Concílio: Sob o signo da alegria e da esperança
Dom Demétrio Valentini
Bispo de Jales (SP)
Bispo de Jales (SP)
Estamos chegando ao mês de outubro deste
ano de 2012. Ele traz uma data muito esperada: o dia 11, quando se
completam 50 anos da inauguração oficial do Concílio Vaticano II,
acontecida a 11 de outubro de 1962.
Como os peregrinos sentiam alegria ao
ver Jerusalém às portas, depois de longa caminhada, assim foi naquele
dia tão esperado, em que finalmente começaria o Concílio proposto pelo
Papa João XXIII.
Neste ano somos convidados a descobrir
quais foram os motivos de tanta alegria. E ver se conseguimos também
hoje, depois de 50 anos, reencontrar caminhos de esperança, para a
Igreja e para a humanidade.
Na abertura do Concílio, ficou famoso o
discurso do Papa João XXIII. Ele transmitiu a certeza de que o Concílio
era fruto de inspiração divina, e que tinha chegado a hora da Igreja se
renovar, se aproximar do mundo de hoje, e se colocar a serviço da
humanidade, com a qual queria assumir solidariamente suas grandes
causas, e a ela oferecer a luz do Evangelho.
Ele começou seu discurso com a bonita
expressão: “Gaudet Mater Ecclesia”, “Alegra-se a Mãe Igreja”. Foram as
primeiras palavras do Concílio.
Quatro anos depois, terminava o Concílio
com as mesmas palavras de alegria e de esperança. Pois o último
documento conciliar foi a constituição pastoral sobre a Igreja no mundo
de hoje. Ele começa com as palavras: “Gaudium et Spes”, “As alegrias e
as esperanças”.
É significativa esta constatação. Entre
o início e o fim do Concílio, há uma coincidência especial. No começo, a
alegria da Igreja que via chegar o dia tão esperado. No final, esta
mesma alegria, alargada para toda a humanidade.
“Gaudet Mater Ecclesia”, e “Gaudium et
Spes”. Alegria no começo, alegria no final. Entre as duas manifestações,
se realizou o Concílio. Ele foi feito sob o signo da alegria e da
esperança.
Nesta constatação dá para perceber a
grande influência exercida por João XXIII no Concílio. Poucos meses
depois da abertura, ele iria morrer, no início do mês de junho de 1963.
Mas àquela altura dos acontecimentos, o Concílio já tinha sua
trajetória garantida, pela firme direção proposta por João XXIII. Os
sentimentos do início, permaneceram até o final.
O preâmbulo do documento sobre a Igreja
no mundo de hoje, pode ser considerado o texto que melhor expressa o
espírito e os propósitos do Concílio. De todos os documentos aprovados, a
Gaudet et Spes foi o único que não estava previsto nos esquemas
preparatórios. Ele surgiu ao longo das discussões conciliares. Pode ser
considerado como “filho legítimo” do Vaticano II.
Assim começa a Guadium et Spes:
“As alegrias e as esperanças, as
tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de
todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as
tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; não há realidade
alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração... Por
este motivo, a Igreja sente-se real e intimamente ligada ao gênero
humano e à sua história.”
Verdade é que as alegrias do Concílio
foram respaldadas por um período histórico de muito otimismo, como foram
as décadas de 50 e 60. Mas permanece o desafio: como reencontrar
motivos de alegria e de esperança, mesmo em meio aos novos problemas que
a realidade hoje nos apresenta.
O exemplo do Concílio permanece válido. Ele começou e terminou sob o signo da alegria e da esperança!
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