sábado, 20 de outubro de 2012

sábado, 20 de outubro de 2012

Comentário litúrgico - 29º Domingo do Tempo Comum


Atenção! Tenhamos presente que, celebrar a Eucaristia sem ter presente a memória Daquele que disse que veio a este mundo e a cada um de nós, não para “ser servido, mas para servir” e, que, por isso, terminou morrendo, para ser fiel ao projeto de seu Pai, provando seu amor incondicional por nossa causa, é viver totalmente iludido (evangelho). Viver de acordo com a ética cristã é lutar e defender a vida, a exemplo de Deus, e se preciso, sacrificar a própria vida (I leitura). Como Jesus, nós também devemos ter a coragem de descer ao nível das “massas sobrantes”, dos oprimidos e marginalizados.
1ª leitura (Is 53,10-11)
                A pretensão de muitos é ter o domínio sobre os seus semelhantes; colocar-se a serviço de alguém é algo muito raro.
            Nos versículos apresentados, a narração trata do quarto canto do servo de Javé: sua paixão, morte e vitória. O “servo” é vitimado por um julgamento iníquo, consequência de uma sociedade patrocinadora da injustiça.   
            Tem-se a impressão que este “servo” fora castigado por Deus. Olhando sem o devido aprofundamento teológico-bíblico, parece até que Deus se felicita com o sofrimento dos outros.
            Nada disso! Aquilo que aos olhos dos homens é um fracasso, para Deus é um triunfo. É através do sacrifício, do sofrimento, dom de si mesmo que realiza a salvação.
            A imagem do “servo sofredor” é a imagem de Jesus, que nos patrocinou a salvação, humilhando-se para servir a todos, doando-lhes gratuitamente a própria vida.
A atitude de fidelidade ao Pai faz o “servo sofredor” oferecer a sua vida como sacrifício expiatório, o que garantirá o triunfo do plano de Deus, que é vida em plenitude para todos.
Evangelho (Mc 10,35-45)
Jesus e os discípulos estão se dirigindo a Jerusalém e o ministério de Jesus se aproxima do fim. Atenção para um detalhe: É sempre um caminho pedagógico. Mas, qual é mesmo a preocupação do Mestre? Dessa vez, a sua preocupação “número um” é demonstrar para os seus discípulos, que tipo de Messias ele O é. Não obstante, Pedro ter confessado a Jesus que Ele era o Messias, não o convenceu suficientemente. É necessário superar a ideia de que o Messias seria o líder poderoso prestes a manifestar domínio e glória. Pois bem, a questão aqui é a seguinte: Depois de cerca de três anos de convívio, os discípulos ainda manifestam incompreensão em relação à novidade de Jesus, imaginando que ele assumiria o poder (a “glória”) em Jerusalém.
Diante das pretensiosas e equivocadas reivindicações dos discípulos e das contendas entre eles, Jesus faz uma crítica do exercício do poder neste mundo.
Trata-se, aqui de um outro detalhe: Tiago e João que são os filhos de Zebedeu, eles são a segunda dupla a ser chamada por Jesus no início de seu ministério, conforme narração dos evangelhos sinóticos. Eles aparecem, ainda, com frequência, junto com Pedro, como um trio mais próximo a Jesus. O evangelho de João não menciona o nome de Tiago. Tiago foi decapitado por Herodes Agripa em 42 d.C.
Há uma menção do apóstolo Paulo a “Tiago, irmão do Senhor” (Gl 1,19). Trata-se de Tiago “Menor”, parente de Jesus, que foi chefe da Igreja de Jerusalém e foi martirizado por apedrejamento em 62 d.C.
Rejeitando, de maneira generalizada, o abuso de poder dos chefes das nações e de seus grandes, Jesus reafirma a novidade do Reino. Enquanto a sociedade é dividida entre poderosos e opressores e oprimidos explorados, Jesus propõe a conquista da unidade a partir da humildade e do serviço, resgatando-se a vida dos mais excluídos e marginalizados. Porém, quando Jesus é suspenso na cruz, são dois marginalizados que estão à sua direita e à sua esquerda, em duas cruzes.
Sem muitas demoras, Jesus logo nos leva a compreender que só há uma maneira de ser que caracteriza a autenticidade cristã, totalmente diferente do que é institucionalizado pelos grandes e importantes neste mundo: A lógica defendida por Jesus contradiz a lógica do mundo. Como assim? “Aquele que quiser se grande, seja o vosso servidor, e aquele que quiser ser o primeiro dentre vós, seja o servo de todos”.
É exatamente essa compreensão que falta aos discípulos de ontem e aos de hoje; nem sempre alcançamos que seguir a Jesus, significa estar dispostos não só a falar, mas a viver, a beber o seu cálice. O caminho para chegar a isso não é o do poder, mas do serviço até o dom da vida. Finalmente é a via escolhida por Jesus, servo sofredor.
Um alerta para todos os cristãos, especialmente para nós os agentes da missão: Como discernimos o poder-serviço em nossa vida de homens e mulheres consagrados a Deus e ao povo?
Quais as relações que predominam em nossa sociedade? Em nossas comunidades? Em nossas próprias famílias?
2ª leitura (Hb 4,14-16)
            O segundo texto lido na liturgia deste 29º Domingo do Tempo Comum, no seu vers. 15, diz assim: “Com feito, temos um sumo-sacerdote capaz de compadecer-se de nossas fraquezas, pois ele mesmo foi provado em tudo como nós, com exceção do pecado”. A única diferença é que, enquanto nós frequentemente faltamos com a fidelidade a Deus, ele jamais deixou-se contaminar pelo pecado.
            Conclusão: “Jesus exerceu e continua exercendo seu sacerdócio solidarizando-se com qualquer um que seja filho de Deus”. “Porque solidário com nossas fraquezas, ele inspira confiança e esperança na comunidade cristã: “Por isso, permaneçamos    firmes na fé que professamos” (v. 14b).

Pe. Francisco de Assis Inácio
Pároco da Paróquia da Imaculada Conceição
Pascom Nova Cruz - RN

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