domingo, 9 de setembro de 2012


Debates e propostas

O eleitorado acompanha com atenção os debates e as entrevistas com os(as) candidatos(as) às próximas eleições municipais. Sobretudo nas entrevistas há tempo suficiente para que os candidatos apresentem com calma os seus projetos e propostas. Devemos agradecer aos sistemas de comunicação pela feliz oportunidade, pois se prestam a esclarecimentos e à formação de opinião dos cidadãos. Os primeiros debates “a pinga-fogo” despertaram a atenção dos eleitores desejosos de saber dos candidatos quais as prioridades e projetos estruturais de governo. As eleições municipais são decisivas na vida dos cidadãos porque a vida de cada um de nós acontece aqui. É aqui que vivemos, é aqui que ganhamos o pão, é aqui que moramos. Os debates continuarão seu curso com o interesse dos eleitores pela qualidade dos embates e seleção da intenção de voto.

A previsão de provocações críticas dos candidatos entre si percorrem a memória da trajetória política pregressa. Jornalistas temperam e moderam os debates evitando provocações agressivas que se prestam para confundir, transtornar e desviar o foco político. De qualquer forma, o eleitor tem a oportunidade de reformar a sua percepção e intenção de voto. Os limites da civilidade têm sido respeitados pelos candidatos, preservando-se de reações emotivas, orientados pela prudência ante as provocações e as perguntas capciosas inevitáveis. Prevaleçam os parâmetros do respeito mútuo que nos ensinam a defesa de ideais e não a agressão pessoal. Os eleitores não esperam dos candidatos um perfil perfeito, mas há um erro irreparável a ser evitado pelos candidatos: criar no eleitor a ilusão de resolver problemas complexos num passe de mágica, caso sejam eleitos.

Administrar significa conviver e enfrentar conflitos de interesse, na tentativa de conciliar as partes envolvidas. O eleitor compreende que, além dos conflitos inevitáveis, convivemos com problemas acumulados, não enfrentados, não resolvidos há várias décadas ou centenas de anos! Nós, eleitores, esperamos que os candidatos (e partidos) apresentem projetos estruturais prioritários para a administração e o desenvolvimento da cidade, não obstante a complexidade da matéria. Nas grandes ou nas pequenas cidades há graves problemas sociais que não podem ser resolvidos pelo poder público sem a corresponsabilidade da população. Nós, eleitores, necessitamos de estímulos e de orientações que nos convençam a participar do processo de construção da cidade e da cidadania.

O maior desafio nos debates é a apresentação de projetos viáveis de sua sustentação econômica, nos termos de custos e benefícios a curto, médio e longo prazo. De onde virão verbas para enfrentar os gravíssimos impasses na questão da saúde pública, da qualificação da educação, da segurança, etc.? As credenciais de honestidade e competência do candidato de hoje, e executivo amanhã, venham acompanhadas da transparência sobre a origem dos recursos técnicos e financeiros que viabilizam os projetos estruturais para a cidade. Não basta que o eleitor vote. É preciso fazer com que os canais de participação dos cidadãos funcionem, acolhendo as demandas da coletividade representadas pelas lideranças dos segmentos sociais.


Dom Aldo Di Cillo Pagotto é Arcebispo da Arquidiocese da Paraíba.


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