4. Limites da liberdade: as
paixões

Essa tese singular encontra
apoio muito fraco entre os filósofos. São, no entanto, muito numerosos os que
sustentam que a vontade humana não é nunca livre, mas sempre determinada. Essa
tese também é refutada por ampla série de argumentos difíceis de serem
contestados.
1º argumento:
A liberdade não se
identifica com o ser do homem, mas constitui uma propriedade fundamental dele,
junto a outras propriedades também fundamentais como o viver, o pensar, o
trabalhar.
2º argumento:
O homem não é livre de ser
corpóreo, sociável, sexuado etc. Não é livre de usar a linguagem a seu bel-prazer,
do contrário a linguagem não alcança mais o seu objetivo, que é o da
comunicação com os outros. Para alcançar este resultado, deve-se usar a
linguagem conforme os significados que lhe foram impostos e seguindo as regras
estabelecidas.
3º argumento:
O homem não é livre de
propender em direção ao bem: seria o suicídio da vontade e do seu ser, porque,
como o intelecto tende naturalmente para a verdade, a vontade tende
naturalmente para o bem. A tendência da vontade para o bem é necessária, mas
natural e não forçada. A liberdade exerce-se no interior do horizonte da
tendência natural em direção ao bem.
4º argumento:
O homem não pode subtrair-se
a certa dependência do mundo, da sociedade e da história. O peso do mundo, da
sociedade e da história sobre os indivíduos é tão óbvio e tão grave que alguns
filósofos e sociólogos estão hoje mais propensos a denunciar o estado de
profunda escravidão em que se encontra a humanidade presente, em vez de exaltar
a sua liberdade, como faz Sartre.
5º argumento:
A liberdade humana, enfim, é
condicionada pelas paixões. Esse último condicionamento foi sempre tomado em
consideração pelos filósofos. Encontramos tratados sobre as paixões em todos os
períodos da história da filosofia, no grego e no medieval como nos modernos e contemporâneos.
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