos da primeira reunião oficial de bispos católicos em que cristãos de outras Igrejas foram convidados como observadores e participantes. De fato, naqueles anos, o Concílio mudou o clima de distância entre as confissões diferentes e transformou irmãos separados em Igrejas irmãs. Isso teve consequências importantes não só para as próprias Igrejas, mas para todo o mundo. Os cristãos se uniram no apoio e participação em movimentos como a luta contra o apartheid na África do Sul e pela paz e justiça no mundo. Na América Latina, a teologia da libertação nasceu ecumênica e foi aprofundada no diálogo entre teólogos/as católicos e evangélicos/as. Em 1983, ao celebrar os 500 anos do nascimento do reformador Martinho Lutero, o papa João Paulo II afirmou que Lutero é um mestre da fé para todos os cristãos.
Se 31 de outubro foi a data simbólica da divisão das Igrejas do Ocidente, essa mesma data marcou um gesto importante de reconciliação e unidade. Neste dia, em 1999, a Igreja Católica e a Federação Luterana Mundial assinaram um acordo sobre a justificação pela fé, ponto maior da divisão no século XVI e que, hoje, não é mais motivo de divisão entre as Igrejas. Há menos de dois anos, o papa Bento XVI visitou na Alemanha o mosteiro onde Lutero viveu como monge agostiniano. Naquele lugar, junto com o presidente da Federação Luterana Mundial, o papa afirmou que Lutero era um modelo da pessoa crente que busca permanentemente a Deus, como nós todos somos chamados a fazer. Atualmente, em vários lugares do mundo, exegetas católicos e evangélicos trabalham e ensinam juntos as Sagradas Escrituras. Teólogos católicos são professores em universidades de teologia luterana e metodista. Ao mesmo tempo, professores evangélicos são mestres em universidades católicas.
O modelo de unidade que se deseja para as Igrejas não é o da uniformidade que, de todas, faria uma super-Igreja única e poderosa. Já no século III, Cipriano, bispo de Cartago, ensinava: "A unidade abole a divisão, mas respeita as diferenças”. O Conselho Mundial de Igrejas que reúne 349 Igrejas em uma fraternidade congregacional propõe como modelo de unidade "uma diversidade reconciliada”. No século XVI, ao pregar que a renovação da Igreja deve ser permanente, Lutero recordava que Jesus nos chama a uma contínua conversão de nossas vidas. A conversão pessoal e comunitária é o melhor caminho da unidade e é o único modo das Igrejas se renovarem e exercerem sua missão de diálogo com a humanidade. Jesus pediu ao Pai que seus discípulos sejam unidos, para que o mundo possa crer (Jo 17, 19- 21). Esse assunto interessa a toda a humanidade porque é verdade o que afirmou o teólogo suíço Hans Kung: "O mundo não terá paz, enquanto as religiões não aprenderem a dialogar e a conviver como irmãs e, por várias razões culturais e sociais, isso não ocorrerá se as Igrejas cristãs não derem logo o exemplo e não retomarem o caminho do diálogo e da unidade”. (Fonte: Adital)