quarta-feira, 1 de maio de 2013

Paróquia, torna-te o que tu és!

Cardeal Odilo Pedro Scherer

Tivemos um ano intenso marcado, durante o primeiro semestre, pelo Ano Sacerdotal e, ao longo de todo o ano, pelo 1º Congresso Arquidiocesano de Leigos; este vai chegando à sua conclusão no Domingo de Cristo Rei. Tenho muita esperança nos frutos que o Congresso vai trazer, a partir dos propósitos e projetos que os leigos estão elaborando sobre sua organização, formação e ação e vão apresentar no encerramento.
Mas também já é tempo de olhar para o próximo ano e de planejar as ações para levar adiante as questões postas no 10º Plano de Pastoral, inspirado na Conferência de Aparecida. Precisamos e queremos ser uma Igreja verdadeiramente discípula e missionária na grande cidade de São Paulo. E isso requer uma “conversão pastoral e missionária” das pessoas e também das instituições e organizações pastorais da nossa Igreja, para passar da pastoral mera conservação para uma nova visão e atitude pastoral, que integre uma profunda preocupação e impulso missionário.
Feitas as necessárias ponderações na assembléia arquidiocesana de pastoral (30/10) e no Conselho Arquidiocesano de Pastoral (4/11), ficou claro que, no próximo ano, o destaque pastoral deverá ser a “conversão missionária das nossas organizações e estruturas pastorais”, em particular, da paróquia com tudo o que ela significa, para que ela se torne mais e mais “comunidade de comunidades, grupos, associações, movimentos e organizações de discípulos missionários”, que nela vivem e se expressam e agem de vários modos, segundo a riqueza dos dons de Deus e da vida no Evangelho.
Para começar, é necessário que tomemos uma nova consciência sobre a realidade da paróquia, no sentido teológico e pastoral, superando uma visão apenas burocrática ou jurídica. Ela é o rosto mais visível e concreto do Mistério da Igreja, “sacramento de salvação” no meio do mundo; é uma comunidade de batizados, congregados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, vivendo a fé, a esperança e a caridade; ela se reúne em torno de Jesus Cristo, Senhor e Pastor da Igreja, representado visivelmente pelo Ministro ordenado, que está no meio dela e à sua frente para servi-la na caridade. A assembléia eucarística é a expressão mais visível e sacramental da Igreja.
A paróquia é, portanto, “casa de Deus” no meio das casas dos homens, templo de Deus edificado por pedras vivas, que são todos os batizados; é o “corpo de Cristo”, através do qual Ele continua a se expressar, a ir ao encontro das pessoas e a realizar sua tríplice missão entre os homens; é o concreto e visível “povo de Deus”, que irradia no mundo a luz de Cristo, difunde o sal e o fermento benéfico do Evangelho e vai fazendo aparecer os sinais de que o Reino de Deus anunciado já está no meio de nós. Na paróquia, a Igreja inteira se expressa e realiza a missão recebida de Cristo: a) anunciar e acolher a Palavra de Deus; b) testemunhar a vida nova  recebida no Batismo, buscando e expressando a santidade de vida; c) organizar e realizar a caridade pastoral, em nome de Jesus, Bom Pastor, e a seu exemplo.
Muitas poderiam ser as definições da paróquia; cabe-lhe bem o conceito de “comunidade missionária dos fiéis em Cristo” no meio do mundo. Ela é comunidade de comunidades, pessoas, grupos, organizações e instituições, que estão a serviço da missão recebida de Cristo; esta mesma missão se expressa na diocese, confiada ao bispo, sucessor dos Apóstolos, e na sua universalidade da Igreja, confiada ao pastoreio do Sucessor de Pedro, comunidade de comunidades de discípulos missionários de Jesus Cristo no meio do mundo.
A paróquia é o ícone visível daquilo que a Igreja de Jesus Cristo é na sua totalidade. Evidentemente, nenhuma paróquia se basta a si mesma, nem realiza sozinha e autonomamente a sua missão, mas o faz na comunhão da Igreja particular (a diocese) e da comunhão universal da Igreja. Contudo, a paróquia é a Igreja “na base”; se ali a vida e a missão da Igreja acontecem, também na grande Comunidade eclesial elas acontecem; do contrário, a Igreja corre o risco de “rodar no vazio” e de se reduzir a uma série de instituições, sem chegar ao povo e às pessoas concretas. Continuaremos a refletir sobre este tema.
FONTE: CNBB

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