Outubro: Os horizontes da Igreja
Dom Francisco Biasin
Bispo de Barra do Piraí/Volta Redonda (RJ)
Bispo de Barra do Piraí/Volta Redonda (RJ)
No mês de outubro que inicia somos
convidados a abrir os nossos horizontes na amplidão da visão da nossa
Igreja através de dois eventos que atraem a atenção do mundo todo, de
maneira muito especial dos seus fiéis e de quantos, embora pertencendo a
outras denominações cristãs ou outras religiões, tem sensibilidade para
com o anúncio do evangelho e os valores da fé no mundo de hoje.
1. «A nova evangelização para a
transmissão da fé cristã»! Este é o título que focará a reflexão dos
bispos e dará consistência ao Sínodo a ser celebrado de 07 até 28 deste
mês de outubro.
De fato, todas as instituições que geram
sentido na vida das pessoas, como a escola, a família, as Igrejas, hoje
estão preocupadas pela dificuldade de transmitir os valores do passado
às novas gerações ou nos moldes da cultura pós-moderna que caracteriza o
nosso tempo.
Preocupa a Igreja católica o fato de
que, apesar da sua longa história e da sua rica tradição e apesar do
esforço para adequar a sua mensagem à linguagem de hoje, não consiga
transmitir a fé de forma satisfatória, vendo com muito sofrimento, uma
parcela de seus fiéis migrar para outras experiência religiosas ou até
perdendo a fé, declarando-se descrentes. Preocupa sobretudo a ausência
de grande parte da juventude da participação às suas iniciativas e aos
atos de culto: ter pouco jovens e não ter influência na juventude,
significa perder um elo importantíssimo na transmissão da fé,
identificado numa geração e, quando há uma interrupção geracional, o
corte no curso da história é muito dolorido e difícil de ser sanado.
O Sínodo dos bispos em Roma, após a
contribuição de reflexão de muitas Dioceses, procurará compreender este
fenômeno e apresentará pistas de reflexão e de ação para toda a Igreja
Católica. É claro que depois cada nação assumirá a fadiga e fará o
esforço para agir concretamente de acordo com a realidade histórica e
cultural em que a Igreja está presente em cada país.
2. Ligado a este evento e, de certa
forma dando-lhe seguimento, é o Ano da Fé. Comemorando os 50 anos da
celebração do início do Vaticano II e dos 20 anos da promulgação do
Catecismo da Igreja Católica, o Santo Padre o Papa Bento XVI convocou
toda Igreja Católica a viver um ano inteiro, até a Festa de Cristo Rei
do ano que vem, na redescoberta da fé.
O Papa escreve: “Não podemos aceitar que
o sal se torne insípido e a luz fique escondida (cf. Mt 5, 13-16).
Também o homem contemporâneo pode sentir de novo a necessidade de ir
como a samaritana ao poço para ouvir Jesus que convida a crer n’Ele e a
beber na sua fonte, donde jorra água viva (cf. Jo 4, 14). Devemos
readquirir o gosto de nos alimentarmos da Palavra de Deus transmitida
fielmente pela Igreja, e do Pão da vida, oferecidos como sustento de
quantos são seus discípulos (cf. Jo 6, 51). De fato, em nossos dias
ressoa ainda, com a mesma força, este ensinamento de Jesus: «Trabalhai,
não pelo alimento que perece, mas pelo alimento que perdura e dá a vida
eterna» (Jo 6, 27). E a questão, então posta por aqueles que O
escutavam, é a mesma que colocamos nós também hoje: «Que havemos nós de
fazer para realizar as obras de Deus?» (Jo 6, 28). Conhecemos a resposta
de Jesus: «A obra de Deus é esta: crer n’Aquele que Ele enviou» (Jo 6,
29). Por isso, crer em Jesus Cristo é o caminho para se poder chegar
definitivamente à salvação”. (PF 3)
“Nesta perspectiva, o Ano da Fé é
convite para uma autêntica e renovada conversão ao Senhor, único
Salvador do mundo. No mistério da sua morte e ressurreição, Deus revelou
plenamente o Amor que salva e chama os homens à conversão de vida por
meio da remissão dos pecados (cf. At 5, 31)... Em virtude da fé, esta
vida nova plasma toda a existência humana segundo a novidade radical da
ressurreição. Na medida da sua livre disponibilidade, os pensamentos e
os afetos, a mentalidade e o comportamento do homem vão sendo pouco a
pouco purificados e transformados, ao longo de um itinerário jamais
completamente terminado nesta vida. A «fé, que atua pelo amor» (Gl 5,
6), torna-se um novo critério de entendimento e de ação, que muda toda a
vida do homem (cf. Rm 12, 2; Cl 3, 9-10; Ef 4, 20-29; 2 Cor 5, 17). (PF
6)
Preparemo-nos a entrar pela “porta da
fé” que é o Batismo, objeto da nossa reflexão durante a próxima
Assembleia diocesana e sobretudo empenhemo-nos a dar testemunho da fé
pela nossa vivência batismal e pelo compromisso concreto da caridade,
através do amor fraterno dentro da comunidade, e através do serviço aos
pobres e necessitados que estão ao nosso redor.
Com minha bênção de pastor
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