De Amanda Gurgel
Nota do mandato Amanda Gurgel sobre os ônibus 03 e 28
Sabemos que as empresas Guanabara e Reunidas têm interesse em ampliar sua atuação nessas áreas. A arrecadação de passagens do 03 e do 28 chegava a cerca de R$ 1 milhão por mês. Que empresa que não quer assumir parte disso?
Natal, 23 de janeiro de 2010
Mandato Amanda Gurgel (PSTU)
Ontem à noite, após 159 dias sem os ônibus 03 e 28, representantes do
governo estiveram em Nova Natal, para conversar com a população. A
reunião foi conseguida pela vereadora Eudiane Macedo (PHS), após
audiência na Semob, com o novo governo. Os(as) vereadores (as) Amanda
Gurgel (PSTU) e Sandro Pimentel (PSOL) participaram da reunião. O
secretário-adjunto, Clodoaldo Cabral, apresentou a proposta que ele
chamou de emergencial para o problema dos ônibus: alterar o trajeto dos
ônibus 10 e 64, que passam a circular em trechos das linhas 03 e 28, já a
partir de sábado.
A saída não resolve o problema da
população. Mas foi aceita, até porque estes cinco meses foram terríveis
para quem teve de andar até 4km para pegar um ônibus, para quem ficou
exposto à violência na volta para casa, principalmente para as mulheres.
A sensação para a população é de alívio, mas não podemos nos contentar
com o que a Semob e o Seturn ofereceram. E lembrar que, se deram essa
saída paliativa, foi por conta de uma luta que começou há muito tempo,
pelos próprios moradores e estudantes.
A reunião de ontem
mostrou um pouco do que vai se repetir em toda a cidade. Ficamos quatro
anos com Micarla, afundados no lixo e nos buracos e, diante disso,
qualquer coisa parece maravilhosa. Com Micarla não tinha nem merenda nas
escolas. Agora basta voltar a merenda que tudo fica bem? Vamos fechar
os olhos para o caos nas escolas, que permanece?
Com os ônibus
é a mesma coisa, depois de quatro meses andando à pé, qualquer coisa
que a Semob oferecesse pareceria uma grande dádiva. Mas não é. Se
olharmos com calma, e a população vai ter tempo para perceber isso, a
alteração do trajeto das linhas é um retrocesso em relação ao que se
tinha antes, com o 03 e 28, mesmo com todos os problemas de lotação que
se tinha.
Tudo parece indicar que se repita a história do
"bode na sala". Em nenhum momento, o secretário-adjunto acenou com a
volta destas linhas, que foi a principal reivindicação dos moradores e
estudantes, em diversos atos no bairro e na Semob e em um
abaixo-assinado. Apenas disse que ia avaliar estas mudanças, para
melhorar o serviço. Desse jeito, podemos estar diante de uma saída
“emergencial”, que acabe virando definitiva, sem a volta do 03 e 28. A
luta não acabou.
Sabemos que as empresas Guanabara e Reunidas têm interesse em ampliar sua atuação nessas áreas. A arrecadação de passagens do 03 e do 28 chegava a cerca de R$ 1 milhão por mês. Que empresa que não quer assumir parte disso?
A "solução
emergencial" da prefeitura coloca a população na mão dos empresários
mais uma vez. Os mesmos que mantém a frota de ônibus mais antiga do país
e que desrespeitam todos os dias a população. Na audiência, moradores
reclamaram de que nos fins de semana, o trajeto do ônibus é simplesmente
alterado. Isso ocorre permanentemente. O Seturn não sabia disso? A
empresa não sabia? O desrespeito é diário e vai continuar. Já está
acontecendo em outras partes da cidade, em outras linhas.
O
momento de crise é o momento de saídas decisivas, de ter coragem para
resolver os problemas. A situação dos ônibus em Nova Natal oferece todas
as condições para que a prefeitura – agora um novo governo – assuma o
dever que é seu, o de garantir o direito da população ao transporte. A
empresa Riograndense não atende mais a população. Faliu. Na reunião,
nosso mandato apresentou uma saída definitiva para a situação dos
transportes, que é a criação de uma empresa municipal de transporte, que
comece operando as linhas 03 e 28. Há todas as condições para isso,
mesmo com o caos nas finanças do município. A Guanabara adquiriu novos
ônibus por R$ 300 mil, cada um. É plenamente possível montar uma empresa
pública, que enfrente o monopólio do Seturn, e garanta o direito da
população e os empregos dos rodoviários. Que abra caminho para a
estatização do sistema. Sem o objetivo do lucro, é possível ter ônibus
baratos, de qualidade, adaptados, com ar condicionado e na quantidade
necessária, em todos os horários. Para que permanecer na mão dos
empresários? Para que transferir o controle sobre esse direito a eles,
que já provaram que não se importam com os trabalhadores?
Nesta sexta-feira, 25, o mandato de Amanda Gurgel terá uma audiência com
a secretária da Semob, Elequicina Santos. A reunião foi solicitada para
discutir a situação de Nova Natal, mas também outros problemas, como as
diversas mudanças de trajetos e retiradas de linhas, que vem afetando a
população de diversos bairros, como Nova Descoberta, Parque das Dunas, e
os estudantes da UFRN.
Na reunião, vamos apresentar a
proposta da empresa pública. Estamos estudando o tema, levantando os
números e estamos convencidos de que não só é urgente e necessário, como
plenamente viável. Não vamos deixar passar essa oportunidade de usar a
falência de uma empresa, para retomar o controle público sobre esse
direito. Construindo uma empresa pública, que será um patrimônio e um
exemplo, inclusive em um momento em que a cidade e a Câmara se preparam
para discutir e decidir a nova Lei de Licitação do Transporte da cidade,
previsto para esse ano.
Natal, 23 de janeiro de 2010
Mandato Amanda Gurgel (PSTU)
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