Artigos - CNBB
29/8/2012
Com os programas
eleitorais pelo rádio e a TV, inicia a fase decisiva na campanha eleitoral para
as eleições municipais de 2012. É a hora de conhecer melhor os candidatos, os
programas e propostas de seus partidos e de fazer o discernimento para a escolha
dos candidatos.
Estas
eleições são importantes e merecem toda a atenção, pois nos municípios está a
base da vida política nacional: ali está o povo que vota; vereadores e prefeitos
darão, depois, o apoio aos candidatos a deputados estaduais, federais e
governadores e à própria escolha do mandatário supremo do país. Sua importância
maior, porém, está na gestão do poder local: escolher bem o prefeito e os
vereadores é fundamental para a comunidade municipal.
Os
candidatos farão a sua parte, nessas próximas semanas, para se apresentarem aos
eleitores e para obter o seu voto. Também os eleitores deverão fazer a sua
parte; vale a pena recordar alguns critérios para acompanhar a campanha
eleitoral e para discernir sobre as escolhas a fazer. Abster-se de toda
informação, votando em branco, ou escolhendo apenas na última hora não seria a
coisa mais aconselhável.
É
fundamental o conhecimento dos candidatos, sua história pessoal e seu preparo
para assumir o cargo que pretendem exercer. E é necessário conhecer suas
propostas e as de seus partidos, para avaliar se elas levam em conta as reais
necessidades da população e do município. O Legislativo e Executivo municipal
devem estar atentos às grandes questões que interessam à vida da cidade:
educação, saúde, segurança pública, transporte, habitação, cuidado do meio
ambiente, limpeza pública, saneamento básico; atenção especial merecem os pobres
e as camadas sociais mais vulneráveis da cidade. Propostas com soluções
mirabolantes e irreais devem receber a desconfiança do eleitor.
Infelizmente, a campanha eleitoral tem mostrado, com frequência, maior
preocupação dos candidatos em
"demolir" os adversários do que em apresentar aos eleitores propostas de governo
dignas de fé e adequadas para o exercício do mandato pretendido. Os eleitores
têm o direito de cobrar propostas dos candidatos e de esperar que eles estejam
atentos às necessidades das comunidades locais.
Os bons
políticos não podem estar atrelados apenas ao interesse de algum grupo, mas
comprometidos com a promoção do bem comum. É necessário desconfiar de quem pede
o voto, mas, depois de eleito, nunca mais se interessa pelas necessidades da
população, em geral, e fica apenas a serviço de algum grupo de interesse. Nesse
particular, vale a pena avaliar o desempenho político de quem pede para ser
reeleito.
A
corrupção na vida política é um grande mal e deve merecer uma atenção especial
dos eleitores; a eleição é a grande chance de manter longe do poder quem não tem
"ficha limpa", ou já esteve envolvido em desonestidade, ou tem histórias pouco
claras na gestão do poder público. Mais uma vez, é preciso conhecer os
candidatos e conferir: ficha limpa e "cheia" de credibilidade...
A
corrupção política pode começar na própria campanha eleitoral, quando há o abuso
do poder econômico, ou se o candidato tenta "comprar" o voto dos eleitores, em
troca de pequenos benefícios. Mas também os eleitores não devem "vender" seu
voto, nem trocá-lo por favores, mas votar com liberdade e responsabilidade; o
voto representa a dignidade pessoal, que nenhum preço paga. A compra de votos e
outras formas de pressão sobre o eleitor devem ser denunciadas, com base na lei
9.840, como "crimes eleitorais", cuja pena pode levar à perda do
mandato.
Religião
e política devem ficar distantes? Depende. O critério religioso não deve ser o
mais importante; trata-se de escolher pessoas honestas e dignas, capazes de
governar e legislar. Mas é bom verificar, se os candidatos respeitam a liberdade
de consciência, as convicções religiosas e morais dos cidadãos, seus símbolos
religiosos e a livre manifestação da fé; não vote em quem vai criar depois, de
alguma forma, problemas para esses direitos. E apoie candidatos que protejam e
amparem a família diante das ameaças à sua identidade e missão natural. A cidade
que descuida ou abandona a família herdará muitos problemas.
Cardeal Odilo Pedro
Scherer
Arcebispo de São Paulo (SP)
Fonte: www.cnbb.org.br
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