sábado, 1 de dezembro de 2012

Comentário Litúrgico - 1º Domingo do tempo do Advento


Com esta celebração, estamos ingressando no tempo do Advento e começando um novo ano litúrgico. Advento, quer dizer “dia da vinda”. É um tempo que nos alerta a nos prepararmos para acolher o Senhor, o Deus da vida que vem nos visitar. Sendo assim, a manifestação do Senhor tem dois aspectos:
1)    A sua manifestação em nossa carne ao nascer, que constitui sua primeira vinda;
2)    A sua manifestação em glória e majestade no final dos tempos, que constitui sua segunda vinda.
As três de hoje nos falam de vinda.
Estejamos bastante atentos para o sentido que tem a liturgia deste 1º domingo: Diante da vinda do Filho do Homem, precisamos, portanto, levantar, erguer a cabeça e tomar cuidado, ficar atentos. Melhor ainda, ficar de pé diante do Filho do Homem.
1ª Leitura (Jr 33,14-16)
                Os israelitas, aos quais o profeta dirige suas palavras contidas nesta leitura, voltaram há pouco tempo de Jerusalém em ruínas. Ao seu redor só aparecem sinais de ruínas de morte.
                Começa a reconstrução da Nação, mas a passos lentos. Todos se encontram desanimados. Mas para este povo desanimado, o profeta dirige uma mensagem de esperança: estão chegando os dias nos quais o Senhor cumprirá todas as suas promessas.
                O “rebento de Davi”, esperado pelos israelitas, - nós bem o sabemos – já chegou: é Jesus de Nazaré.
Evangelho (Lc 21,25-28.34-36)
                Abre-se o Evangelho de hoje com estas palavras: “Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra a aflição e a angústia apoderar-se-ão das nações, pelo bramido no mar e das ondas... Os homens definharão de medo, na expectativa dos males que devem sobreviver para toda a terra. As próprias forças do céu serão abaladas” (vv.25-26). Cuidado, não tomemos tais expressões ao pé da letra. Hoje devemos concentrar nossa atenção na narrativa de Lucas: deixemos, portanto, que ele fale. Para descrever uma grande mudança, uma intervenção de Deus, a Bíblia emprega normalmente imagens impressionantes.
                Em domingos anteriores, temos dito que essa maneira de dizer a mensagem com “imagens apocalípticas” era bastante comum aos lábios dos pregadores e escritores no tempo de Jesus Cristo.
                O mais importante mesmo é entendermos o que o Mestre objetiva a nos repassar como proposta de salvação. Cuidado para não pensarmos que o Filho de Deus, ao invés de anunciar aos corações dos ouvintes de fé uma proposta de esperança, esteja aterrorizando-os. Nada disso!
                Contudo, é neste mundo que, por causa do pecado perverso praticado por alguns, vai-se criando situações praticamente insuportáveis; espalham-se as violências, as guerras e instalam-se climas desumanos. Tomados pela dor e pelo desespero, homens e mulheres chegam a se perguntar: O que acontecerá? Quando será o fim? E como será o nosso fim? “Os homens definharão de medo” (v. 26).
                Disto isso, quer dizer que a história caminhará para possível catástrofe? Absolutamente, não!  Garante Jesus – Quando tudo parecer arruinar-se no pecado, virá o Filho do Homem com grande poder e majestade, e do caos fará surgir um mundo novo (v.27). Um mundo novo, porém, já surgiu com Jesus de Nazaré.
                O que nos dirá a segunda parte do evangelho de hoje? No mínimo, nos dirá o que e como devemos fazer, enquanto aguardamos a construção do mundo, em sua plenitude, nos finais dos tempos.
                Não obstante os sofrimentos, as confusões, as nossas incoerências, as fugas diante de nossa responsabilidade cristã em transformar o que se segue na contramão do Reino de Deus, ninguém pode se deixar abater: “Reanimai-vos e levantai as vossas cabeças – ensina Jesus – porque se aproxima a vossa libertação” (v. 28).
                Atenção, muita atenção: Só quem reza é tem condições de cultivar esta “vigilância” e pode interpretar e ajudar a mudar a tristeza em alegria com os olhos de Deus.
Segunda leitura (1 Ts 3, 12-4,2)
                Na segunda leitura de hoje, S. Paulo invoca o auxílio de Deus sobre os tessalonicenses que já testemunham uma fé operosa. Contudo, embora estejam vivendo de forma agradável ao Senhor, são chamados a progredir na vida cristã, através de um amor transbordante, comprometido com as pessoas. O amor mútuo e universal é o caminho da perfeição, a maneira de ser manter vigilantes na espera do Senhor.
                “E nesta tensão do ´já´ e do ´ainda não´ que celebramos, alimenta-nos da palavra e da eucaristia, para que tenhamos coragem de erguer do chão tudo o que está abatido”. 
Pe. Francisco de Assis 
Pároco de Nova Cruz/RN

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