sábado, 13 de outubro de 2012

28º Domingo do Tempo Comum - Reflexão dominical



A literatura deste 28º domingo do Tempo Comum e 2º domingo do mês missionário nos proporciona a reflexão sobre os verdadeiros valores que devem nortear a nossa vida cristã. Temos a nosso favor a Palavra proclamada e a Eucaristia: seu Corpo compartilhado. Nelas Deus põe à nossa disposição todo o seu ser.
1ª leitura (Sb 7,7-11)
          Segundo a narração bíblica, o rei Salomão teve um sonho: podia pedir o que desejasse e lhe seria concedido.
          Teria ele pedido ouro, saúde, poder, força, ou mesmo o mal para algum possível inimigo seu? Nada disso, mas, ao invés e tão somente ele disse a Deus: “eu não passo de um adolescente, não sei como governar um povo tão numeroso. Dai, pois, ao vosso servo, ó Senhor, a sabedoria, um coração sábio, capaz de discernir entre o bem e o mal” (I Rs 3,4-15).
          É essa, portanto, a reflexão sobre a escolha feita por Salomão, oferecida pela primeira leitura. É admirável o discernimento do rei sábio, entre escolher a sabedoria de Deus e qualquer outro bem. Todos os tesouros e qualquer outro bem, relacionado com a sabedoria são como lama. Sua primeira e grande preocupação não é outra, mas viver e governar a partir da justiça. E foi isso que, de maneira humilde e confiante, ele pediu a Deus e terminou sendo contemplado de maneira generosíssima.
          A sabedoria como dom do Espírito Santo, nos possibilita orientar a nossa vida segundo os intuitos divinos.
Dai-nos, ó Espírito Santo, os dons da inteligência e sabedoria.  Dom de entender e saborear os mistérios divinos...
E o mais importante, é que Jesus constatou que a sabedoria divina é revelada de modo especial entre os de mente e coração abertos, os pequenos e os pobres e é ocultada aos grandes e “inteligentes” deste mundo (Mt 11, 25-26).
Evangelho (Mc 10,17-30)
Talvez não fosse demais, fazer aqui e daqui de onde estamos a seguinte interrogação: O que e como fazer para ser feliz? Contextualizando o trecho bíblico colocado à reflexão, está o Mestre e seus discípulos a caminho de Jerusalém. A finalidade que tem essa e outras viagens realizadas por Jesus, o timoneiro da paz, é a de cunho pedagógica. Como não explicar aos seus seguidores a relação e, consequentemente, o devido cuidado que eles devem ter com os bens materiais, mostrando assim a conduta que eles precisam demonstrar na hora de segui-lo.
Hoje nos deparamos com uma exigência não menos inferior a tantas outras já feitas por Jesus. Dessa feita, trata-se da coragem de desprender-se dos próprios bens. Aliás, é condição para o seguimento ser discípulo missionário a Jesus de Nazaré.
Concretamente, trata-se de um jovem rico que, num certo dia se apresenta e lhe pergunta: “Bom Mestre, o que devo fazer para conseguir a vida eterna?”
No mínimo deve ser um israelita piedoso que sabe que tudo se recebe de Deus “como herança”: a terra (Sl 135,12), a lei (Sl 119, 111), a bênção, as promessas (Hb 6,12), o Reino de Deus (Mt 25,34). Ele só não sabia que nada é concedido como prêmio pelas boas ações. Tudo é dom.
O rapaz demonstra que estava ansioso por encontrar-se com Jesus, o “bom Mestre” para, no mínimo, ser justificado em sua mentalidade e em suas atitudes “ingênuas”. Jesus, porém, não hesitou em desarmá-lo por perceber uma intenção bajuladora: “Ninguém é bom a não ser Deus”.
Um detalhe entre tantos é que no encontro com Jesus é determinante para estar com ele, a superação das prescrições legalistas. O jovem é interpelado a fazer uma retrospectiva dos mandamentos; aliás, ele diz que conhece a todos: “Mestre, tudo isso tenho observado desde a minha juventude” (v. 20). O interesse do interpelante é quanto à justiça social: respeito à vida. Deus, portanto, nada pede para si; fazendo para os próximos, fazemos a Ele.
Mais um pormenor: parece tratar-se de um rico. E, esse, tem consciência de não haver cometido injustiças ao acumular riquezas; no final das contas, tudo é consequência das bênçãos divinas. Ora, Jesus comprova que não basta ter feito nada de mal, não basta ter observado, pedagogicamente, os mandamentos, mas exige uma doação total: “Só uma coisa lhe falta: vá, venda tudo o que tem e dê aos pobres, e você terá um tesouro no céu. Depois venha e siga-me!” (v. 21). A reação do rico evidencia claramente como as riquezas são obstáculos no caminho do Reino (cf. vv. 22-25).
“Será que o rico se salvará?” Jesus ao ouvir a resposta do jovem rico, “fixou nele o olhar e o amou”. Que olhar misericordioso! Não obstante o estado emocional do jovem, Jesus percebe nele possibilidades para avançar, por isso lança a proposta: “Vai, vende tudo o que tens e distribui aos pobres e terás um tesouro no céu; depois vem e segue-me” (v. 21).
Não é possível tornar-se discípulo seu se o coração não estiver desprendido de tudo o que se possui: sucesso, objetos, honras, e tantas outras mazelas.
Na segunda parte (vv. 23-27) nos relata as considerações de Jesus sobre os perigos das riquezas. Estas constituem o obstáculo mais grave que impede alguém ser promovido a cristão: “É mais fácil – ensina Jesus – passar o camelo pelo fundo de uma agulha, do que entrar o rico no Reino de Deus.”
“Então, quem pode ser salvo?” Jesus olhou para eles e disse: “Para os homens isso é impossível, mas não para Deus. Para Deus tudo é possível”. Pedro então começou a dizer-lhe: “Eis que nós deixamos tudo e te seguimos”. Aos discípulos que deixam tudo para segui-lo, Jesus lhes garante que usufruirão dos benefícios do Reino de Deus.
Um convite a todos nós: Todos estamos convidados por Jesus a desvencilharmo-nos da escravidão do ter para tornarmo-nos instrumentos de um novo mundo. Esse, sem sombra de dúvida, é o jeito sábio de viver.
Segunda leitura (Hb 4,12-13)
          Dizem ser possível, às vezes, alguns responsáveis pelo comentário sobre as leituras, mas, também outros comunicadores da Palavra, o próprio padre, por exemplo, por não está bem preparado, começa a divagar.
          A leitura de hoje nos ensina que a Palavra de Deus é muito diferente dessas divagações. Ela tem cinco características: a) Ela é “viva e eficaz”; b) A Palavra de Deus, além disso, é “cortante e penetrante” mais do que uma espada afiada, rija, inflexível: penetra até o âmago de quem a escuta; c) Por fim, é também “juiz” de todas as nossas ações.
          Se alguém disser que ao ouvir a Palavra, ele ficou sossegado, tranquilo e calmo, esta certamente não foi Palavra de Deus, foi sim, pluma que acaricia orelhas, ou dosagem de anestésico (algo que suprime a sensibilidade da consciência).
Concluindo:
          - Se queremos ser discípulos missionários do Senhor, procuremos viver sabiamente o que vem de Deus. Sábio é aquele (a) que se esforça a fazer o bem a qualquer um (a).
          - Como se adquire a sabedoria? A sabedoria se adquire e se cultiva pela oração e pela meditação da Palavra de Deus.
          - Peregrino, o serei sempre. Serei, seremos sempre peregrinos neste mundo (casa de Deus), em caminhada para a terra prometida. Mas com a Palavra de Deus nos orientando, nos iluminando; sem ela, nos desorientamos levados por tantas outras “palavras” que pessoas e mundo nos oferecem.
Pe. Francisco de Assis Inácio
Pároco de Nova Cruz - RN

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