Calma X Desespero |
Maria Regina Vicentin * Nesta nossa vida existem inúmeros momentos de sofrimento, desalento, desespero, dor, inquietação, ansiedade, medo e outros tantos sentimentos desagradáveis que só quem passa sabe como é. Em maior ou menor proporção todos nós experimentamos pelo menos algumas dessas sensações. O que quero mostrar hoje, é que a calma é algo extremamente necessário nessas horas. Quando vivenciamos a aflição e o desespero temos a sensação de que estamos completamente desamparados. Escutamos a todos e ao mesmo tempo a ninguém. Nossa cabeça parece pensar sem parar e acreditamos que vamos enlouquecer ou que, de qualquer forma, não vamos suportar tamanho peso, tamanho desgaste, tamanho baque. Essa sensação é normal, embora acreditemos que já não estamos mais no nosso juízo perfeito. O que ocorre com muita freqüência, entretanto, é que o desespero nos leva a perder aquilo que mais deveríamos prezar nessas horas: a nossa calma. Isso é realmente algo desastroso, pois tendemos a cometer muitos erros quando estamos alterados emocionalmente. Vemos coisas onde elas não existem e as deixamos de ver onde se mostram, às vezes, claramente. Ficamos com nosso senso crítico prejudicado e podemos assumir atitudes de completo destempero com quem não merece isso de nós. A ausência de calma, normalmente, cria um clima tenso em todos que participam ativamente ou não do problema em questão, basta que estejam próximos ou ligados emocionalmente à pessoa que sofre. Isso só conduz a mais sofrimento e incompreensão. Quando conseguimos manter a calma, os problemas continuam acontecendo, mas nossa visão sobre eles é modificada. Percebemos que, em muitas circunstâncias, não há mesmo nada que se possa fazer a não ser esperar ou aceitar o ocorrido. E se é só isso que se pode fazer, porque é que você vai exatamente se desesperar? O desespero traz desgaste dobrado. Nada no mundo muda realmente com o desespero, somente nosso próprio eu, que fica em frangalhos e as pessoas que se importam conosco, que sofrem junto. Em horas difíceis nada melhor que uma boa dose de calma, silêncio e resignação, ainda que momentânea. E é claro que você deve estar pensando: na teoria isso é fácil Maria Regina, quero ver na prática. E eu lhe direi: quem foi que disse que é fácil? Eu não disse que é fácil, disse que é necessário, bom, e que deveríamos tentar. Para obter calma num momento desesperador temos que, antes de mais nada, avaliar que a afobação só irá servir para atrapalhar nas providências a serem tomadas, pois quando estamos assim tensos e esbaforidos costumamos ter que realizar as coisas repetidas vezes, pois não as fazemos bem feitas. Lembra-se daquele ditado: "a pressa é inimiga da perfeição"? Tenho certeza de que você já o comprovou inúmeras vezes nessas situações. Uma vez consciente de que esse é o melhor caminho, você deve ordenar a seu coração que se acalme, baixando a pulsação. Você pode conseguir isso mentalizando e respirando várias vezes de modo profundo, contando até dez. Depois de algum tempo, sua mente e seu coração já estarão mais calmos e você poderá programá-los positivamente. Volte seu olhar para o alto (isso é muito importante) e peça a Deus que o oriente e guie em direção ao melhor caminho a seguir. Acredite (isso é mais importante ainda) que Ele fará isso por você e descanse nessa certeza. Com descansar, quero dizer: aceite o que vier Dele, certo de que foi o melhor para você. Depois de ter feito tudo isso, você estará apto a buscar alternativas e possíveis soluções empregando a sua capacidade racional, que já estará serena e certa de que conta com o apoio do Criador. Talvez, existam outras formas de acalmar-se quando em desespero, e muitos médicos e cientistas possam ridicularizar o meio por mim empregado. Eu não tenho a pretensão de esgotar todas as alternativas para lidar com essas dificuldades do ser humano, entretanto, a minha prática profissional tem mostrado que em situações limites o homem sempre recorre a quem ele julga mais poderoso que ele. Quem então, melhor do que nosso próprio Pai? * Maria Regina Vicentin é psicóloga |
sábado, 22 de setembro de 2012
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