domingo, 20 de janeiro de 2013



Mãe de Deus
Dom Murilo S. R. Krieger, scj *
Havia na Ilha de Creta, na Grécia, uma pintura bizantina sobre madeira dourada, um ícone, da Virgem Maria, muito venerada pela população. Andreas Ritzos, pintor grego do século 15, realizou as mais belas pinturas neste tema. Por essa razão, muitos lhe atribuem este tipo iconográfico. Ao certo quem a fez e quando, não o sabemos. O certo é que foi transportada para Roma e entronizada solenemente na Capela de São Mateus, em 1499. Ali permaneceu,

recebendo as homenagens dos fiéis durante três séculos. Em 1798, a guerra destruiu o templo, sendo, porém, salvo o quadro, graças aos religiosos agostinianos, que o levaram para a Igreja de Santa Maria, do outro lado da cidade de Roma. Com o passar do tempo, os religiosos se dispersaram, e o quadro caiu no esquecimento. Em meados do século 19, o papa Pio IX chamou os padres redentoristas a Roma, tendo estes se estabelecido no antigo convento dos agostinianos, no local onde existira a Igreja de São Mateus. Foi então que um dos religiosos encontrou documentos relativos a um ícone da Virgem Maria, famoso pelos seus milagres.
Finalmente, em 1866, o quadro foi conduzido solenemente ao seu santuário, no Monte Esquilino, por ordem do Santo Padre, que recomendou aos Redentoristas: "Fazei com que todo o mundo conheça o Perpétuo Socorro". No Brasil, essa invocação a Maria surgiu no final do século XIX, com os padres da Congregação do Santíssimo Redentor, que chegaram ao País em 1893.
Sentido do ícone − Maria em posição frontal, num braço ela acolhe e carrega Jesus e, com o outro, o aponta para quem olha para o quadro, aludindo no gesto à frase: “Ele é o caminho”. A tipologia é bizantina, e quase acadêmica a execução do rígido planejamento das vestes do ícone. Mas o que chama a atenção é o movimento oposto e assustado do menino, de cujo pé lhe cai a sandália, e ainda a comovente ternura do rosto da mãe.
A Virgem Maria está vestida com uma túnica de cor púrpura, sinal da divindade na qual ela excepcionalmente está próxima. O manto azul escuro, que também lhe cobre a cabeça indica sua humanidade. O Menino Jesus, embora criança, tem uma expressão de maturidade que convém a um Deus eterno.
Sentado no braço esquerdo da Mãe, Jesus olha apreensivo para os elementos que simbolizam sua pai-xão. Suas mãozinhas apertam a mão de Maria, como que para pedir-lhe proteção. Ao ver esses instrumentos, o menino se assusta e agarra-se à mãe, enquanto uma sandália lhe cai do pé.
Os arcanjos Gabriel e Miguel, na parte superior, de um lado e do outro de Maria, apresentam os instrumentos da paixão de Jesus Cristo. Um dos arcanjos segura a cruz e o outro a lança e a cana com uma esponja na ponta ensopada de vinagre (cf. Jo19,29).
Próximas às figuras, estão algumas letras gregas. As letras “IC XC” são a abreviatura do nome “Jesus Cristo” e “MP ØY” são a abreviatura de “Mãe de Deus”. As letras que estão abaixo dos arcanjos correspondem à abreviatura de seus nomes.
Maria e João Paulo II − No ano de 1999, o papa João Paulo II realizou uma viagem apostólica à Polônia, cidade de Wadowice,  segue um trecho da homilia do santo padre, 16 de junho,   nas vésperas  e coroação da imagem da Bem Aventurada Virgem Maria com o título de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Em seguida a oração por ele proferida.
“Os nossos antepassados sempre estiveram convencidos do insubstituível papel da Mãe de Deus na vida da Igreja e de todo o cristão. No decurso dos últimos cem anos, os habitantes de Wadowice exprimiam-no de modo particular quando se reuniam com veneração diante da imagem de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e a escolhiam como Mediadora, Padroeira da vida pessoal, familiar e social.”
Oração
“Sob a tua proteção, Maria, procuramos refúgio.
À tua proteção confiamos à história desta cidade, da Igreja e de toda a Pátria.
Ao teu amor materno confiamos cada um de nós, das nossas famílias e da sociedade inteira.
Não desprezes a súplica de nós que estamos na provação e livra-nos sempre de todo o perigo.
Maria, pede para nós a graça da fé, da esperança e da caridade, a fim de que, sob o teu exemplo e a tua guia, levemos o testemunho do amor do Pai, da morte redentora e da ressurreição do Filho e da ação santificadora do Espírito Santo.
Permanece sempre conosco!
Virgem gloriosa e bendita,
Nossa Senhora, nossa Advogada,
Nossa Medianeira,
Nossa Consoladora, nossa Mãe!
Amém.
* Esse texto foi retirado do livro Com Maria, a Mãe de Jesus, do autor dom Murilo S. R. Krieger, scj, arcebispo de Salvador (BA). Paulinas Editora
Fonte: Revista Família Cristã

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