sábado, 17 de novembro de 2012

Publicações/Vaticano: Novo livro do Papa vai ajudar a «repensar» o Natal, diz cardeal Gianfranco Ravasi

Presidente do Conselho Pontifício da Cultura é um dos responsáveis pela apresentação mundial da obra

Braga, 17 nov 2012 (Ecclesia) – O livro final da trilogia de Bento XVI sobre “Jesus de Nazaré” vai ajudar a “repensar o mistério do Natal”, disse hoje em Braga o cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício da Cultura (Santa Sé).
“Este livro terá um relevo particular para os crentes, por causa do tema da encarnação, sobretudo nas proximidades do Natal, mas também tem um valor para todos, porque aborda o tema das crianças, da maternidade, da paternidade, do massacre dos inocentes, da fuga do Egito”, disse à ECCLESIA.
Segundo este responsável, os episódios abordados pelo Papa enfrentam “temas dramáticos”, que não interessam “apenas aos crentes”.
O cardeal Ravasi e a teóloga brasileira María Clara Bingemer vão apresentar na terça-feira o novo livro de Bento XVI, que aborda a infância de Jesus, editado pelo Vaticano e a Rizzoli, com edição portuguesa a cargo da Principia, chegando às livrarias na quarta-feira.
Na publicação, o Papa defende que a figura de Cristo se distingue das personagens da mitologia e apela à “seriedade” da pesquisa histórica.
“Jesus não nasceu nem apareceu publicamente no vago ‘outrora’ do mito. Ele pertence a um tempo datável exatamente e a um ambiente geográfico indicado com clareza”, escreve Bento XVI.
O livro vai abordar os chamados “evangelhos de infância”, sobre os primeiros anos de vida de Cristo, e é apresentado pelo próprio Papa como uma introdução aos dois livros precedentes sobre a figura e a mensagem de Cristo.
O cardeal Ravasi, um especialista no estudo da Bíblia, destaca que os evangelhos têm de ser lidos a partir da história e da literatura, mas também com um “olhar teológico” que remete para a “dimensão transcendente”.
O primeiro volume de ‘Jesus de Nazaré’ tinha sido publicado em 2007 e era dedicado ao começo da vida pública de Cristo (desde o batismo à transfiguração).
A segunda parte da obra foi apresentada em março de 2011, passando em revista os momentos que precederam a morte de Jesus e a sua ressurreição.
Toda a obra começou a ser escrita no verão de 2003, antes da eleição de Joseph Ratzinger como Papa.
“Espero que o pequeno livro, não obstante os seus limites, possa ajudar muitas pessoas no seu caminho rumo a e com Jesus”, sublinha agora Bento XVI.
A Principia Editora, como já tinha acontecido aquando do segundo volume, foi selecionada no âmbito de uma consulta internacional lançada pela editorial italiana Rizzoli, detentora dos direitos mundiais da obra e responsável pelas negociações para a cedência dos direitos de publicação para cada idioma.
A divulgação e a apresentação da obra em Portugal têm o apoio da Agência ECCLESIA.
PTE/OC

Defenda a vida


REFLEXÃO


Quer deixar um planeta melhor para seus filhos? Pense em como deixar filhos melhores para o nosso planeta!

33º Domingo do Tempo Comum



Introdução
               A temática central deste 33º domingo do Tempo Comum é a“consumação da história, coma parusia do Senhor”. “Parusia”, quer dizer “no último dia” (Jo 6,39-40. 44.54; 11,24); “no fim do mundo” (LG 48). Também a terminologia “escatologia”, carrega cosigo o mesmo sentido, ou seja, “para entrar na casa de Deus, é preciso atravessar o limiar, símbolo da passagem do mundo ferido pelo pecado para o mundo da vida nova ao qual todos os homens são chamados. Finalmente, a Igreja tem um significado escatológico” (CIC, n. 1186).
            A (I leitura) ao tratar da consumação, preanuncia a ressurreição, no final dos tempos, daqueles considerados os justos; eles receberão a vida eterna.
            Também e, sobretudo, o (evangelho), nos estimula a descobrir os sinais de um mundo novo que está nascendo das cinzas do reino do mal.
            E a (II leitura), o que tem a nos dizer? O sacerdócio de Cristo garante para o homem desesperado: Cristo foi ontem, é hoje e será amanhã, a esperança, porque Ele derrotou e derrotará sempre o pecado, fazendo reinar a vida.
I leitura (Dn 12,1-3)
O texto (12,1-3) faz parte do livro de Daniel e é conhecido como um texto “apocalíptico”. Apocalipse, o que significa? Alguns pensam que esta palavra significa “confusão”, “mistério estranho”. Nada disso.
Apocalíptico é uma forma literária na qual os ensinamentos são transmitidos através de imagens, aparentemente misteriosas, mas explicáveis.
A I leitura e o evangelho deste domingo utilizam a linguagem apocalíptica, porque falam do “sol que escurece”, das “estrelas que caem”, dos “anjos que convocam os eleitos dos quatro cantos do mundo”, do “filho do homem que vem dobre as nuvens do céu”, do “arcanjo Miguel, do tempo da grande aflição”, da “ressurreição dos mortos”. 
É válido salientar que esse livro surgiu no tempo de muitas dificuldades para o povo de Deus (II século a.C). O autor procura mostrar, portanto, o conflito entre o povo de Deus e os dominadores para daí tirar lições de vida.
Quanto ao objetivo do livro e desse modo de escrever é animar o povo para a resistência diante dos opressores, sobretudo da dominação selêucida, com Antíoco IV Epífanes [morto no ano 164 a.C.] (cf. Pe. Bertolini, Roteiros Homiléticos, p. 483). O povo não está sozinho, mas pode contar com Deus, o seu Eterno parceiro.
A lição que poderá ser tirada é esta aqui: se a luta é sincera, isto é, é em prol da vida e tem Deus como parceiro, ela não será improfícua. Ou seja, nenhum sofrimento, nenhuma lágrima se perderá. A nossa fidelidade acelerará o alvorecer do mundo novo.
Evangelho (Mc 13,24-32)
            Vejamos bem, o cap. 13 do evangelho de Marcos é considerado “apocalipse de Marcos”. Duas situações são tratadas pelo autor: a destruição do templo de Jerusalém, no ano 70 da nossa história (13,1-8) e o futuro da comunidade cristã dentro da história (13,9-37).
            O interesse catequético que está por trás das letras é o “final dos tempos”. Ou seja, a catequese feita  é sobre “o rumo da história e sobre a vinda do Filho do Homem”.
            A situação em que se encontra a comunidade é de perseguição, opressão, tortura e condenação à morte. Entre eles há também discórdias e divisões. Para esses cristãos, abalados pela tentação do mal, sentem-se abalados, Marcos recorda as palavras de Jesus: o Filho do homem não permitirá que eles sejam dispersos.
            Para esses cristãos, deprimidos pela tentação do desânimo, Marcos recorda as palavras de Jesus: o Filho do Homem não permitirá que eles sejam dispersos. Reuni-los-á, não para a prestação de contas, para o julgamento, mas para a salvação.
a)     “A vinda do Filho do Homem é julgamento e salvação”
Há sempre interrogações por parte dos discípulos e da comunidade a respeito de sinais sobre a vinda do Filho do Homem. O Mestre garante que a comunidade sobreviverá à destruição de Jerusalém e do Templo. A tribulação é sempre sinal de que a vinda do Filho do Homem está próxima.
A vinda do Filho do Homem é descrita no v. 26 como próprio poder de Deus que age na história.
b. O que fazer até a vinda do Filho do Homem? (vv. 28-32)
Catequeticamente falando, a metáfora da figueira mostra, por um lado, que o Reino de Deus já está presente na vida da comunidade. Mas ainda é necessário prestar atenção nos sinais e nos acontecimentos da história.
A lição a ser tomada: A esperança que nasce desse texto é que Deus salvará seus eleitos e julgará os que combateram o projeto divino de liberdade e vida. Daí nasce a urgência do compromisso que passa pelo discernimento, em vista da construção do mundo novo.
II leitura (Hb 10,11-14)
            Um detalhe: Israel herdou muito das práticas tradicionais antepassadas. No tempo dos sacerdotes ofereciam continuamente sacrifícios a Deus para destruir os pecados do povo.
            Alcançavam eles o seu objetivo? Claro que não! Como é que o sangue de animais poderia purificar o coração de pessoas?
            Só o sacrifício de Cristo tem o poder de comunicar essa purificação. Oferecido uma vez para sempre, ele libertou de fato os homens e mulheres dos seus pecados.
            Dito isto, a pergunta: Quais os inimigos de Cristo a comunidade cristã deverá submeter-lhe debaixo de seus pés? Como cristãos, qual tem sido a nossa reação enquanto aguardamos a vinda do Filho do Homem?
Pe. Francisco de Assis Inácio
Pároco da Imaculada Conceição – Nova Cruz-RN
Fonte: Pascom Nova Cruz

"Feliz o homem que respeita o Senhor e que ama com carinho a sua lei!" (Salmos 111, 1)
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Simpósio da Penitenciaria Apostólica: A Penitência entre Gregório VII e Bonifácio VIII

Cidade do Vaticano (RV) - Teve início nesta sexta-feira, em Roma, no Palácio da Chancelaria, o simpósio promovido pela Penitenciaria Apostólica sobre o tema "A Penitência entre Gregório VII e Bonifácio VIII".

Participam do evento os estudantes das universidades pontifícias e estatais da capital, apaixonados por história da Igreja, direito canônico, liturgia e pastoral, autoridades eclesiásticas e civis. Os trabalhos foram abertos pelo Cardeal Manuel Monteiro de Castro, que preside à Penitenciaria Apostólica.

"É um período histórico de grande importância política, mas também de forte conotação religiosa porque amadurecia cada vez mais no coração dos pontífices, a consciência de que fosse necessária uma nova cristianização do mundo. Um projeto que exigia necessariamente uma vasta obra de reforma e que dava ao clero um papel de liderança na sociedade" – explicou o purpurado o valor do tema.

Segundo o Cardeal Castro, "o simpósio deste ano se insere no contexto muito particular do Ano da Fé e se realiza logo após o Sínodo dos Bispos sobre a Nova Evangelização para a transmissão da fé cristã".

"Nesta ocasião, foi reiterado por alguns Padres sinodais que a nova evangelização também passa pelo confessionário. O Sacramento da Penitência é um instrumento eficaz, que regenera o ser humano a partir de dentro, porque o ajuda a descobrir a verdade sobre si mesmo, ou seja, de ser filho predileto do Pai, rico em misericórdia e sempre disposto a lhe dar incondicionalmente o seu perdão e paz" – concluiu o purpurado. (MJ)
Mensagem do Papa ao "Átrio dos Gentios", nestes dias, em Portugal - Guimarães e Braga


Este o texto da mensagem do Papa, lida sexta-feira ao fim da tarde, em Guimarães:

"Queridos amigos,

Com viva gratidão e afecto, saúdo todos os congregados no «Átrio dos Gentios», que se inaugura em Portugal nos dias 16 e 17 de Novembro de 2012, reunindo crentes e não-crentes ao redor da aspiração comum de afirmar o valor da vida humana sobre a maré crescente da cultura da morte.
Na realidade, a consciência da sacralidade da vida que nos foi confiada, não como algo de que se possa dispor livremente, mas como dom a guardar fielmente, pertence à herança moral da humanidade. «Mesmo entre dificuldades e incertezas, cada homem sinceramente aberto à verdade e ao bem, com a luz da razão e não sem o secreto influxo da graça, pode chegar a reconhecer na lei natural inscrita no coração (cf. Rm 2, 14-15) o valor sagrado da vida humana desde o primeiro momento do seu início até ao seu termo» (Enc. Evangelium vitæ, 2). Não somos produto casual da evolução, mas cada um de nós é fruto de um pensamento de Deus: somos amados por Ele.
Mas, se a razão pode alcançar tal valor da vida, porquê chamar em causa Deus? Respondo citando uma experiência humana. A morte da pessoa amada é, para quem a ama, o acontecimento mais absurdo que se possa imaginar: aquela é incondicionalmente digna de viver, é bom e belo que exista (o ser, o bem e o belo, como diria um metafísico, equivalem-se transcendentalmente). Entretanto, a mesma morte da mesma pessoa aparece, aos olhos de quem não ama, como um acontecimento natural, lógico (não absurdo). Quem tem razão? Aquele que ama («a morte desta pessoa é absurda») ou o que não ama («a morte desta pessoa é lógica»)?
A primeira posição só é defensível, se cada pessoa for amada por um Poder infinito; e aqui está o motivo por que foi preciso apelar a Deus. De facto, quem ama não quer que a pessoa amada morra; e, se pudesse, impedi-lo-ia sempre. Se pudesse… O amor finito é impotente; o Amor infinito é omnipotente. Ora, esta é a certeza que a Igreja anuncia: «Tanto amou Deus o mundo, que lhe entregou o seu Filho Unigénito, a fim de que todo o que nele crê não se perca, mas tenha a vida eterna» (Jo 3, 16). Sim! Deus ama cada pessoa e, por isso, é incondicionalmente digna de viver. «O sangue de Cristo ao mesmo tempo que revela a grandeza do amor do Pai, manifesta como o homem é precioso aos olhos de Deus e como seja inestimável o valor da sua vida» (Enc. Evangelium vitæ, 25).
Na modernidade, porém, o homem quis subtrair-se ao olhar criador e redentor do Pai (cf. Gn 4, 14), fundando-se sobre si mesmo e não sobre o Poder divino. Quase como sucede nos edifícios de cimento armado sem janelas, onde é o homem que provê ao clima e à luz; e, no entanto, mesmo em tal mundo auto-construído, vai-se beber aos «recursos» de Deus, que são transformados em produtos nossos. Que dizer então? É preciso tornar a abrir as janelas, olhar de novo a vastidão do mundo, o céu e a terra e aprender a usar tudo isto de modo justo. De facto, o valor da vida só se torna evidente, se Deus existe. Por isso, seria bom se os não-crentes quisessem viver «como se Deus existisse». Ainda que não tenham a força para acreditar, deviam viver na base desta hipótese; caso contrário, o mundo não funciona. Há tantos problemas que devem ser resolvidos, mas nunca o serão de todo, se Deus não for colocado no centro, se Deus não se tornar de novo visível no mundo e determinante na nossa vida. Aquele que se abre a Deus não se alheia do mundo e dos homens, mas encontra irmãos: em Deus caem os nossos muros de separação, somos todos irmãos, fazemos parte uns dos outros.
Meus amigos, gostava de concluir com estas palavras do Concílio Vaticano II aos homens de pensamento e de ciência: «Felizes os que, possuindo a verdade, a procuram ainda a fim de a renovar, de a aprofundar, de a dar aos outros» (Mensagem, 8 de Dezembro de 1965). Tal é o espírito e a razão de ser do «Átrio dos Gentios». A vós comprometidos de várias maneiras neste significativo empreendimento, manifesto o meu apoio e dirijo o meu mais sentido encorajamento. O meu afecto e a minha bênção vos acompanham hoje e no futuro."

Vaticano, 13 de Novembro de 2012. (FONTE: RV)
‎"Verdadeiramente Tu és Deus escondido.
As maiores comunicações e as mais elevadas e sublimes notícias de Deus que a alma possa ter nesta vida, nada disso é Deus em Sua essência nem tem a ver com Ele, pois, na verdade, Deus permanece sempre escondido para a alma.
É conveniente, então, que ela O tenha sempre como escondido e acima de todas essas grandezas e O busque sempre escondido!" (S. João da Cruz)

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

PENSAMENTO DA SEMANA
12 a 19/11
"O homem de bem exige tudo de si próprio; o homem medíocre espera tudo dos outros"
(Confúcio)

Como um livro aberto sobre a vida

13/11/2012 - Por: faculdadecn
«É bom ser idosos!». Foi a mensagem que Bento XVI deixou esta manhã, segunda-feira, 12 de Novembro, dentro dos muros da casa-família da comunidade de Santo Egídio, em Roma – onde foi «como idoso em visita aos seus coetâneos» disse – mas idealmente dirigido a todas as pessoas idosas do mundo, por ocasião do ano europeu do envelhecimento activo e da solidariedade entre as gerações.
Tratou-se de um encontro cheio de calor e de familiaridade, durante o qual o Papa dirigiu uma admoestação àquela sociedade «dominada pela lógica da eficiência e do lucro» que mortifica e marginaliza as pessoas idosas, consideradas não produtivas e portanto «inúteis». De facto, recordando o antigo ditado segundo o qual uma sociedade, «gostaria de dizer – esclareceu – uma civilização», se julga também pelo modo como trata os idosos, Bento XVI solicitou um maior compromisso da parte de famílias e instituições para fazer com que «os idosos possam permanecer nas próprias casas» e ser considerados por aquilo que são, isto é, «detentores de uma grande riqueza» graças à sabedoria de vida amadurecida. Portanto «quem dá espaço aos idosos – acrescentou – dá espaço à vida».
Bento XVI ressaltou o valor da longevidade, que é uma «bênção de Deus», e partilhou com os seus coetâneos a vastidão das oportunidades que se apresentam neste momento particular da vida, que devem ser aceites na consciência de que, mesmo nas dificuldades, sofrimentos e «alguns achaques», cada um «é querido e amado por Deus, cada um é importante e necessário».
E sobretudo para as novas gerações, as quais podem encontrar indicações preciosas para o caminho da vida. Aos jovens o Papa recomendou substancialmente o valor da solidariedade entre as gerações. Ser «apoiados e acompanhados, sentir o afecto dos outros» é importante em cada fase da vida porque «ninguém pode viver sozinho e sem ajuda».       Do valor da solidariedade o Papa tinha falado ontem, domingo 11 de Novembro, durante o habitual encontro de oração do Angelus com os fiéis reunidos em São Pedro.
«Ninguém é tão pobre que não possa doar algo» disse comentando o episódio evangélico da viúva que apresenta a sua oferta no Templo de Jerusalém. A espontaneidade do gesto daquela pobre mulher iluminada pela graça, confirma «a unidade inseparável entre fé e caridade, como também entre o amor de Deus e o amor do próximo».
O Papa recordou depois a beata Maria Luisa Prosperi, monja e abadessa do mosteiro beneditino de Trevi que viveu na primeira metade do século XIX, beatificada sábado passado em Espoleto, Por fim um pensamento aos agricultores de toda a Itália no dia do agradecimento pelos frutos da terra e a saudação aos polacos pela celebração da festa da independência.

Conversa, sexta feira, 16 de novembro 2012 (Marcelo Barros)

Hoje participei pela manhã da assembléia arquidiocesana de pastoral. Muita gente e de fato muitos leigos e leigas. É bom ver uma Igreja em busca e aberta à missão, grande tema da assembléia. O coordenador de pastoral explicou que a opção foi construir juntos todo o plano de pastoral. Que bom. Deus seja bendito por essa opção. Ali eu vi padres de movimentos espiritualistas de hoje como "Arautos do Evangelho", pessoal carismático e outros. Vi um padre casado que acompanha a pastoral da saúde e quis ver alguém mais ligado às pastorais populares, como dos lavradores, dos operários, etc... Encontrei um casal histórico do "Encontro de irmãos", grande movimento de evangelização do tempo de Dom Hélder. Se eu puder, quero colaborar para que essas pessoas possam de novo sentir-se em casa nas reuniões da nossa Igreja. 
Em uma breve intervenção, recordei que hoje é aniversário do dia em que mais de cem bispos, liderados por Dom Hélder, em Roma, durante o Concílio, em 1965 (há 47 anos), assinaram o chamado "Pacto das Catacumbas", um documento que se tornou como o documento do Concílio Vaticano II, embora não tenha sido um documento do concílio, sobre a Igreja dos pobres. 
Para nós do Recife, essa data tem um significado ainda mais simbólico porque, nesse dia, o nosso irmão padre João Pubben, profeta de Deus e amigo dos pobres, deixou a Bélgica em um navio e veio para o Brasil, onde está até hoje, no serviço ao reino de Deus acontecendo no meio dos pequeninos. Parabéns. 
Em homenagem a ele e para nos ajudar a "retomar o primeiro amor", como diz o Apocalipse, quero reproduzir aqui o documento assinado nesse dia (em 1965) em uma catacumba romana por Dom Hélder Câmara e 126 bispos do mundo inteiro:
Pacto das Catacumbas
As treze resoluções de bispos  anônimos
 “Nós, bispos, reunidos no Concílio Vaticano II, esclarecidos sobre as deficiências de nossa vida de pobreza segundo o Evangelho, incentivados uns pelos outros, numa iniciativa em que cada um de nós queria evitar a singularidade e a presunção, sobretudo com a graça e a força de nosso Senhor Jesus Cristo, com a oração dos fiéis e dos sacerdotes de nossas dioceses, na humildade e na consciência de nossa fraqueza, mas também com toda a determinação e com toda a força de que Deus nos quer dar a graça, comprometemo-nos com o que segue:
1 - Procuraremos viver segundo o modo ordinário da nossa população, no que diz respeito à habitação, à alimentação, aos meios de locomoção e a tudo o que daí se segue. Cf. Mt 5, 3; 6, 33- 34; 8, 20.
2 - Renunciamos para sempre à aparência e à realidade da riqueza, especialmente no traje, (tecidos ricos, cores berrantes), nas insígnias de material precioso (devem esses signos ser, de fato, evangélicos). Cf. Mc 6, 9; Mt 10, 9- 10; At 3, 6. Nem ouro nem prata.
3 - Não possuiremos nem imóveis, nem móveis, nem contas em banco, em nosso próprio nome, e se for preciso possuir, poremos tudo em nome da diocese, ou das obras sociais e caritativas. Cf. Mt 6, 19- 21; Lc 12, 33- 34.
4 - Cada vez que for possível, confiaremos a gestão financeira e material em nossa diocese a uma comissão de leigos competentes e cônscios do seu valor apostólico, em mira a sermos menos administradores do que pastores e apóstolos. Cf. Mt 10, 8; At 6, 1- 7.
5 - Recusamos ser chamados, oralmente ou por escrito, com nomes e títulos que signifiquem a grandeza e o poder (Eminência, Excelência, Monsenhor...). Preferimos ser chamados com o nome evangélico de irmãos. Cf. Mt 20, 25- 28; 23, 6- 11; Jô 13, 12- 15.
6 – No nosso comportamento, nas nossas relações sociais, evitaremos aquilo que pode parecer conferir privilégios, prioridades ou mesmo uma preferência qualquer aos ricos e aos poderosos (ex: banquetes oferecidos ou aceitos, classes nos serviços religiosos). Cf. Lc 15, 9- 13; 2 Cor 12, 4.
7 - Do mesmo modo, evitaremos incentivar ou lisongear a vaidade de quem quer que seja, com vistas a recompensar ou a solicitar dádivas, ou por qualquer outra razão. Convidaremos nossos fiéis a considerarem suas dádivas como uma participação normal no culto, no apostolado e na ação social. Cf. Mt 6, 2- 4; Lc 15, 9- 13; 2 Cor 12, 4.
8 - Daremos tudo o que for necessário de nosso tempo, reflexão, coração, meios, etc., ao serviço apostólico e pastoral das pessoas e dos grupos laboriosos e economicamente fracos e subdesenvolvidos, sem que isso prejudique as outras pessoas e grupos da diocese. Ampararemos os leigos, religiosos, diáconos ou sacerdotes que o Senhor chama a evangelizar os pobres e operários pela participação e partilha na vida operária e no trabalho. Cf. Lc 4, 18- 19; Mc 6, 4; Mt 11, 4- 5; At 18, 3- 4; 20, 33- 35; 1 Cor 4, 12 e 9, 1- 27.
9 - Cônscios das exigências da justiça e da caridade, e das suas relações mútuas, procuraremos transformar as obras de “beneficiência” em obras sociais baseadas ba caridade e na justiça, que levam em conta todos e todas as exigências, como um humilde serviço dos organismos públicos competentes. Cf. Mt 25, 31- 46; Lc 13, 12- 14 e 33- 34.
10 - Poremos tudo em obra para que os responsáveis pelo nosso governo e pelos nossos serviços públicos decidam e ponham em prática as leis, as estruturas e as instituições sociais necessárias à justiça, à igualdade e ao desenvolvimento harmônico e total do ser humano todo e de toda a humanidade, e, por aí, ao advento de uma outra ordem social, nova, digna dos filhos e filhas de Deus. Cf. At 2, 44- 45; 4, 32- 35; 5, 4; 2 Cor 8 e 9 inteiros, 1 Tm 5, 16.
11 – Pelo fato de que compreendemos a colegialidade dos bispos como a realização mais evangélica da missão, sentimos que devemos assumir o encargo comum das massas humanas em estado de miséria física, cultural e moral – dois terços da humanidade. Por isso, nos comprometemos:
- a participar, conforme nossos meios, dos investimentos urgentes dos episcopados das nações pobres;
- a requerer, junto ao plano dos organismos internacionais, mas tessemunhando o Evangelho, como fez o papa Paulo VI na ONU, a adoção de estruturas econômicas e culturais que não mais fabriquem nações proletárias num mundo cada vez mais rico, mas sim permitam às massas pobres saírem de sua miséria.
12 - Comprometemo-nos a partilhar, na caridade pastoral,  nossa vida com nossos irmãos em Cristo, sacerdotes, religiosos e leigos, para que nosso ministério se constitua como um verdadeiro serviço; assim:
- esforçar-nos-emos para “revisar a nossa vida” com eles;
- suscitaremos colaboradores para serem mais animadores segundo o espírito, do que chefes segundo o mundo;
procuraremos ser mais humanamente presentes e acolhedores…
- mostrar-nos-emos abertos a todos, seja qual for a sua religião. Cf.
13 – Tornados às nossas dioceses respectivas, daremos a conhecer aos nosso diocesanos a nossa resolução, pedindo-lhes que nos ajudem por sua compreensão, sua colaboração e suas preces.
Que Deus nos ajude a sermos fiéis” [1].

No Dia Internacional para a Tolerância, Secretário-Geral da ONU pede respeito às diferenças

16 de novembro de 2012

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(ONU/Eskinder Debebe)Funcionários da ONU celebraram hoje (16) a importância da construção da tolerância e da compreensão para combater a ignorância e o extremismo.
“Em um mundo cada vez mais globalizado – no qual as sociedades se tornam mais diversas – a tolerância desempenha um papel central na convivência entre todos”, disse o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, em sua mensagem para marcar o Dia Internacional da Tolerância. “Em um contexto de pressões econômicas e sociais, alguns tentam explorar os temores e destacar as diferenças, para inflamar o ódio às minorias, aos imigrantes e às pessoas desfavorecidas”, acrescentou.
O Secretário-Geral sublinhou que a tolerância não é apenas um caminho para a convivência pacífica, mas também um motor de criatividade e inovação, uma vez que permite que as culturas compartilhem valores e um fluxo livre de ideias.
A partir de 1996, a Assembleia Geral da ONU convidou os Estados-Membros a observar o Dia Internacional para a Tolerância, em 16 de novembro de cada ano, com atividades voltadas tanto para os estabelecimentos de ensino quanto para o público em geral. A ação seguiu a partir do Ano das Nações Unidas para a Tolerância, em 1995, proclamada pela Assembleia em 1993 por iniciativa da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
Em sua mensagem para o dia, a Diretora-Geral da UNESCO, Irina Bokova, ressaltou que as sociedades evoluem rapidamente e se multiplicaram os laços que ligam as pessoas, ao mesmo tempo, tornando as diferenças mais visíveis, o que pode ser uma fonte de mal-entendidos e tensão. “Com maior proximidade vieram novas ameaças que são exploradas por aqueles que buscam aprofundar as divisões”, Bokova disse. “O ‘local’ é apenas um clique de distância do” global “na era digital, e isso cria novas vulnerabilidades imprevisíveis para todas as sociedades”. (FONTE: ONU BR)

Boletim do Desmatamento (SAD) (Outubro de 2012)

Martins, H., Fonseca, A., Souza Jr., C., Sales, M., & Veríssimo, A. 2012. Boletim Transparência Florestal da Amazônia Legal (outubro de 2012) (p. 13). Belém: Imazon.
Ações do documento
Em outubro de 2012, o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) detectou 487 quilômetros quadrados de desmatamento na Amazônia Legal. Isso representou um aumento de 377% em relação a outubro de 2011 quando o desmatamento somou 102 quilômetros quadrados. Devido a cobertura de nuvens, foi possível monitorar 83% do território, um valor bem superior a outubro de 2011 (51%).
O desmatamento acumulado no período de agosto de 2012 a outubro de 2012 totalizou 1.151,6 quilômetros quadrados. Houve  aumento de 125% em relação ao período anterior (agosto de 2011  a outubro de 2011) quando o desmatamento somou 511 quilômetros quadrados.
Em outubro de 2012, pouco mais de um terço (36%) do desmatamento ocorreu no Pará e um pouco menos (30%) em Mato Grosso. O restante ocorreu no Amazonas com 17%, Rondônia com 12% e outros Estados (Acre, Tocantins e Roraima).
As florestas degradadas na Amazônia Legal somaram 266,5 quilômetros quadrados em outubro de 2012. Em relação a outubro de 2011, quando a degradação florestal somou 456 quilômetros quadrados, houve uma diminuição de 42%.
A degradação florestal acumulada no período (agosto 2012 a outubro 2012) atingiu 611 quilômetros quadrados. Em relação ao período anterior (agosto de 2011 a outubro de 2011), quando a degradação somou 1.245 quilômetros quadrados, houve redução de 51%.
Em outubro de 2012, o desmatamento detectado pelo SAD comprometeu 26 milhões de  toneladas de CO2 equivalente.  No acumulado do período (agosto 2012 a outubro de 2012) as emissões de CO2 equivalentes comprometidas com o desmatamento totalizaram  57 milhões de toneladas, o que representa  um aumento de 27% em relação ao período anterior (agosto de 2011 a outubro de 2011).
COMENTÁRIO:
O meio ambiente é o nosso maior patrimônio. Temos o dever de cuidar, presevar o que é de todos. Não é permitido a poluição do ar, dos rios e dos mares. Não podemos aceitar o desmatamento de nossas florestas. Qual é o futuro do nosso planeta? Quem são os responsáveis pela destruição da nossa casa comum? 

Sobre a solidariedade


Reflexões de Dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo de Belo Horizonte

BELO HORIZONTE, sexta-feira, 16 de novembro de 2012(ZENIT.org) -  O princípio da solidariedade precisa ser, cada vez mais, assimilado como eficiente força para combater a violência. Também deve ser entendido como medida eficaz, ainda que a médio e longo prazo, para impedir que a cultura da violência seja o tecido configurador da sociedade.
A Doutrina Social da Igreja Católica ensina que a solidariedade aprimora a sociabilidade, além de contribuir para promover a igualdade de todos em dignidade e direitos.
A força da solidariedade, capaz de reverter os quadros de violência, cresce quando todos cultivam a consciência da ligação e dependência existente entre povos, nações e pessoas, em todos os níveis. Trata-se de convicção incontestável, que guarda uma força a ser explorada e cultivada. Para visualizar essa interdependência, basta pensar a força dos meios de comunicação, que facilita contatos e intercâmbios em tempo real. A comunicação interliga povos geograficamente distantes, estabelecendo relações que configuradas construtivamente produzirão uma cultura com força de solidariedade.
Há, indiscutivelmente, uma contramão nessa realidade. É lamentável, por exemplo, que a força da conectividade sirva para espalhar notícias falsas, enganosas, que prejudicam a vida de pessoas, grupos e instituições. É grande o desafio para canalizar o uso dessa força de comunicação na promoção da cultura da solidariedade, pelo amor à verdade, respeito à dignidade sagrada e intocável de cada pessoa. É importante evitar que a maravilha da telemática sirva em primeiro lugar a formas de exploração, corrupção ou opressão.
A solidariedade não é um bem meramente teórico. Tem incidências fortes na vida de cada pessoa  na medida em que é entendida, assumida e vivida como virtude moral. O ponto de partida é considerar a importância das relações humanas. Por isso mesmo, a Doutrina Social da Igreja sublinha que a solidariedade deve ser tomada como princípio social. Assumida como um princípio, torna-se  força capaz de ordenar instituições, transformando estruturas de dominação em dinâmicas de solidariedade, a partir da mudança de leis, de estruturas políticas e das regras de mercado.
Quando se fala de uma pessoa diante da outra, em ondas crescentes, tecendo as relações sociais e humanas, em diferentes ambientes e circunstâncias, a solidariedade se torna um princípio moral. A consequência é a convicção e a conduta que assume, por sentimento patriótico, por razões de fé e por estatura humanística, o bem comum como compromisso prioritário e inadiável. Cada um se torna responsável por todos.
Sem a solidariedade, não tem jeito da sociedade se corrigir, dar um novo compasso ao seu ritmo e manter acesa a chama do sentido indispensável de respeito. É incontestável a estreita ligação entre solidariedade e bem comum. Ser solidário é ter a capacidade de reconhecer a exigência do respeito à liberdade humana, o sentido da partilha e o compromisso do crescimento de todos e em todos os sentidos. Também a Doutrina Social da Igreja ensina que os homens deste tempo devem cultivar a consciência do débito que têm para com a sociedade. Isto é, todos tem o dever de criar condições favoráveis para a existência, cultivar a alegria de viver.  
Este sentimento de débito é a indicação de que devemos aperfeiçoar nosso agir social. Um agir qualificado é a compreensão nobre da própria responsabilidade social e política pela definição de uma vida vivida como dom para os outros. É bom lembrar que o caminho da solidariedade gera estadistas, santos, honestos, construtores da sociedade, produtores da cultura e da paz. Pessoas que trilharam o caminho da solidariedade e fizeram de suas vidas um dom precioso, permanecem como fonte inesgotável de memória inspiradora, dando continuamente lições para que a humanidade não perca o rumo na construção da paz. Ser solidário é a mais nobre e dignificante escolha humana.
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte

Mensagem de Bento XVI para a JMJ Rio2013: “Deixem-se atrair pelo Cristo Redentor”



Foi divulgada esta sexta-feira a Mensagem Papa Bento XVI para 28ª Jornada Mundial da Juventude, que será realizada no Rio de Janeiro em julho de 2013. No texto, o Papa renova o convite aos jovens do mundo inteiro para que participem deste importante evento. “A conhecida estátua do Cristo Redentor, que se eleva sobre àquela bela cidade brasileira, será o símbolo eloquente deste convite: seus braços abertos são o sinal da acolhida que o Senhor reservará a todos quantos vierem até Ele, e o seu coração retrata o imenso amor que Ele tem por cada um e cada uma de vós. Deixai-vos atrair por Ele!”
Dividida em oito pontos, a Mensagem ressalta que o ano de preparação para o encontro do Rio coincide com o Ano da fé, no início do qual o Sínodo dos Bispos dedicou os seus trabalhos à «nova evangelização para a transmissão da fé cristã». “Queridos jovens, escreve o Papa, sejais envolvidos neste impulso missionário de toda a Igreja: fazer conhecer Cristo é o dom mais precioso que podeis fazer aos outros.”
Leia a íntegra da mensagem de Bento XVI:
MENSAGEM DO PAPA BENTO XVI
PARA A XXVIII JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE
NO RIO DE JANEIRO, EM JULHO DE 2013
«Ide e fazei discípulos entre as nações!» (cf. Mt 28,19)
Queridos jovens,
Desejo fazer chegar a todos vós minha saudação cheia de alegria e afeto. Tenho a certeza que muitos de vós regressastes a casa da Jornada Mundial da Juventude em Madrid mais «enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé» (cf. Col 2,7). Este ano, inspirados pelo tema: «Alegrai-vos sempre no Senhor» (Fil 4,4) celebramos a alegria de ser cristãos nas várias Dioceses. E agora estamo-nos preparando para a próxima Jornada Mundial, que será celebrada no Rio de Janeiro, Brasil, em julho de 2013.
Desejo, em primeiro lugar, renovar a vós o convite para participardes nesse importante evento. A conhecida estátua do Cristo Redentor, que se eleva sobre àquela bela cidade brasileira, será o símbolo eloquente deste convite: seus braços abertos são o sinal da acolhida que o Senhor reservará a todos quantos vierem até Ele, e o seu coração retrata o imenso amor que Ele tem por cada um e cada uma de vós. Deixai-vos atrair por Ele! Vivei essa experiência de encontro com Cristo, junto com tantos outros jovens que se reunirão no Rio para o próximo encontro mundial! Deixai-vos amar por Ele e sereis as testemunhas de que o mundo precisa.
Convido a vos preparardes para a Jornada Mundial do Rio de Janeiro, meditando desde já sobre o tema do encontro: «Ide e fazei discípulos entre as nações» (cf. Mt 28,19). Trata-se da grande exortação missionária que Cristo deixou para toda a Igreja e que permanece atual ainda hoje, dois mil anos depois. Agora este mandato deve ressoar fortemente em vosso coração. O ano de preparação para o encontro do Rio coincide com o Ano da fé, no início do qual o Sínodo dos Bispos dedicou os seus trabalhos à «nova evangelização para a transmissão da fé cristã». Por isso me alegro que também vós, queridos jovens, sejais envolvidos neste impulso missionário de toda a Igreja: fazer conhecer Cristo é o dom mais precioso que podeis fazer aos outros.
1. Uma chamada urgente
A história mostra-nos muitos jovens que, através do dom generoso de si mesmos, contribuíram grandemente para o Reino de Deus e para o desenvolvimento deste mundo, anunciando o Evangelho. Com grande entusiasmo, levaram a Boa Nova do Amor de Deus manifestado em Cristo, com meios e possibilidades muito inferiores àqueles de que dispomos hoje em dia. Penso, por exemplo, no Beato José de Anchieta, jovem jesuíta espanhol do século XVI, que partiu em missão para o Brasil quando tinha menos de vinte anos e se tornou um grande apóstolo do Novo Mundo. Mas penso também em tantos de vós que se dedicam generosamente à missão da Igreja: disto mesmo tive um testemunho surpreendente na Jornada Mundial de Madri, em particular na reunião com os voluntários.
Hoje, não poucos jovens duvidam profundamente que a vida seja um bem, e não veem com clareza o próprio caminho. De um modo geral, diante das dificuldades do mundo contemporâneo, muitos se perguntam: E eu, que posso fazer? A luz da fé ilumina esta escuridão, nos fazendo compreender que toda existência tem um valor inestimável, porque é fruto do amor de Deus. Ele ama mesmo quem se distanciou ou esqueceu d’Ele: tem paciência e espera; mais que isso, deu o seu Filho, morto e ressuscitado, para nos libertar radicalmente do mal. E Cristo enviou os seus discípulos para levar a todos os povos este alegre anúncio de salvação e de vida nova.
A Igreja, para continuar esta missão de evangelização, conta também convosco. Queridos jovens, vós sois os primeiros missionários no meio dos jovens da vossa idade! No final do Concílio Ecumênico Vaticano II, cujo cinquentenário celebramos neste ano, o Servo de Deus Paulo VI entregou aos jovens e às jovens do mundo inteiro uma Mensagem que começava com estas palavras: «É a vós, rapazes e moças de todo o mundo, que o Concílio quer dirigir a sua última mensagem, pois sereis vós a recolher o facho das mãos dos vossos antepassados e a viver no mundo no momento das mais gigantescas transformações da sua história, sois vós quem, recolhendo o melhor do exemplo e do ensinamento dos vossos pais e mestres, ides constituir a sociedade de amanhã: salvar-vos-eis ou perecereis com ela». E concluía com um apelo: «Construí com entusiasmo um mundo melhor que o dos vossos antepassados!» (Mensagem aos jovens, 8 de dezembro de 1965).
Queridos amigos, este convite é extremamente atual. Estamos passando por um período histórico muito particular: o progresso técnico nos deu oportunidades inéditas de interação entre os homens e entre os povos, mas a globalização destas relações só será positiva e fará crescer o mundo em humanidade se estiver fundada não sobre o materialismo mas sobre o amor, a única realidade capaz de encher o coração de cada um e unir as pessoas. Deus é amor. O homem que esquece Deus fica sem esperança e se torna incapaz de amar seu semelhante. Por isso é urgente testemunhar a presença de Deus para que todos possam experimentá-la: está em jogo a salvação da humanidade, a salvação de cada um de nós. Qualquer pessoa que entenda essa necessidade, não poderá deixar de exclamar com São Paulo: «Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho» (1 Cor 9,16).
2. Tornai-vos discípulos de Cristo
Esta chamada missionária vos é dirigida também por outro motivo: é necessário para o nosso caminho de fé pessoal. O Beato João Paulo II escrevia: «É dando a fé que ela se fortalece» (Encíclica Redemptoris missio, 2). Ao anunciar o Evangelho, vós mesmos cresceis em um enraizamento cada vez mais profundo em Cristo, vos tornais cristãos maduros. O compromisso missionário é uma dimensão essencial da fé: não se crê verdadeiramente, se não se evangeliza. E o anúncio do Evangelho não pode ser senão consequência da alegria de ter encontrado Cristo e ter descoberto n’Ele a rocha sobre a qual construir a própria existência. Comprometendo-vos no serviço aos demais e no anúncio do Evangelho, a vossa vida, muitas vezes fragmentada entre tantas atividades diversas, encontrará no Senhor a sua unidade; construir-vos-eis também a vós mesmos; crescereis e amadurecereis em humanidade.
Mas, que significa ser missionário? Significa acima de tudo ser discípulo de Cristo e ouvir sem cessar o convite a segui-Lo, o convite a fixar o olhar n’Ele: «Aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração» (Mt 11,29). O discípulo, de fato, é uma pessoa que se põe à escuta da Palavra de Jesus (cf. Lc 10,39), a quem reconhece como o Mestre que nos amou até o dom de sua vida. Trata-se, portanto, de cada um de vós deixar-se plasmar diariamente pela Palavra de Deus: ela vos transformará em amigos do Senhor Jesus, capazes de fazer outros jovens entrar nesta mesma amizade com Ele.
Aconselho-vos a guardar na memória os dons recebidos de Deus, para poder transmiti-los ao vosso redor. Aprendei a reler a vossa história pessoal, tomai consciência também do maravilhoso legado recebido das gerações que vos precederam: tantos cristãos nos transmitiram a fé com coragem, enfrentando obstáculos e incompreensões. Não o esqueçamos jamais! Fazemos parte de uma longa cadeia de homens e mulheres que nos transmitiram a verdade da fé e contam conosco para que outros a recebam. Ser missionário pressupõe o conhecimento deste patrimônio recebido que é a fé da Igreja: é necessário conhecer aquilo em que se crê, para podê-lo anunciar. Como escrevi na introdução do YouCat, o Catecismo para jovens que vos entreguei no Encontro Mundial de Madri, «tendes de conhecer a vossa fé como um especialista em informática domina o sistema operacional de um computador. Tendes de compreendê-la como um bom músico entende uma partitura. Sim, tendes de estar enraizados na fé ainda mais profundamente que a geração dos vossos pais, para enfrentar os desafios e as tentações deste tempo com força e determinação» (Prefácio).
3. Ide!

Jesus enviou os seus discípulos em missão com este mandato: «Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura! Quem crer e for batizado será salvo» (Mc 16,15-16). Evangelizar significa levar aos outros a Boa Nova da salvação, e esta Boa Nova é uma pessoa: Jesus Cristo. Quando O encontro, quando descubro até que ponto sou amado por Deus e salvo por Ele, nasce em mim não apenas o desejo, mas a necessidade de fazê-lo conhecido pelos demais. No início do Evangelho de João, vemos como André, depois de ter encontrado Jesus, se apressa em conduzir a Ele seu irmão Simão (cf. 1,40-42). A evangelização sempre parte do encontro com o Senhor Jesus: quem se aproximou d’Ele e experimentou o seu amor, quer logo partilhar a beleza desse encontro e a alegria que nasce dessa amizade. Quanto mais conhecemos a Cristo, tanto mais queremos anunciá-lo. Quanto mais falamos com Ele, tanto mais queremos falar d’Ele. Quanto mais somos conquistados por Ele, tanto mais desejamos levar outras pessoas para Ele.
Pelo Batismo, que nos gera para a vida nova, o Espírito Santo vem habitar em nós e inflama a nossa mente e o nosso coração: é Ele que nos guia para conhecer a Deus e entrar em uma amizade sempre mais profunda com Cristo. É o Espírito que nos impulsiona a fazer o bem, servindo os outros com o dom de nós mesmos. Depois, através do sacramento da Confirmação, somos fortalecidos pelos seus dons, para testemunhar de modo sempre mais maduro o Evangelho. Assim, o Espírito de amor é a alma da missão: Ele nos impele a sair de nós mesmos para «ir» e evangelizar. Queridos jovens, deixai-vos conduzir pela força do amor de Deus, deixai que este amor vença a tendência de fechar-se no próprio mundo, nos próprios problemas, nos próprios hábitos; tende a coragem de «sair» de vós mesmos para «ir» ao encontro dos outros e guiá-los ao encontro de Deus.
4. Alcançai todos os povos
Cristo ressuscitado enviou os seus discípulos para dar testemunho de sua presença salvífica a todos os povos, porque Deus, no seu amor superabundante, quer que todos sejam salvos e ninguém se perca. Com o sacrifício de amor na Cruz, Jesus abriu o caminho para que todo homem e toda mulher possa conhecer a Deus e entrar em comunhão de amor com Ele. E constituiu uma comunidade de discípulos para levar o anúncio salvífico do Evangelho até os confins da terra, a fim de alcançar os homens e as mulheres de todos os lugares e de todos os tempos. Façamos nosso esse desejo de Deus!
Queridos amigos, estendei o olhar e vede ao vosso redor: tantos jovens perderam o sentido da sua existência. Ide! Cristo precisa de também de vós. Deixai-vos envolver pelo seu amor, sede instrumentos desse amor imenso, para que alcance a todos, especialmente aos «afastados». Alguns encontram-se geograficamente distantes, enquanto outros estão longe porque a sua cultura não dá espaço para Deus; alguns ainda não acolheram o Evangelho pessoalmente, enquanto outros, apesar de o terem recebido, vivem como se Deus não existisse. A todos abramos a porta do nosso coração; procuremos entrar em diálogo com simplicidade e respeito: este diálogo, se vivido com uma amizade verdadeira, dará seus frutos. Os «povos», aos quais somos enviados, não são apenas os outros Países do mundo, mas também os diversos âmbitos de vida: as famílias, os bairros, os ambientes de estudo ou de trabalho, os grupos de amigos e os locais de lazer. O jubiloso anúncio do Evangelho se destina a todos os âmbitos da nossa vida, sem exceção.
Gostaria de destacar dois campos, nos quais deve fazer-se ainda mais solícito o vosso empenho missionário. O primeiro é o das comunicações sociais, em particular o mundo da internet. Como tive já oportunidade de dizer-vos, queridos jovens, «senti-vos comprometidos a introduzir na cultura deste novo ambiente comunicador e informativo os valores sobre os quais assenta a vossa vida! [...] A vós, jovens, que vos encontrais quase espontaneamente em sintonia com estes novos meios de comunicação, compete de modo particular a tarefa da evangelização deste “continente digital”» (Mensagem para o XLIII Dia Mundial das Comunicações Sociais, 24 de maio de 2009). Aprendei, portanto, a usar com sabedoria este meio, levando em conta também os perigos que ele traz consigo, particularmente o risco da dependência, de confundir o mundo real com o virtual, de substituir o encontro e o diálogo direto com as pessoas por contatos na rede.
O segundo campo é o da mobilidade. Hoje são sempre mais numerosos os jovens que viajam, seja por motivos de estudo ou de trabalho, seja por diversão. Mas penso também em todos os movimentos migratórios, que levam milhões de pessoas, frequentemente jovens, a se transferir e mudar de Região ou País, por razões econômicas ou sociais. Também estes fenômenos podem se tornar ocasiões providenciais para a difusão do Evangelho. Queridos jovens, não tenhais medo de testemunhar a vossa fé também nesses contextos: para aqueles com quem vos deparareis, é um dom precioso a comunicação da alegria do encontro com Cristo.
5. Fazei discípulos!

Penso que já várias vezes experimentastes a dificuldade de envolver os jovens da vossa idade na experiência da fé. Frequentemente tereis constatado que em muitos deles, especialmente em certas fases do caminho da vida, existe o desejo de conhecer a Cristo e viver os valores do Evangelho, mas tal desejo é acompanhado pela sensação de ser inadequados e incapazes. Que fazer? Em primeiro lugar, a vossa solicitude e a simplicidade do vosso testemunho serão um canal através do qual Deus poderá tocar seu coração. O anúncio de Cristo não passa somente através das palavras, mas deve envolver toda a vida e traduzir-se em gestos de amor. A ação de evangelizar nasce do amor que Cristo infundiu em nós; por isso, o nosso amor deve conformar-se sempre mais ao d’Ele. Como o bom Samaritano, devemos manter-nos solidários com quem encontramos, sabendo escutar, compreender e ajudar, para conduzir, quem procura a verdade e o sentido da vida, à casa de Deus que é a Igreja, onde há esperança e salvação (cf. Lc 10,29-37). Queridos amigos, nunca esqueçais que o primeiro ato de amor que podeis fazer ao próximo é partilhar a fonte da nossa esperança: quem não dá Deus, dá muito pouco. Aos seus apóstolos, Jesus ordena: «Fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei» (Mt 28,19-20). Os meios que temos para «fazer discípulos» são principalmente o Batismo e a catequese. Isto significa que devemos conduzir as pessoas que estamos evangelizando ao encontro com Cristo vivo, particularmente na sua Palavra e nos Sacramentos: assim poderão crer n’Ele, conhecerão a Deus e viverão da sua graça. Gostaria que cada um de vós se perguntasse: Alguma vez tive a coragem de propor o Batismo a jovens que ainda não o receberam? Convidei alguém a seguir um caminho de descoberta da fé cristã? Queridos amigos, não tenhais medo de propor aos jovens da vossa idade o encontro com Cristo. Invocai o Espírito Santo: Ele vos guiará para entrardes sempre mais no conhecimento e no amor de Cristo, e vos tornará criativos na transmissão do Evangelho.
6. Firmes na fé
Diante das dificuldades na missão de evangelizar, às vezes sereis tentados a dizer como o profeta Jeremias: «Ah! Senhor Deus, eu não sei falar, sou muito novo». Mas, também a vós, Deus responde: «Não digas que és muito novo; a todos a quem eu te enviar, irás» (Jr 1,6-7). Quando vos sentirdes inadequados, incapazes e frágeis para anunciar e testemunhar a fé, não tenhais medo. A evangelização não é uma iniciativa nossa nem depende primariamente dos nossos talentos, mas é uma resposta confiante e obediente à chamada de Deus, e portanto não se baseia sobre a nossa força, mas na d’Ele. Isso mesmo experimentou o apóstolo Paulo: «Trazemos esse tesouro em vasos de barro, para que todos reconheçam que este poder extraordinário vem de Deus e não de nós» (2 Cor 4,7).
Por isso convido-vos a enraizar-vos na oração e nos sacramentos. A evangelização autêntica nasce sempre da oração e é sustentada por esta: para poder falar de Deus, devemos primeiro falar com Deus. E, na oração, confiamos ao Senhor as pessoas às quais somos enviados, suplicando-Lhe que toque o seu coração; pedimos ao Espírito Santo que nos torne seus instrumentos para a salvação dessas pessoas; pedimos a Cristo que coloque as palavras nos nossos lábios e faça de nós sinais do seu amor. E, de modo mais geral, rezamos pela missão de toda a Igreja, de acordo com a ordem explícita de Jesus: «Pedi, pois, ao dono da messe que envie trabalhadores para a sua colheita!» (Mt 9,38). Sabei encontrar na Eucaristia a fonte da vossa vida de fé e do vosso testemunho cristão, participando com fidelidade na Missa ao domingo e sempre que possível também durante a semana. Recorrei frequentemente ao sacramento da Reconciliação: é um encontro precioso com a misericórdia de Deus que nos acolhe, perdoa e renova os nossos corações na caridade. E, se ainda não o recebestes, não hesiteis em receber o sacramento da Confirmação ou Crisma preparando-vos com cuidado e solicitude. Junto com a Eucaristia, esse é o sacramento da missão, porque nos dá a força e o amor do Espírito Santo para professar sem medo a fé. Encorajo-vos ainda à prática da adoração eucarística: permanecer à escuta e em diálogo com Jesus presente no Santíssimo Sacramento, torna-se ponto de partida para um renovado impulso missionário.
Se seguirdes este caminho, o próprio Cristo vos dará a capacidade de ser plenamente fiéis à sua Palavra e de testemunhá-Lo com lealdade e coragem. Algumas vezes sereis chamados a dar provas de perseverança, particularmente quando a Palavra de Deus suscitar reservas ou oposições. Em certas regiões do mundo, alguns de vós sofrem por não poder testemunhar publicamente a fé em Cristo, por falta de liberdade religiosa. E há quem já tenha pagado com a vida o preço da própria pertença à Igreja. Encorajo-vos a permanecer firmes na fé, certos de que Cristo está ao vosso lado em todas as provas. Ele vos repete: «Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós, por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus» (Mt 5,11-12).
7. Com toda a Igreja
Queridos jovens, para permanecer firmes na confissão da fé cristã nos vários lugares onde sois enviados, precisais da Igreja. Ninguém pode ser testemunha do Evangelho sozinho. Jesus enviou em missão os seus discípulos juntos: o mandato «fazei discípulos» é formulado no plural. Assim, é sempre como membros da comunidade cristã que prestamos o nosso testemunho, e a nossa missão torna-se fecunda pela comunhão que vivemos na Igreja: seremos reconhecidos como discípulos de Cristo pela unidade e o amor que tivermos uns com os outros (cf. Jo 13,35). Agradeço ao Senhor pela preciosa obra de evangelização que realizam as nossas comunidades cristãs, as nossas paróquias, os nossos movimentos eclesiais. Os frutos desta evangelização pertencem a toda a Igreja: «um é o que semeia e outro o que colhe», dizia Jesus (Jo 4,37).
A propósito, não posso deixar de dar graças pelo grande dom dos missionários, que dedicam toda a sua vida ao anúncio do Evangelho até os confins da terra. Do mesmo modo bendigo o Senhor pelos sacerdotes e os consagrados, que ofertam inteiramente as suas vidas para que Jesus Cristo seja anunciado e amado. Desejo aqui encorajar os jovens chamados por Deus a alguma dessas vocações, para que se comprometam com entusiasmo: «Há mais alegria em dar do que em receber!» (At 20,35). Àqueles que deixam tudo para segui-Lo, Jesus prometeu o cêntuplo e a vida eterna (cf. Mt 19,29).
Dou graças também por todos os fiéis leigos que se empenham por viver o seu dia-a-dia como missão, nos diversos lugares onde se encontram, tanto em família como no trabalho, para que Cristo seja amado e cresça o Reino de Deus. Penso particularmente em quantos atuam no campo da educação, da saúde, do mundo empresarial, da política e da economia, e em tantos outros âmbitos do apostolado dos leigos. Cristo precisa do vosso empenho e do vosso testemunho. Que nada – nem as dificuldades, nem as incompreensões – vos faça renunciar a levar o Evangelho de Cristo aos lugares onde vos encontrais: cada um de vós é precioso no grande mosaico da evangelização!
8. «Aqui estou, Senhor!»
Em suma, queridos jovens, queria vos convidar a escutar no íntimo de vós mesmos a chamada de Jesus para anunciar o seu Evangelho. Como mostra a grande estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, o seu coração está aberto para amar a todos sem distinção, e seus braços estendidos para alcançar a cada um. Sede vós o coração e os braços de Jesus. Ide testemunhar o seu amor, sede os novos missionários animados pelo seu amor e acolhimento. Segui o exemplo dos grandes missionários da Igreja, como São Francisco Xavier e muitos outros.
No final da Jornada Mundial da Juventude em Madrid, dei a bênção a alguns jovens de diferentes continentes que partiam em missão. Representavam a multidão de jovens que, fazendo eco às palavras do profeta Isaías, diziam ao Senhor: «Aqui estou! Envia-me» (Is 6,8). A Igreja tem confiança em vós e vos está profundamente grata pela alegria e o dinamismo que trazeis: usai os vossos talentos generosamente ao serviço do anúncio do Evangelho. Sabemos que o Espírito Santo se dá a quantos, com humildade de coração, se tornam disponíveis para tal anúncio. E não tenhais medo! Jesus, Salvador do mundo, está conosco todos os dias, até o fim dos tempos (cf. Mt 28,20).
Dirigido aos jovens de toda a terra, este apelo assume uma importância particular para vós, queridos jovens da América Latina. De fato, na V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, realizada em Aparecida, no ano de 2007, os bispos lançaram uma «missão continental». E os jovens, que constituem a maioria da população naquele continente, representam uma força importante e preciosa para a Igreja e para a sociedade. Por isso sede vós os primeiros missionários. Agora que a Jornada Mundial da Juventude retorna à América Latina, exorto todos os jovens do continente: transmiti aos vossos coetâneos do mundo inteiro o entusiasmo da vossa fé.
A Virgem Maria, Estrela da Nova Evangelização, também invocada sob os títulos de Nossa Senhora Aparecida e Nossa Senhora de Guadalupe, acompanhe cada um de vós em vossa missão de testemunhas do amor de Deus. A todos, com especial carinho, concedo a minha Bênção Apostólica.
Vaticano, 18 de outubro de 2012.
Fonte: CNBB


A Rede Ecumênica Latino Americana de Missiólog@s (RELAMI) e o Centro Cultural Missionário de Brasília (CCM), promovem em Brasília, de 25 de fevereiro a 1 de março de 2013, o Simpósio de Missiólog@s no Brasil.

Nas Catacumbas de Domitilla, em Roma, o Pacto de 40 bispos





Eis o texto na íntegra:
Nós, Bispos, reunidos no Concílio Vaticano II, esclarecidos sobre as deficiências de nossa vida de pobreza segundo o Evangelho; incentivados uns pelos outros, numa iniciativa em que cada um de nós quereria evitar a singularidade e a presunção; unidos a todos os nossos Irmãos no Episcopado; contando sobretudo com a graça e a força de Nosso Senhor Jesus Cristo, com a oração dos fiéis e dos sacerdotes de nossas respectivas dioceses; colocando-nos, pelo pensamento e pela oração, diante da Trindade, diante da Igreja de Cristo e diante dos sacerdotes e dos fiéis de nossas dioceses, na humildade e na consciência de nossa fraqueza, mas também com toda a determinação e toda a força de que Deus nos quer dar a graça, comprometemo-nos ao que se segue:
1) Procuraremos viver segundo o modo ordinário da nossa população, no que concerne à habitação, à alimentação, aos meios de locomoção e a tudo que daí se segue. Cf. Mt 5,3; 6,33s; 8,20.
2) Para sempre renunciamos à aparência e à realidade da riqueza, especialmente no traje (fazendas ricas, cores berrantes), nas insígnias de matéria preciosa (devem esses signos ser, com efeito, evangélicos). Cf. Mc 6,9; Mt 10,9s; At 3,6. Nem ouro nem prata.
3) Não possuiremos nem imóveis, nem móveis, nem conta em banco, etc., em nosso próprio nome; e, se for preciso possuir, poremos tudo no nome da diocese, ou das obras sociais ou caritativas. Cf. Mt 6,19-21; Lc 12,33s.
4) Cada vez que for possível, confiaremos a gestão financeira e material em nossa diocese a uma comissão de leigos competentes e cônscios do seu papel apostólico, em mira a sermos menos administradores do que pastores e apóstolos. Cf. Mt 10,8; At. 6,1-7.
5) Recusamos ser chamados, oralmente ou por escrito, com nomes e títulos que signifiquem a grandeza e o poder (Eminência, Excelência, Monsenhor). Preferimos ser chamados com o nome evangélico de Padre. Cf. Mt 20,25-28; 23,6-11; Jo 13,12-15.
6) No nosso comportamento, nas nossas relações sociais, evitaremos aquilo que pode parecer conferir privilégios, prioridades ou mesmo uma preferência qualquer aos ricos e aos poderosos (ex.: banquetes oferecidos ou aceitos, classes nos serviços religiosos). Cf. Lc 13,12-14; 1Cor 9,14-19.
7) Do mesmo modo, evitaremos incentivar ou lisonjear a vaidade de quem quer que seja, com vistas a recompensar ou a solicitar dádivas, ou por qualquer outra razão. Convidaremos nossos fiéis a considerarem as suas dádivas como uma participação normal no culto, no apostolado e na ação social. Cf. Mt 6,2-4; Lc 15,9-13; 2Cor 12,4.
8) Daremos tudo o que for necessário de nosso tempo, reflexão, coração, meios, etc., ao serviço apostólico e pastoral das pessoas e dos grupos laboriosos e economicamente fracos e subdesenvolvidos, sem que isso prejudique as outras pessoas e grupos da diocese. Ampararemos os leigos, religiosos, diáconos ou sacerdotes que o Senhor chama a evangelizarem os pobres e os operários compartilhando a vida operária e o trabalho. Cf. Lc 4,18s; Mc 6,4; Mt 11,4s; At 18,3s; 20,33-35; 1Cor 4,12 e 9,1-27.
9) Cônscios das exigências da justiça e da caridade, e das suas relações mútuas, procuraremos transformar as obras de "beneficência" em obras sociais baseadas na caridade e na justiça, que levam em conta todos e todas as exigências, como um humilde serviço dos organismos públicos competentes. Cf. Mt 25,31-46; Lc 13,12-14 e 33s.
10) Poremos tudo em obra para que os responsáveis pelo nosso governo e pelos nossos serviços públicos decidam e ponham em prática as leis, as estruturas e as instituições sociais necessárias à justiça, à igualdade e ao desenvolvimento harmônico e total do homem todo em todos os homens, e, por aí, ao advento de uma outra ordem social, nova, digna dos filhos do homem e dos filhos de Deus. Cf. At. 2,44s; 4,32-35; 5,4; 2Cor 8 e 9 inteiros; 1Tim 5, 16.
11) Achando a colegialidade dos bispos sua realização a mais evangélica na assunção do encargo comum das massas humanas em estado de miséria física, cultural e moral - dois terços da humanidade - comprometemo-nos:
- a participarmos, conforme nossos meios, dos investimentos urgentes dos
episcopados das nações pobres;
- a requerermos juntos ao plano dos organismos internacionais, mas testemunhando o Evangelho, como o fez o Papa Paulo VI na ONU, a adoção de estruturas econômicas e culturais que não mais fabriquem nações proletárias num mundo cada vez mais rico, mas sim permitam às massas pobres saírem de sua miséria.
12) Comprometemo-nos a partilhar, na caridade pastoral, nossa vida com nossos irmãos em Cristo, sacerdotes, religiosos e leigos, para que nosso ministério constitua um verdadeiro serviço; assim:
- esforçar-nos-emos para "revisar nossa vida" com eles;
- suscitaremos colaboradores para serem mais uns animadores segundo o
Adeus Roma!
espírito, do que uns chefes segundo o mundo;
- procuraremos ser o mais humanamente presentes, acolhedores;
- mostrar-nos-emos abertos a todos, seja qual for a sua religião. Cf. Mc 8,34s; At 6,1-7; 1Tim 3,8-10.
13) Tornados às nossas dioceses respectivas, daremos a conhecer aos nossos diocesanos a nossa resolução, rogando-lhes ajudar-nos por sua compreensão, seu concurso e suas preces.
AJUDE-NOS DEUS A SERMOS FIÉIS.