sexta-feira, 2 de novembro de 2012

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Natureza espiritual

Há coisas que passam, devido à sua insignificância, e há fatos que ficam na memória das pessoas, em razão de sua significação. A mente humana, sabiamente, deleta do arquivo da memória aquele acervo de informações que não mais é útil ao indivíduo, jogando-o na lixeira do esquecimento. Por sua importância, conserva a memória daquilo que diz respeito ao mundo de suas relações institucionais e pessoais. Nesse universo, sem dúvida, deixam traços duradouros as relações das pessoas com o mundo de sua convivência e do exercício de suas atividades; porém, realmente duradouras são as experiências das relações interpessoais porque aí falam mais alto a vida familiar e o círculo de amizade.
A memória de cada pessoa guarda, com especial destaque, sentimentos, palavras e fatos que envolvem as pessoas mais próximas, pelos laços de consanguinidade e de amizade. De muitas maneiras e nas mais diversas circunstâncias, a memória se coloca diante de um passado mais ou menos longínquo, envolvendo pessoas que continuam tocando o seu coração, com a marca da saudade. Esse fato, mais do que um elemento puramente natural, pode ser visto numa ótica mais profunda – a relação espiritual. “O Homem, enquanto animal, ou seja, indivíduo dotado de estrutura biofísica e capacidade sensitiva então nós temos de admitir que sua morte é uma consequência natural do seu processo existencial: ser gerado, nascer, crescer, amadurecer, envelhecer e morrer. Notemos que todos estes momentos da existência humana são idênticos em qualquer animal, porém, o Homem não se reduz a uma estrutura biofísica naturalmente direcionada à morte física: ele é um ser espiritual em um corpo material vivente. De fato, seu corpo físico só é ‘corpo’ humano por causa da alma espiritual que nele habita como uma morada corruptível. (...) O homem, por sua natureza também material, ‘deve’ morrer, mas por sua natureza também espiritual, ‘não-precisa’ morrer.”
Humanamente, a morte de uma pessoa atinge a família e não é indiferente à comunidade, em razão da separação definitiva que provoca. A celebração de finados, no dia 2 de novembro, é um momento de memória coletiva, marcado por tristeza e saudade. Todavia, os cristãos encontram o sentido da vida, na memória de seus mortos porque o fazem fundamentados na promessa da ressurreição que Jesus assegurou àqueles que nele creem. (cf. Jo 11, 17-27)
Por sua origem e vocação, o ser humano não conhece os limites da morte natural, como ensina a Sagrada Escritura: “Deus criou o homem para a imortalidade e o fez à imagem de sua própria natureza”. (Sb 2,23)
Dom Genival Saraiva de França é Bispo da Diocese de Palmares - PE; Presidente da Conferência Nacional de Bispos Regional Nordeste 2 (CNBB NE2), Responsável pela Comissão Regional de Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz; Diretor presidente do Conselho de Orientação do Ensino Religioso do Estado de Pernambuco (CONOERPE); Membro efetivo do Conselho Econômico da CNBB NE2.

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