sábado, 8 de setembro de 2012


 Mensagem do dia
 
Domingo, 09 de setembro 2012
Você precisa ser diferente
Você que tem caminhado numa vida no Espírito, que tem lido, meditado e lutado por viver a Palavra de Deus, tem falas e atitudes diferentes das outras pessoas. Imediatamente, elas começaram a achar que você não é deste mundo. Irão achá-lo estranho. Isso vai acontecer entre parentes e amigos. Quem sabe entre marido e mulher, quando um está seguindo o Senhor e o outro não.

Aquele que não segue o Senhor logo nota que sua mulher ou seu marido está diferente. Essa é uma feliz realidade! Realmente você mudou, já não é a mesma pessoa. Você se tornou diferente. Isso é uma confirmação da Palavra do Senhor:"Se alguém está em Cristo, é uma nova criatura. O mundo antigo passou, eis que aí está uma realidade nova" (2 Cor 5,17).

Muitas vezes, você está caminhando bem, como o Senhor quer que caminhe, orientado pela vontade d'Ele e, justamente para não ser diferente, acaba retrocedendo. É uma pena! O sal deixou de ser sal, a luz deixou de ser luz.

Não estranhe, mas você precisa ser diferente! Não porque você quer, mas porque o cristão é realmente diferente. O sal é diferente do restante dos alimentos. A luz é diferente da escuridão. Jesus afirma claramente: "Eles não são do mundo, como eu não sou do mundo". Em Jo 17,14, o Senhor declara também: "Eu lhe dei a tua palavra, e o mundo os odiou, porque eles não são do mundo, como eu não sou do mundo. E não peço que os tirei do mundo".

Por quê?... Porque o mundo precisa de cristãos. Tenha certeza de que não é sendo igual a todo mundo que você vai salvar aqueles que precisam, mas justamente sendo diferente.

Deus o abençoe!

Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova

Bento XVI: Maria, farol luminoso da nossa vida cristã


O Papa Bento XVI recebeu na manhã deste sábado cerca de 350 participantes do 23º Congresso Mariológico Mariano Internacional, em andamento em Roma.

Em seu discurso, mencionou o tema deste Congresso, “A mariologia a partir do Concílio Vaticano II. Recepção, balanço e perspectivas”, ressaltando a iminência da celebração pelos 50 anos de abertura do Concílio. Essa celebração, no próximo dia 11 de outubro, será feita em concomitância com a inauguração do Ano da Fé, convocada com o Motu proprio “Porta fidei”, em que apresenta Maria como modelo de fé.

Como jovem participante do Concílio, Bento XVI recordou a oportunidade que teve de conhecer os vários modos de enfrentar as temáticas acerca da figura e do papel de Nossa Senhora na história da salvação. 

Na segunda sessão do Concílio, explicou, um grupo de padres pediu que a questão fosse tratada dentro da Constituição sobre a Igreja, enquanto outro grupo afirmava a necessidade de um documento específico sobre a dignidade e o papel de Maria. Com a votação de 19 de outubro de 1963, optou-se pela primeira proposta, e o esquema da Constituição Dogmática sobre a Igreja foi enriquecido com o capítulo sobre a Mãe de Deus, em que a figura de Maria aparece em toda a sua beleza e inserida nos mistérios fundamentais da fé cristã.

Maria, de quem se destaca antes de tudo a fé, é compreendida no mistério de amor e de comunhão da Santíssima Trindade; é um modelo e um ponto de referência para a Igreja, que Nela reconhece a si mesma, a própria vocação e a própria missão. A religiosidade popular, que sempre se dirigiu a Maria, resulta enfim nutrida por referências bíblicas e patrísticas. Certamente, o texto conciliar não esgota todas as problemáticas relativas à figura da Mãe de Deus, mas constitui o horizonte hermenêutico essencial para qualquer reflexão, seja de caráter teológico, seja de caráter mais estritamente espiritual e pastoral. 

O Papa então se dirige aos participantes deste Congresso, pedindo que ofereçam suas contribuições para que o Ano da Fé possa representar para todos os fiéis em Cristo um verdadeiro momento de graça, em que a fé de Maria nos preceda e nos acompanhe como farol luminoso e como modelo de plenitude e maturidade cristã para onde olhar com confiança e do qual extrair entusiasmo e alegria para viver com sempre maior empenho e coerência a nossa vocação de filhos de Deus, irmãos em Cristo, membros vivos do seu Corpo que é a Igreja.

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Dom Ladaria destaca importância do Compêndio do Catecismo


O Congresso Teológico sobre o Ano da Fé, promovido pela CNBB em Curitiba (PR), neste feriado prolongado, 7 a 9 de setembro, foi aberto pela conferência proferida pelo secretário da Congregação para a Doutrina da Fé do Vaticano, dom Luis Francisco Ladaria Ferrer. Ele tratou do tema “Catecismo da Igreja Católica (CIC): gênese, estrutura e perspectivas”.

O arcebispo apresentou uma panorâmica do documento, recordando que o CIC veio depois da catequese. Ele recordou a maneira como Jesus fez catequese, com o Sermão da Montanha e as parábolas. Os escritos, fruto da atuação dos discípulos, também foram uma espécie de catecismo.

Dom Ladaria apresentou um histórico dos catecismos anteriores, como o Celta (1505) e o Romano (1536), escritos inicialmente destinados aos párocos, a quem cabia a tradução do conteúdo para os fiéis. Em relação ao atual Catecismo, destacou seus quatro pilares: Credo, Decálogo, Sacramentos, Oração (Pai Nosso), e enfatizou que o texto é fruto do Concílio Vaticano II. 

Ao finalizar sua apresentou, dom Ladaria recordou a importância do Compêndio do Catecismo, por sua brevidade, claridade e a integridade. “O Compêndio possibilita que as comunidades tenham conheçam as verdades reveladas e transmitidas pela Igreja”. 

O segundo conferencista do dia, o frade dominicano Carlos Josapha, falou sobre a estrutura do CIC e a vida cristã, destacando as fontes de inspiração do documento: Sagrada Escritura, Liturgia e Magistério. Destacou a mística do texto. “Hoje se a Igreja não contar com uma base mística, dinâmica, ela não poderá enfrentar os desafios da humanidade”, destacou.

Fonte: CNBB

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06/09/2012

Secretário da Congregação para Doutrina da Fé do Vaticano faz palestra na PUC Minas


Com o tema Ano da Fé, a PUC Minas, o  Instituto Santo Tomás de Aquino e a Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (Faje) promoverão, dia 10 de setembro, palestra com o secretário da Congregação para Doutrina da Fé do Vaticano, o teólogo jesuíta dom Luiz Francisco Ladaria Ferrer.

O evento será às 19h, no auditório 1 do prédio 4 da PUC Minas - unidade Coração Eucarístico (Avenida Dom José Gaspar, 500). A palestra é gratuita e aberta ao público. 

Proclamado pelo Papa Bento XVI, o Ano da Fé será iniciado em 11 de outubro de 2012, no 50º aniversário de abertura do Concílio Vaticano II, e terminará em 24 de novembro de 2013, na Solenidade de Cristo Rei do Universo. Segundo o Papa, “o Ano da Fé é um convite para a autêntica e renovada conversão ao Senhor, único Salvador do mundo”.

Voto limpo


Em todos os Municípios brasileiros está havendo uma efervescência eleitoral, em razão do calendário das eleições, em 2012, para escolha dos Prefeitos e Vereadores. A campanha eleitoral chega aos ouvidos de quem se fascina pelo colorido dos partidos e de quem repugna o burburinho nas ruas da cidade. O grito da propaganda nas ruas, a maquiagem dos candidatos no programa televisivo, a palavra oportunista nos programas radiofônicos, o corre-corre em ruas e bairros nunca visitados, o drible dos discursos enganosos nos palanques e a rotineira prática dos pedidos dos eleitores e promessas dos candidatos fazem parte do marketing eleitoral. Isso, de qualquer forma, faz parte do processo democrático.

A sociedade e, particularmente, os eleitores devem estar muito atentos, no sentido de fazerem uma leitura crítica do que veem e ouvem; é necessário que se veja bem aquele que se apresenta como candidato e aquilo que dele ouve, considerando sua história de vida, sua prática social e sua ação política. É indispensável que cada eleitor faça um “juízo de valor” sobre cada candidato que pede seu voto, em conversa pessoal ou através do horário da propaganda eleitoral no rádio e na televisão.

Entrou em vigor uma providência do Superior Tribunal Eleitoral, conclamando o eleitor para exercer sua cidadania, mediante o “Voto Limpo”. “A Justiça Eleitoral começou a divulgar hoje (21) a campanha Voto Limpo, por meio de peças publicitárias no rádio e na televisão. As mensagens pretendem estimular os eleitores a participar do processo eleitoral e a escolher candidatos ficha limpa, ou seja, sem problemas na Justiça. De acordo com informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a campanha é composta por cinco filmes e cinco peças de divulgação para rádio. Cada peça publicitária tem 30 segundos e trata de temas relacionados à Lei Complementar 135/2010, a chamada Lei da Ficha Limpa, que vale para as eleições municipais de outubro deste ano. Os filmes e a propaganda de rádio alertam os eleitores para a importância de pesquisar o passado dos políticos e conhecer as propostas de cada um. As mensagens da campanha incentivam a participação no pleito de eleitores de todas as idades, inclusive os que têm 16 e 17 anos e os maiores de 70 anos, para os quais o voto é facultativo. (...) A decisão de exibir a campanha no mesmo período da propaganda eleitoral gratuita foi da presidenta do TSE, ministra Cármen Lúcia. A medida levou em conta uma pesquisa realizada a pedido do TSE que constatou que os eleitores tinham dificuldade em se lembrar das campanhas anteriores, que eram iniciadas 60 dias antes do pleito. A escolha do tema Voto Limpo, de acordo com o TSE, também foi feita com base no resultado da pesquisa. O estudo apontou que a Lei da Ficha Limpa ainda é pouco conhecida pelos eleitores, apesar de ser uma lei gerada por iniciativa popular”.

Essa iniciativa do TSE é louvável e muito útil porque, de fato, a maioria dos eleitores desconhece o texto e o espírito da “Ficha Limpa”; a partir de agora, ao mesmo tempo em que o cidadão é bombardeado pela propaganda eleitoral, o eleitor é conscientizado para escolher um candidato confiável. É de se esperar que, nestas eleições, apareça, de modo mais visível, o resultado do voto limpo, em favor dos Municípios brasileiros.
Dom Genival Saraiva de França é Bispo da Diocese de Palmares - PE; Presidente da Conferência Nacional de Bispos Regional Nordeste 2 (CNBB NE2), Responsável pela Comissão Regional de Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz; Diretor presidente do Conselho de Orientação do Ensino Religioso do Estado de Pernambuco (CONOERPE); Membro efetivo do Conselho Econômico da CNBB NE2.

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Cardeal Scherer: "Tráfico de pessoas é aberrante"

O Brasil abriga 4.493 pessoas de 77 nacionalidades como refugiados, 30% deles se concentram em São Paulo e buscam na capital paulista mais segurança para viver. Os dados de março de 2012 do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) apontam a origem dos solicitantes de refúgio: 63,7% da África, 23,12% das Américas, 10,9% da Ásia, 2,7% da Europa e cinco pessoas apátridas.

Os dados também apontam que de março de 2011 até março deste ano, 58 sírios já registraram seu pedido de refúgio, dada a situação de guerra civil em que o país se encontra. Os números foram apresentados durante o seminário “Mobilidade Humana, na grande cidade, o desafio de acolher na diversidade”, realizado recentemente na Vila Mariana, zona sul.

Segundo a legislação brasileira, é refugiado aquele ou aquela que devido a fundados temores de perseguição por motivo de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas esteja fora de seu país de nacionalidade e não possa ou não queira acolher-se à proteção de tal país.

Segundo Padre Marcelo Monge, diretor da Caritas Arquidiocesana, o reconhecimento de refúgio não costuma sair em menos de um ano. “A demora no processo contribui para a marginalização das pessoas e isso é culpa do governo brasileiro que demora para julgar os pedidos de refúgio”. 

Tráfico de pessoas

Enquanto o solicitante de refúgio aguarda seu julgamento, ele recebe um protocolo e carteira de trabalho para adquirir meios de subsistência. Entidades que trabalham com o refúgio no Brasil apontam que as redes de tráfico de pessoas utilizam esses mecanismos legais para aumentar o tráfico. 

Para Dom Odilo Scherer, arcebispo metropolitano é “aberrante a situação do tráfico de pessoas no Brasil”, e o tema interessa à Igreja e a todas as pessoas que têm consciência moral. “Trabalhemos por uma sociedade livre e que as escravidões cessem de uma vez e que não se reinventem de maneira mais sofisticada. Essa é uma chaga, uma vergonha social” - concluiu o cardeal.


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CNBB lança no TSE campanha “Voto Consciente”


A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou na manhã de hoje, 06 de setembro, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília (DF), a campanha “Voto Consciente”. Estiveram presentes no auditório 2 do TSE a ministra-presidente do Tribunal, Cármen Lúcia Antunes Rocha e o secretário geral da CNBB, dom Leonardo Steiner.

Produzida em parceria com o Núcleo de Estudos Sociopolíticos (NESP) da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), a campanha Voto Consciente conta com vídeos, spots para rádios e texto com orientações para o voto consciente/cidadão e pelo voto limpo.

“Com esta iniciativa, a CNBB faz valer a tradição de sempre dar sua contribuição nas campanhas eleitorais com orientações aos seus fieis e todos os cidadãos, firmadas na ética e na cidadania à luz do Evangelho. A CNBB sempre se preocupou com o voto consciente e se preocupou também com as pessoas que estão à frente das nossas cidades, estado e municípios, para que pensem o bem comum. Então, poder participar de uma campanha como esta, junto com o TSE, é uma satisfação para a entidade. O nosso objetivo é poder ajudar a eleger, homens e mulheres, que pensem no bem da comunidade, das pessoas e, especialmente, dos mais pobres”, disse dom Leonardo no ato de lançamento.

A ministra-presidente do TSE também destacou a importância histórica da CNBB na luta pelo voto cidadão. “Gostaria de parabenizar a CNBB, em nome do Tribunal Superior Eleitoral, pois a entidade cumpre um papel histórico no Brasil no sentido de fazer com que a cidadania seja respeitada e que ela se respeite, e para isso é preciso que sua participação seja coerente com que ela espera do outro, que cada um cumpra seu papel. Por isso me sinto muito honrada, representando o TSE, de estar junto com a CNBB nesta caminhada, que é uma caminhada por um Brasil em que cada um assuma a responsabilidade com a sua história e, principalmente, com a história que é de todos”.

Citando a Lei Complementar nº 135/2010, mais conhecida com lei da Ficha Limpa, a ministra destacou sua importância social, e não apenas a questão jurídica em si. “É muito importante que a lei da Ficha Limpa se torne efetiva do ponto de vista social, e não do ponto de vista apenas formal e jurídico. E aí, só cada cidadão pode fazer isso, ou seja, na hora que ele escolhe bem o candidato, sabe quem ele está escolhendo e porque ele está escolhendo, o cidadão se torna coresponsável pela administração da cidade”, ressaltou.

No site da CNBB há um espaço com todo o material produzido pelo NESP e que está à disposição. Acesse www.cnbb.org.br e assista aos vídeos, leia os textos e ouça os spots.

Na quarta-feira, 5 de setembro, o TSE deu início à segunda fase da campanha Voto Limpo, que desde o dia 21 de agosto está sendo veiculada no rádio e na televisão. O objetivo é conscientizar o eleitor sobre a importância de sua participação nas eleições e evitar a troca de votos por vantagens indevidas.

Fonte: CNBB

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Arquidiocese se prepara para Semana Social Brasileira

 
“Estado para que e para quem?” é o tema da 5ª Semana Social Brasileira, que acontecerá no período de 22 a 25 de maio de 2013. As reflexões em busca da resposta desta pergunta já vêm acontecendo, durante este ano de 2012, em dioceses de todo o Brasil.

Em preparação à Semana Social Brasileira, a Arquidiocese de Natal promove duas atividades, no mês de setembro, coordenadas pelo Vicariato Episcopal para as Instituições Sociais. A primeira atividade é um seminário e acontece sábado, dia primeiro de setembro, das 8 às 16 horas, no auditório do IFRN, situado na Av. Rio Branco, no centro da capital. O seminário contará com a assessoria dos professores universitários César Sanson e Íris Oliveira. Os dois serão palestrantes da Mesa Redonda que abordará o tema: “Queremos o Estado a serviço da nação, que garanta direitos a toda população”.

A outra atividade será o Grito dos Excluídos, com uma vigília, que acontecerá dia 6 de setembro, das 18 às 21 horas, na Igreja de Nossa Senhora de Fátima, em Parnamirim. A programação iniciará com uma missa, presidida pelo Arcebispo, Dom Jaime Vieira Rocha. Depois, haverá um resgate da história dos Gritos dos Excluídos, realizados em anos anteriores, e uma homenagem a Dom Antônio Soares Costa e ao Padre Sabino Gentile, ambos já falecidos.
Semana Social
A realização das Semanas Sociais conta com o apoio de diversos atores e setores da sociedade, desde o início dos anos 90. É um evento promovido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB e tem a finalidade de mobilizar comunidades eclesiais e movimentos sociais para refletir sobre temas que dizem respeito à busca por um país justo, democrático, solidário e sustentável.
Divulgação
Cartaz da Semana Social
ESSE EVENTO ACONTECEU NA SEMANA PRÓXIMA PASSADA
O Vicariato Episcopal para as Instituições Sociais contribui desse modo para a vivência da cidadania na Arquidiocese de Natal.
AS CONFERÊNCIAS PASSAM 
OS PROBLEMAS PERMANECEM
As soluções para os problemas ambientais estão muito longe de aparecerem no cenário pois os dirigentes das sociedades humanas se renovam para aprofundarem a questão. Nenhuma novidade que possamos celebrar referente ao meio ambiente. O que fazer diante do imobilismo social? Temos que continuar nossas pequenas conferências em sala de aula mostrando o papel dessa geração que estamos formando. 
Mais tarde a situação vai estar muito mais difícil. Mas por enquanto temos que formar novas mentalidades. Temos que garantir, por meio da educação, uma geração cuidadora da natureza. Você que está lendo esse texto faz parte dessa equipe. Pense um pouco em nossas riquezas naturais e torne-se um defensor da mesma, orientando aqueles que estão em seu meio social.


A Mãe Terra

Cândido Grzybowski
Sociólogo, diretor do Ibase
De 20 a 22 de junho deste ano, no Rio, será realizada a Conferência da ONU sobre desenvolvimento sustentável, vinte anos após a ECO-92. Sou dos céticos em relação à vontade e à capacidade de nossos governantes – atolados em crises e compromissos com os grandes conglomerados econômico-financeiros que dominam a economia globalizada – chegarem a acordos à altura dos desafios que a humanidade tem pela frente. Cabe à cidadania fazer a sua parte, do local ao mundial. É uma necessidade inadiável indignar-se e agir contra um modo de produzir e consumir que serve para poucos e, ao mesmo tempo, destrói as bases da vida. Com esta crônica, no contexto que antecede a Conferência da ONU, inicio uma série de pequenas reflexões sobre a necessária revisão dos fundamentos em torno dos quais nos organizamos como sociedades humanas.
Junto-me a muitos, especialmente no processo Fórum Social Mundial, e endosso o diagnóstico de que estamos diante de uma crise de civilização, caracterizada pela perda de capacidade de resposta do sistema dominante, hoje globalizado, diante dos desafios planetários, tanto de preservação da integridade do planeta Terra e da vida para futuras gerações como da enorme injustiça social e ambiental intra e interpovos, hoje. Os fundamentos, a legitimidade e os rumos desse modelo capitalista industrial, produtivista e consumista estão derretendo e podem acabar tornando irreversível o processo de destruição ecológica e social.
Na crise da civilização atual, uma questão que emerge como condição sine qua non é a necessidade de recompor e reconstruir a nossa relação com a natureza. Afinal, somos parte da biosfera, somos natureza nós mesmos, natureza viva dotada de consciência. Somos dependentes uns dos outros, múltiplos e diversos, com capacidade de criar significados e direções, de incidir e adaptar a natureza às nossas necessidades. Somos, no entanto, parte da própria natureza, que nos impõe limites éticos no tratá-la, cuidá-la, preservá-la e comparti-la entre todos e todas. Interagir e trocar com a natureza, com a sua complexidade de sistemas ecológicos é, por definição, o viver. Por isso, precisamos resgatar o conceito filosófico e político fundante de Mãe Terra atribuído ao planeta, ainda presente em muitas culturas e no imaginário popular. Planeta único e mãe de todos os humanos, de toda a vida que conhecemos, a integridade do planeta Terra está ameaçada pela civilização capitalista industrial. A privatização, a mercantilização e a comodificação de tudo, a manipulação da vida e dos elementos, sem limites, pela biotecnologia e nanotecnologia, todos são processos que ameaçam a nossa grande mãe comum, a Terra – hoje e para futuras gerações. A tal economia verde, que está na agenda da Rio+20, nada mais é que uma aposta dos grandes conglomerados econômico-financeiros para transformar a biodiversidade e os elementos naturais em frente de uma nova e radical expansão capitalista. Estamos diante da possibilidade de sermos levados para o caminho da destruição sem retorno. Isto é o contrário de sustentabilidade.
Para ser sustentável, a civilização humana tem que renunciar ao antropocentrismo como filosofia, ética e religião e mudar radicalmente a sua aposta nas soluções da ciência e da técnica para violar e dominar a Mãe Terra a todo custo, tudo em nome da acumulação, do ter mais e mais, gerando desigualdades sociais e exclusões de todo tipo, com muito sofrimento e privações para bilhões de seres humanos. A primeira tarefa que decorre daí é desativar a máquina de produção e acumulação de riqueza material e financeira atual. O desenvolvimento, que tem como condição o crescimento contínuo, é a máquina do capitalismo. Ele combina apropriação e uso sem limites da natureza, vista como mera depositária de recursos, com a exploração e dominação dos que trabalham, tudo em nome da acumulação de lucros. A questão ética central aqui é: como abandonar valores e um estilo de vida do ter mais, produzindo ao mesmo tempo sempre mais luxo e pobreza, para dar lugar ao ser mais feliz, mais solidário, mais consciente das responsabilidades em regenerar, reproduzir e preservar a integridade da base natural, compartindo-a como a grande Mãe Terra, com todos de hoje e com as futuras gerações?
A vida, toda forma de vida, tem o direito fundamental de existir, bem como os complexos sistemas ecológicos que integram e regulam o planeta Terra. A Conferência Rio+20, ao invés de pensar em novas frentes de grandes negócios para alimentar o crescimento, com a tal economia verde, poderia considerar seriamente as fronteiras planetárias, o espaço seguro para a humanidade florescer.
Segundo renomados cientistas, as fronteiras planetárias para a ação humana – que, uma vez ultrapassadas, podem provocar uma mudança ambiental irreversível, com efeitos catastróficos – são:
  1. mudança climática;
  2. acidificação dos oceanos;
  3. concentração estratosférica de ozônio;
  4. emissões atmosféricas de ozônio;
  5. fluxos biológicos, geológicos e químicos (interferência do fósforo e do nitrogênio);
  6. uso global da água fresca;
  7. mudanças no sistema de uso da terra;
  8. perda de biodiversidade;
  9. poluição química.
Essas fronteiras estão mais detalhadas em: Resilience Alliance. Planetary boundaries: exploring the safe operations space for humanity. Ecology and Society, nº 14(2), p. 32. Disponível em: http://www.ecologyandsociety.org.
Esta me parece uma agenda possível e necessária para tratar a Mãe Terra como ela merece. A tarefa é urgente. Seremos capazes de mudar o rumo do desastre?
Publicado em 28 de fevereiro de 2012

Mensagem do dia
 
Sábado, 08 de setembro 2012
No Senhor encontramos repouso
Talvez você esteja com o coração pesado e precisando do Senhor. Tenha certeza de que Ele mesmo está chamando todos nós. Vamos acolher este convite que Ele nos faz hoje: "Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso"(Mateus 11,28).

Ou talvez você esteja carregando o fardo do seu casamento, de seus filhos adolescentes ou casados. Pode ser que você esteja vendo o casamento de seu filho desmoronar, aquele de quem você esperava tanto. Talvez, o seu próprio casamento esteja desmoronando.

Muitas vezes, nós estamos com a alma cansada e isso se reflete em nosso corpo: não dormimos, passamos a noite com sonos intermitentes, então, não vemos a hora de ela [noite] chegar novamente, e depois, não vemos a hora de chegar o dia. Mas, hoje, o Senhor está dizendo para você que vá a Ele, pois n'Ele você vai encontrar o repouso e o descanso de que precisa.

Graças a Deus, quantos de nós já encontramos solução no Senhor! Nós já experimentamos maravilhas em nossa vida. Quanta coisa nós pedimos e o Senhor nos concedeu. Seja qual for o peso que você esteja carregando, o Senhor está lhe dizendo: "Venha a mim, meu filho, você que está sobrecarregado com o peso dos fardos e Eu lhe darei descanso e repouso".

"Senhor, Tu sabes as dores da alma que esses irmãos estão carregando. É promessa Sua e eles estão vindo, estão acreditando. Dá a cada um de Seus filhos e filhas o descanso, o repouso de que precisam, porque, muitas vezes, esse descanso vem porque o Senhor pousa Sua mão entre nós. Dá-nos, meu Deus, o repouso da alma, do espírito e o alívio de que precisamos".

No Senhor encontramos repouso, paz, alegria, paz, amor, enfim, tudo de que precisamos para seguir nossa jornada.

Deus o abençoe!

Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova


Veja também:
.: Assista às pregações de mo

sexta-feira, 7 de setembro de 2012


A adolescência forma caráter?

Tatiana Serra
ilustração
Você já deve ter ouvido alguém falar: “fulano não tem caráter”, “beltrano tem o caráter forte” e “cicrano só pode ser mau-caráter”. São várias as possibilidades e as definições para essa palavra.
Sua origem grega tem ligação com a impressão de uma marca sobre um objeto e mostra que o caráter distingue uma pessoa; também pode tornar possível prever as ações e atitudes de um indivíduo; é o traço moral da personalidade; qualidade inerente a uma pessoa; índole, natureza e temperamento; soma dos hábitos, virtudes e vícios; índole ou firmeza de vontade; conjunto do que o indivíduo possui desde seu nascimento...
A socióloga Ângela Marulanda, em seu livro O desafio de crescer com os filhos, afirma que “caráter é aquilo dentro de nós que regula o nosso agir moral”. Mas como ele se forma? Ao poucos e ao longo da vida. Como o caráter de uma pessoa é formado? Quem o influencia? Quem estiver mais próximo do indivíduo ou, de acordo com Sigmund Freud, “é formado pelas pessoas que ele escolheu para conviver". Aliás, também foi ele que afirmou que a experiência da infância tem forte influência sobre a personalidade adulta.
A escritora americana Cecily von Ziegesar, uma das principais autoras da chamadachick lit – a literatura feita sob medida para leitoras adolescentes –, esteve em São Paulo na última Bienal do Livro. Do alto de seus mais de 60 milhões de cópias vendidas em todo o mundo (sua principal obra é a saga de 13 livros Gossip Girl),Cecily afirmou à revista Veja que a adolescência é capaz de formar o caráter. “É na adolescência que a gente se torna a pessoa que será para sempre. Por isso é tão interessante escrever sobre esse período”, disse ela.
É importante lembrar ainda que a formação de um caráter tem a ver com os obstáculos encontrados. E a correlação entre caráter e adolescência pode ser explicada por se tratar de um período em que situações de impacto (muitas vezes, as primeiras delas) acontecem, como ver os pais se divorciarem ou ter o coração quebrado por alguém de quem se gosta – um garoto ou aquela melhor amiga que você achava que teria ao seu lado para o resto da vida.
Vale a pena parar para pensar nisso, especialmente aqueles docentes que trabalham com essa faixa etária; querendo ou não, o professor é referência de vida e comportamento para esses jovens – para o bem e para o mal.
04/09/2012

22.1 milhões de crianças & adolescentes na América Latina e Caribe não estão na escola ou correm sérios riscos de evasão escolar....




Teólogo Paulo Suess fala sobre liturgia e Vaticano II

"Se Francisco Xavier e praticamente todos os missionários e missionárias até a primeira metade o século XX eram obrigados, em nome da Igreja, a negar a possibilidade de salvação para os não cristãos, o Vaticano II trouxe, no dizer de Bento XVI, “alguma forma de descontinuidade”, afirma o teólogo Paulo Suess, em entrevista concedida ao Instituto Humanitas Unisinos (IHU) On-Line.
Tanto isto é verdade que “a Fraternidade Pio X percebeu corretamente que o Vaticano II representa uma verdadeira reforma que inclui continuidade e ruptura”
Por ocasião do 50º aniversário do início do Concílio Vaticano II, o assessor teológico do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), descreve a gênese, a trajetória e as rotas do importante decreto Ad Gentes, que redesenhou a missão da Igreja.
Segundo Paulo Suess, o Concílio Vaticano II instou "a igreja a deixar a realidade do mundo e entrar na realidade do mundo. E essa realidade tem várias dimensões: a dimensão macrocultural da modernidade secularizada e a dimensão da convivência concreta no mundo pluricultural".
Trata-se, continua Suess, "de construir duas pontes de mão dupla: uma entre Igreja e a dimensão universal das conquistas do mundo moderno, e outra, entre Igreja e o mundo local e cultural, onde o povo vive, se encontra e comunica".
Paulo Suess nasceu na Alemanha. É doutor em Teologia Fundamental com um trabalho sobre Catolicismo popular no Brasil. Em 1987 fundou o curso de Pós-Graduação em Missiologia, na Pontifícia Faculdade Nossa Senhora da Assunção, em São Paulo, onde foi coordenador até o fim de 2001. Recebeu o título de Doutor honoris causa, das Universidades de Bamberg (Alemanha, 1993) e Frankfurt (2004). É assessor teológico do Conselho Indigenista Missionário – Cimi e professor no ciclo de pós-graduação em missiologia, no Instituto Teológico de São Paulo (ITESP). Entre suas publicações, destaca-se Dicionário de Aparecida. 40 palavras-chave para uma leitura pastoral do Documento de Aparecida (São Paulo: Paulus, 2007).
Confira a entrevista.
A partir da perspectiva da Igreja em Missão, como o senhor analisa o Concílio Vaticano II, evento que, neste ano, celebra 50 anos da sua abertura?
Paulo Suess – A missão é estrela-guia na constelação dos 16 Documentos do Concílio que emergiram de demandas prático-pastorais. Práticas litúrgicas, leituras bíblicas, convivência ecumênica, necessidades de uma nova presença no mundo operário e indígena apontaram para a necessidade de uma reconfiguração das relações entre Igreja, mundo moderno, culturas e humanidade. Novas relações, sobretudo com os pobres e os outros, exigiram repensar as linhas pastorais até então consideradas “legais” e forjaram, como fio condutor, a missão voltada ao povo e ao mundo na perspectiva de aggiornamento e encarnação. O aggiornamento à modernidade e a encarnação nos contextos pluriculturais representam uma verdadeira “virada popular”. Virada popular significa contemplar a Deus não em alturas abstratas, mas no rosto da humanidade crucificada e ouvir a Sua voz através dos sinais de Deus no mundo.
O decreto Ad Gentes é o documento conciliar que trata da atividade missionária da Igreja? Qual a gênese desse documento no processo do Concílio?
Paulo Suess – Os impulsos elementares para a teologia da missão e a pastoral missionária desabrocharam nas Constituições sobre a Igreja (Lumen Gentium; Gaudium et Spes) e a Liturgia (SC), nos decretos sobre o Ecumenismo (UR) e a Vocação dos Leigos (AA), e nas Declarações sobre a Liberdade Religiosa (DH) e as Religiões Não Cristãs (NA). O “Decreto Ad Gentes sobre a atividade missionária da Igreja” apenas sintetizou essas dimensões que ganharam a sua força radical pela revisão da eclesiologia do Vaticano I. Nos processos que levaram à redefinição da missão, observa-se um deslocamento de uma Igreja que tem missões territoriais, pelas quais faz coletas e pede orações, para uma Igreja na qual a missionariedade e a “natureza missionária” dos batizados representam a orientação fundamental de todas as suas atividades.
O anúncio do Vaticano II, na festa da conversão do Apóstolo Paulo, die 25 de janeiro de 1959, na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, tem um profundo significado simbólico. Data e lugar escolhidos pelo papa João XXIII apontam para uma igreja em estado de conversão “fora dos muros” da cristandade.
Foi pela primeira vez, na história da Igreja, que um concílio sentiu a necessidade de elaborar um documento sobre a missão. Contudo, parecia tudo muito fácil e, praticamente, já resolvido antes do Concílio. O cardeal Agagianian, prefeito da então chamada “Congregação pela Propagação da Fé”, não se cansou de afirmar que no campo missiológico todas as questões estavam resolvidas através das encíclicas missionárias dos últimos papas. Missão e missiologia, que entraram no concílio como anexos ao campo da pastoral, saíram do processo conciliar como teologia fundamental e núcleo teológico-pastoral central do Vaticano II.
Ao texto definitivo de Ad Gentes precederam sete versões que permitem acompanhar as lutas pelo novo significado do paradigma “missão” (cf. P. Suess, Introdução à teologia da missão, 3ª ed., Petrópolis, 2011, p. 122 et seq.). O lugar do “mundo”, da “missão” e da “liberdade religiosa” na Igreja foi disputado até o último momento do Concílio. Finalmente, poucos dias depois da promulgação da “Declaração sobre as religiões não cristãs” (NA, 28.10.65), na quarta e última sessão e no último dia (7-12-1965), o “Decreto Ad Gentes sobre a atividade missionária” foi promulgado por Paulo VI, junto com a “Constituição Pastoral sobre a Igreja no mundo contemporâneo” (GS) e a “Declaração sobre a liberdade religiosa” (DH). Ad Gentes recebeu 2.314 votos “sim” e apenas 5 votos “não”.
Quais são os elementos ou conteúdos fundamentais do decreto Ad Gentes?
Paulo Suess – Os conteúdos fundamentais do decreto Ad Gentes não devem ser vistos isoladamente dos outros documentos do Concílio. O “pacote” missiológico do Vaticano II pode ser resumido em alguns passos, revisões e conversões de uma caminhada pós-colonial, sempre ameaçada por regressões:
– do eclesiocentrismo à centralidade do Reino de Deus;
– de uma identificação da Igreja com a hierarquia para uma Igreja “Mistério”, “Povo de Deus” e “Instrumento de salvação”;
– de um laicato auxiliar e subordinado do clero para um laicato que participa do sacerdócio comum dos fiéis (LG 34), do múnus profético de Cristo (LG 12; 35,1) e do apostolado. O Povo de Deus é marcado por uma igualdade constitucional (cf. LG 37);
– da opção abstrata pelo “homem” para sujeitos com rostos concretos. O povo de Deus integra os pobres e tem uma missão pública, histórica, profética e fraterna;
– De uma Igreja
= que olhou na celebração eucarística para a parede e falava em latim
= que entendeu a sua teologia como explicação de dogmas e
= que em sua pastoral estava amarrada a padrões culturais da Europa, para uma Igreja versus populum, que podemos chamar de “virada popular”;
– do território da missão à natureza missionária da Igreja povo de Deus (desterritorialização da missão);
– do ter missões ao “viver em estado de missão” (AG 2; DAp 213);
– da missão ad gentes à missão intergentes (diálogo inter-religioso, ecumênico e intercultural), que significa um passo da unilateralidade entre doador e receptor dos benefícios da missão para a reciprocidade nas relações missionárias;
– do monopólio salvífico à partilha da graça da salvação: se Francisco Xavier e praticamente todos os missionários e missionárias até a primeira metade o século XX eram obrigados, em nome da Igreja, a negar a possibilidade de salvação para os não cristãos, o Vaticano II trouxe, no dizer de Bento XVI, “alguma forma de descontinuidade”;
– da supervisão à inculturação. A “supervisão” nos afasta do chão e dos rostos concretos dos pobres. A eficácia missionária não está nos instrumentos utilizados nem na liderança em “nossas obras”, mas na coerência entre a mensagem do Reino e sua contextualização, também através do nosso estilo de vida.
A passagem da supervisão para a inculturação atinge, obviamente, o campo onde o povo celebra sua vida, ou seja, o campo litúrgico. Muitas reformas litúrgicas pós-conciliares, feitas por “supervisores” sem conhecimento e participação do povo, estão caminhando para o distanciamento pré-conciliar. A Missa Tridentina não é um sinal que aponta para uma Igreja autóctone encarnada na vida do povo. A “virada popular” do Vaticano II clama por essa Igreja autóctone que rompe com qualquer tipo de tutela colonial.
A partir do Concílio, entre avanços e recuos, como o senhor avalia os passos dados pela Igreja na sua relação com o mundo?
Paulo Suess – Hoje, a Igreja Católica reúne vários setores de mentalidades, práticas pastorais e teologias diferentes, o que torna difícil falar de “passos dados pela Igreja”. Esses passos de setores espiritualistas e realistas, fundamentalistas e movimentos militantes, de ordens religiosas e novas comunidades se movem em direções diferentes. Segundo o respectivo setor, podemos falar de recuos ou avanços ao mesmo tempo. Ultimamente observa-se certa aversão do setor hegemônico contra a realidade concreta. Nossa metodologia do ver-julgar-agir, que acompanhou a teologia indutiva latino-americana e que ainda foi positivamente mencionada na Mater et Magistra (1961) de João XXIII (MM 235), sofreu, desde Santo Domingo (1992), na maioria dos documentos, restrições pela nova abordagem do “crer-ver-agir”. Em seguida, muitas vezes se confundiu os níveis diferentes do crer, que é teológico, e do ver, que é sócio-histórico.
Mas a história nunca é linear. Muitas conquistas do Vaticano II estão presentes em nossa realidade pastoral e nos documentos produzidos nesse tempo pós-conciliar, apesar de certo descompasso entre documentos e a própria prática missionária. Somos uma Igreja de apóstolos e mártires, hoje com poucos profetas. Precisamos desinibir a “virada popular”.
Precisamos reescrever os tratados sacramentais – matrimônio, penitência, sacerdócio –, que clamam por um aprofundamento que tome o Vaticano II como ponto de partida. 70% das comunidades na Amazônia estão sem eucaristia dominical. Aparecida cobrou à Igreja de “repensar profundamente e relançar com fidelidade e audácia sua missão nas novas circunstâncias latino-americanas e mundiais” (DAp 11). “Fidelidade”, nessa reconstrução da “virada popular”, só faz sentido se houver “audácia” na recepção e na projeção do Vaticano II. Sem audácia, a tradição se torna tradicionalismo e prisão e não haverá tradução, encarnação e comunicabilidade do cristianismo em novos contextos micro e macroculturais.
Exige-se, hoje, um discernimento audaz tanto na assunção dos múltiplos projetos de vida, que culturas regionais representam, como na avaliação de conquistas da modernidade que, com sua dupla face de progresso e violência, beneficiam e ameaçam a sobrevivência da humanidade. A audácia pode ser confundida com adaptações apressadas, com modernizações meramente técnicas, com a corrida atrás do sempre novo, sem consciência histórica. Missas e ministros midiáticos, alinhados a padrões de marketing, podem destruir o sagrado.
Como a Igreja latino-americana traduziu para a sua realidade as decisões conciliares, sobretudo ao que diz respeito à Igreja missionária?
Paulo Suess – A “virada popular” como aggiornamento significa para a igreja deixar a realidade do mundo e entrar na realidade do mundo. E essa realidade tem várias dimensões: a dimensão macrocultural da modernidade secularizada e a dimensão da convivência concreta no mundo pluricultural. Aggiornamento expressa a vontade de construir duas pontes de mão dupla: uma entre Igreja e a dimensão universal das conquistas do mundo moderno, e outra, entre Igreja e o mundo local e cultural, onde o povo vive, se encontra e comunica.
O Concílio nomeou essas tentativas de aproximação respeitosa aos povos e ao mundo com algumas palavras balbuciantes, como “adaptação” (SC 37s; GS 514), “autonomia da realidade terrestre” (GS 36; 56) e da cultura, “sinais do tempo” (GS 4; 11), e “diálogo” (CD 13; UR 4), “encarnação” e “solidariedade” (GS 32). Em nossa caminhada teológico-pastoral latino-americana traduzimos essas palavras como “opção pelos pobres” e “libertação”, em Medellín (1968), “participação”, “assunção” e “comunidades de base”, em Puebla (1979), como “inserção” e “inculturação”, em Santo Domingo (1992) e como “missão”, “testemunho” e “serviço” de uma Igreja samaritana e advogada da justiça e dos pobres, em Aparecida (2007).
Nenhuma dessas palavras descreve a totalidade do projeto pastoral do Vaticano II, mas seu conjunto representa uma síntese daquilo que esse concílio queria ser: um farol da luz de Cristo no meio dos povos e do mundo.
Algo significativo aconteceu na IV Conferência do Episcopado Latino-Americano em Santo Domingo. O tema da “cultura cristã”, quer dizer, a reflexão sobre uma cultura que não existe, foi substituída nas Conclusões por “evangelização inculturada” (SD 292,3). E no decorrer dessas Conclusões encontra-se o imperativo categórico da evangelização: “Toda evangelização há de ser, portanto, inculturação do Evangelho. (...) A inculturação do Evangelho é um imperativo do seguimento de Jesus e é necessária para restaurar o rosto desfigurado do mundo” (cf. LG 8; SD 13).
Após 50 anos, como o senhor analisa a atualidade do Concílio, sobretudo na perspectiva da Igreja em Missão?
Paulo Suess – Como evento histórico, o Concílio é ponto de partida. Reinterpretações fazem parte da fidelidade aos seus documentos e da audácia da caminhada pastoral que a história exige (cf. DAp 11). Podemos distinguir diferentes “convivências” com o Vaticano II:
1º: a não recepção pelo grupo em torno da chamada Fraternidade Pio X. Esse setor percebeu corretamente que o Vaticano II representa uma verdadeira reforma que inclui continuidade e ruptura;
2º: a recepção modernizante, porém essencialmente conservadora, sem assunção dos questionamentos do mundo moderno, que o Concílio fez;
3º: a recepção conclusiva, como se o Vaticano II fosse um ponto final ou uma trincheira que nos permite, em pleno inverno eclesial, esperar tempos mais favoráveis. Esse setor procura salvar afirmações fundamentais do Concílio – o “máximo” alcançável, o “sustentável” – sem a dinâmica histórica que o considera como ponto de partida;
4º: a recepção seletiva e estratégica pelo setor de movimentos pentecostais e fundamentalistas, que grosso modo dispensaram a “iluminação” conciliar, por confundirem com ilustração; sinais importantes deste setor são a emocionalidade, a visibilidade através de eventos de massa e o personalismo de um líder sedutor, popular e populista ao mesmo tempo. Sua presença maciça na mídia se explica pelo alinhamento sistêmico e político, por promessas milagrosas e pelo esquecimento da cruz. Esse setor reforça a alienação das massas populares e as afasta do mistério pascal;
5º: a recepção dinâmica na linha de uma pastoral de libertação e participação dos pobres, assumida por Medellín e as conferências seguintes. Bandeiras como CEBs, inculturação, Igreja autóctone com teologias e liturgias diferenciadas, diálogo, liberdade religiosa, macroecumenismo só terão futuro e serão hasteadas nessa perspectiva da historicidade do evento Vaticano II. Quem quer “segurar” o Concílio como ponto de chegada destrói suas intenções profundas.
À luz do Concílio Vaticano II, o que significa ser Igreja missionária hoje?
Paulo Suess – Ser Igreja missionária, hoje, significa ser Igreja. Não existe uma Igreja não missionária. E ser Igreja significa ser Povo de Deus, povo messiânico, profético, sacerdotal e testemunhal em estado permanente de conversão institucional, pessoal e estrutural; significa assumir de perto a opção pelos e com os pobres e os “outros”, com os quais trabalhamos e convivemos com o cultural e o materialmente disponíveis para colaborar na construção de um mundo para todos. Ainda estamos longe de fazer do lembrete “natureza missionária”, que o Concílio nos deixou, uma realidade pastoral. Ainda estamos longe de ver na missão não apenas uma “tarefa opcional”, mas de assumi-la como “parte integrante da identidade cristã” (DAp 144).
Missão é visão do horizonte utópico da libertação. A libertação é possível. A justiça de Deus não é a justiça da estátua com olhos vendados. Deus ouve o clamor dos pobres, vê o sofrimento dos migrantes e convoca com a sua palavra os que a confusão babilônica dos macrodiscursos excluiu do convívio social.
Missão é visão acoplada à ação. Com nossa indignação profética percebemos que tudo pode ser diferente.
A partilha e a opção pelos pobres apontam para tarefas básicas neste mundo: a redistribuição dos bens feita pelos pobres e o reconhecimento dos outros e das outras em sua alteridade. Essa visão se transforma em ação através da presença no meio dos outros pobres e através de palavra, profética e misericordiosa, ao mesmo tempo.
A Missão produz sinais de justiça e cria imagens de esperança. No mundo, onde os privilegiados perdem o sentido de vida e os excluídos perdem a visão de um horizonte e a força de resistência, o querigma missionário elementar é a esperança que emerge da presença e da solidariedade.
21/08/2012 - 14:28 Entrevista
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