quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Obra da Copa pode desmatar trecho do Parque das Dunas


O projeto de ampliação da avenida Engenheiro Roberto Freire, em Natal (RN), está enfrentando forte pressão da sociedade civil pelo impacto que pode causar em um dos principais parques da cidade. A obra é uma proposta do governo estadual, com recursos do PAC, para melhorar a mobilidade urbana da cidade durante a Copa do Mundo.
O problema é que, para duplicar a avenida, o projeto precisa suprimir cerca de 23 mil metros quadrados do Parque Estadual das Dunas, uma área protegida do Rio Grande do Norte que foi reconhecida pela Unesco como patrimônio ambiental na Mata Atlântica. Além disso, o projeto prevê a derrubada mais de 400 árvores do entorno da avenida.
“Existe um movimento forte contra essa obra, principalmente porque o parque é importantíssimo para a cidade”, diz Francisco Iglesias, membro da Associação Potiguar Amigos da Natureza (Aspoan). A associação é uma entre as cerca de cinquenta organizações que fazem resistência ao projeto. O projeto prevê a desafetação de apenas uma pequena parte da área de conservação, mas o temor dos ativistas é que essa primeira intervenção se transforme em um precedente perigoso. “Se eles conseguirem entrar no parque na primeira vez, vão querer entrar mais vezes”, diz.
Iglesias vê uma série de falhas na proposta, como por exemplo estimular ainda mais o transporte motorizado e não fazer parte de uma discussão mais ampla sobre mobilidade na cidade. Para piorar, é possível que o projeto sequer fique pronto a tempo dos jogos da Copa do Mundo. Mas um dos principais problemas é que a ampliação da avenida foi proposta sem contar com a participação da sociedade. “Nossa posição é que o governo não faça nenhuma obra que não tenha passado por discussão com a sociedade. Não estamos mais na ditadura”, disse.
A ampliação da avenida está avaliada em mais de R$ 200 milhões, e será executada pela empresa Thenge Engenharia LTDA. O governo do Rio Grande do Norte quer começar as obras no final deste ano. O projeto ainda não passou pelo processo de licenciamento ambiental.
Foto: Bruno Calixto/ÉPOCA
(Bruno Calixto)

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