Jovens levam o Evangelho a comunidades ribeirinhas do Pará
Uma hora. É o tempo que separa a cidade de Belém do distrito de
Icoaraci, no Pará. Mas pegar a estrada de asfalto é só uma parte do
caminho, que começou às 5h, quando os primeiros saíram de casa com
destino ao Porto do Distrito. Apesar da hora ingrata para a maioria dos
jovens, sorrisos e cumprimentos marcam a saída em uma pequena embarcação
com destino a Ilha de Urubuoca. É hora da “estrada” de água.
Rio abaixo e aí foram eles, para seguir a tarefa que cumprem
rigorosamente: a evangelização nas ilhas no entorno da cidade de Belém. O
projeto é desenvolvido pela Pastoral das Ilhas, da Arquidiocese de
Belém, que é formada pelas Comunidades Católicas Casa da Juventude
(Caju) e Mar Adentro.
“É algo que a gente não mensura. A vocação missionária está dentro do
‘ser Caju’, é um serviço que fazemos com muito amor. É uma das melhores
formas que encontro para levar ao mundo a Alegria da Ressurreição de
Cristo”, explica Aline Sotão, uma das coordenadoras do grupo de
Assistência Missionária da Comunidade Caju. A Caju desenvolve o
trabalho de evangelização realizando celebrações eucarísticas, formações
sobre a Palavra e a vida na Igreja, além de trabalhos lúdicos com as
crianças da região.
E para quem tem o ardor missionário no nome não seria diferente. A
Comunidade “Mar Adentro” desenvolve, há sete anos, o trabalho junto às
comunidades ribeirinhas, como são chamados os moradores do entorno dos
rios. “A primeira necessidade que identifico nos moradores das ilhas é a
sede de Deus. Como em qualquer outra região, o homem tem necessidade do
encontro pessoal com Cristo. A partir daí percebo que eles têm
necessidades de serem valorizados, amados como filhos de Deus e isto se
dá através do reconhecimento da cultura própria deles e também da
conscientização da região metropolitana sobre necessidades básicas que
eles não têm acesso, por exemplo, saúde”, enfatiza a Supervisora da
Missão em Belém, Léa Bizeto.
A missão abraçada pelos leigos tem transformado muitas realidades.
Mudança que se percebe no jeito de dona Altamira Pimentel, aos 64 anos
de idade, contar como a construção de uma pequena capela em uma palafita
mudou o seu cotidiano. Dona Altamira, vizinha da capela, é a
responsável pelos cuidados com a ermida. “Antes as missas eram feitas
na minha casa, agora recebemos as visitas. Eles nos ensinam a rezar, a
viver melhor pra Deus”, a senhora só interrompe a conversa com a chegada
de Erick, de 7 anos, um de seus oito netos: “Bença vó!”. “Deus te
acompanhe meu filho”, responde ela com um sorriso no rosto. E assim a
evangelização segue de geração em geração.
Para o bispo auxiliar da arquidiocese de Belém, dom Teodoro Mendes, a
presença da Igreja nas regiões mais distantes é caminho para a
dignidade. “Todo este trabalho inclui a promoção humana. A Igreja também
assume como parte de sua missão a defesa da justiça, da integridade, da
criação. Onde o povo estiver a Igreja tem que se fazer presente”,
afirma. Dom Teodoro conta ainda que não se trata de um trabalho de
assistência. “O que seria destas comunidades sem esses momentos? Isso os
ajuda a crescer e a assumir o seu protagonismo local para que caminhem
com seus próprios pés”, destaca.
Fonte: CNBB
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