sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Quem matou Dorothy Stang

Por Jacques Távora Alfonsin *   
12 / Fev / 2016 11:55
A repercussão desse assassinato deu a impressão que a violência de crimes praticados por motivos idênticos, se não fosse eliminada, pelo menos diminuiria. Os fatos posteriores vêm provando o contrário. Camponesas e camponeses de Anapu, no sul do Pará, certamente vão se reunir neste 12 de fevereiro, para lembrar a morte da freira Dorothy Stang, uma fiel e dedicada companheira delas/es, religiosa conhecida por sua coragem e disposição.
A religiosa foi assassinada em razão de sua luta em favor do povo pobre daquela região, da reforma agrária, e contra o desmatamento crescente que lá se verificava, promovido por latifundiários interessados, como em outros lugares do país, na expansão do plantio de soja, na conquista de espaço para o gado, em mineração e em vender madeira.

A repercussão nacional e internacional desse assassinato deu a impressão, como já ocorrera com o massacre de Eldorado do Carajás, sintomaticamente acontecido no mesmo Estado do Pará, que a violência de crimes praticados por motivos idênticos ao que matou Dorothy, se não fosse eliminada, pelo menos diminuiria.

Os fatos posteriores vêm provando o contrário, chamando a atenção até de órgãos da imprensa estrangeira como é o caso do Financial Times. Na sua edição de 10 de dezembro passado, abriu matéria sob a seguinte manchete: “Terras sem lei ameaçam compromisso climático brasileiro.”

É que estava em andamento naquela semana a COP 21, em Paris, encontro no qual o Brasil se comprometeu, segundo a mesma notícia, a acabar com o desmatamento ilegal, aqui, até 2030... O jornal manifestava pouco acreditar nisso (mesmo um prazo dessa extensão não ser nada pequeno, levando-se em conta a gravidade do problema) diante de mais um assassinato ocorrido então na mesma Anapu. Winslei Gonçalves Barbosa, de 23 anos, fora emboscado e morto:

“Uma bala está alojada em seu capacete, que rolou para o lado. Mas a polícia ainda não chegou e muito menos começou a buscas pelos seus assassinos. É mais um sinal da ausência de lei e da violência que afligem grande parte da Amazonia brasileira – problemas que têm um peso direto nas discussões globais que estão perto de um desfecho em Paris nesta semana.”

Sobre o trabalho da Irmã Dorothy, a notícia refere: “Tomar partido dos sem-terras foi parte do trabalho de Stang, cuja memória é homenageada em Anapu por uma procissão anual comemorativa através da cidade empoeirada, junto com o Fusca branco dela, muito bem cuidado. Stang defendeu dois grandes “projetos de desenvolvimento sustentável” em terras governamentais que os pecuaristas ocuparam: Esperança, onde Gonçalves Barbosa foi assassinado, e Virola-Jatobá. A ideia de Stang era permitir que os sem-terras fossem assentados em troca da preservação de grande parte da floresta. Um grupo de fazendeiros comandado por Reginaldo Pereira Galvão, conhecido como “Taradão”, encomendou seu assassinato para barrar a execução dos projetos. Galvão foi condenado pelo crime a 30 anos de prisão, mas continua solto após apresentar recurso e aguarda o resultado.”

Uma crítica procedente de um jornal estrangeiro pode ser colocada sob reserva, mas se ela for comparada com dados da própria CPT, recolhidos pelo site Agência Brasil no início de janeiro passado, tem-se de reconhecer como bem fundadas as desconfianças ali manifestadas sobre o nosso Estado de Direito:

“O número de assassinatos decorrentes de conflitos no campo em 2015 foi o maior dos últimos 12 anos no Brasil, com 49 mortes registradas, a maior parte na Região Norte” “A CPT ressalva, no entanto, que os dados são ainda parciais e podem vir a aumentar à medida que sejam consolidadas as informaçães provenientes do trabalho in loco.” “O número de mortes decorrentes de conflitos no campo no ano passado foi o maior desde 2003, quando foram contabilizados 73 assassinatos.” ” O Norte do país é um barril de pólvora‘, disse o coordenador da CPT em Pernambuco, Plácido Júnior, responsável pela compilação dos dados nacionais: Além do avanço do agronegócio tradicional, acreditamos que o aumento das tensões no campo em 2015 tenha relação com maiores disputas por recursos como madeira e água, o prosseguimento de grandes emprendimentos de mineração e energia e a diminuição no número de assentamentos e demarcações.” “Dados da entidade mostram que de 1.115 casos de homicídio decorrentes de conflitos no campo registrados entre 1985 e 2014, 12 foram julgados.”

A convivência com uma realidade de tamanha injustiça não pode continuar anestesiando a nação como se toda ela só dissesse respeito às vítimas dos seus trágicos efeitos. O passado tem-nos mostrado quantas pessoas “de fora” vêm para cá, escandalizadas com isso e por motivos bem diferentes das grandes empresas transnacionais. Oferecem as suas próprias vidas em defesa da nossa terra e da nossa gente, como fez a Irmã Dorothy e muitas/os missionárias/os.

O Frei Henri Burin des Roziers, advogado da CPT em Xinguara, também no Pará, tem de andar acompanhado de seguranças, como outras pessoas do clero e fora dele, ameaçado de morte como está. Em uma entrevista concedida à uma revista, anos passados, quando essa segurança praticamente lhe foi imposta, tão grande era o temor de se repetir o acontecido com a Irmã Dorothy, ele disse tudo o que precisa ser dito, a respeito da segurança e da paz a que têm direito as/os camponesas/os brasileiras. Por rejeitar o privilégio a ele conferido, por ser quem é, preferiria viver sem escolta alguma, num Estado garante de segurança para todas/os, fruto de uma convivência fraterna sobre terra, na qual a reforma agrária tivesse alcançado reparti-la de forma justa, não usurpada por poucos, em favor da reprodução da pobreza e em prejuízo da maioria.


* Jacques Távora Alfonsin é procurador aposentado do estado do Rio Grande do Sul e membro da ONG Acesso, Cidadania e Direitos Humanos.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Ele não foi vítima de um truque

Não foi um truque para alguém desaparecer, foi uma emboscada seguida de execução coisa que somente bandidos tem capacidade de fazer. O Pastor Evandro foi vítima daqueles que podemos intitular oportunistas. Aproveitaram a folga dos infernos para, por tempo determinado, fazerem o mal que sabem fazer. 

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

PASTOR EVANDRO E O LUGAR QUE REPRESENTA PERIGO

O Pastor Evandro com sua praticidade preocupava os lobos com disfarce de cordeiros. A característica do lobo é a covardia diante dos indefesos, sem chance nenhuma de defesa diante do aparato criminoso. O que nos conforta é justamente a causa que o Pastor Evandro assumia em defesa da justiça. Ele foi corajoso, enquanto o filho da "besta fera" agiu com a artimanha demoníaca. Não perdemos a esperança porque o discurso final já está preparado. Deus não permite um falso julgamento. Para aqueles que cometem injustiças como essa vale aqui citar a Palavra de Deus em Lucas 13, 27: "Não sei de onde sois; afastai-vos de mim, vós todos, que cometeis injustiça". 
O lugar onde o Pastor Evandro atuou e realizou sua missão ainda representa perigo para os homens de boa vontade. continuem a missão, evangelizem e denunciem o mal. Que ninguém desanime, a missão continua. Que o lobo disfarçado seja condenado pela justiça. Justiça é um direito humano que reivindicamos. 

EXECUÇÃO COM MOTIVAÇÃO POLÍTICA

O crime que efetuou a morte do Pastor Evandro foi uma execução. A motivação foi política, segundo reportagem. Estamos, praticamente, chegando a dois meses e vinte dias do ocorrido. O Pastor Evandro caiu na armadilha de bandidos perigosos. Certamente alguém muito incomodado com a prática política do Pastor. O que esperamos que o mais breve possível os delinquentes que se dizem poderosos sejam presos com seus rostos e interesses revelados. Desse modo a justiça será respeitada. 

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

AO PASTOR EVANDRO KRILLIS

AO PASTOR EVANDRO KRILLIS
Durante toda a vida fomos educados pelos nossos pais para vivermos bem, defendendo aquilo que agrada ao bem comum. mas a dor e o sofrimento faz parte da vida humana, somos seres interligados pois sofremos a dor do outro que é a minha dor. O que seria do mundo com a falta da mão e do coração que cuida do sofrimento alheio? Agradeço a Deus por toda a voz que saiu em defesa da paz e da vida. Como a sua voz. Precisamos de mais vozes que mobilizem a consciência dos homens e mulheres de boa vontade para que saiamos em marcha por justiça, em combate e de cabeça erguida contra os defensores de um mundo imbecilizado pela corrupção.
Somos privilegiado? Sim, privilegiados são todos aqueles que não se envergonham do bem. São poucos e necessários porque farão a diferença. O compromisso com a verdade assim como denunciar a mentira traz consequências. O Pastor Evandro perdeu a própria vida. Qual a razão de tudo isso? A vida de Evandro estava comprometida simplesmente com o EVANGELHO da vida e da ternura. Certamente passou por aflições, cercados por FERAS da politicagem que argumentam com a prática da violência. A trajetória do Pastor Evandro não envergonha a sociedade. Vergonha é o silêncio dos covardes, a mentira e o criminoso que será desmascarado. Haverá o dia do despertar em que todos conhecerão o rosto do bandido e de sua corja responsável pelo assassinato do Pastor Evandro. Ainda me resta esperança. Dizem que a esperança é a última que morre, ela não morrerá jamais. A morte do Pastor trouxe-nos a capacidade de mobilização por parte de seus verdadeiros amigos em busca da justiça. Fomos marcados pelo desejo de justiça. Acreditando na justiça...

domingo, 7 de fevereiro de 2016

UMA BOA NOTÍCIA

O Padre Matias recebeu a renovação do provisão por mais 6 anos. Para a Paróquia foi a melhor notícia. O Padre Matias tem o reconhecimento da comunidade católica. Parabéns!!!