sábado, 15 de setembro de 2012

História dos Concílios (1)


1. Foram ao todo 21 Concílios. Neste texto resumiremos 16 deles:

1.1. A Igreja define as bases de sua fé: 1) Nicéia I (em 325): declara que Jesus e o Pai são iguais em natureza – Redige-se o Credo Apostólico; 2) Constantinopla I (em 381): Define a natureza divina do Espírito Santo e redige a segunda fórmula do Credo; 3) Éfeso  (em 431): Define que Jesus Cristo é, ao mesmo tempo, Filho de Deus e Filho de Maria Santíssima, portanto, Maria, como Mãe de Jesus Cristo, é Mãe de Deus; 4) Calcedônia (em 451): Jesus é uma pessoa, mas com duas naturezas. Ele é, ao mesmo tempo, verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, portanto, com duas naturezas, a divina e a humana, numa só pessoa; 5) Constantinopla II (em 553): Condena erros doutrinais do teólogo Orígenes e do Bispo Nestório; 6) Constantinopla III (em 680-691). Transforma em dogma a fé nas duas naturezas em Cristo, que estava sendo contestada;

1.2 – A Igreja se torna independente e se estrutura: 7) Nicéia II (em 787), regula, segundo a fé, a veneração e culto às imagens cristãs; 8) Constantinopla IV (em 869-870): define como ilegítimo o Patriarca Fócio, acentuando divergências entre a Igreja Latina e Grega; 9) Latrão I (em 1123 e realizado na Basílica de São João do Latrão, Roma): Termina com a histórica intromissão do Estado na vida e organização da Igreja. A Igreja se torna independente dos governos; 10) Latrão II (em 1139): Torna obrigatório o celibato para os Padres da Igreja ocidental e acaba com a possibilidade de mais de um Papa ao mesmo tempo; 11) Latrão III (em 1179): Traça as normas para eleição de Papa e escolha de bispos. Expulsa da Igreja as autoridades que apóiam os Cátaros (na França) considerados dissidentes; 12) Latrão IV (em 1215): Define o Dogma da transubstanciação (a presença real de Jesus Cristo no pão e o vinho consagrados); Determina a Primeira Confissão e a Primeira Eucaristia já a partir dos 07 anos de idade; condena dissidentes católicos (Albigentes, Maniqueístas, Valdenses);

1.3 – A Igreja se defende e se expande: 13) Lião I (em 1245): Depõe o imperador Frederico II da Germânia, imperador do Sacro Império Romano, que lutava para conquistar os territórios do Papa; 14) Lião II (em 1274): Define a existência do Purgatório; Regulamenta a Assembléia (Conclave) de eleição do Papa; toma meios para a reconciliação com a Igreja Ortodoxa. Lança a Cruzada para a conquista da Terra Santa; 15) Viena (em 1311-1312):  Suprime a Ordem dos Cavaleiros Templários; Suprime os bordéis de Roma; decide por um Arcebispo em Pequim, China; 16) Constança (em 1414-1415): Extinção da Grande divisão da Igreja do Ocidente; condenação dos hereges João Wycliffe e Jan Hus. Declaração de que o Concílio tem supremacia sobre o Papa (mais tarde isso foi abolido) e eleição do Papa Martinho V. 

Nota. Completaremos o quadro no próximo texto. Nossa Igreja tem uma história, marcada por acertos e falhas. Ela é divina (guiada pelo Espírito Santo) e humana (formada por pessoas humanas, pois, nós que a formamos, somos humanos). Além de, aos poucos, definir sua doutrina, ela lutou para manter intacta a sucessão de São Pedro até Bento XVI. De tempos em tempos faz um balanço para redimensionar sua vida e missão e traçar rumos para a sua renovação e seu ardor missionário...  
Irmão Nery fsc, de Machado, MG, é Religioso Irmão de La Salle, educador, catequeta e escritor.

História dos Concílios (2)


Continuamos a síntese dos 21 Concílios Ecumênicos da Igreja, para compreendermos bem a importância do Concílio Vaticano II (1962-1965). Vejamos os 03 últimos Concílios (Basiléia, Trento, Vaticano I):

1.4 – A Igreja em busca da reforma interna. Concílios 17 a 21: 17) Basiléia (na Suiça)-Ferrara e Florença (na Itália) (em 1431-1432): A Igreja define a relação oficial dos livros da Bíblia; (O Cânon dos Livros Sagrados, declarados como inspirados por Deus); A Igreja tenta a união com Igrejas Orientais Ortodoxas, e define os poderes do Papa sobre toda a Igreja Católica; 18) Latrão V (de 1512 a1517): Condenação do Concílio ilegítimo de Pisa (1409-1411), que causou séria divisão na Igreja; Este Concílio determina uma ampla reforma na vida da Igreja.

1.5 A Igreja realiza a sua reforma interna: 19) O Concílio de Trento (de 13/12/1524 a 04/12/1563), aconteceu em Trento, na Itália, e foi longo. Sua tarefa consistiu em fazer uma ampla e profunda ”Reforma de toda a Igreja Católica”. O impulso lhe veio especialmente dos desafios apresentados pelas grande divisões, que a Igreja experimentava na época. Citemos as principais: a) Na Alemanha, sob liderança do padre Martinho Lutero, com o apoio religioso de muitos seguidores e o apoio político dos príncipes alemães, nascia a Igreja Protestante. O nome veio do protesto dele contra algumas crenças e práticas da Igreja Católica do século XVI. E, também, da “Carta de Protesto” de 1529, combatendo as 95 teses de Lutero; b) Na Inglaterra,  Henrique VIII (1491-1547), decidiu romper com o Papa, que não lhe permitiu o divórcio, e criou a Igreja Anglicana; c) Na Suíça dois outros líderes criaram Igrejas: Ulrich Zwinglio (1484-1531) e João Calvino (1509-1564). 

Desde 1563, nós, Igreja Católica, estivemos normatizados e orientados pelos documentos e pelo espírito conciliar do Concílio de Trento: Ritual da Missa e de todos os Sacramentos, Estilo de Oração, Latim como língua oficial da Igreja, Reforma dos Seminários, das Dioceses e Paróquias, Unificação rigorosa da doutrina da Igreja Católica (em relação aos ensinamentos dos Protestantes, da Igreja Anglicana, do Calvinismo, etc). E uma síntese da Doutrina está no Catecismo de Trento ou Catecismo Romano; adoção oficial dos Livros bíblicos gregos, além dos escritos em hebraico (tradução dos 70 sábios), o que diferencia da Bíblia protestante que, portanto, tem 07 livros a menos...

1.6 A Igreja diante da modernidade: 20) Concílio Vaticano I (em 1870). A Igreja estava preocupada com as grandes mudanças ocasionadas pela evolução da indústria, da ciência, da filosofia e da política. Ela reagiu fortemente ao “modernismo” que influenciava decisivamente as pessoas e a organização da sociedade. Além disso, os “Estados Pontifícios” estavam sendo conquistado pela Guerra da Unificação da Itália e era preciso tomar uma atitude. Declarou-se, portanto, a Infalibilidade do Papa, acentuando a sua autoridade suprema no mundo. Mas o Concílio não conseguiu trabalhar os temas propostos, pois a guerra da Unificação Italiana o interrompeu.
Irmão Israel José Nery, membro do Instituto Religioso La Salle, é catequeta e escritor

História dos Concílio Vaticano II (3)


1. O 21° Concílio Ecumênico aconteceu no Estado do Vaticano, há 50 anos, entre 1962 e 1965, e recebeu a denominação de Concílio Vaticano II. O Papa João XXIII (que antes se chamava Cardeal Ângelo Roncalli) havia sido eleito Papa em 28 de outubro de 1958, sucedendo ao Papa Pio XII. Quatro meses depois, ciente da defasagem da Igreja em relação à evolução do mundo, anunciou a 25 de janeiro de 1959, a possibilidade da realização de um Concílio. Houve resistências e apoios. Depois de muito diálogo ele convocou o Concílio, no dia de Pentecostes, 17 de maio de 1959, encaminhou os preparativos e, depois, iniciou, a 11 de outubro de 1962, o grande evento, que foi concluído, em 1965, por seu sucessor, o Paulo VI (antes Cardeal João Batista Montini). Roma abrigou durante as sessões conciliares mais de 2.451 participantes, eleitos pelas Conferencias Episcopais de todo o mundo, convidados especiais especialistas em Bíblia, teologia, pastoral, filosofia, história, política e ciências.

2. A graça de lá estar. Tive o privilégio de estar na Praça de São Pedro, como estudante na Universidade Lateranense, nos meus 20 anos de idade, vendo emocionado e em prece, aquela imensa multidão de `padres´ e `peritos conciliares` em procissão, passando pelo meio do povo. Depois lá da janela dos aposentos do Papa, aconteceu uma memorável saudação de João XXIII a Roma e ao mundo, para sintonizar a todos com aquele grande evento, que se tornou o maior acontecimento da Igreja no século XX.

3. “Aggirornare la chiesa”. O Papa João XXIII, para expressar o objetivo do Concílio Vaticano II, recorreu à expressão italiana “aggiornare la Chiesa”, isto é, trazer a Igreja para o mundo de hoje, adaptá-la, inseri-la na atualidade. Não se tratava de condenar erros, se bem que algumas lideranças queriam um “anátema sit” para o comunismo e os comunistas. O Papa da Bondade, não queria condenação alguma, mas uma Igreja mais fiel a Jesus e ao mundo de hoje, uma Igreja a serviço de um mundo justo, fraterno, solidário, melhor, e buscando respostas eficazes aos grandes desafios e oportunidades do mundo moderno. No final da primeira sessão foi preciso tomar a decisão de mais sessões, de modo que o Concílio durou até seu encerramento no dia 8 de dezembro de 1965. Os participantes levavam muito trabalho para casa e voltavam a Roma, para longas sessões de trabalho, busca de consenso e votações.

4. A novidade do Concílio Vaticano II. Em comparação com os 20 Concílios Ecumênicos anteriores, o Vaticano II decidiu ser um Concílio eminentemente pastoral, dando à Igreja um novo modo de olhar, sentir, perceber: a) o mundo (como Igreja solidária); b) os outros cristãos como (Igreja em atitude ecumênica); c) as outras religiões (como Igreja em atitude de diálogo); c) a si mesma, como Igreja Povo de Deus, servidora do mundo e da humanidade. O Concílio deu um grande impulso à renovação da vida interna da própria Igreja (em todos os aspectos) e no seu modo de lidar com as realidades deste mundo, a ciência, a política, os governos, priorizando a busca da felicidade do ser humano, de todo e qualquer ser humano, sobretudo, os pobres, os feridos em sua dignidade, os excluídos sociais.

5. Próximos artigos. Destacaremos, nos próximos artigos, a mensagem central dos textos conciliares, com ênfase na Constituição Dogmática sobre a Igreja (Lumen Gentium), na Constituição Pastoral sobre a Igreja no Mundo (Gaudium et Spes), na Constituição Dogmática sobre a Palavra de Deus (Dei Verbum) e na Constituição Conciliar sobre a Sagrada Liturgia (Sacrossanctum Concilium).
Irmão Nery fsc – irnery@yahoo.com.br

O MINISTÉRIO DA COORDENAÇÃO - V

“Como bons administradores da multiforme graça de Deus, cada um
coloque à disposição dos outros o dom que recebeu” (1Pd 4,10).

Hoje, o que mais ouvimos dos catequistas que estão na coordenação da animação Bíblico-catequética da sua comunidade, é a reclamação sobre a dificuldade para coordenar e animar o grupo de catequistas. Por isso, é necessário que estejamos atentos a este novo tempo que estamos vivendo. O documento de Aparecida fala de um novo perfil de ser humano nestes novos tempos, nos apresenta uma mudança de época que traz consigo algumas incertezas e inseguranças. É bom olharmos para a história e buscarmos perceber que tipo de ser humano estamos tendo em nossa época.

Nestes novos tempos percebemos um fenômeno mundial novo sobre o exercício da autoridade, pois este sofreu algumas mudanças radicais muito grandes. Percebemos o modelo que passou de um procedimento de prescrição de deveres, normas, tarefas ou práticas para um procedimento de mais liberdade e de escolhas, de buscas, de tentativas, onde as pessoas podem por si mesmas determinarem os valores o tipo de ser humano que querem ser e o modo de integrar-se na sociedade.

A partir destas mudanças, temos um ser humano que pode caminhar por si só, contudo, aparecem as incertezas pela multiplicidade de caminhos, dificuldades no discernimento que geram inseguranças, surgem as dúvidas, ausências e falta de horizontes. Aqui surge o papel do coordenador e o seu exercício como ministério de quem coordena. 

O Ministério da Coordenação é o serviço que suscita e integra, por meio de ações concretas,  as forças vivas da catequese: pároco, catequistas, pais, catequizandos e as outras  pastorais.
 Exercer este ministério, não é decidir tudo, caminhar sozinho, ser o dono da verdade, mas é aquele que, junto com outro, descobre caminhos. Exercer o ministério da coordenação na catequese é gerar vida e criar relações fraternas. É promover o crescimento da pessoa, abrindo espaço para o diálogo, a partilha de vida, a ajuda aos que necessitam de presença, de incentivo e de compreensão. Esse ministério se alimenta na fonte de espiritualidade que decorre do seguimento de Jesus Cristo. Não é uma função, mas uma missão que brota da vocação batismal de servir, de animar, de coordenar. Pela coordenação, o projeto de catequese avança, cria relações fraternas, promove a pessoa humana, a justiça e a solidariedade. A coordenação deve ser missionária, inserida na comunidade, formadora de atitudes evangélicas, comprometida com a caminhada da catequese e com as linhas orientadoras da diocese (DNC 316).

O ministério da coordenação deve ser exercido como quem acompanha, ou seja, o/a catequista coordenador deve ser presença, pois acompanhar, para nós, dever ser entendido como um modo de localizar-se diante do outro, é um processo de estar junto ao outro. É a postura de estar com o outro. O coordenador é aquele que ajuda o grupo de catequista a crescer nas dimensões humana e espiritual. É fundamental no processo do crescimento e desenvolvimento humano a figura do outro que nos acompanha. A pessoa madura necessita de orientação como estímulo daquilo que foi produzido e do que deve cuidar. A partilha determina a profundidade da vida.

Este ministério deve ser exercido com alegria, como uma fonte de espiritualidade, como um serviço em prol do Reino: animando os catequistas, abrindo novos horizontes, atualizando-se continuamente, estando em sintonia com as orientações diocesanas, criando um clima de acolhida,  partilha e confiança. Desse modo, a Catequese surge como luz na comunidade.

Existem diversas maneiras de exercer a coordenação. Dentre elas destacamos as seguintes: Coordenação centralizadora – sobressai a função. O coordenador não divide tarefas. Não confia totalmente no grupo. Normalmente uma coordenação centralizada é autoritária, por vezes distante da caminhada da catequese e dos reais problemas dos catequistas, dos catequizandos, dos pais e da comunidade cristã. Numa coordenação centralizadora, com facilidade surgem os descontentamentos, as divisões, os subgrupos, o desânimo e as desistências.

Coordenação fraterna, democrática – caracteriza-se pelo serviço, pela animação, pela distribuição das tarefas, pela confiança nos catequistas, pelo amor aos pais dos catequizandos, pela vivência comunitária, pela preocupação com a formação dos catequistas, pelo relacionamento humano, afetivo, carinhoso, alegre, mesmo nos erros e nas tensões. Esse modelo de coordenação acolhe as sugestões, aceita com humildade as críticas, aponta sempre uma  luz nas horas de tensões. Acima de tudo, elabora um projeto catequético-participativo capaz de gerar um processo de educação da fé na comunidade.

Características do serviço da coordenação (DNC, n.318)

Signis Brasil promove mais um encontro com mídia católica

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helenacorazza2012A articulação da chamada “mídia católica” é a missão da Signis/Brasil, em vista do fortalecimento dos projetos comuns dos meios de comunicação e da Igreja no Brasil. Com o apoio da Rede Católica de Rádio (RCR), haverá nestes dias 14 a 16 de setembro, mais uma importante iniciativa em prol deste objetivo, na Casa de Retiro das Irmãs Paulinas, em São Paulo (SP).

Participam os associados e representantes de comunicação de impressos, rádios, TVs, cinema e vídeo e Portais católicos. Segundo a presidente da Signis/Brasil, Ir. Helena Corazza, “sentimos que os representantes das mídias querem se unir em projetos conjuntos e isso é muito bom”.

Dom Dimas Lara Barbosa, presidente da Comissão Episcopal para a Comunicação Social e a Ir. Élide Fogolari, assessora de Comunicação Social da CNBB, estarão presentes ao evento. Dom Dimas vai ministrar a palestra central do evento, com o tema “Articulação e Comunhão”.

Durante o evento serão realizados grupos de trabalhos por setores com os representantes das mídias católicas, em vista especialmente dos projetos nacionais: Jornada Mundial da Juventude Rio2013, 8º Mutirão Brasileiro de Comunicação, 50 anos do Concílio Vaticano II.

A VOZ DO PASTOR


O FALSO POLÍTICO
O falso político é aquele que não respeita sua decisão e sua consciência. O pior político, é aquele que faz do eleitor uma mercadoria. O que vai levar essa qualidade ruim de políticos à extinção é conhecimento, estudo, escola de qualidade. Mas não é toda escola, apenas aquelas que se alimentam do desejo da cidadania, ética e respeito mútuo. Uma escola assim, preocupa quem se alimenta da pobreza política da maioria que vive à margem da sociedade. (Carlos: Professor)
Hino Oficial da JMJ Rio2013: “Esperança do Amanhecer”
15/09/2012
Raphael Freire A+ a- Imprimir Adicione aos Favoritos RSS Envie para um amigo

Os fieis da Arquidiocese do Rio de Janeiro, em especial, os jovens, se reuniram na noite da última sexta-feira, dia 14 de setembro, na Paróquia Nossa Senhora da Conceição, em Santa Cruz, para conhecer, ouvir e cantar pela primeira vez o Hino Oficial da Jornada Mundial da Juventude (JMJ Rio2013) intitulado: “Esperança do Amanhecer”. O lançamento da canção que tocará os corações e embalará a vida vocacional e missionária dos jovens de todo o mundo foi realizado durante a “Festa Aventura da Cruz”, após o show dos cantores católicos: Adriana, Eliana Ribeiro, Walmir Alencar, Olivia Ferreira e Leandro Souza – intérpretes do Hino.

O Arcebispo do Rio de Janeiro e Presidente do Comitê Organizador Local (COL) da JMJ Rio2013, Dom Orani João Tempesta, juntamente com o Núncio Apostólico do Brasil, Dom Giovanni d'Aniello, e o autor da canção, Padre José Candido, fez o lançamento oficial do Hino. Com uma grande queima de fogos, milhares de fieis em Santa Cruz e outros milhões através das redes sociais e transmissões ao vivo puderam assistir o making of da gravação do Hino e cantar em uma só voz, em um só coração, a música que marcará a unidade entre todos os povos durante a JMJ Rio2013, que será realizada entre os dias 23 e 28 de julho do próximo ano.

— Creio que hoje é um dia muito bonito para todos nós. Lançamos o Hino oficial da Jornada Mundial da Juventude Rio2013 lembrando que foram 180 contribuições e uma escolha difícil para poder definir uma canção que pudesse dizer aquilo que é a JMJ, aquilo que é a juventude, e que também trabalhasse com o tema da Jornada: “Ide e fazei discípulos entre todas as nações” (Mt 28, 19). O Hino é lançado também num dia muito especial, “Dia da Exaltação da Santa Cruz”, no bairro de Santa Cruz – que comemora os seus 445 anos –, ao mesmo tempo em que sabemos que a Cruz da JMJ percorre diversos estados e municípios do Brasil. (...) Queremos evangelizar e anunciar Jesus Cristo que morreu na cruz, mas que venceu a morte e ressuscitou, e os jovens são protagonistas desse anúncio hoje e amanhã, afirmou Dom Orani.

Entusiasmado com a juventude carioca e com o Hino da JMJ Rio2013, o Núncio Apostólico do Brasil, Dom Giovanni d'Aniello, utilizou o refrão da canção para reafirmar o desejo do Papa Bento XVI: que os jovens sejam missionários.

— Estou muito feliz de estar aqui e foi uma experiência única ter me reunido com os jovens. Sei que eles estão muito animados e felizes com a Jornada Mundial da Juventude, que vão compartilhar deste sentimento com os jovens do mundo inteiro, e que farão uma grande Jornada. O refrão do hino diz: “Cristo nos convida: venham meus amigos! Cristo nos envia: sejam missionários!”. Nós convidamos as pessoas que gostamos, nós convidamos as pessoas que são nossos amigos, pessoas importantes, e Cristo nos considera amigos, pessoas importantes, Ele precisa da nossa colaboração, Ele nos convida para estar com Ele e também depois anunciá-lo para o mundo inteiro, para todas as pessoas que ainda não o conhece e fortalecer aqueles que já o conhecem. Jovens do Rio de Janeiro, sejam missionários do Cristo, levem Cristo aos outros, pois Ele é a verdade, a felicidade e a nossa alegria, exortou o Núncio.

Emocionado, o compositor do Hino, Padre José Candido – autor de mais de 200 títulos –, acompanhou o lançamento e a alegria dos jovens em conhecerem o Hino da JMJ Rio2013.

— Estou muito feliz em participar deste momento. A inspiração do Hino é o Cristo Redentor, pois com seus braços abertos ele nos convida a conhecê-lo e quando nós chegamos lá em cima, no alto Corcovado, vemos não só as belezas naturais, mas também as belezas do povo do Rio de Janeiro, que representa o Brasil e o mundo. Olhamos o povo com o olhar de Cristo e sentimos vontade de ir anunciá-lo e transformar esse mundo e vocês, jovens, vão transformar este mundo eu tenho certeza. Essa é a inspiração, a esperança e a alegria que eu trouxe no coração e queria compartilhar com vocês através do Hino, disse Padre José.

Com uma vasta experiência dentro da música brasileira, o produtor musical Marco Mazzola contou como foi produzir o Hino Oficial da JMJ Rio2013:

— É um sentimento único que estou sentindo porque eu trabalho com a música brasileira há muitos anos e senti uma emoção muito grande quando recebi o desafio de produzir este hino em que a juventude fosse embalada por um ritmo que pudesse representar o nosso Brasil aqui e no mundo. Os jovens são à força desse país, esse país sem os jovens não é nada. Os peregrinos vão chegar e nós vamos acolher a todos com muita alegria e entusiasmo, destacou.

Os jovens entusiastas da nova evangelização aprovaram a canção:

— O Hino é muito especial porque mostra as qualidades da nossa cidade, o carisma e a graça que o carioca tem. Além disso, apresenta a alegria da nossa juventude em acolher todos os jovens que virão dos outros países para a JMJ Rio2013. O autor conseguiu expressar toda a beleza e todo o desejo que nós temos de sediar essa jornada. Estamos muito felizes e o Hino conseguiu transmitir isso muito bem, ressaltou a participante do Ministério Jovem da Renovação Carismática Católica (RCC), Mariana Ferreira.

— O Hino tem a cara da juventude e deu pra perceber que ele foi escolhido pelo Senhor. Nas partes simples podemos enxergar o divino. Fiquei muito tocado e entusiasmado pela jovialidade que tem a letra. Não é possível dizer que não foi uma vontade de Deus que esse hino fosse escolhido para ser um marco na história da Jornada e na vida da juventude do Rio. Estou doidinho para aprender a cantar a letra toda porque esse Hino com certeza já faz parte da minha vida e da minha juventude, afirmou o membro da Pastoral da Comunicação (Pascom) da Paróquia Sagrada Família, no Complexo da Maré, Diego Rezende.

* Fotos: Site JMJ Rio2013 (www.rio2013.com)



Rádio Catedral


  + JMJ Rio 2013
. Núncio reencontra jovens na “Festa Aventura da Cruz”
. Festa Aventura da Cruz: fé e união da juventude
. Pré-lançamento do videoclipe do Hino da JMJ Rio2013
. "Esta não é uma aventura qualquer"
. JMJ RIO2013: Festival da Juventude abre inscrições
Amanhã o Movimento fé e Luz estará presente em Cunhaú. Reuniremos as seis comunidades Fé e Luz: Macau(com três comunidades), Natal(com duas comunidades) e São José de Mipibu(uma comunidade). Esse encontro acontecerá para um momento de fortalecimento do Movimento e ação de graças pelos 10 anos do fé e luz de Mipibu. A nossa missão é levar o deficiente mental e sua família para o coração da Igreja.

ASSESSORES DO BEM E ASSESSORES DO MAL

No mundo de hoje, existe uma corrida desenfreada pelo sucesso. Alguns nessa corrida conseguem sucesso pisoteando os oprimidos pela economia e política e atende somente os interesses de poucos. Mas para isso acontecer, os filhos do mal precisam de assessores e cursos que determinem a perpétua opressão. Não devemos nos orgulhar disso. O próprio Evangelho diz que não adianta ganhar o mundo inteiro e perder a alma. Os assessores do mal já fizeram a sua escolha. Mas, nós somos chamados a colocarmos um fim ao mundo das ilusões. Não é uma tarefa fácil mas para quem tem dúvida a esse respeito basta lembrar o que disse Jesus respondendo às tentações de satanás no deserto. "Nem só de pão vive o homem mas de toda palavra que sai da boca de Deus". Jesus mostrou que temos força para vencer o mal com o bem.
Há uma grande diferença entre os assessores do bem e do mal. Enquanto os assessores do bem semeiam a paz e o amor, eles, os assessores do mal semeiam o ódio e a perseguição. Estamos no tempo de nos aproximar de Deus-Pai todo Poderoso. No mundo de hoje quem é o todo poderoso? Para nós, cristãos, é Jesus pelos séculos dos séculos. A meta é aproximar de Deus para promover o povo. Na verdade é Deus quem se aproxima da pessoa para que esta promova o povo. A escolha de Deus é atemporal, não depende da pessoa mas somente de Deus. Os profetas foram assessores do povo de Deus para encaminhá-los ao coração do Divino Pai-Eterno. Por isso, Deus faz uma aliança definitiva nunca desfeita para o bem da humanidade. Pois Deus criou o homem para salvá-lo, não para destruí-lo. 
"Não deixe o profetismo cair"(Dom Hélder). Esta frase é dirigida aos assessores do bem, os profetas de hoje que lutam em defesa da vida. Que a Palavra de Deus possa curar os doentes e todas as pessoas escravizadas pelo ódio. E essa cura se dá articulando a fé com a vida.    

Cardeal orienta para voto consciente | Arquidiocese de São Paulo

Cardeal orienta para voto consciente | Arquidiocese de São Paulo
Há 50 anos, o Concílio
Data:
terça-feira, 11 Setembro 2012
No próximo dia 11 de outubro, em Roma, será comemorado o 50º aniversário da abertura do Concílio Ecumênico Vaticano 2º. Na ocasião, o papa Bento 16 também dará início ao Ano da Fé, que se estenderá até à festa de Cristo Rei, 24 de novembro de 2013. Será um evento memorável, que fará a memória do mais importante momento da vida da Igreja no século 20.

Embora permanecendo a mesma na sua identidade, natureza e missão, a Igreja mudou muito a partir do Concílio. Mudou para ser mais ela própria. Lembro de uma comparação usada no passado, com certa frequência, para explicar a necessidade das “reformas” conciliares: é como uma bela imagem que as pessoas gostam muito e, por isso mesmo, vão queimando vela em sua homenagem, penduram fitas, colocam coroas e outros enfeites e até vestem a imagem com pano. Tudo, porque gostam e querem expressar o carinho para com aquela imagem querida...

Chega um momento em que já não se consegue mais ver bem a imagem, de tanto enfeite e fuligem de vela... Aos poucos, só se vê o adorno e quem não conhecia a imagem original, perde o apreço por ela, pois não compreende o sentido de tanto adorno... É preciso, então, fazer um restauro, retirando os “acréscimos” que escondiam a imagem, para restituir-lhe a beleza e o sentido originários... Comparação é comparação.  “Omnis comparatio claudicat” (toda comparação tem defeitos), já diziam os latinos. Fiquemos com o aspecto verdadeiro, para aplicar essa comparação à Igreja.

A reforma, ou renovação conciliar, teve a intenção de ajudar a Igreja a voltar-se para o mais essencial; antes de tudo, para perceber de onde ela própria vem e que a sua razão de ser e existir não vem dela, mas do amor de Deus Trindade, da Palavra reveladora do desígnio de salvação de Deus para com o homem (Constituição Dogmática Dei Verbum), A Igreja queria compreender-se melhor como povo agraciado por Deus, chamado e enviado a proclamar ao mundo a Boa Nova, testemunha do Reino de Deus entre os homens; era necessário clarear novamente a parte de cada membro na vida e na missão da Igreja (Constituição Dogmática Lumen Gentium).

Para melhor realizar isso, foi feita a renovação da Liturgia, da disciplina e organização da Igreja, da formação, vida e missão dos bispos, presbíteros, religiosos e leigos, para que cada um destes grupos componentes da Igreja pudesse viver melhor sua vocação e missão no seio da Igreja e no coração do mundo. Era necessário reafirmar mais uma vez, e de maneira clara, que a Igreja é missionária e não pode deixar de cumprir o mandato de Cristo, de ir e proclamar o Evangelho a todos os povos. Vários decretos e outros documentos do Concílio deram indicações para a revitalização da Igreja, que se fazia muito necessária.

Mas também era necessário que a Igreja se colocasse no compasso do tempo e da história, propondo-se como anunciadora, servidora e testemunha de Boas Novas para o homem contemporâneo, dialogando com o mundo, sem deixar-se absorver por ele; a Igreja tem muito mais para dizer ao homem do que aquilo que ele não deve fazer: ela tem uma luz forte a irradiar sobre a dignidade da pessoa humana e a reta ordem do viver e conviver entre todos os membros da comunidade humana, que ela não pode reter para si e deve partilhar, para a vida plena do homem (Constituição Pastoral Gaudium et Spes).

Por isso mesmo, no Concílio Ecumênico Vaticano 2º, a Igreja abriu-se para ouvir e dialogar com os cristãos de outras Igrejas e grupos, com os crentes de religiões não-cristãs e também com os não crentes. Não é porque ela estivesse pouco convicta da própria verdade, mas porque apenas na atitude do diálogo se consegue compreender as razões do outro e empreender um caminho que tenha algo em comum. Desde o Concílio, muitos passos foram dados nesse caminho, nem sempre fácil.Seria muito pouco, se olhássemos o Concílio Vaticano 2º apenas como um acontecimento do passado. O cinquentenário de sua realização também é ocasião para avaliar os frutos já produzidos; e também para perceber as inevitáveis falhas na aplicação do Concílio, ao longo desses anos todos. E isso tudo nos ajudará a perceber melhor a graça do Concílio e quanto ele ainda tem para ajudar a Igreja nos próximos anos. O Concílio foi concluído em 1965; mas a obra do Concílio está longe de estar concluída!

Publicado em O SÃO PAULO, ed. de 11.09.2012

Cardeal Odilo Pedro Scherer

Arcebispo de São Paulo

MARTÍRIO DE CUNHAÚ




Em 16 de julho de 1645, o Pe. André de Soveral e outros 70 fiéis foram cruelmente mortos por mais de 200 soldados holandeses e índios potiguares. Os fiéis participavam da missa dominical, na Capela de Nossa Senhora das Candeias, no Engenho Cunhaú – no município de Canguaretama, localizado a Zona Agreste do Rio Grande do Norte. Por seguirem a religião católica, tiveram que pagar com a própria vida o preço da fé, por causa da intolerância calvinista dos invasores.

Três meses depois, aconteceu outro martírio, onde 80 pessoas foram mortas por holandeses, entre elas, o camponês Mateus Moreira, que teve o coração arrancado pelas costas, enquanto repetia a frase “Louvado seja o Santíssimo Sacramento”. Este morticínio aconteceu na Comunidade Uruaçu, em São Gonçalo do Amarante – a 18 km de Natal, litoral do RN.

Fragmentos da História dos Protomártires:
Segundo o Postulador da Causa dos Mártires, Monsenhor Francisco de Assis Pereira, em seu livro Protomártires do Brasil:
“Os holandeses chegaram à Capitania do Rio Grande, no dia 08 de dezembro de 1633. Depois da rendição pelos portugueses da Fortaleza dos Reis Magos, que defendia a entrada marítima da Cidade (de Natal) , a prinicipal preocupação dos invasores foi assumir, o quanto antes, os pontos estratégicos que garantiam a economia da região e subsistência da população.
A economia do Rio Grande do Norte era ainda bastante primitiva. Viviam os moradores das plantações de milho e mandioca, da pesca e da criaçào de gado. O rebanho do Rio Grande era calculado em 20.000 cabeças de gado. Um viajante holandês assim descreve o modo de viver do povo da capitania ocupada:
‘As pastagens são ali excelentes e os habitantes não têm outra riqueza senão o gado, com o que fazem muito dinheiro; entretanto, a maioria do povo é miserável mal tendo de que viver; pegam ali muito peixe, plantam grande quantidade de mandioca para fazer farinha e também muito milho, o que tudo é trazido aqui para Pernambuco; há igualmente abundância de caça e de frutos silvestres.’ ( Adriaen Verdonck)
Os relatórios oficiais e os cronistas holandeses sublinham a importância de estoque de carne e peixe do Rio Grande para suprir às necessidades de suas tropas, principalmente no período de guerra. Diz o relatório dos Três Altos Conselheiros:
‘Durante as revoltas dos portugueses, quando não podíamos ter acesso ao interior e nada podíamos alcançar deste, foi do Rio Grande que não somente os fortes da Paraíba, como também as outras guarnições, foram mantidos com carne e peixe.’(Relatório dos Três Altos Conselheiros)
O mesmo é dito pelo cronista Nieuhof:
‘Daí vieram os fartos abastecimentos de carne e peixe para as vossas guarnições da Paraíba e outras partes, durante a rebelião dos portugueses.’
Uma outra fonte de renda para o Rio Grande era a lavoura de cana de açúcar. Na capitania do Rio Grande havia apenas dois engenhos: o Potengi e o Cunhaú. O primeiro a ser invadido pelos holandeses foi o Potengi, por estar mais próximo de Natal. O engenho Potengi não representava muito para a economia do Rio Grande. Encravado em terras pouco férteis, já estava quase desativado, de fogo morto, como se costuma dizer. Na época da invasão, pertencia a Francisco Rodrigues Coelho que aí residia com sua família.
Com a chegada dos flamengos a Natal, vários moradores importantes da capitania se refugiaram no engenho, na esperança de que sobreviessem reforços da Paraíba e de Pernambuco. Os holandeses os perseguiram: no dia 14 de dezembro, seis dias após o desembarque em Natal, deixaram a Fortaleza dos Reis Magos em três grandes botes de vela e seguiram , Potengi acima, e depois por terra, até o engenho com a ajuda de tapuias da tribo dos Janduis, mataram Francisco Coelho, sua mulher e seis filhos, e todas as outras pessoas que ali se encontravam, em número de sessenta.
Foi este o primeiro grande morticínio perpetrado, pelos flamengos em solo potiguar. Dada, porém, a ausência de motivação religiosa, esta chacina não apresenta as característica de um verdadeiro martírio de fé.
O engenho Cunhaú, a 80 Km de Natal, construído na sesmaria dada por Jerônimo de Albuquerque, em 02 de maio de 1604, aos seus filhos Antônio e Matias, era o mais importante centro da economia do Rio Grande.
O vale do Cunhaú, onde estava situado o engenho, irrigado pelo rio do mesmo nome, constituía um imenso campo verdejante de canaviais e plantações de milho e mandioca. Toda a colheita de cana de açúcar era moída no engenho que chegou a safrejar, anualmente, de seis a sete mil arroubas de açúcar. O vale possuía também extensas áreas de criação de gado, cuja carne abastecia toda a região.
A produção de açúcar, carne e farinha era exportada para Pernambuco e Paraíba, através do Rio Cunhaú que desemboca no Oceano Atlântico. A Barra do Cunhaú era guarnecida por uma fortificação construída pelo portugueses e tonada pelo flamengos em 1634.
Por tudo isso, Cunhaú se tornou o alvo da ambição e cobiça dos holandeses na sua ânsia de dominar toda a região e controlar a sua economia. Sua posição estratégica, a meio caminho da Paraíba, fez de Cunhaú um palco de lutas sangrentas, vinganças e saques entre portugueses, índios e holandeses.
A primeira invasão de Cunhaú pelos holandeses ocorreu em 1634. O engenho que, então, pertencia a Antônio de Albuquerque Maranhão, foi confiscado e vendido ao sargento-mor Joris Gartsman e ao conselheiro político Balthasar Wintges. Posteriormente, estes o venderam a Willem Beck e Hugo Graswinckel. Quando dos acontecimentos que estamos por narrar, o engenho voltara às mãos de um português, Gonçalo de Oliveira, que adquirira por suas ligações de amizade com os holandeses.

O morticínio na Capela de Cunhaú:
Passadas as turbulências que caracterizaram o início da ocupação, a vida do engenho parecia ter voltado à normalidade. Ao redor da Capela de Nossa Senhora das Candeias, da casa-grande e do engenho, viviam pacatamente 70 modestos colonos com suas famílias. Inteiramente dedicados aos seus trabalhos na lavoura e na moagem da cana. Nada indicava qualquer alteração neste ritmo. Novas tempestades, porém, já davam sinais no horizonte.
O movimento de insurreição contra o domínio holandês já começara em Pernambuco mas, na longínqua capitania do Rio Grande tudo parecia normal. Bastou, porém, a presença de uma só pessoa para que o clima se tornasse tenso: Jacó Rabe, um alemão a serviço dos holandeses, chegara repentinamente a Cunhaú, no dia 15 de julho de 1645.
Rabe era um personagem por demais conhecido dos moradores de Cunhaú. Freqüentes eram aquelas incursões por aquelas paragens, sempre acomoanhado de seus amigos e liderados, os ferozes tapuias, semeando por toda parte ódio e destruição. A simples presença de Rabe e dos tapuias já constituía motivo suficiente para suspeitas e temores.
Além dos tapuias, Jacó Rabe trazia, desta vez, consigo alguns potiguares com o chefe Jererera e soldados holandeses, uma vez que se apresentava em missão oficial, dizendo-se portador de uma mensagem do Supremo Conselho Holandês, do Recife aos moradores de Cunhaú.
No dia seguinte, 16 de julho, um Domingo, aproveitando a presença de um grande número de colonos na igreja, para a missa dominical celebrada pelo Pároco Pe. André de Soveral, Jacó Rabe mandara afixar nas portas da igreja um edital, convocando a todos para ouvirem as Ordens do Supremo Conselho, que seriam dadas após a missa.
Muitos compareceram, mas uma chuva torrencial, providencialmente caída naquela manhã, impediu que o número fosse maior. (...)
Como havia um certo receio pela presença de Jacó Rabe alguns preferiram ficar esperando na casa de engenho.
Chegou a hora da missa. Os fiéis, em grupos de familiares ou de amigos, se dirigiram à igrejinha de Nossa Senhora das Candeias. Levados apenas pelo preceito de cumprir o preceito religioso, evidentemente não portavam armas, proibidas pelas autoridades holandesas, mas só alguns bastões que encostaram nas paredes do pórtico.
O Pe. André inicia a celebração. Após a elevação da hóstia e do cálice, erguendo o Corpo do Senhor, para a adoração dos presentes, a um sinal de Jacó Rabe, foram fechadas todas as portas da Igreja e se deu início à terrível carnificina.
Foram cenas de grande atrocidade: os fiéis em oração, tomados de surpresa e completamente indefesos, foram covardemente atacados e mortos pelo flamengos com a ajuda dos tapuias e potiguares.
Ao perceber que iam ser mesmo sacrificados, os fiéis não se rebelaram. Ao contrário, ‘entre mortais ânsias se confessaram ao sumo sacerdote Jesus Cristo Senhor Nosso, pedindo-lhe cada qual, com grande contrição perdão de suas culpas”, enquanto o Pe. André estava ‘exortando-os a bem morrer, rezando apressadamente o ofício da agonia”.



Eleições: votar bem é preciso


A Igreja tem como missão evangelizadora e pastoral, recebida de Jesus Cristo, iluminar a consciência das pessoas com a luz do Evangelho e dos valores do Reino de Deus, motivando-as ao exercício da plena cidadania. Neste sentido, o Papa Bento XVI disse que “a política é mais do que uma simples técnica para a definição dos ordenamentos públicos: a sua origem e o seu objetivo estão precisamente na justiça, e esta é de natureza ética”.E ainda mais: “a Igreja não pode nem deve tomar nas suas próprias mãos a batalha política para realizar a sociedade mais justa possível. Mas também não pode nem deve ficar à margem na luta pela justiça” (Cf. Deus Caritas Est, 28).Os cristãos e toda população chamados a exercerem um de seus mais expressivos deveres de cidadão, que é o voto livre e consciente, escolham bem os candidatos em quem vão votar. Candidatos que estejam comprometidos com o bem comum. Não votar em candidatos com promessas, promessas e promessas ilusórias. Votar em candidatos com Ficha Limpa, dignos de confiança, para colocar fim à corrupção eleitoral. Não aceitar ato tão imoral como a compra e venda de votos. É ilegal e imoral vender o próprio voto, em troca de benefícios de qualquer espécie. Como é também imoral e ilegal a tentativa de comprar votos. É preciso votar em candidatos que respeitem a vida, preservem o meio ambiente, valorizem a educação, lutem por atendimento melhor na saúde, executem o saneamento básico, segurança pública, superação da violência urbana e rural e das drogas. As eleições municipais marcadas para o próximo dia sete de outubro colocam em disputa os projetos que discutem os problemas mais próximos do povo. Um tempo particularmente propício para a participação consciente e responsável de todos na vida política, seja como eleitor, seja como candidatos a prefeitos e a vereadores, fazendo valer a mensagem: “voto não tem preço, tem consequências!”. Não vote apenas levado pela propaganda ou pelo interesse financeiro pessoal. Voto não é troca de favores, mas uma escolha livre.O exercício do voto é um direito e um dever de cada cidadão, e este deve exercê-lo segundo a sua própria consciência. Umvoto consciente resulta na dignidade da vida, na moralidade pública e no bem comum.Nada mais justo, pois, do que batalhar por uma eleição limpa, confiável e que devolva esperança ao povo. Abrir horizontes para “um novo Estado, caminho para uma nova sociedade do bem viver”.“Incentive-se cada vez mais a participação social e política dos cristãos leigos e leigas nos diversos níveis e instituições” e “como cidadãos cristãos, cabe nos empenharmos na busca de políticas públicas que ofereçam as condições necessárias ao bem-estar de pessoas, famílias e povos” (DGAE, 115 e 116). “O vasto e complexo mundo da política, da realidade social e da economia é campo próprio dos leigos” (EN 70). A Igreja “não concorda com a militância político-partidária de membros do clero ou de religiosos” (CNBB, Doc. 22,5; Puebla 524). E estes também não subam em palanques, nem façam campanhas e nem propagandas partidárias. A política deve ser praticada como busca sincera do bem-comum, de modo a promover os direitos dos cidadãos, a começar do âmbito municipal, e não segundo os interesses particulares de candidatos, de indivíduos ou de grupos. O exercício do voto é um dos mais importantes atos de cidadania para as transformações sociais nos municípios e no país. Empenhemo-nos na tarefa de ajudar a construir uma sociedade justa, fraterna e solidária. É bom lembrar que votar é importante, mas ainda não é tudo. Acompanhe, depois das eleições, as ações e decisões políticas e administrativas dos prefeitos e vereadores, para cobrar deles a coerência para com as promessas de campanha e apoiar as decisões acertadas. Deus abençoe e ilumine a todos e todas, eleitores e candidatos, nas eleições municipais deste ano, para o bem de todo o povo!

Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena é Bispo da Diocese de Guarabira - PB e Secretário da Conferência Nacional de Bispos Regional Nordeste 2 (CNBB NE2).

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Bispos do Regional Nordeste 3 divulgam nota sobre a saúde pública

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cnbb-ne32Os bispos do Regional Nordeste 3 da CNBB (Bahia e Sergipe) estiveram reunidos na diocese de Ilhéus (BA) para debater assuntos fundamentais para a caminhada da Igreja nos estados da Bahia e Sergipe. Entre os assuntos, um que teve particular destaque, que foi o tema da Campanha da Fraternidade deste ano, Fraternidade e Saúde Pública.
Aproveitando a oportunidade, os bispos divulgaram uma nota sobre as polícias públicas no país.
Segue a nota sobre o tema:
Dentre as políticas públicas, a saúde é prioridade
Nós Bispos do Regional NE3 da CNBB, que compreende os Estados da Bahia e Sergipe, reunidos em Ilhéus, refletimos o tema da CF 2012: “A Fraternidade e a Saúde Pública” e lema: “Que a Saúde se difunda sobre a terra”.
Considerando que o Sistema Único de Saúde (SUS) é um excelente meio de atendimento de saúde para todos os brasileiros;
Considerando que o SUS não responde às necessidades da população e que reina uma grande insatisfação pelas carências dos serviços de saúde que são prestados, principalmente à população de baixa-renda;
Considerando a necessidade de maiores investimentos de verbas públicas para a saúde;
Declaramos nosso apoio e incentivo ao “Movimento Nacional em Defesa da Saúde Pública”, pela coleta de assinaturas para o “Projeto de lei de iniciativa popular para assegurar o repasse de 10% das receitas correntes brutas da União para a saúde pública brasileira”.
Participando desse abaixo assinado, estaremos colaborando pela melhora da qualidade de serviços em prol da saúde do nosso povo.
Ilhéus, 23 de agosto de 2012
Bispos do Regional Nordeste 3 presentes à reunião em Ilhéus-BA entre os dia 21 e 23 de agosto de 2012.

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12/09/2012

Bento XVI: A oração nos educa a ver os sinais de Deus

Dando sequência ao ciclo de catequeses sobre a oração, o Papa Bento XVI dedicou a Catequese desta quarta-feira, 12, à segunda parte do livro do Apocalipse. Ele lembrou que, mesmo em meio às dificuldades, a Igreja não se fecha em si mesma e continua a afirmar que o mal não vence o bem. Desta forma, os cristãos devem permanecer otimistas e entender que a oração nos educa para vermos os sinais de Deus, que possui toda a vitória.

"...como cristãos não podemos nunca ser pessimistas; sabemos bem que no caminho da nossa vida encontramos muita violência, mentira, ódio, perseguição, mas isto não nos desencoraja. Sobretudo, a oração nos educa a ver os sinais de Deus, a sua presença e ação nos faz sermos nós mesmos luzes do bem, que espalham a esperança e indicam que a vitória é de Deus".

O Pontífice destacou a necessidade dos fiéis se aprofundarem na leitura da história em que vivem, a fim de contribuírem com o desenvolvimento do Reino de Deus. "E este exercício de leitura e de discernimento, como também de ação, está ligado à oração", disse.

Bento XVI lembrou que, após o apelo feito por Cristo na primeira parte do Apocalipse para que os fiéis ouvissem o que o Espírito diz à Igreja, a assembleia é convidada a subir ao céu para ver a realidade com os olhos de Deus. Isso traz três símbolos que são pontos de referência para a leitura da história: o trono de Deus, o Cordeiro e o livro.

O Papa explicou que esses três símbolos nos fazem lembrar qual é o caminho para saber ler os fatos da história e da nossa própria vida e que, olhando para o céu, no relacionamento constante com Jesus, o povo aprende a ver as coisas de um modo novo.

“A oração é como uma janela aberta que nos permite ter o olhar voltado para Deus, não somente para nos recordar a meta para a qual nos dirigimos, mas também para deixar que a vontade de Deus ilumine o nosso caminho terrestre e nos ajude a vivê-lo com intensidade e compromisso”.

O Santo Padre lembrou ainda que o mundo está repleto de males causados pelo homem, mas que isso não deve ser motivo de desânimo. "Diante dessa realidade, muitas vezes dramática, a comunidade eclesial é convidada a não perder nunca a esperança, a crer firmemente que a aparente onipotência do Maligno colide com a verdadeira onipotência de Deus".

A importância da oração também foi outro aspecto enfatizado por Bento XVI. Ele ressaltou que não existem orações inúteis; Deus, em seu amor e misericórdia, sempre responde às nossas orações, mesmo que de forma misteriosa.

“Muitas vezes, diante do mal se tem a sensação de não poder fazer nada, mas é a nossa própria oração a primeira resposta e mais eficaz que podemos dar e que faz mais forte o nosso cotidiano empenho em espalhar o bem”.

Fonte: Canção Nova
 


Sábado, 15 de setembro de 2012
Como estar sempre cheio de Deus?

Depende da sede que você tem. Ter Deus é necessário e muito simples. Quem não tem sede do Senhor - e nem mesmo pede ao menos para tê-la - jamais provará da Água da Vida.

E quem tem sede, e sabe que a tem, mas nada faz, continua sedento. Por outro lado, quem tem sede e pede, com total confiança em Deus, em vez de um copo, a vida sacia-o com uma fonte que não cessa de jorrar do próprio interior.

Eis o segredo! É assim que a gente aprende a permanecer em Deus!
Basta pedir agora, neste momento, e continuar pedindo com uma sede que não se acaba.
É um exercício espiritual.

 Mensagem do dia
 
Sábado, 15 de setembro 2012
Coloque a Palavra de Deus em prática
''Bem-aventurados os que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática'' (Lc 11, 28). São Tiago vai nos dizer: ''Sede realizadores da Palavra e não apenas ouvintes que se iludiram a si mesmos'' (Tg 1, 22). Por que se iludiriam a si mesmos? Porque tinham conhecimento da Palavra, mas sem fruto; sem transformação de vida. São aqueles de quem Jesus fala no Sermão da Montanha: "Aquele que ouve a Palavra de Deus, mas não a põe em prática é como o homem que construiu a casa sobre a areia. De nada adiantou todo o esforço e todo investimento: a casa ruiu no primeiro vendaval'' (cf. Mt 7, 26ss).

Em nosso método de ler a Bíblia e fazer o diário espiritual, a última questão é a mais importante: ''Como vou colocar esta Palavra em prática?'' Nesse momento somos desafiados a colocá-la em prática. É como se Deus mesmo nos desafiasse: "Façam a prova e vejam como a minha Palavra 'funciona'''. Ela é viva, ela é eficaz. Ela se realiza. Basta colocá-la em prática. A Palavra de Deus é como a semente: se plantar, nasce.

Neste mês da Bíblia, você e eu somos convidados a esse passo importantíssimo na nossa caminhada: colocar a Palavra de Deus em prática. Faça a experiência. Você vai perceber, com surpresa, o quanto ela é concreta. Ela pode ser vivida por qualquer pessoa e está ao alcance de todos. Experimente fazer isso. É isso que o Senhor quer para cada um de nós: que não gastemos mais tempo e esforço à toa. Construir, sim, mas construir sobre a rocha. Conhecer a Palavra de Deus e colocá-la em prática no nosso dia a dia é uma experiência maravilhosa. Você verá!

Deus o abençoe!

Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

O VOTO



É necessário que o Filho do Homem seja levantado

Evangelho do dia: Jo 3, 13-17

Todos os que crêem no Filho de Deus elevado entre o céu e a terra, suspenso na cruz, recebem dele a vida eterna. A cruz, instrumento de suplício e de maldição, torna-se, em Jesus Cristo, instrumento de salvação para todas as pessoas. Por isso, somos convidados a nos associar à cruz de Cristo. Quando falamos em união à cruz, logo pensamos em sofrimento, mas devemos pensar em algo que é mais importante que o sofrimento: Jesus, no alto da cruz, não era nada para si, mas todo para os outros, nos mostrando, assim, que cruz significa não viver para nós mesmos, mas fazer da nossa vida um serviço a Deus e aos irmãos e irmãs. A cruz só pode ser verdadeiramente compreendida sob o horizonte do amor maior.
Como podemos agradecer e louvar o tempo todo?
São Basílio Magno ensinava: "Pedes e não recebes, porque a tua oração foi malfeita ou sem fé, sem devoção ou desejo, ou porque pediste coisa que não se referia à tua salvação eterna, ou pediste sem perseverança".

Temos a necessidade de adorar a Deus durante as vinte e quatro horas do dia. Jesus disse que é preciso orar sem cessar, sem nunca deixar de fazê-lo. Mas como podemos ficar pedindo o tempo todo? Como podemos agradecer e louvar o tempo todo? Nossos lábios iriam se cansar. Sim, podemos adorar o tempo todo porque é o nosso coração e espírito que estão sintonizados com Deus.

Nosso lugar é com Deus! Vivemos uma vida infeliz porque vivemos fora do nosso lugar, do nosso "habitat" que é Deus. Podemos perder a nossa vida apostólica e religiosa se deixarmos o Senhor, nosso "habitat" natural. Nosso lugar é Deus, por isso o nosso lugar é na adoração. Adorar é ficar em Deus! Permanecer unido ao Coração d'Ele durante todo o dia. Você pode adorar até mesmo deitado no sofá. Mesmo que esteja esgotado não se deite ali somente para descansar. Descanse em Deus porque isso já é adoração. Na adoração não precisamos de palavras, mas se as temos, isso é um acréscimo. No amor não são necessárias palavras e os melhores momentos de amor acontecem no silêncio, no qual não há necessidade de se dizer nada.

Não queira ficar falando muito, pois Deus sabe de tudo. É claro que há momentos nos quais precisamos louvar e agradecer a Deus, assim como há outros momentos em que é preciso fazer pedidos a Deus, mas há aqueles nos quais precisamos simplesmente estar em Deus como o peixe está na água.

Deus o abençoe!

Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova

VOTO NA CIDADE


DEBATE





Após o debate vamos analisar as propostas que foram apresentadas pelos candidatos. É verdade que se passaram décadas e a história se repetindo. Os pobres da cidade sem perspectivas para alcançarem o bem comum. A sugestão que fica é que as famílias se reúnam discutam os problemas da cidade: desemprego, fome, perseguição. Nunca vivemos a experiência de sociedade organizada e pautada no bem comum. Isso só vai acontecer quando o povo assumir o seu protagonismo. Educação e educadores livres das correntes da opressão são capazes de fazer uma educação de qualidade.



ESTAMOS LONGE DE UMA SOCIEDADE JUSTA

Os problemas dos pobres aumentam cada vez mais. Mas não se trata de castigo de Deus. São problemas criados pelo tipo de política  que vem como imposição dos poderosos. Nosso Pai do céu não ignora essa realidade que nos leva ao sofrimento. Pois, na história da humanidade, Deus sempre se posicionou do lado dos mais necessitados. O surgimento dos novos pobres não acontece de forma espontânea. Os novos pobres são gerados e aumentam o exército dos que passam fome e sede de justiça. É preciso refletir sobre as raízes desse problema. 
Quem vai dar a solução para os grandes problemas criados pela politicagem não são os seus próprios criadores. Mas, quando a comunidade se tornar organizada, ela terá todas as possibilidades de mudanças. Com um povo consciente e eleito descobriremos o caminho da mudança. 

"Venho ao Líbano como peregrino de paz", diz Bento XVI

Jéssica Marçal
Da Redação, com Rádio Vaticano


news.va
'Venho ao Líbano como peregrino de paz, como amigo de Deus e como amigo dos homens', disse o Papa em seu discurso de chegada ao Líbano
Em sua chegada ao Líbano nesta sexta-feira, 14, (por volta de 13h45 local, 7h45 em Brasília), o Papa Bento XVI agradeceu pelo convite e enfatizou que sua presença no país, entre outros motivos, busca reafirmar a importância da presença de Deus na vida de cada um. Ele afirmou que vai ao Líbano como “peregrino de paz, como amigo de Deus e como amigo dos homens”.

Acesse
.: NA ÌNTEGRA: Discurso de Bento XVI na chegada ao Líbano
.: Todas as notícias do Papa no Líbano
.: Programação da viagem de Bento XVI ao Líbano


O Pontífice também afirmou que a forma de viver em união, da qual o Líbano quer dar testemunho, será alcançada a partir de uma visão acolhedora e benevolente em relação ao outro e se estiver enraizada em Deus. 

Bento XVI disse que não esquece os acontecimentos tristes e dolorosos que, por longos anos, perpassaram o Líbano, mas lembrou que a convivência feliz dos libaneses deve ser um exemplo de que pode haver colaboração entre diversas Igrejas, todas elas membros da única Igreja Católica, num espírito de comunhão fraterna.

“A convivência feliz de todos os libaneses deve demonstrar a todo o Médio Oriente e ao resto do mundo que, dentro duma nação, pode haver colaboração entre as diversas Igrejas – todas elas membros da única Igreja Católica – num espírito de comunhão fraterna com os outros cristãos e, ao mesmo tempo, a convivência e o diálogo respeitoso entre os cristãos e os seus irmãos de outras religiões”.

Porém, o Pontífice lembrou que este equilíbrio, às vezes, é ameaçado por pressões de partes contrárias e estranhas à harmonia e suavidade libanesas. Diante destas situações, Bento XVI acredita ser necessário dar provas de “real moderação e grande sabedoria”, fazendo prevalecer a razão sobre a paixão unilateral para que se alcance o bem comm de todos.

“Porventura o grande rei Salomão, que conhecia o rei Hiram de Tiro, não considerava a sabedoria como sendo a virtude suprema!? Por isso a pediu com insistência a Deus, que lhe deu um coração sábio e inteligente (cf. 1 Rs 3, 9-12)”.

O Papa também citou outro motivo de sua visita ao Líbano: a entrega da Exortação apostólica pós-sinodal da Assembleia Especial para o Médio Oriente do Sínodo dos Bispos, Ecclesia in Medio Oriente. “Destinada ao mundo inteiro, a Exortação propõe-se ser para eles um roteiro para os anos futuros”, disse.

O primeiro compromisso do Papa no país será uma visita à Basílica de St. Paul, em Harissa e a Assinatura da Exortação Apostólica Pós-Sinodal, logo mais, às 12h, horário de Brasília.




O tempo que os alunos ficam na escola

É possível aproveitar melhor as horas letivas se o trabalho desenvolvido com os estudantes é de boa qualidade

Terezinha Azerêdo Rios (novaescola@atleitor.com.br)
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Ética na escola
Terezinha Azerêdo Riosé graduada em Filosofia e doutora em Educação.

Quando se aproxima o fim do ano, as pessoas geralmente comentam que o tempo passou rápido e lamentam que ele foi curto para realizar tudo o que foi planejado e para aproveitar bem as possibilidades surgidas no caminho. Na escola, nos apressamos para encerrar as atividades e sair de férias sem deixar pendências. E nos preocupamos com o que não pudemos fazer por causa da falta de tempo. Embora a passagem cronológica seja igual para todos, temos a impressão - e a experiência - de que o tempo não é suficiente para tudo o que queremos e necessitamos fazer.

A temporalidade é mesmo um componente fundamental de nossas vivências. Ela tem a ver com a história, que é feita por todos nós, a cada dia. E ela não é o tempo passando por nós, mas a nossa interferência no tempo. Por isso, é importante refletir sobre nossa atuação e o significado que damos a ela.

O filósofo e teólogo santo Agostinho (354-430) dizia: "O que é o tempo, afinal? Se ninguém me pergunta, eu sei; mas se me perguntam e eu quero explicar, já não sei". O tempo é mesmo difícil de definir, mas todos o vivenciamos. Acontece que nem sempre refletimos sobre a dupla dimensão com que ele nos aparece. Ele é cronos - o tempo dos relógios e calendários, passível de medida - e kairós, o tempo ao qual se confere um sentido, povoado pelo significado das ações dos seres humanos, para além de padrões e medidas. É um tempo qualificado pelas relações entre os indivíduos e grupos e pelo contexto no qual elas se estabelecem. Assim é que podemos falar em um tempo rico ou problemático ou em tempos de alegria ou de crise.

Ao avaliar o trabalho realizado na escola e se preparar para planejar as ações do ano seguinte, os gestores criam espaço para uma reflexão sobre a utilização do tempo dos que ali convivem: terá sido ele exaustivo? Ou será que foi produtivo para a comunidade escolar? Foi de partilha e de crescimento para todos?

Muito se tem discutido sobre a necessidade de a escola realizar uma Educação de tempo integral. Se considerarmos o tempo em sua feição de kairós, somos levados a pensar num aproveitamento integral do tempo, mesmo que sua duração seja curta. Isso diz respeito à qualidade do trabalho que se realiza, à inteireza de nossa presença, ao envolvimento e compromisso no desenvolvimento das ações. É verdade que, ao dispor de um número maior de horas, podemos planejar um trabalho que produza mais resultados. Porém é preciso pensar também no significado, do ponto de vista ético, daquilo que se realiza. A ética nos aponta, em seu horizonte, à vida boa como um direito de todos. Temos procurado buscar, é bem verdade, uma vida comprida. Entretanto, é importante que possamos fazê-la também larga. O trabalho na escola será efetivamente integral se não for apenas de tempo esticado, mas de Educação alargada.

Temos urgência de uma boa Educação. Mas não há necessidade de nos apressarmos se isso significar correr contra o tempo. A Educação de boa qualidade é aquela a favor de todos, que não é contra ninguém. Lembrar isso e se empenhar nessa direção constitui um bom presente - tempo vivido e ofertado - no Natal e sempre, na escola e na vida.