Cruz e dores
A Igreja católica celebra, no mês de setembro, duas festas litúrgicas,
muito próximas no calendário e no seu significado. No dia 14, celebra a
Exaltação da Santa Cruz e no dia 15 contempla Nossa Senhora das Dores.
“A Cruz recorda o Cristo crucificado, o seu sacrifício, o seu martírio
que nos trouxe a salvação. Assim sendo, a Igreja há muito tempo passou a
celebrar, exaltar e venerar a Cruz, inclusive como símbolo da árvore da
vida que se contrapõe à árvore do pecado no paraíso, quando a serpente
do paraíso trouxe a morte, a infelicidade a este mundo, incitando os
pais a provarem o fruto da árvore proibida. (Gn 3,17-19)” “Maria
participa na dor de Cristo no alto da cruz e na obra da salvação.” A
devoção do povo católico a Nossa Senhora das Dores tem fundamento
bíblico. Primeira dor: Apresentação de Jesus no templo. “Na primeira dor
o Coração de Maria foi transpassado por uma espada, quando Simeão
profetizou que o Filho dela seria a salvação de muitos, mas também
serviria para ruína de outros.” Sua segunda dor: A fuga para o Egito.
“Quando Jesus, Maria e José fugiram para o Egito, foi grande dor saber
que desejavam matar o seu filho, aquele que trazia a salvação!” Terceira
dor: A perda do Menino Jesus. “Maria procurou Jesus por três dias. Ela
tinha consciência de que Jesus era o Messias prometido. Quando o
encontrou no Templo, no meio dos doutores”. Quarta dor: o doloroso
encontro no caminho do Calvário. “Contemplemos e vejamos se há dor
semelhante à Dor de Maria Santíssima, quando encontrou-se com seu divino
Filho a caminho do Calvário, carregando uma pesada cruz e insultado
como se fosse um criminoso.” Quinta dor: “Maria aos pés da Cruz. “No
momento da crucificação de Jesus os judeus diziam: ‘Se Ele é Deus, por
que não desce da cruz e se livra a si próprio?!’ ” Sexta dor: “Uma lança
atravessa o Coração de Jesus. A dor de ver transpassar o Coração de
Jesus com a lança, conferiu a Maria o poder de introduzir, em seu amável
Coração, a todos aqueles que a ele recorrerem.” Sétima dor: Jesus é
sepultado. “Por humildade, Jesus submeteu-se à própria sepultura, para
depois, ressuscitar dentre os mortos!”.
A Cruz de
Cristo tornou-se instrumento de salvação, por isso, os católicos a
veneram. As Dores de Maria, dores de mulher e mãe, encontram sua força
na redenção de Cristo. Cruz e dores fazem parte da vida de qualquer
pessoa. Em sua condição humana, Cristo, pelo martírio da sua Cruz, e
Maria, pelo martírio de suas Dores, continuam falando à humanidade que
carrega sua cruz e tem suas dores.
Dom Genival Saraiva de França
é Bispo da Diocese de Palmares - PE; Presidente da Conferência Nacional
de Bispos Regional Nordeste 2 (CNBB NE2), Responsável pela Comissão
Regional de Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz;
Diretor presidente do Conselho de Orientação do Ensino Religioso do
Estado de Pernambuco (CONOERPE); Membro efetivo do Conselho Econômico da
CNBB NE2.
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