sábado, 13 de outubro de 2012

A ótica da evolução cósmica nos devolve esperança
Leonardo Boff
Teólogo, filósofo e escritor
 
Esqueçamos por um momento nossa visão normal das coisas e tentemos fazer uma leitura de nossa crise atual nos marcos do tempo cósmico. Talvez assim a entendamos melhor, a relativizemos e ganhemos altura em função da esperança.

O tempo do Cosmos

Imaginemos que os mais ou menos 13 bilhões de anos de história do universo, sejam condensados em um único século. Cada “ano cósmico” seria equivalente a 113 milhões de anos terrestres. Deste ponto de vista, a Terra nasceu no ano 70 do século cósmico e a vida apareceu nos oceanos, para nossa surpresa, logo depois no ano 73. Durante quase duas décadas cósmicas ela ficou praticamente limitada a bactérias unicelulares. No ano 93, uma nova fase criativa se iniciou com o aparecimento da reprodução sexual dos organismos vivos. Estes, junto com outras forças, foram responsáveis por mudar a face do planeta, já que eles transformaram radicalmente a atmosfera, os oceanos, a geologia da Terra. Isso permitiu ao nosso planeta sustentar formas de vida mais complexas. Grande parte da biosfera é criação desses micro-organismos.
Nessa nova fase, o processo evolutivo se acelerou rapidamente. Dois anos mais tarde, no ano 95, os primeiros organismos multicelulares apareceram. Um ano mais tarde, em 96, assistimos ao o aparecimento de sistemas nervosos e em 97 aos primeiros organismos vertebrados. Os mamíferos aparecerão nos meados de 98, ou seja, dois meses depois dos dinossauros e uma imensa variedade de plantas. Há cinco meses cósmicos os asteróides começam a cair sobre a Terra destruindo muitas espécies, incluindo os dinossauros. Entretanto, um pouco depois a Terra, como que se vingando, produziu uma diversidade de vida, como nunca antes. É nesta era, quando apareceram as flores, que nossos ancestrais entraram no cenário da evolução. Logo se tornaram bípedes (há 12 dias cósmicos), e com o homo habilis começou a usar ferramentas (há 6 dias cósmicos), enquanto o homo erectus conquistou o fogo (há apenas um dia cósmico). Há doze horas cósmicas, os humanos modernos (homo sapiens) surgiram.
Pela tarde e durante a noite deste primeiro dia cósmico, nós vivíamos em harmonia com a natureza e atentos a seus ritmos e perigos. Até quarenta minutos atrás, nossa presença teve pouco impacto sobre a comunidade biótica, momento no qual começamos a domesticar plantas e animais e a desenvolver a agricultura. A partir de então, as intervenções na natureza foram se tornando cada vez mais intensas até quando, há 20 minutos, começamos a construir e habitar cidades. Somente há apenas dois minutos, o impacto se tornou realmente ameaçador. A Europa se transformou numa sociedade tecnológica e expandiu seu poder através da exploração colonialista. Nesta fase se formou o projeto-mundo, criando um centro com várias periferias e o fosso entre ricos e pobres.
Nos últimos doze segundos (a partir de 1950) o ritmo de exploração e destruição ecológica se acelerou dramaticamente. Neste breve período de tempo, derrubamos quase metade das grandes florestas. Nos próximos 20 segundos cósmicos as temperaturas da Terra subiram 0,5°C e podem, dentro de pouco, chegar até 5°C colocando em risco grande parte da biosfera e milhões de pessoas. Nos últimos cinco segundos cósmicos, a Terra perdeu uma quantidade de solo equivalente a toda terra cultivável da França e da China e foi inundada por dezenas de milhares de novos produtos químicos, muitos dos quais altamente tóxicos que ameaçam as bases da vida. Já agora estamos dizimando entre 27 a 100 mil espécies de seres vivos por ano. Nos próximos 7 segundos cósmicos, cientistas estimam que entre 20 a 50% de todas as espécies irão desaparecer. Quando isso vai parar? Por que tanta devastação?
Respondemos: para que uma pequena porção da Humanidade tivesse o desfrute privado ou corporativo dos "benefícios” deste projeto de civilização. Os 20% mais ricos ganham atualmente duzentas vezes mais que os 20% mais pobres. No começo de 2008, antes da crise econômico-financeira atual, havia cerca de 1.195 bilionários, que, juntos, detinham 4,4 trilhões de dólares, ou seja, mais ou menos o dobro da renda anual dos 50% mais pobres. Em termos de renda, os 1% mais ricos da Humanidade recebiam o equivalente que os 57% mais pobres.

O tempo da Terra

Nosso Planeta, fruto de mais de quatro bilhões de anos de evolução, está sendo devorado por uma relativa minoria humana. Pela primeira vez na história da evolução da Humanidade, os problemas referidos acima são principalmente causados por essa minoria e também, em menor proporção, por todos nós. Os perigos criados colocam em xeque o futuro de nosso modo de viver. Entretanto, se por um lado enfatizamos a gravidade da crise, por outro, não queremos projetar visões apocalípticas que só nos causariam paralisia e desespero. Se estes problemas foram criados por nós, poderão também ser desfeitos por nós, embora alguns sejam já irreversíveis. Isso significa que há esperança de solucioná-los satisfatoriamente.
Efetivamente, quem acompanhou a Cúpula dos Povos em Julho último no Rio de Janeiro ou participou dos Fóruns Sociais Mundiais se dá conta de que há milhares e milhares de pessoas conscientes e criativas, vindas do mundo inteiro, trabalhando na formulação de alternativas práticas que podem permitir à Humanidade viver com dignidade e sem afetar a saúde dos ecossistemas e da Mãe Terra.
Temos informações e conhecimentos necessários para solucionar a atual crise. O que nos falta é a ativação da inteligência emocional e cordial que nos suscitam sonhos salvadores, solidariedade, compaixão, sentimentos de interdependência e de responsabilidade universal. Importa reconhecer que todas as ameaças que enfrentamos, comparecem como sintomas de uma doença crônica cultural e espiritual. Ela afeta a todos; mas, principalmente, os 20% que consomem a maior parte da riqueza do mundo. Esta crise nos obriga a pensar num outro paradigma de civilização, porque o atual é demasiadamente destrutivo. É o que viemos escrevendo com frequência em nossos artigos.
Tempos de crise podem ser também tempos de criatividade, tempos no quais novas visões e novas oportunidades aparecem. O kanji chinês para crise, wei-ji, é o resultado da combinação dos kanjis para perigo e para oportunidade (representados por uma poderosa lança e por um escudo impenetrável). Isto não é uma simples contradição ou um paradoxo; os perigos reais nos forçam buscar as causas profundas e a procurar alternativas para não desperdiçar as oportunidades.
Para a nossa cultura, a crise se deriva da palavra sânscrita kri que significa purificar e acrisolar. Portanto, se trata de um processo, certamente doloroso, mas altamente positivo de purificação de nossas visões e que funciona como um crisol de nossas atitudes ético-espirituais. Ambos os sentidos, o chinês e sânscrito, são iluminadores.

O nosso tempo

Temos que revisitar as fontes de sabedoria das muitas culturas da Humanidade. Algumas são ancestrais e chegam a nós através das mais diversas tradições culturais e espirituais. Fundamental é a categoria do "bem viver” das culturas andinas. Outras são mais modernas como a ecologia profunda, o feminismo e ecofeminismo, a psicologia transpessoal e a nova cosmologia, derivada das ciências da complexidade, da astrofísica e dos novos saberes da vida e da Terra.
Termino com o testemunho de duas notáveis ecologistas e educadoras norte-americanas, Macy e Brown, que asseveram: "A característica mais extraordinária do atual momento histórico da Terra não é que estejamos a caminho da devastação de nosso Planeta, pois já o estamos fazendo há muito tempo; é que estamos começando a acordar, de um sono milenar, para um novo tipo de relação para com a natureza, a vida, a Terra, os outros e para conosco mesmo. Esta nova compreensão tornará possível a tão ansiada Grande Transformação” (Macy e Brown, Nossa vida como Gaia, 2004, 37). E ela virá por graça da evolução e de Deus.

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Leonardo Boff é membro Comissão Central da Carta da Terra e, junto com M. Hathway, autor de O Tao da Libertação (Vozes) 2012

casamento infantil em todo o mundo

11 de outubro de 2012 · Destaque

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No Dia Internacional das Meninas, lembrado hoje (11) pelo primeiro ano, ONU alerta que 400 milhões de mulheres com idade entre 20 e 49 já foram casadas ou tiveram uma união informal quando eram meninas.

Globalmente, cerca de 400 milhões de mulheres com idade entre 20 e 49 – ou 41% do total de mulheres nesta faixa etária – já foram casadas ou tiveram uma união informal quando eram meninas.
O tema é foco de uma data especial marcada hoje (11) pelas Nações Unidas, o Dia Internacional das Meninas, adotada pela Assembleia Geral da ONU em dezembro de 2011 e lembrada em 2012 pelo primeiro ano.
Embora a proporção de “crianças noivas” tenha diminuído ao longo dos últimos 30 anos, em algumas regiões o casamento infantil continua a ser comum mesmo entre as gerações mais jovens, especialmente em áreas rurais e naquelas onde há extrema pobreza.
Entre as jovens de 20 a 24 anos em todo o mundo, cerca de 1 em cada 3 – cerca de 70 milhões – foram casadas quando ainda eram crianças, e cerca de 11% – quase 23 milhões – realizaram um casamento ou união informal antes de atingirem 15 anos de idade.
Por definição, o casamento infantil é qualquer casamento formal ou união informal realizada antes dos 18 anos e é, ressalta a ONU, uma realidade tanto para meninas quanto para meninos – embora as meninas são desproporcionalmente as mais afetadas.
Os Escritórios Regionais para a América Latina e o Caribe do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), da ONU Mulheres, da Campanha do Secretário-Geral das Nações Unidas ‘Una-se pelo Fim da Violência contra as Mulheres’ e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) expressam sua preocupação com a situação de milhões de meninas e adolescentes na região, especialmente aquelas que vivem em situação de extrema pobreza ou estão sujeitas à discriminação de gênero e a outros tipos de violência. (Saiba em detalhes clicando aqui)
Em sua mensagem, o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, destacou que investir nas crianças do gênero feminino é um “imperativo moral”, bem como uma obrigação no âmbito da Convenção sobre os Direitos da Criança e da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher. “Também é fundamental para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, fazendo avançar o crescimento econômico e a construção de sociedades pacíficas, coesas”, observou.
Ban lembrou que o casamento de crianças tira das meninas oportunidades de vida, além de pôr em risco a saúde, aumentar a exposição à violência e ao abuso, e resultar em gravidez precoce e indesejada, muitas vezes com um risco fatal. “Se uma mãe tem menos de 18 anos de idade, o risco do seu bebê morrer no primeiro ano de vida é 60% maior do que a de uma criança nascida de uma mãe maior de 19 anos”, afirmou.

Estratégias da ONU

Para enfrentar o problema, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) tem adotado algumas ações que mostram resultados em muitas partes do mundo.
Entre elas, está aprovar e fazer cumprir a legislação adequada para aumentar a idade mínima de casamento para as meninas para 18 anos, bem como sensibilizar o público sobre o casamento infantil como uma violação dos direitos humanos das meninas. Outra medida é melhorar o acesso ao ensino primário e secundário de boa qualidade, assegurando que as desigualdades de gênero no ensino sejam eliminadas.
O UNICEF também mobiliza meninas, meninos, pais, líderes e personalidades para transformar as normas sociais de gênero, incluindo a discriminação, as justificativas religiosas e culturais, além de promover os direitos das meninas e suas oportunidades de vida. O Fundo também dá apoio às meninas já casadas, proporcionando-lhes opções para o ensino, serviços de saúde sexual e reprodutiva, capacitação sobre os meios de subsistência e informação contra a violência em casa.
Outra ação é aumentar as oportunidades econômicas, incluindo transferências de recursos financeiros ligadas a serviços sociais como saúde, nutrição, educação e proteção, de modo a combater os incentivos econômicos que promovem o casamento infantil. (Acesse outras ações em detalhes em http://bit.ly/STHz8T)
Ainda hoje (11), o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) lançará um relatório sobre o casamento de crianças em todo o mundo e o que deve ser feito para erradicá-lo. O documento “Casar muito jovem: Acabar o Casamento Infantil” abordará a prevalência do casamento infantil e as tendências nos países em desenvolvimento, fornecendo perspectivas sobre o tema e descrevendo o que os países podem fazer para enfrentar o problema, caso as tendências atuais sobre casamento infantil continuem.
A data também será marcada pela abertura da exposição de arte “Muito Novas para Casar” (Too Young to Wed), organizada pelo UNFPA e pela VII Photo Agency na sede das Nações Unidas. Com fotografia de Stephanie Sinclair e vídeo de Jessica Dimmock, a iniciativa destaca as narrativas pessoais de meninas do Afeganistão, Etiópia, Índia, Nepal e Iêmen. O objetivo é renovar a atenção mundial para esta questão crítica, além de promover a responsabilidade dos tomadores de decisão em todo o mundo.
A Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres (ONU Mulheres) lembrou a data por meio de uma mensagem de sua Diretora Executiva, a chilena Michelle Bachelet. Ela enfatizou o compromisso da ONU Mulheres de ficar ao lado das meninas em apoio aos seus direitos.
Bachelet enfatizou que a entidade trabalhará com governos e outros parceiros para promover a educação, saúde e bem-estar das meninas, como forma de alcançar um mundo onde elas possam viver livres da violência, do medo e da discriminação.

OIT: 88 milhões de todas as crianças trabalhadoras do mundo são meninas

Em mensagem sobre o tema, o Diretor Geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Guy Ryder, lançou um apelo em favor de um conjunto de medidas dirigidas a garantir o acesso das meninas ao progresso e à justiça social em todo o mundo. Em um discurso pronunciado por ocasião do Dia, Ryder disse que as estruturas, políticas e valores atuais que mantêm as meninas em desvantagem devem mudar.
“As desigualdades de gênero que prevalecem desde tenra idade, tendem a gerar uma desigualdade de gênero a longo prazo que se perpetua no mundo do trabalho. Apesar dos valores, princípios e direitos amplamente reconhecidos pela comunidade internacional, com demasiada frequência a realidade é que as meninas são sistematicamente marginalizadas por causa de seu sexo. Isto deve terminar”.
A OIT lembrou que cerca de 88 milhões de todas as crianças trabalhadoras do mundo são meninas. Muitas realizam os trabalhos pior remunerados, mais inseguros ou são vítimas da desigualdade de gênero em casa e no local de trabalho. Outras, que trabalham em casa, permanecem invisíveis e não são levadas em conta.

Especialistas independentes cobram medidas práticas

Reunidos em Genebra, um grupo de especialistas em direitos humanos das Nações Unidas pediram hoje (11), por meio de um comunicado, que os Estados aumentem a idade do casamento para 18 anos “para meninos e meninas sem exceção”, bem como adotem “medidas urgentes para impedir o casamento de crianças”.
“Tal como acontece com todas as formas de escravidão, os casamentos forçados precoces devem ser criminalizados. Eles não podem ser justificados por motivos tradicionais, religiosos, culturais ou econômicos”, disseram.
Os especialistas ressaltaram, no entanto, que uma abordagem que só incida sobre a criminalização não pode ter êxito em combater eficazmente os casamentos forçados precoces. “Isto deve ir de mãos dadas com campanhas de sensibilização do público para enfatizar a natureza e os danos causados por casamentos forçados e programas comunitários para ajudar a detectar, aconselhar, reabilitar e abrigar, quando necessário. Além disso, o registro de nascimento deve ser universalizado de modo a apoiar a prova de idade e impedir o casamento forçado precoce”. (Fonte: ONU BRASIL)










Professores do ensino fundamental no Brasil são mal pagos em relação a outros países

5 de outubro de 2012

Crédito: Shutterstock
Os professores brasileiros do ensino fundamental têm um dos piores salários da categoria em todo o mundo. É o que dizem os levantamentos realizados por economistas, por agências da Organização das Nações Unidas – ONU, pelo Banco Mundial e pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico – OCDE.
Em São Paulo, um professor do ensino fundamental ganha, em média, US$ 10,6 mil por ano. O valor é apenas 10% do que ganha um professor nesta mesma fase na Suíça, onde o salário médio dessa categoria seria de US$ 104,6 mil por ano.
Numa lista de 73 cidades, apenas 17 registraram salários inferiores aos da capital paulista, entre elas Nairobi, Lima, Mumbai e Cairo. Em quase toda a Europa, Estados Unidos e Japão, os salários são pelo menos cinco vezes superiores ao de um professor do ensino fundamental em São Paulo.
A Organização Internacional do Trabalho – OIT emitiu um comunicado essa semana pedindo para que os governos adotem estratégias para motivar pessoas a se tornarem professores. A OIT avalia que, com salários baixos, a profissão não atrai gente qualificada. O resultado é a manutenção de sistemas de Educação de baixo nível. A solução, para a Organização, seria o governo começar a pensar na Educação como um dos pilares para o crescimento econômico.
Outro estudo, liderado pela própria OIT e pela Unesco (órgão da ONU para educação, ciência e cultura) e realizado com base em dados do final da década passada,  revelou que professores que começam a carreira no Brasil têm salários bem abaixo de uma lista de 38 países, da qual apenas Peru e Indonésia pagam menos. O salário anual médio de um professor em início de carreira no País chegava a apenas US$ 4,8 mil. Na Alemanha, esse valor era de US$ 30 mil por ano.
A OCDE apontou, em um terceiro levantamento, que os salários de 2009 no grupo de países ricos chegava a uma média de US$ 39 mil por ano no caso de professores do ensino fundamental com 15 anos de experiência. O Brasil foi um dos poucos a não fornecer os dados para o estudo da Organização.
Numa comparação com a renda média nacional, os salários dos professores do ensino fundamental também estão abaixo da média do País. De acordo com o Banco Mundial, o Produto Interno Bruto – PIB per capita nacional chegou em 2011 a US$ 11,6 mil por ano. O valor é US$ 1 mil a mais que a renda de um professor.
A OCDE indicou, ainda, que professores do ensino fundamental em países desenvolvidos recebam por ano uma renda 17% superior ao salário médio de seus países, como forma de incentivar a profissão.
Com informações do jornal O Estado de São Paulo.
Saiba mais!
Organização das Nações Unidas – ONU: É uma organização internacional formada por países que se reuniram voluntariamente para trabalhar pela paz e o desenvolvimento mundiais.
Organização Internacional do Trabalho – OIT: É a agência das Nações Unidas que tem por missão promover oportunidades para que homens e mulheres possam ter acesso a um trabalho decente e produtivo, em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade.
Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico – OCDE: É uma organização internacional de 34 países que aceitam os princípios da democracia representativa e da economia de livre mercado. Os membros da OCDE são economias de alta renda com um alto Índice de Desenvolvimento Humano – IDH e são considerados países desenvolvidos, exceto México, Chile e Turquia.
Produto Interno Bruto – PIB: soma dos valores monetários conquistados a partir de todos os serviços e bens produzidos num período, por uma determinada região.
Unesco: United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura) tem o objetivo de contribuir para a paz e a segurança no mundo mediante a educação, a ciência, a cultura e as comunicações. Dedica-se, entre outras tarefas, a orientar os povos numa gestão mais eficaz do seu próprio desenvolvimento através dos recursos naturais e dos valores culturais, com a finalidade de obter o maior proveito possível da modernização, sem que por isso se percam a identidade e diversidade cultural. (Fonte: Blog Educação)

Livraria promove Simpósio sobre Concílio

 
"50 anos do Concílio Vaticano II – as linhas mestras" é o tema do Simpósio promovido pela Paulus Livraria, dias 20 e 27 de outubro e 10 de novembro. A atividade acontecerá das 9 às 12h30, no auditório da Livraria, no centro da capital potiguar. As inscrições estão abertas, no valor de quinze reais, e podem ser feitas na Paulus. São disponibilizadas 80 vagas.

Os palestrantes do Simpósio são o Padre Ednaldo Virgílio, que falará sobre o Documento Dei Verbum; Padre Elielson Camissiro, abordando a Sacrossanctum Concilium; Padre Paulo Henrique, que falará sobre a Gaudium et Spes; e Padre Júlio César Cavalcante, que apresentará o Documento Lumen Gentium. No dia 10 de novembro, o reverendo anglicano, Rodson Ricardo e o Padre Paulo Henrique da Silva apresentarão o Decreto Conciliar Unitatis Redintegratio, sobre o Ecumenismo.

Segundo os organizadores, o Simpósio tem o objetivo de celebrar os 50 anos do Concílio Vaticano II.

Congresso Eucarístico marca 250 anos de paróquia

 
A Paróquia de Santana e São Joaquim, em São José de Mipibu, realiza o 4º Congresso Eucarístico, de 21 a 28 deste mês. O evento marca os 250 anos de criação da paróquia, uma das mais antigas da Arquidiocese de Natal. Antecedendo ao Congresso, a Paróquia realiza Semana Missionária, de 14 a 21.

A abertura oficial do Congresso acontece no próximo dia 21, às 19 horas, com missa, na Igreja Matriz, presidida pelo Arcebispo emérito, Dom Matias Patrício de Macêdo. No período de 22 a 26, a programação diária será a seguinte: 5h, caminhada eucarística; das 7 às 12h, adoração ao Santíssimo Sacramento, na Matriz; das 9 às 11 h, atendimento de confissões, também na Matriz; das 14 às 17h, visita aos enfermos; e, às 19 horas, celebração eucarística. No dia 24, a missa será presidida pelo presidente do Regional Nordeste 2, da CNBB, Dom Genival Saraiva, e, no dia 26, pelo arcebispo emérito de Natal, Dom Heitor de Araújo Sales.
De 22 a 26, das 15 às 16 h, também serão realizados encontros com a participação de alunos das escolas municipais. O sábado, 27, será dedicado à comemoração dos 30 anos de fundação do Movimento Eucarístico Jovem – MEJ e dos 15 anos do Mejinho.

A programação de encerramento do Congresso, dia 28 de outubro, será a seguinte: 5 horas, alvorada e caminhada; às 9 h, celebração do Sacramento da Crisma, presidida pelo Arcebispo Metropolitano de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha; 11 h, adoração e bênção do Santíssimo; às 16h, procissão, seguida de missa, também presidida pelo Arcebispo.

Em São José de Mipibu foram realizados, anteriormente, três Congressos Eucarísticos Paroquiais, sendo o primeiro, em 1936; o segundo, em 1986, e o terceiro em 1996. A programação do 4º Congresso é coordenada pelo pároco, Padre Matias Soares, e pelo vigário paroquial, Padre José Lenilson de Morais.
Foto: José Bezerra
Igreja Matriz de Santana e São Joaquim, em São José de Mipibu
Indulgência: remissão diante de Deus
13/10/2012
Raquel Araujo




Por ocasião do Ano da Fé, o Papa Bento XVI concede o dom da Indulgência Plenária, que pode ser adquirida por todos os fiéis em beneficio próprio ou com o objetivo de aplicá-las às almas que padecem no purgatório. Segundo a Constituição Apostólica Indulgentiarum Doctrina, a “Indulgência é a remissão, diante de Deus, da pena temporal devida aos pecados já perdoados quanto à culpa, que o fiel, devidamente disposto e em certas e determinadas condições, alcança por meio da Igreja, a qual, como dispensadora da redenção, distribui e aplica, com autoridade, o tesouro das satisfações de Cristo e dos Santos."

Na Arquidiocese do Rio de Janeiro, os fiéis que desejarem obter as indulgências devem procurar as Paróquias estabelecidas em cada vicariato. No Vicariato Norte, a Basílica Nossa Senhora de Lourdes, em Vila Isabel. No Vicariato Oeste: Paróquia Nossa Senhora da Conceição, em Realengo, Santuário Nossa Senhora de Fátima, no Recreio e Paróquia Nossa Senhora da Conceição em Santa Cruz. No Vicariato Sul, a Paróquia Nossa Senhora da Glória, no Largo do Machado e Nossa Senhora da Paz, em Ipanema. No Vicariato Jacarepaguá, a Paróquia Nossa Senhora do Loreto; No Vicariato Suburbano, o Santuário da Divina Misericórdia, em Vila Valqueire; no Vicariato Leopoldina, o Santuário de Nossa Senhora da Penha e, por fim, no Vicariato Urbano, além da Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro, a Igreja de Sant’Ana também concederá indulgência.

As disposições estabelecidas pela Penitenciaria Apostólica indicam que podem obter a indulgência os fiéis verdadeiramente arrependidos, que tenham reparado os próprios pecados com a penitência sacramental e elevado orações segundo as intenções do Sumo Pontífice. O Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro, Dom Nelson Francelino, lembrou que a indulgência tem o intuito de amenizar ou eliminar as penas do pecado:

— Podemos dizer que a indulgência não perdoa pecado, o que perdoa pecado é o sacramento da confissão. Então, para receber a indulgência temos que ter confessado, temos que receber a Eucaristia, temos que estar em estado de graça; ou seja, o que coube a nós: o arrependimento, a penitência, a confissão, nós já fizemos. Aí, a graça especial da indulgência vem no intuito de amenizar ou eliminar as penas do pecado. Muitas pessoas morrem sem esse tempo propicio de reparar as penas do pecado. Mesmo tendo sido perdoadas, essas pessoas não tiveram tempo hábil para reparar as penas do pecado, e, com isso, muitas estão no purgatório neste tempo póstumo, explicou.

Dom Nelson destacou a necessidade de esclarecer ao povo de Deus sobre no que consiste e qual a importância das indulgências.

— O Papa Bento XVI concede as indulgências plenárias por ocasião do Ano da Fé, e esta é uma oportunidade também para esclarecermos ao nosso povo, à nossa gente, sobre a indulgência e qual a sua importância; até porque, diante das dificuldades do mundo de hoje, nós vamos perdendo um pouco o sentido e a referência desta realidade teológica tão importante, que só os mais atentos conseguem perceber. Então, as indulgências são concedidas como privilégios. A Igreja tem privilégios: uma riqueza imensa, principalmente a partir dos santos, opinou.

Os fiéis poderão lucrar as indulgências ao cumprirem as condições habituais de confissão sacramental, comunhão eucarística, oração pelas intenções do Papa, rezar um Pai Nosso, Ave Maria, Credo, acrescentando outras invocações em honra à Santíssima Virgem. É possível receber as indulgências nos locais determinados, sempre que houver celebrações especiais a serem programadas ao longo do Ano da Fé.(Fonte: Arquidiocese do RJ)

A vida com sabedoria

13/10/2012 | Paulo Mendes Peixoto * Alguns valores são fundamentais para a história de nossa vida. Entre eles citamos o dom da sabedoria, que vem do alto, de Deus. A sabedoria divina, para ser praticada, exige de nós renúncias, que a cultura atual, muito marcada pelo modelo consumista e capitalista, não está disposta a assumir. Isto supõe coragem e desprendimento da pessoa.
Ser sábio é contrapor à ideologia de dominação, de perseguição e de oportunismo para conseguir poder e prazer, podendo desfrutar dos bens gananciosamente, perseguindo as práticas do justo. As atitudes de autossuficiência excluem o valor da sabedoria divina, colocando toda sua força naquilo que é realização sem a presença de Deus.
A vida assumida com sabedoria faz a pessoa ser justa e a reconhecer a Deus como Pai. Sabe que sua existência não está resumida apenas no gozo do momento, mas tem uma dimensão de eternidade, de felicidade duradoura no seio do Criador. Esta foi a sabedoria pedida por Salomão, rei de grande sabedoria, mas que conseguir reconhecer sua humanidade, submissa aos princípios divinos.
A sabedoria está acima do poder e da riqueza. Ela é mãe e mestra das coisas, capaz de proporcionar equilíbrio no nosso agir e no valor que damos às realidades. Seu brilho faz com que reconheçamos, com mais precisão, o que é valor absoluto e o que é relativo, trazendo serenidade no agir. Sábio é quem consegue enxergar no mudo prático a presença das forças divinas e as valoriza.
Para o profeta Isaías, a verdadeira sabedoria é dom de Deus, acompanhada por outros dons que a fortalecem. Destacamos a inteligência, o conselho, a fortaleza, a capacidade de conhecimento, o temor do Senhor e o espírito com que tudo isto é colocado em prática (Is 11, 2). Toda esta riqueza supõe um coração sensível, simples, autêntico e aberto para essas realidades.
O acúmulo nunca é bênção de Deus, portanto não é expressão de sabedoria. Ele tira a condição de liberdade, sabedoria e justiça. Não passa de atitude egoísta, contrária à relação de justiça e fraternidade. Temos que vencer o empecilho, o apego aos bens materiais.
* Dom Paulo Mendes Peixoto é arcebispo de Uberaba (MG).
Fonte: www.cnbb.org.br


CIMI publica mensagem de repúdio ao Projeto de Lei nº 1610, de 1996.

13/10/2012 | Cimi A proposta "dispõe sobre a exploração e o aproveitamento de recursos minerais em terras indígenas, de que tratam os artigos 176, parágrafo primeiro, e 231, parágrafo terceiro, da Constituição Federal".
Leia a mensagem:
Essa terra tem dono: mineração assim não!
Cimi se manifesta contra tramitação e substitutivo ao PL 1610/1996
O Conselho Indigenista Missionário, Cimi, vem a público manifestar extrema preocupação e absoluto repúdio frente à proposta de substitutivo ao Projeto de Lei 1610/96, que dispõe sobre a exploração e o aproveitamento de recursos minerais em terras indígenas, disponibilizada pelo deputado federal Édio Lopes (PMDB/RR), relator da Comissão Especial da Câmara que trata do tema.
O Cimi entende que a tramitação açodada da matéria e o teor do substitutivo em questão seguem na mesma esteira de um conjunto de instrumentos legislativos e administrativos que vem sendo intensivamente usados pelos setores anti-indígenas e pelo governo brasileiro para invadir, explorar e mercantilizar as terras indígenas. O intuito é um só: implementar o desenvolvimentismo agro-extratitivista exportador e aprofundar a territorialização e a acumulação do capital.
O Cimi considera o substitutivo apresentado pelo deputado Édio Lopes flagrantemente inconstitucional, um acúmulo de equívocos e arbitrariedades que desconstroem os direitos dos povos e beneficiam exclusivamente as empresas potenciais mineradoras das terras indígenas.
Dentre os inúmeros absurdos do substitutivo, chamamos a atenção para os seguintes aspectos:
1- "Qualquer interessado" poderá requerer ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) o direito de minerar qualquer terra indígena no Brasil. Este elemento associado à anulação de todos os direitos minerários em terras indígenas, concedidos antes da promulgação da nova lei, deverá provocar uma verdadeira "corrida" de não-índios às terras indígenas do país.
2- O direito de consulta livre, prévia e informada aos povos indígenas é reduzido a mero ato formal, denominado "consulta pública". Inclusive às comunidades indígenas presentes na terra pretendida para exploração mineral "poderão participar" da consulta. No entanto, a vontade dos povos não terá qualquer influência sobre a continuidade do processo de exploração mineral na própria terra.
3- Junto com o desrespeito ao direito de Consulta e na contramão dos preceitos Constitucionais, o substitutivo reaviva a figura da tutela sobre os povos indígenas. Caso não haja concordância "das comunidades indígenas" na realização das atividades de exploração mineral nas terras por eles ocupadas, o processo será encaminhado a uma "Comissão Deliberativa", sem participação indígena, que "decidirá", dentre as propostas apresentadas, "qual a melhor" para as comunidades indígenas afetadas.
4- A autorização a ser emitida pelo Congresso Nacional para a exploração mineral em terras indígenas constituir-se-á em puro formalismo jurídico-legal. A mesma se dará após já ter sido feita a escolha da "melhor proposta" e respectiva empresa mineradora.
5- A "consulta pública" da qual os indígenas "poderão participar", a escolha da "melhor proposta", a autorização do Congresso Nacional e a outorga, pelo DNPM, ao "detentor da proposta vencedora para a exploração de recursos minerais em terras indígenas" serão inócuas, pois se darão "às escuras", antes de se saber o que realmente irá ser explorado e qual a dimensão da exploração na respectiva terra indígena. Isso porque a "pesquisa de bens minerais" na respectiva área indígena será feita, pelo "outorgado", que terá até três anos para realizar mesma.
6- Nenhuma salvaguarda constitucional é respeitada pelo substitutivo. A exploração mineral poderá ocorrer em todo e qualquer espaço no interior da terra indígena. Não há qualquer referência explícita, no substitutivo, que proíba a lavra de recursos minerais incidentes sobre monumentos e locais históricos, culturais, religiosos, sagrados, de caça, de coleta, de pesca ou mesmo de moradia dos povos. Isso, como é evidente, oferece risco incalculável à sobrevivência física e cultural dos povos.
7- A mineração poderá ocorrer até mesmo em terras cujos procedimentos administrativos não estiverem conclusos. Para isso, bastará que o governo federal considere que exista na terra algum minério estratégico para a "segurança nacional" do país. Não há, no substitutivo, qualquer definição sobre o que pode ser considerado "mineral estratégico para a segurança nacional".
8- O "extrativismo mineral ou garimpagem" a ser feito por indígenas organizados em cooperativas se limitará a, no máximo, 100 hectares da respectiva terra. A multa por possíveis irregularidades cometidas pelos indígenas poderá ser de até dois milhões e quinhentos mil reais.
9- O substitutivo incentiva as empresas mineradoras a cometerem todo tipo de irregularidades no procedimento de exploração mineral em terras indígenas. Faz isso ao determinar que a multa por "infrações administrativas", inclusive no caso de descumprimento, total ou parcial, da obrigação de pagamento aos povos indígenas, não poderá ser superior a 3% do faturamento bruto da empresa mineradora no período em que tenha sido constatada a irregularidade. É notório que poderá ocorrer casos em que uma determinada irregularidade cometida tenha potencial para acarretar aumento superior a 3% no faturamento da empresa. Nesses casos, a empresa lucraria cometendo irregularidades.
O Cimi considera que não existe razão plausível que justifique a pressa incontida em colocar a matéria em discussão e votação na Câmara dos Deputados - programada para depois do 2º turno das eleições municipais. O próprio substitutivo indica que a mineração em terras indígenas será regida, inclusive, pela legislação mineral do país. Ora, é de conhecimento público que o governo brasileiro está prestes a enviar ao Congresso Nacional proposta de um novo "marco regulatório" da mineração no Brasil. Qual o sentido, então, de se discutir e aprovar uma lei que regulamenta a mineração em terras indígenas antes de se discutir e a aprovar a nova legislação mineral do país que afetará, também, a mineração em terras indígenas?
Além disso, os Artigos 176 e 231 da Constituição Federal determinam que a exploração mineral e de riquezas naturais existentes em terras indígenas somente poderá ser feita em caso de "interesse nacional" e "relevante interesse público da União, segundo o que dispuser a lei complementar". Ocorre que, no Brasil, não existe lei que disponha sobre "relevante interesse público da União", nem sobre "interesse nacional". Qual a razão, então, de se aprovar uma lei que regulamenta a exploração mineral em terras indígenas antes de definir em que condições específicas essa exploração é permitida pela Constituição? O único motivo que salta aos nossos olhos é o de se afrontar a Constituição, abrindo a possibilidade de exploração mineral, sem qualquer tipo de limite, em todas as terras indígenas do país.
O Cimi se solidariza com os povos indígenas frente a mais este cruel ataque patrocinado pelos interesses político-econômicos adversos, ao mesmo tempo em que se associa e reforça a reivindicação histórica do movimento indígena no Brasil segundo o qual o Congresso Nacional não deverá legislar, de forma fracionada, sobre temas que lhes dizem respeito.
Por fim, o Cimi se compromete a junto com os povos indígenas fazer uso de todos os meios legítimos para evitar a consumação desta mortífera ferida aos direitos consagrados e ao futuro dos povos indígenas no Brasil.
Secretariado Nacional - Cimi
Brasília, 10 de outubro de 2012

Fonte: www.cimi.org.br


Kaiowá Guarani - Decretos de extermínio

10/10/2012 | Egon Heck * Estava trabalhando na memória histórica dos últimos 40 anos, na perspectiva da reedição do documento Y Juca Pirama - "O Índio aquele que deve morrer". Em dezembro de 1973 foi dado esse grito, por bispos e missionários, contra o genocídio indígena em curso pelos governos da ditadura militar.
Enquanto buscava reunir denúncias e violências, mortes e massacres de povos indígenas nestes 40 anos, quando vejo um email, "urgente", do Conselho da Aty Guasu Kaiowá Guarani.
Ao ler o teor do comunicado, fico estarrecido e me junto ao grito dos condenados- que país é esse?"
Diante do decreto de morte e extermínio surge a obstinada determinação dos povos de viver ou morrer coletivamente, conforme suas crenças, esperanças ou desespero. Esse grito certamente fará parte do manifesto "os povos indígenas, aqueles que devem viver", apesar e contra os decretos de extermínio.
Não podemos calar ou ficar inertes diante desse clamor da comunidade Kaiowá Guarani, de Pyelito Kue/Mbarakay, no município de Iguatemi, Mato Grosso do Sul. Não se trata de um fato isolado, mas de excepcional gravidade, diante de uma decisão de morte coletiva. Continuaremos sendo desafiados por fatos semelhantes caso não se tome medidas urgentes de solução da questão da demarcação das terras indígenas desse povo.
O grito Kaiowá Guarani
" Sabemos que seremos expulsas daqui da margem do rio pela justiça, porém não vamos sair da margem do rio. Como um povo nativo/indígena histórico, decidimos meramente em ser morto coletivamente aqui. Não temos outra opção, esta é a nossa última decisão unânime diante do despacho da Justiça Federal de Navirai-MS." Esse é o comunicado da comunidade indígena para o Governo e Justiça Federal. "
Nos matem e enterrem coletivamente, gritam das margens do rio Hovy
"Comemos comida uma vez por dia. Tudo isso passamos dia-a-dia para recuperar o nosso território antigo Pyleito Kue/Mbarakay.
De fato, sabemos muito bem que no centro desse nosso território antigo estão enterrados vários os nossos avôs e avós, bisavôs e bisavós, ali estão o cemitérios de todos nossos antepassados. Cientes desse fato histórico, nós já vamos e queremos ser morto e enterrado junto aos nossos antepassados aqui mesmo onde estamos hoje, por isso, pedimos ao Governo e Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo/expulsão, mas solicitamos para decretar a nossa morte coletiva e para enterrar nós todos aqui. Pedimos, de uma vez por todas, para decretar a nossa dizimação/extinção total, além de enviar vários tratores para cavar um grande buraco para jogar e enterrar os nossos corpos. Esse é nosso pedido aos juízes federais. Já aguardamos esta decisão da Justiça Federal, Assim, é para decretar a nossa morte coletiva Guarani e Kaiowá de Pyelito Kue/Mbarakay e para enterrar-nos todos aqui. Visto que decidimos integralmente a não sairmos daqui com vida e nem morto e sabemos que não temos mais chance em sobreviver dignamente aqui em nosso território antigo, já sofremos muito e estamos todos massacrados e morrendo de modo acelerado." (Carta da comunidade 8/10/20120) Segue em anexo a íntegra da carta.
Ao tomar ciência do teor da carta dessa comunidade, Eliseu Lopes,da Aty Guasu/APIB comentou " É, isso vai se repetir muitas vezes se o governo não demarcar logo as nossas terras. Quando os nossos líderes religiosos decidem retornar aos tekoha (terras tradicionais de nossas comunidades) vão mesmo e ninguém segura. Ele lamenta profundamente se chegar a esse ponto de desespero que poderá levar a muitas mortes.
* Egon Heck - Povo Guarani Grande Povo Cimi 40 anos, 10 de outubro de 2012
Fonte: Egon Heck / Revista Missões


Papa: Concílio Vaticano II, imagem da Igreja de Jesus Cristo que abraça todo o mundo

10/10/2012 | Rádio Vaticano O jornal da Santa Sé, L'Osservatore Romano, publicou uma edição especial por ocasião do 50° aniversário de abertura do Concílio Vaticano II.
A publicação, em 40 mil exemplares, é composta por narrativas intensas do período do concílio com detalhes de crônicas pouco conhecidas e fotografias raras. Abre essa edição o texto de Bento XVI que na época era jovem e participou como teólogo.
Segue na íntegra, o texto do Santo Padre.
Foi um dia maravilhoso aquele 11 de Outubro de 1962 quando, com a entrada solene de mais de dois mil Padres conciliares na Basílica de São Pedro em Roma, se abriu o Concílio Vaticano II. Em 1931, Pio XI colocara no dia 11 de Outubro a festa da Maternidade Divina de Maria, em recordação do facto que mil e quinhentos anos antes, em 431, o Concílio de Éfeso tinha solenemente reconhecido a Maria esse título, para expressar assim a união indissolúvel de Deus e do homem em Cristo. O Papa João XXIII fixara o início do Concílio para tal dia com o fim de confiar a grande assembleia eclesial, por ele convocada, à bondade materna de Maria e ancorar firmemente o trabalho do Concílio no mistério de Jesus Cristo. Foi impressionante ver entrar os bispos provenientes de todo o mundo, de todos os povos e raças: uma imagem da Igreja de Jesus Cristo que abraça todo o mundo, na qual os povos da terra se sentem unidos na sua paz.
Foi um momento de expectativa extraordinária pelas grandes coisas que deviam acontecer. Os concílios anteriores tinham sido quase sempre convocados para uma questão concreta à qual deviam responder; desta vez, não havia um problema particular a resolver. Mas, por isso mesmo, pairava no ar um sentido de expectativa geral: o cristianismo, que construíra e plasmara o mundo ocidental, parecia perder cada vez mais a sua força eficaz. Mostrava-se cansado e parecia que o futuro fosse determinado por outros poderes espirituais. Esta percepção do cristianismo ter perdido o presente e da tarefa que daí derivava estava bem resumida pela palavra «actualização»: o cristianismo deve estar no presente para poder dar forma ao futuro. Para que pudesse voltar a ser uma força que modela o porvir, João XXIII convocara o Concílio sem lhe indicar problemas concretos ou programas. Foi esta a grandeza e ao mesmo tempo a dificuldade da tarefa que se apresentava à assembleia eclesial.
Obviamente, cada um dos episcopados aproximou-se do grande acontecimento com ideias diferentes. Alguns chegaram com uma atitude mais de expectativa em relação ao programa que devia ser desenvolvido. Foi o episcopado do centro da Europa - Bélgica, França e Alemanha - que se mostrou mais decidido nas ideias. Embora a ênfase no pormenor se desse sem dúvida a aspectos diversos, contudo havia algumas prioridades comuns. Um tema fundamental era a eclesiologia, que devia ser aprofundada sob os pontos de vista da história da salvação, trinitário e sacramental; a isto vinha juntar-se a exigência de completar a doutrina do primado do Concílio Vaticano I através duma valorização do ministério episcopal. Um tema importante para os episcopados do centro da Europa era a renovação litúrgica, que Pio XII já tinha começado a realizar. Outro ponto central posto em realce, especialmente pelo episcopado alemão, era o ecumenismo: o facto de terem suportado juntos a perseguição da parte do nazismo aproximara muito os cristãos protestantes e católicos; agora isto devia ser compreendido e levado por diante a nível de toda a Igreja. A isto acrescentava-se o ciclo temático Revelação-Escritura-Tradição-Magistério. Entre os franceses, foi sobressaindo cada vez mais o tema da relação entre a Igreja e o mundo moderno, isto é, o trabalho sobre o chamado «Esquema XIII», do qual nasceu depois a Constituição pastoral sobre a Igreja no mundo contemporâneo. Atingia-se aqui o ponto da verdadeira expectativa suscitada pelo Concílio. A Igreja, que ainda na época barroca tinha em sentido lato plasmado o mundo, a partir do século XIX entrou de modo cada vez mais evidente numa relação negativa com a era moderna então plenamente iniciada. As coisas deviam continuar assim? Não podia a Igreja cumprir um passo positivo nos tempos novos? Por detrás da vaga expressão «mundo de hoje», encontra-se a questão da relação com a era moderna; para a esclarecer, teria sido necessário definir melhor o que era essencial e constitutivo da era moderna. Isto não foi conseguido no «Esquema XIII». Embora a Constituição pastoral exprima muitas elementos importantes para a compreensão do «mundo» e dê contribuições relevantes sobre a questão da ética cristã, no referido ponto não conseguiu oferecer um esclarecimento substancial.
Inesperadamente, o encontro com os grandes temas da era moderna não se dá na grande Constituição pastoral, mas em dois documentos menores, cuja importância só pouco a pouco se foi manifestando com a recepção do Concílio. Trata-se antes de tudo da Declaração sobre a liberdade religiosa, pedida e preparada com grande solicitude sobretudo pelo episcopado americano. A doutrina da tolerância, tal como fora pormenorizadamente elaborada por Pio XII, já não se mostrava suficiente face à evolução do pensamento filosófico e do modo se concebia como o Estado moderno. Tratava-se da liberdade de escolher e praticar a religião e também da liberdade de mudar de religião, enquanto direitos fundamentais na liberdade do homem. Pelas suas razões mais íntimas, tal concepção não podia ser alheia à fé cristã, que entrara no mundo com a pretensão de que o Estado não poderia decidir acerca da verdade nem exigir qualquer tipo de culto. A fé cristã reivindicava a liberdade para a convicção religiosa e a sua prática no culto, sem com isto violar o direito do Estado no seu próprio ordenamento: os cristãos rezavam pelo imperador, mas não o adoravam. Sob este ponto de vista, pode-se afirmar que o cristianismo, com o seu nascimento, trouxe ao mundo o princípio da liberdade de religião. Todavia a interpretação deste direito à liberdade no contexto do pensamento moderno ainda era difícil, porque podia parecer que a versão moderna da liberdade de religião pressupusesse a inacessibilidade da verdade ao homem e, consequentemente, deslocasse a religião do seu fundamento para a esfera do subjectivo. Certamente foi providencial que, treze anos depois da conclusão do Concílio, tivesse chegado o Papa João Paulo II de um país onde a liberdade de religião era contestada pelo marxismo, ou seja, a partir duma forma particular de filosofia estatal moderna. O Papa vinha quase duma situação que se parecia com a da Igreja antiga, de modo que se tornou de novo visível o íntimo ordenamento da fé ao tema da liberdade, sobretudo a liberdade de religião e de culto.
O segundo documento, que se havia de revelar depois importante para o encontro da Igreja com a era moderna, nasceu quase por acaso e cresceu com sucessivos estratos. Refiro-me à declaração Nostra aetate, sobre as relações da Igreja com as religiões não-cristãs. Inicialmente havia a intenção de preparar uma declaração sobre as relações entre a Igreja e o judaísmo - um texto que se tornou intrinsecamente necessário depois dos horrores do Holocausto (shoah). Os Padres conciliares dos países árabes não se opuseram a tal texto, mas explicaram que se se queria falar do judaísmo, então era preciso dedicar também algumas palavras ao islamismo. Quanta razão tivessem a este respeito, só pouco a pouco o fomos compreendendo no ocidente. Por fim cresceu a intuição de que era justo falar também doutras duas grandes religiões - o hinduísmo e o budismo - bem como do tema da religião em geral. A isto se juntou depois espontaneamente uma breve instrução relativa ao diálogo e à colaboração com as religiões, cujos valores espirituais, morais e socioculturais deviam ser reconhecidos, conservados e promovidos (cf. n. 2). Assim, num documento específico e extraordinariamente denso, inaugurou-se um tema cuja importância na época ainda não era previsível. Vão-se tornando cada vez mais evidentes tanto a tarefa que o mesmo implica como a fadiga ainda necessária para tudo distinguir, esclarecer e compreender. No processo de recepção activa, foi pouco a pouco surgindo também uma debilidade deste texto em si extraordinário: só fala da religião na sua feição positiva e ignora as formas doentias e falsificadas de religião, que têm, do ponto de vista histórico e teológico um vasto alcance; por isso, desde o início, a fé cristã foi muito crítica em relação à religião, tanto no próprio seio como no mundo exterior.
Se, ao início do Concílio, tinham prevalecido os episcopados do centro da Europa com os seus teólogos, nas sucessivas fases conciliares o leque do trabalho e da responsabilidade comuns foi-se alargando cada vez mais. Os bispos reconheciam-se aprendizes na escola do Espírito Santo e na escola da colaboração recíproca, mas foi precisamente assim que se reconheceram servos da Palavra de Deus que vivem e trabalham na fé. Os Padres conciliares não podiam nem queriam criar uma Igreja nova, diversa. Não tinham o mandato nem o encargo para o fazer: eram Padres do Concílio com uma voz e um direito de decisão só enquanto bispos, quer dizer em virtude do sacramento e na Igreja sacramental. Então não podiam nem queriam criar uma fé diversa ou uma Igreja nova, mas compreendê-las a ambas de modo mais profundo e, consequentemente, «renová-las» de verdade. Por isso, uma hermenêutica da ruptura é absurda, contrária ao espírito e à vontade dos Padres conciliares.
No Cardeal Frings, tive um «pai» que viveu de modo exemplar este espírito do Concílio. Era um homem de significativa abertura e grandeza, mas sabia também que só a fé guia para se fazer ao largo, para aquele horizonte amplo que resta impedido ao espírito positivista. É esta fé que queria servir com o mandato recebido através do sacramento da ordenação episcopal. Não posso deixar de lhe estar sempre grato por me ter trazido - a mim, o professor mais jovem da Faculdade teológica católica da universidade de Bonn - como seu consultor na grande assembleia da Igreja, permitindo que eu estivesse presente nesta escola e percorresse do interior o caminho do Concílio. Este livro reúne os diversos escritos, com os quais pedi a palavra naquela escola; trata-se de pedidos de palavra totalmente fragmentários, dos quais transparece o próprio processo de aprendizagem que o Concílio e a sua recepção significaram e ainda significam para mim. Em todo o caso espero que estes vários contributos, com todos os seus limites, possam no seu conjunto ajudar a compreender melhor o Concílio e a traduzi-lo numa justa vida eclesial. Agradeço sentidamente ao arcebispo Gerhard Ludwig Müller e aos colaboradores do Institut Papst Benedikt XVI pelo extraordinário compromisso que assumiram para realizar este livro.
Castel Gandolfo, na memória do bispo Santo Eusébio de Vercelas, 2 de agosto de 2012.
Fonte: www.cnbb.org.br


Líder da Igreja Anglicana destaca potencial humanizador da fé cristã

11/10/2012 | OC
Cidade do Vaticano, 11 out 2012 (Ecclesia) - O arcebispo da Cantuária (Inglaterra) e líder da Igreja Anglicana marcou presença no Sínodo dos Bispos que decorre no Vaticano e pediu aos participantes católicos que destaquem o potencial da fé cristã para uma vida "mais humana".
Rowan Williams, um dos convidados deste evento, defendeu que a sociedade espera por esta mensagem que ajude a viver "com a consciência de que existe uma alegria sadia e duradoura".
"Temos de vigiar com atenção para que a nossa evangelização não seja simplesmente um modo de persuadir as pessoas a aplicar a Deus e à vida do espírito todos os desejos de dramatismo, de agitação e autocomplacência que muitas vezes nos acompanham na vida quotidiana", observou, numa intervenção pronunciada perante os mais de 260 prelados da assembleia sinodal, esta quarta-feira.
O responsável anglicano sublinhou que as iniciativas destinadas a quem se afastou da Igreja ou ao "público pós-cristão" devem ser fundadas numa "práxis contemplativa partilhada de forma ecuménica".
"A contemplação representa a única resposta definitiva ao mundo irreal e louco que os nossos sistemas financeiras, a nossa cultura publicitária e as nossas emoções caóticas e incontroladas nos convidam a habitar", prosseguiu.
A 13ª assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos, um organismo consultivo convocado pelo Papa, tem como tema ‘A nova evangelização para a transmissão da fé cristã'.
"A evangelização, seja nova ou velha, deve enraizar-se numa profunda confiança de que todos nós temos um destino humano específico a mostrar e partilhar com o mundo", afirmou Rowan Williams.
O Sínodo decorre desde domingo e insere-se no programa das celebrações do 50.º aniversário do Vaticano II (1962-1965).
O arcebispo da Cantuária confessou que para muitos da sua geração, fora das fronteiras da Igreja Católica, o Concílio "representou o sinal de uma grande promessa" num momento em que se procurava "partilhar o Evangelho com o espírito complexo, muitas vezes rebelde, sempre inquieto, do mundo moderno".
"O rosto que temos de mostrar ao nosso mundo é o rosto de uma humanidade em incessante crescimento rumo ao amor", declarou.
Rowan Williams elogiou o trabalho de "grandes redes espirituais" como a comunidade católica de Santo Egídio ou os movimentos dos Focolares e o Comunhão e Libertação, "abertos a uma visão humana mais profunda" porque oferecem "uma disciplina de vida pessoal e comum" destinada à descoberta de Jesus Cristo.
O 104.º arcebispo da Cantuária, teólogo e poeta, vai deixar o cargo no final de 2012 para se dedicar à vida académica.
Williams encontrou-se em privado com Bento XVI, no Vaticano, antes da sua intervenção no Sínodo.
Fonte: Agência Ecclesia


  Home > Sínodo > 13/10/2012 16:50:38



Sínodo: Terra Santa, Doutrina Social da Igreja e devoção popular no centro dos pronunciamentos


Cidade do Vaticano (RV) - A nova evangelização deve partir de novo de Jerusalém: é o que afirma o Sínodo dos Bispos em andamento no Vaticano, reiterando que as peregrinações à Terra Santa são uma ocasião para reforçar a fé. Estiveram no centro dos trabalhos da manhã deste sábado também a questão da Ilva de Taranto (a maior siderúrgica da Europa) – localizada na região italiana da Puglia, e a promoção da Doutrina Social da Igreja.

Para ser moderna e eficaz, a nova evangelização deve partir de novo da Terra Santa, memória coletiva viva da história de Jesus: abriram-se assim os trabalhos sinodais deste sábado.

Os bispos recordaram as ofensas e as agressões que os lugares sagrados sofrem, falaram em Igreja do calvário, invocaram o diálogo baseado no respeito recíproco e fizeram apelo à fé que abate muros e constrói pontes, pedindo ao mundo que não esqueça o Oriente Médio, e aos cristãos que não tenham medo. Porque a fé não é uma pertença a uma facção ideológica que leva à violência, mas ajuda a sentir-se irmãos uns dos outros.

Em seguida, o drama da Ilva de Taranto irrompeu na Sala do Sínodo (situação que nestes meses tem repercutido na mídia italiana, e não somente): a Igreja não oferece soluções, mas proximidade a quem sofre os efeitos poluidores e desastrosos da fábrica siderúrgica, afirmam os prelados.

Milhares de pessoas correm o risco de perder o trabalho, muitas outras encontram-se doentes com tumores. E o que emerge é uma crise humana e social do atual e injusto modelo de desenvolvimento econômico.

A ganância e a avidez, ressalta o Sínodo, romperam os laços entre a economia e a dimensão social da vida humana, provocando uma profunda fratura. Nessa ótica, a Assembléia dos bispos reitera a importância da Doutrina Social da Igreja, elemento essencial de evangelização, porque o anúncio de Cristo é o fator principal de desenvolvimento, da justiça e da paz.

Não se trata de transformar a Igreja numa instituição de serviços sociais, afirmam os Padres sinodais, mas de promover uma cultura da solidariedade e da fraternidade. Relançar a dignidade humana e promover valores democráticos significa colocar-se no seguimento de Jesus, afirma o Sínodo.

Dentre outros temas abordados destaca-se o da piedade popular: purificada e conduzida no modo justo, ela é expressão de fé sincera e testemunha perenemente a sede de Deus presente no coração do homem, contribuindo assim para a nova evangelização. Porque o coração do homem é feito para o infinito e somente o encontro com que mudou realmente a própria vida graças a Cristo pode responder às expectativas.

Em seguida, o Sínodo voltou a examinar o desafio de evangelizar o mundo midiático atual: a sociedade atual não é mais mass-midiática, mas bio-midiática, porque os meios de comunicação de massa invadiram de tal forma a vida do homem, de modo a mudar o seu desenvolvimento antropológico, afirmam os Padres sinodais.

Daí, o convite a fim de que a Igreja saiba comunicar proximidade, relação, amizade com as pessoas em sua singularidade – quais destinatárias do amor de Deus.

Por fim, o grande tema da relação entre fé e razão: se não se compreende a sua complementaridade, os cristãos acabarão por se sentirem inferiores à modernidade ou atrasados em relação à história, observam os bispos. Ao invés, os cristãos devem ter consciência da dimensão cultural da fé e dar razão da própria esperança. (RL) (Fonte: Rádio Vaticano)
  Home > Sínodo > 12/10/2012 14:52:36



Superior jesuíta: "Igreja subestimou povos não-ocidentais"


Cidade do Vaticano (RV) – No passado, os cristãos e a Igreja procuraram demais “as manifestações ocidentais da fé e da santidade”, deixando de lado “o modo em que Deus atuou junto aos outros povos”. Foi o que disse em seu pronunciamento no Sínodo dos Bispos o Superior dos Jesuítas, Pe. Adolfo Nicolas.

“A Nova Evangelização deve aprender os aspectos bons e os menos bons da Primeira Evangelização” – recordou o prepósito da Companhia de Jesus aos padres sinodais. Fazendo uma autocrítica, Padre Nicolas acrescentou: “nós, missionários, não enriquecemos a Igreja Universal como ela esperava de nós. E todos nós ficamos mais pobres; perdemos de vista indícios, perspectivas e descobertas importantes”.

“O passado nos ensina como comunicar hoje o Evangelho: no caminho da humildade, na consciência dos limites humanos quando se trata de expressar o Espírito, a simplicidade da mensagem, a generosidade e a alegria ao reconhecer a bondade e a santidade, a nossa vida como fator de credibilidade, de perdão e de Reconciliação, a mensagem da Cruz na negação de nós mesmos” – concluiu o Prepósito, falando na sessão da última quarta-feira.
(CM) (Rádio Vaticano)

Parabéns professor, parabéns professora!

Ajudar a valorizar o(a) professor(a) talvez seja a melhor homenagem que podemos prestar aos mestres, no seu dia.
Para a comemoração do Dia dos Professores, neste 15 de outubro, selecionamos algumas mensagens de estímulo e valorização aos educadores do Brasil.

“Já fui como uma muda. Mas com cuidado e dedicação fui crescendo e me tornando uma planta. Sempre tendo um mestre ao meu lado, me desviando das ervas daninhas e me podando. Agora já posso dizer que sou uma arvore, forte, com as raízes bem pressas ao chão. O que posso dizer devo tudo isso aos mestres que passaram em minha vida.
Esta é, sem duvida, a carreira mais bela que alguém pode ter. Porém a maioria de nós não valoriza. Sei que ser professor não deve ser fácil.
Me orgulho em dizer que sou uma pessoa de mente aberta. E posso dizer, com todo o carinho, que as lições ensinadas por meus mestres me moldaram, fazem parte da composição que me tornei. Muito obrigada pelo carinho, dedicação e paciência que tiveram comigo nesses anos todos.
Feliz dia do professor, o grande mestre da vida!”

Michelle F. Zanin, Araraquara, SP.
Endereço eletrônico: michellezanin2009@hotmail.com

“Já fomos chamados de mestres, professores, orientadores, facilitadores e até mediadores. Seja qual for o nome dado a nós professores, continuamos muito preocupados com o direcionamento que a educação e os educandos estão tomando.
Fala-se muito nas questões ambientais, porque o foco é garantir o futuro das espécies. Mas a espécie humana corre sérios riscos de convivência e precisa ser restaurada emocional e afetivamente para poder conviver pacificamente com ela própria no contexto ambiental.
Nós fomos, somos e seremos sempre muito importantes nesse processo, mas, desvalorizados, sem estrutura adequada e sozinhos, não vamos ter sucesso nessa busca constante de transformar o indivíduo pelo processo educacional.
Não podemos mudar a educação sozinhos, mas também não podemos pagar sozinhos a alta conta pelo fracasso coletivo. Precisamos unir forças, ideias e projetos reais.
Parabéns a todos as professoras e professores guerreiros que continuam acreditando, apesar das frustrações. E em especial aos meus colegas de trabalho da minha querida Barra do Corda, MA.”
Rozelia Parrião, Barra do Corda, MA.
Endereço eletrônico: rozeliaparriao@hotmail.com

“Hoje, mais do que nunca, é na educação formal da escola que são trabalhadas todas as demandas da criança, pois vemos uma desestruturação enorme na base da nossa sociedade: a família. Assim, a escola aparece para a criança como um porto seguro para sua estrutura de vida emocional e social.
É o professor que está sendo responsabilizado pela educação integral de seus alunos. É ele que necessita ter em sua bagagem os conhecimentos, habilidades e competências para trabalhar com a criança a emoção, a razão, as atitudes, as condutas e os bons hábitos, além de todo o processo pedagógico. Enfim, a educação que sempre foi dada em casa, agora, cabe ao professor. Porém, com todas estas transformações, as pessoas esquecem que o professor é humano.
O professor deseja apenas ser reconhecido e respeitado pelo papel que exerce na sociedade. Proponho para todos um resgate do que foi o professor em suas vidas? Até quando seres humanos heroicamente preparados pelas universidades levantarão de manhã para cuidar do filho alheio?”
Esther Cristina Pereira, diretora da Escola Atuação de Curitiba e diretora de Ensino Fundamental do Sinepe, PR.

“Que o educador é peça fundamental entre as demais profissões, não há quem discorde. É o professor um decisivo agente de revolução social, de quebra de paradigmas e preconceitos, construção de valores e virtudes.
Se nos sentimos magoados com alguém a quem ajudamos a trilhar o caminho, como em A agulha e o novelo de linha, de Machado de Assis, isso pouco importa. Individualizar o importante processo de entrelaçar a malha de um aprendizado libertador é o que não devemos fazer.
Ser linha ou agulha, para a confecção da camisa que deve ser vestida por todos os que fazem a educação. Para solidificarmos os alicerces desse país, faz-se necessário não negligenciarmos a ação docente, não torná-la puramente mercenária. Seremos mais humildes e atuantes naquilo que, por escolha ou destino, escolhemos fazer: educar.”
Reinaldo Camilo
Endereço eletrônico: reinaldoeneuma@hotmail.com

"A escola precisa ser reencantada, encontrar motivos para que o aluno vá para os bancos escolares com satisfação, alegria. Existem escolas esperançosas, com gente animada, mas existe um mal-estar geral na maioria delas. Não acredito que isso seja trágico. Essa insatisfação deve ser aproveitada para se dar um salto. Se o mal-estar for trabalhado, ele permite um avanço. Se for aceito como uma fatalidade, ele torna a escola um peso morto na história, que arrasta as pessoas e as impede de sonhar, pensar e criar".
Moacir Gadotti, professor e diretor do Instituto Paulo Freire em São Paulo

“O professor é um pastor de sonhos e mediador de projetos”
Rubem Alves, escritor
(Fonte: Mundo Jovem)

Expulso do Chade Bispo italiano, que pedira justiça para as populações pobres


O governo da República do Tchad expulsou ontem, o Bispo italiano, Mons. Michele Russo, por ter criticado, durante a homelia dominical, no passado dia 30 de stembro, a má gestão dos dividendos relativos à extração do petróleo no país denunciando sobretudo o facto de a população local viver numa situação de indigência. Segundo certos observadores, por detrás desta decisão do governo tchadiano, estão sobretudo as pressões das companhias petrolíferas que, desde há tenmpos, mal suportavam as críticas deste prelado. O Tchad produz cerca de 120.000 barís de petróleo por dia que nada têm beneficiado a população local, que continua a viver na miséria, facto que levou certos expoentes da socieade civil tchadiana a pedirem ao governo de investigar sobre os dividendos da indústria petrolífera, por forma a poder melhorar as condições de vida dos cidadãos. De recordar que o próprio governo se tinha comprometido em investir 70% dos dividendos da produção petrolíferas para a redução da pobreza no país. (Fonte: Rádio Vaticano)

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"Sínodo" significa "caminhar juntos" com o homem de hoje, como Jesus caminha conosco


O mundo muitas vezes está vazio e sem esperança, e não acredita, mas Jesus não o abandona. Mais ainda, caminha lado a lado, silenciosamente, para lhe fazer sentir a sua presença: sugestivas observações do Papa, ontem, no final do almoço no Vaticano com os padres sinodais, os bispos que participaram há 50 anos atrás no Concílio e os Presidentes da Conferências Episcopais. Presentes também o Patriarca de Constantinopla, Bartolomeu I e o Arcebispo de Cantuária, Rowan Williams.
"É uma bela tradição criada pelo Beato João Paulo II esta de coroar o Sínodo com um almoço em comum" – comentou Bento XVI, contente por este momento de pausa dos trabalhos e sublinhando em particular a presença ao seu lado do Patriarca Ecuménico de Constantinopla e do Primaz da Comunidade Anglicana. O Papa fez notar que a palavra “sínodo” significa “caminho comum”, caminhar juntos:
Para mim esta comunhão é um sinal de que estamos em caminho para a unidade e que avançamos no coração. O Senhor nos ajudará a avançar também externamente.
A alegria de estar juntos, afirmou o Papa, reforça-nos também no mandato da evangelização. E recordou o episódio dos discípulos de Emaús que, disse, "são um pouco a imagem do mundo agnóstico de hoje":

Jesus, esperança dos discípulos, estava morto; o mundo vazio; parecia que Deus realmente ou não existisse não se interessasse de nós. Com este desespero no coração, mas todavia com uma pequena chama de fé, continuam o caminho. O Senhor caminha misteriosamente com eles e ajuda-os a perceber o mistério de Deus, a sua presença na história, o seu caminhar silenciosamente connosco. No final, na ceia, quando já as palavras do Senhor e a sua escuta tinham aceso o coração e iluminado a mente, reconhecem-no na ceia e, finalmente, o coração começa a ver.

Todos estamos a caminho com os nossos contemporâneos – concluiu o Papa:
Peçamos ao Senhor que nos ilumine, nos acenda o coração, para que se torne “vidente”, e nos ilumine a mente. E peçamos que na ceia, na comunhão eucarística, possamos realmente ser disponíveis para o ver e, assim, inflamar também o mundo e dar a Sua luz a este nosso mundo. (Fonte: Rádio Vaticano)
Home > Igreja > 2012-10-13 10:48:31



Uma floresta, em Israel, em memória do cardeal Martini


Por iniciativa do Rabino italiano Giuseppe Laras em colaboração com a Fundação Cultural (católica) S. Fedele (de Milão) e com o Fundo Nacional Hebraico, foi aberta uma subscrição pública com o objectivo de plantar em Israel uma floresta em memória do Cardeal Carlo Maria Martini. Já existem em Israel florestas plantadas em honra de alguns papas (João XXII, João Paulo II e Bento XVI). Neste caso será em memória de um grande Cardeal.
É a primeira vez que uma instituição hebraica em colaboração com instituições cristãs promove uma iniciativa deste tipo. O Rabino Laras fez questão de envolver cristãos e hebreus, para organizarem juntos o acontecimento. Oferecendo árvores em memória do Cardeal Martini qualquer pessoa de boa vontade poderá participar na iniciativa. A floresta de alguns milhares de árvores surgirá em Tiberíade na Galileia, localidade muito amada pelo Cardeal e com uma carga simbólica muito forte quer para hebreus quer para cristãos.
Como afirmou o Padre Lino Dian , superior da Comunidade dos Jesuítas de S. Fedele, na apresentação do projeto, é muito significativo a iniciativa tenha sido apresentada por ocasião dos 50 anos do início do Concílio Vaticano II. É muito belo recordar o Cardeal Martini plantando uma floresta que irá simbolizar um dos melhores frutos do Concílio como é o diálogo hebraico - cristão. (fonte: Rádio Vaticano)


  Home > Cultura e sociedade > 12/10/2012 13:45:22



No Compasso do Brasil: Vinícius de Moraes e a Arca de Noé


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Cidade do Vaticano (RV) – Na semana passada abrimos espaço para Vinícius de Moraes e sua trajetória na poesia e na música – se é possível separá-las. Desta vez, nosso convidado Zé Galia conta e canta histórias e músicas da fase infantil de Vinícius de Moraes, cuja marca indelével veio com a gravação do disco “A Arca de Noé”, que contou com as vozes dos maiores nomes da MPB, como Elis Regina.

“Era uma casa muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada...”. Por muitas gerações a música “A Casa” embalou sonhos das crianças – e não só. Muitos adultos também foram contagiados pela poesia musicada de Vinícius de Moraes. Mas você sabe como Vinícius acabou escrevendo essa música? De onde veio a inspiração do “Poetinha”?

O tema é o lado infantil de Vinícius de Moraes e, como explica Zé Galia, em uma música em especial ele deixa transparecer exatamente quem é Vinícius. Seja na poesia, na música, no cinema ou nos trabalhos diplomáticos, Vinícius nunca foi tão “ele mesmo” quanto nas letras da Arca de Noé. Mas, além disso, você sabia que o único filme brasileiro vencedor de um Oscar de filme estrangeiro foi inspirado numa peça de Vinícius?

Entre muitas histórias e acordes, os Estúdios da Rádio Vaticano por dez minutos se transformam em um pedacinho de Brasil. Música de qualidade e informação para quem não esquece os tempos em que a música brasileira era muito mais do que tchu tchu tcha tcha...
(RB)
   Home > Sínodo > 13/10/2012 11:00:15



Presidente da Pontifícia Academia das Ciências no Sínodo: ciência e fé se complementam


Cidade do Vaticano (RV) - Conclui-se neste sábado a primeira semana de trabalhos do Sínodo dos Bispos, dedicado à nova evangelização. Na programação de hoje, a continuação da discussão geral na Sala do Sínodo.

Já na tarde desta sexta-feira os Padres sinodais ouviram o pronunciamento do Dr. Werner Arber, presente na Assembléia como convidado especial. Prêmio Nobel para a medicina em 1978, em 2011 Arber foi nomeado por Bento XVI presidente da Pontifícia Academia das Ciências, primeiro protestante a desempenhar tal encargo. As relações entre ciência e fé estiveram no centro de seu pronunciamento.

Ciência e fé são e devem continuar sendo elementos complementares para o conhecimento humano: esse foi o ponto focal do pronunciamento de Arber. Um discurso técnico, mas também muito humano, baseado na consciência de que a ciência "até agora não conseguiu encontrar respostas pertinentes" a todas as interrogações do homem, sobretudo àquelas que "transcendem a esfera natural". Papel que, ao invés, os credos religiosos podem desempenhar.

Bento XVI encontrava-se presente na Sala do Sínodo e ouviu com atenção o presidente da Pontifícia Academia das Ciências citar o Gênesis para demonstrar que desde então existia uma concordância entre fé e ciência, porque o Antigo Testamento traz uma sequência lógica de eventos possíveis para a criação da vida.

O presidente da Pontifícia Academia das Ciências afirmou que "até então a ciência ainda não tem uma noção precisa dos fundamentos da vida", ou melhor, da chamada "criação do nada", a qual permanece "matéria a ser tratada mediante a filosofia".

E mesmo considerando que possa existir vida em outros planetas, o Nobel chamou a atenção: falta a evidência científica dessa hipótese.

Mas a que serve hoje a ciência? Arber o disse claramente: a ciência abre a novas aplicações tecnológicas que melhoram a vida e o ambiente do homem, plasmando o seu futuro. Nessa ótica, portanto, Igreja, sociedade civil, economia e ciência são chamadas a assumir a co-responsabilidade de estabelecer uma nova concepção do futuro que comporte benefícios a longo prazo para toda a humanidade.

Para alcançar esse resultado é preciso que as sociedades modernas respeitem regras de conduta oportunas, facilmente aceitáveis se radicadas na fé religiosa. No fundo, afirmou Arber, também Jesus seria favorável à aplicação da ciência para o bem da humanidade e no respeito pelas leis da natureza.

As plantas transgênicas são um exemplo prático de tal princípio: métodos adotados para criá-las seguem as leis naturais da evolução biológica, explicou Arber, e não comportam riscos ligados à engenharia genética.

Portanto, nessa ótica poderiam realmente mitigar o problema da fome no mundo, em vista de um futuro em que o desenvolvimento seja seguro, responsável e sustentável. (RL)
Home > Sínodo > 2012-10-13 11:01:19




Muitos e diversificados os temas abordados no Sínodo dos Bispos


Vizinhança e solidariedade para com a Nigéria, com votos de que a religião não seja manipulada pela política mas seja um instrumento de paz. Este o pensamento expresso sexta de manhã pelo Sínodo dos Bispos, que decorre no Vaticano sob o tema da nova evangelização. Na ordem do dia esteve também o escândalo dos abusos sexuais que, no dizer da Assembleia, não se deve ter medo de reconhecer.

Uma oração pela Nigéria, particularmente pelo Norte do País, cenário de numerosos e prolongados conflitos: se abre assim a sétima Congregação geral do Sínodo dos Bispos. Os Prelados exprimem vizinhança e solidariedade para com a Igreja nigeriana que se tem esforçado por promover a paz e a justiça, na esperança que a religião não seja manipulada para fins políticos ou de certos grupos, mas seja realmente um instrumento de reconciliação.

Em seguida, as atenções da Assembleia episcopal fixam-se no escândalo dos abusos sexuais. Não se deve ter medo de reconhecê-los, dizem os Bispos, antes pelo contrário: a nova evangelização não deve esquecer as vítimas de tais abusos, mas sim escutá-las, procurando compreender a sua dor e desconfiança. O que se deve fazer, continuam os prelados, é criar ambientes sãos para as crianças e os mais vulneráveis. Para tal precisamos de uma mudança na mentalidade e nas estruturas da Igreja, juntamente com uma maior participação das mulheres.

Outro tema particularmente sentido pela Assembleia é o do sacerdócio: crise da fé e crise das vocações são interligadas, dizem os Bispos, talvez também por causa da própria Igreja já não se apaixonar como no passado pela pregação de Cristo. A escolha vocacional não deve ser interesseira, mas deve ser uma opção preferencial por Cristo: se a mensagem do evangelho já não é atraente para os fiéis é talvez porque já não o é para os próprios sacerdotes, suspeita o Sínodo.

O pensamento dos Bispos vai, depois, aos mais pobres, incluindo os que o são no espírito, discriminados pela sociedade por razões de raça, género, casta. Hoje em dia, quando o eixo da cristandade se vai deslocando cada vez mais para os países em desenvolvimento, sublinham os prelados, a atenção aos marginalizados deve ser o primeiro ponto da agenda da nova evangelização.

E ainda: o Sínodo enfrenta o tema das relações entre a ciência e a fé, confirmando que elas são distintas mas não contrapostas, já que é único o seu objecto, ou seja, o ser humano. É, por conseguinte, indispensável, um diálogo recíproco livre de arrogância e confusão das respectivas abordagens.

No mesmo contexto, a Assembleia episcopal enfrenta a emergência educativa: hoje, as escolas e as universidades, sobretudo as católicas, são sempre mais submetidas ao controlo do Estado, que impõe a sua visão através dos programas, os livros de texto e a formação dos docentes, definida um verdadeiro “cavalo de Tróia”. Em muitos casos, no Ocidente, isto tem provocado uma espécie de descristianização, e é pois urgente que a Igreja promova o diálogo entre a fé e a cultura, envolvendo na actividade formativa as famílias e os outros centros educativos, como os centros paroquiais.
Ainda no âmbito da secularização, a Aula do Sínodo reconhece o sucesso do Átrio dos Gentios, iniciativa lançada pelo Papa e promovida pelo Pontifício Conselho da Cultura para favorecer o diálogo com os não crentes que não conhecem a Deus mas que, no fundo, O procuram. É igualmente fundamental um outro tipo de diálogo: o diálogo inter-religioso, sobretudo lá onde ele se declina como cristão-islâmico. Neste âmbito, tal diálogo deve ser visto essencialmente como um diálogo de vida, no coração do testemunho evangélico.

Os temas que tinham dominado a discussão geral de quinta à tarde foram, pelo contrário, dois: as paróquias e os mass media. Em relação às primeiras, os Bispos as definem “lugares privilegiados” para a nova evangelização e a transmissão da fé, porque sem um novo impulso missionário das comunidades paroquiais, será difícil viver uma nova evangelização radical.
Quanto aos mass media, o Sínodo pede aos Pastores, professores e catequistas de compreender melhor o desafio de evangelizar num mundo em que a comunicação de massa tem poder sobre a esfera religiosa e moral do homem. Não é suficiente, sublinham os Bispos, que a Igreja tenha os seus próprios mass media ou que promova filmes religiosos: o que se deve fazer é aproximar os fiéis à natureza do mistério da fé como antídoto à espectacularização da realidade. Mais concretamente, para ser evangelizadora a Igreja deve ser mediática. E os jornalistas, chamados a ascender no homem a esperança através da verdade, devem sentir-se como capitães de um navio, para salvar a humanidade do mar do secularismo contemporâneo.

A Assembleia dos Bispos não esquece os doentes e todos os que sofrem, e sublinha a necessidade de incluir, no projecto evangelizador, o cuidado pelos enfermos e o alívio dos sofrimentos, olhando para a Igreja como comunidade regenerada pelo Senhor e por sua vez também regeneradora. Também os jovens não são negligenciados pelo Sínodo: entre os destinatários da nova evangelização, esses ocupam um lugar primário porque, mesmo que distantes da prática religiosa, levam no coração a fome de Deus. A atenção dos Prelados vai, particularmente, aos filhos de casais divorciados e que voltaram a casar, que muitas vezes permanecem alheios aos sacramentos por causa da não participação dos seus pais. E é aqui, então, onde é necessária uma transformação no sentido da caridade pastoral e uma reflexão sobre os modos e os tempos necessários para o reconhecimento da nulidade do vínculo matrimonial.