Cremos
em um só Deus - Pai, Filho e Espírito Santo - Criador das coisas
visíveis - como este mundo, onde se desenrola nossa vida passageira -,
Criador das coisas invisíveis - como são os puros espíritos, que também
chamamos anjos -, Criador igualmente, em cada homem, da alma espiritual e
imortal.
Tantas
vezes escutamos a afirmação que o Deus dos cristãos é o mesmo Deus dos
judeus e dos muçulmanos. É verdade até certo ponto. Os cristãos
receberam dos judeus a fé no Deus único: “Ouve, ó Israel, o Senhor nosso
Deus, o Senhor é UM!” (Dt 6,4). Esse é o Deus que tudo criou, que se
manifestou aos patriarcas, que deu a Lei e guiou Israel. É o mesmo Deus a
quem os muçulmanos chamam Alá (= Deus, em árabe). Deus eterno,
infinito, onipotente, santo, mais além e mais aquém de tudo, que tudo
penetra e tudo sustenta e dá consistência. Deus é um: não pode ser
dividido nem multiplicado; Dele nada se pode subtrair, a Ele nada se
pode acrescentar, Nele nada há de mutável! Esta percepção de Deus é
totalmente partilhada por judeus, cristãos e muçulmanos.
No
entanto, nesta unidade perfeita, santa e absoluta, habita um mistério
surpreendente: este Deus absolutamente único, perfeitamente único,
simplesmente único, é ao mesmo tempo eternamente Pai que eternamente
gera de Si, de Sua própria substância divina, o eternamente Filho, numa
eterna geração de amor, que não é algo, mas Alguém, chamado Espírito
Santo. Só para que se entenda um pouco mais: o Pai não é primeiro Deus
para depois ser Pai... Ele só existe como Pai e ser Pai é o que faz o
Seu existir; desse modo o Pai existe porque gera o Filho eterna e
continuamente, como uma fonte, que só existe porque mana água. Do mesmo
modo o Filho, somente existe sendo total e continuamente gerado pelo
Pai, como a água brota ininterruptamente da fonte. Ainda da mesma
maneira o Santo Espírito, que é a própria Geração, na qual o Pai gera e o
Filho é gerado. Poderíamos dizer assim: o é o Gerante, outro o Gerado,
outro a Geração; um é o Amante, outro é o Amado, outro ainda é o Amor.
Os três são eternamente eternos, cada um dos três é totalmente a
divindade toda. Um exemplo: eu não sou a humanidade toda: há bilhões de
seres humanos além de mim, de modo que minha pessoa encarna apenas um
mínimo modo de ser humano. Em Deus não: o Pai é todo Deus e toda
Divindade está Nele completa e perfeitamente. O Filho é todo Deus e toda
Divindade está totalmente Nele, completa e perfeitamente. Do mesmo modo
o Santo Espírito: Nele está toda a Divindade, completa e perfeitamente.
Pense no Pai: Ele não somente é todo Deus, mas também possui toda a
Divindade; do mesmo modo o Filho: somente Ele é todo Deus e somente Ele
tem toda a Divindade! E o mesmo se pode dizer do Espírito Santo: Ele é
total e perfeitamente Deus e toda a Divindade está totalmente Nele!
Assim, os Três são total e absolutamente uma só Divindade, mas um é o
Gerante, outro é o Gerado e outro, a própria Geração. Os Três são um só e
os Três são totalmente diversos um em relação aos outros dois: na
Trindade só um pode gerar, só um pode ser gerado, só um é a própria
Geração, toda presente no Gerante e no Gerado, como o Amor que está todo
no Amante e todo no Amado!
Cremos,
portanto em um só Deus – Pai, Filho e Espírito Santo! Um só é o Nome
divino, acima de todo nome. Isto aparece no próprio modo como os
cristãos invocam o seu Deus: nunca se diz “Em Nome do Pai, em Nome do
Filho e em Nome do Espírito Santo”. Isto seria triteísmo, como se
houvesse três pessoas divinas que são na verdade três deuses unidos
infinitamente no amor e na comunhão. Esta não é e nunca foi e nunca será
a fé da Igreja! Um só é o nome divino, que não pode ser repetido nem
multiplicado! No Nome se exprime a Unidade infinita e nas Pessoas, a
Trindade verdadeira, santa e consubstancial. Por isso mesmo, desde os
primórdios, no momento do Batismo mergulhava-se o catecúmeno três vezes
dizendo: “Eu te batizo em Nome do Pai ( e se mergulhava a primeira vez),
e do Filho (segundo mergulho) e do Espírito Santo (terceira imersão).
Mas, note-se: não se repeta nunca o vocábulo “nome”! Uma advertência
prática: existe um “Em nome do Pai, em nome do Filho, em nome do
Espírito Santo estamos aqui... para louvar, agradecer...” Esta fórmula,
além de totalmente antilitúrgica é herética! Rompe com a norma da
linguagem do cânon trinitário e exprime uma concepção triteísta da santa
e indivisa Trindade. Essa multiplicação de “nomes” rompe totalmente o
equilíbrio da fé no Deus Triuno e deve ser totalmente rejeitada!


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