PARCERIA FAMÍLIA-ESCOLA: A IMPORTÂNCIA DOS LIMITES E DA EDUCAÇÃO EM VALORES
Juntar as
competências da família e da escola faz com que crianças e jovens se
desenvolvam bem. Mais do que as cobranças e as críticas que as famílias
fazem das escolas e vice-versa, é importante fazer essa integração da
equipe escolar com a “equipe familiar” para que os pequenos momentos do
cotidiano possam ser aproveitados para a prática da educação em
valores fundamentais (respeito, gentileza, solidariedade, cooperação,
entre outros) e para a colocação dos limites indispensáveis para
encarar os desafios do desenvolvimento.
O principal
desafio é passar da lei do desejo para a lei do consenso (“nem sempre
posso fazer o que quero na hora em que eu tenho vontade ou do jeito que
eu quiser”). Para que isso aconteça, é preciso desenvolver o controle
da impulsividade (da raiva e do desejo), que possibilitará a
autorregulação (por exemplo, distribuir o tempo dedicado aos deveres e
aos prazeres) e a administração da raiva (“aprender a tomar conta da
raiva para que ela não tome conta da gente”). Os desafios do
desenvolvimento incluem também a percepção do outro (não somos o centro
do mundo, os outros também existem e, com eles, precisamos fazer
“acordos de bom convívio”). Por fim, a percepção de que “quando
aprendemos a tomar conta de nós mesmos, ninguém precisa ficar mandando
na gente” marca o caminho que vai da dependência quase total da
criancinha para a autonomia e a contribuição recíproca dos vínculos
maduros.
Limites claros, coerentes e consistentes, na família e na escola,
são indispensáveis para o bom desenvolvimento emocional e para a
inteligência dos relacionamentos. Isto significa trabalhar com a
criança a descoberta de possibilidades (“Isso que você quer fazer agora
não pode, mas vamos descobrir o que pode?” “Como você pode mostrar que
ficou com raiva do seu amigo sem bater nele?”). Quando os limites não
são respeitados, precisam gerar consequências cabíveis, caso contrário,
a credibilidade da palavra enfraquece. Comunicação é palavra,
expressão corporal e ação: quando esses três aspectos se integram,
enviamos mensagens coerentes, mas quando se desencontram, é a palavra
que perde o poder. É missão impossível educar crianças quando não
contamos com o poder da nossa palavra.
Há um ditado inglês que ensina que “não devemos jogar fora o bebê
junto com a água do banho”: por medo de serem autoritários, muitos pais
não exercem autoridade e afirmam que não conseguem dizer “não” aos
filhos. Tentam delegar essa tarefa para a escola, sem perceber que os
limites são essenciais nos dois contextos em que as crianças
desenvolvem diferentes tipos de vínculo (na casa e na escola). Pior
ainda é quando os pais que não dão os limites necessários se
desentendem com os professores que colocam as consequências cabíveis
para os comportamentos inaceitáveis ou para as tarefas e “combinados”
que não são cumpridos.
É preciso aproveitar as oportunidades do cotidiano para colocar os
limites devidos e construir bases sólidas da educação em valores, nessa
parceria essencial entre família e escola. É isso que promove o
desenvolvimento da inteligência dos relacionamentos. Ao preparar
crianças e jovens para viverem bem no século XXI, sabemos que
competência técnica não é suficiente para a crescente demanda de
conviver em grupos e trabalhar em equipes: é preciso desenvolver o
espírito empreendedor para perceber as oportunidades que se apresentam,
aprender a administrar os conflitos que surgem das diferenças entre as
pessoas, respeitar a diversidade e ter visão sistêmica. As principais
características da inteligência dos relacionamentos são: a capacidade
de pensar antes de agir, comunicar-se com clareza, ter empatia,
oferecer colaboração, valorizar os vínculos (“ser é mais importante do
que ter”).
(Fonte:Maria Tereza Maldonado)
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