Atenção!
Tenhamos presente que, celebrar a Eucaristia sem ter presente a memória Daquele
que disse que veio a este mundo e a cada um de nós, não para “ser servido, mas
para servir” e, que, por isso, terminou morrendo, para ser fiel ao projeto de
seu Pai, provando seu amor incondicional por nossa causa, é viver totalmente
iludido (evangelho). Viver de acordo com a ética cristã é lutar e defender a
vida, a exemplo de Deus, e se preciso, sacrificar a própria vida (I leitura).
Como Jesus, nós também devemos ter a coragem de descer ao nível das “massas
sobrantes”, dos oprimidos e marginalizados.
1ª leitura
(Is 53,10-11)
A pretensão de muitos é ter o domínio sobre os seus
semelhantes; colocar-se a serviço de alguém é algo muito raro.
Nos versículos apresentados, a
narração trata do quarto canto do servo de Javé: sua paixão, morte e vitória. O
“servo” é vitimado por um julgamento iníquo, consequência de uma sociedade
patrocinadora da injustiça.
Tem-se a impressão que este “servo”
fora castigado por Deus. Olhando sem o devido aprofundamento teológico-bíblico,
parece até que Deus se felicita com o sofrimento dos outros.
Nada disso! Aquilo que aos olhos dos
homens é um fracasso, para Deus é um triunfo. É através do sacrifício, do
sofrimento, dom de si mesmo que realiza a salvação.
A imagem do “servo sofredor” é a
imagem de Jesus, que nos patrocinou a salvação, humilhando-se para servir a
todos, doando-lhes gratuitamente a própria vida.
A
atitude de fidelidade ao Pai faz o “servo sofredor” oferecer a sua vida como
sacrifício expiatório, o que garantirá o triunfo do plano de Deus, que é vida
em plenitude para todos.
Evangelho (Mc 10,35-45)
Jesus e os discípulos estão se
dirigindo a Jerusalém e o ministério de Jesus se aproxima do fim. Atenção para um
detalhe: É sempre um caminho pedagógico. Mas, qual é mesmo a preocupação do
Mestre? Dessa vez, a sua preocupação “número um” é demonstrar para os seus
discípulos, que tipo de Messias ele O é. Não obstante, Pedro ter confessado a
Jesus que Ele era o Messias, não o convenceu suficientemente. É necessário
superar a ideia de que o Messias seria o líder poderoso prestes a manifestar
domínio e glória. Pois bem, a questão aqui é a seguinte: Depois de cerca de
três anos de convívio, os discípulos ainda manifestam incompreensão em relação
à novidade de Jesus, imaginando que ele assumiria o poder (a “glória”) em
Jerusalém.
Diante das pretensiosas e equivocadas
reivindicações dos discípulos e das contendas entre eles, Jesus faz uma crítica
do exercício do poder neste mundo.
Trata-se, aqui de um outro
detalhe: Tiago e João que são os filhos de Zebedeu, eles são a segunda dupla a
ser chamada por Jesus no início de seu ministério, conforme narração dos
evangelhos sinóticos. Eles aparecem, ainda, com frequência, junto com Pedro,
como um trio mais próximo a Jesus. O evangelho de João não menciona o nome de
Tiago. Tiago foi decapitado por Herodes Agripa em 42 d.C.
Há uma menção do apóstolo Paulo a
“Tiago, irmão do Senhor” (Gl 1,19). Trata-se de Tiago “Menor”, parente de
Jesus, que foi chefe da Igreja de Jerusalém e foi martirizado por apedrejamento
em 62 d.C.
Rejeitando, de maneira
generalizada, o abuso de poder dos chefes das nações e de seus grandes, Jesus
reafirma a novidade do Reino. Enquanto a sociedade é dividida entre poderosos e
opressores e oprimidos explorados, Jesus propõe a conquista da unidade a partir
da humildade e do serviço, resgatando-se a vida dos mais excluídos e
marginalizados. Porém, quando Jesus é suspenso na cruz, são dois marginalizados
que estão à sua direita e à sua esquerda, em duas cruzes.
Sem muitas demoras, Jesus logo
nos leva a compreender que só há uma maneira de ser que caracteriza a
autenticidade cristã, totalmente diferente do que é institucionalizado pelos
grandes e importantes neste mundo: A lógica defendida por Jesus contradiz a
lógica do mundo. Como assim? “Aquele que quiser se grande, seja o vosso
servidor, e aquele que quiser ser o primeiro dentre vós, seja o servo de
todos”.
É exatamente essa compreensão que
falta aos discípulos de ontem e aos de hoje; nem sempre alcançamos que seguir a
Jesus, significa estar dispostos não só a falar, mas a viver, a beber o seu
cálice. O caminho para chegar a isso não é o do poder, mas do serviço até o dom
da vida. Finalmente é a via escolhida por Jesus, servo sofredor.
Um alerta para todos os cristãos,
especialmente para nós os agentes da missão: Como discernimos o poder-serviço
em nossa vida de homens e mulheres consagrados a Deus e ao povo?
Quais as relações que predominam
em nossa sociedade? Em nossas comunidades? Em nossas próprias famílias?
2ª leitura (Hb 4,14-16)
O segundo texto lido na liturgia
deste 29º Domingo do Tempo Comum, no seu vers. 15, diz assim: “Com feito, temos
um sumo-sacerdote capaz de compadecer-se de nossas fraquezas, pois ele mesmo
foi provado em tudo como nós, com exceção do pecado”. A única diferença é que,
enquanto nós frequentemente faltamos com a fidelidade a Deus, ele jamais
deixou-se contaminar pelo pecado.
Conclusão: “Jesus exerceu e continua
exercendo seu sacerdócio solidarizando-se com qualquer um que seja filho de
Deus”. “Porque solidário com nossas fraquezas, ele inspira confiança e
esperança na comunidade cristã: “Por isso, permaneçamos firmes na fé que professamos” (v. 14b).
Pe. Francisco de
Assis Inácio
Pároco
da Paróquia da Imaculada Conceição
Pascom Nova
Cruz - RN