Mais um ano
O ano de 2012 chega ao seu término, com sua face própria para as pessoas
e para as instituições. Dessa maneira, inscreve-se no calendário
pessoal e institucional mais um capítulo de sua história. Ninguém
desconhece a significação de sua própria história, em cujas páginas
situam-se fatos que devem ser preservados e, por isso, são alegremente
lembrados, e tantos outros que devem ser deletados e, assim, são jogados
na lixeira do tempo. Há muitas referências a serem consideradas, no
contexto do fim de um ano e de início de outro. Entre essas referências
principais na vida das pessoas, com certeza, estão a família, a saúde, a
educação, o trabalho, o lazer, a paz, a fé que são valores universais.
Ninguém se realiza, plenamente, se lhe faltam essas referências que
dizem respeito à sua individualidade, à sua condição de ser em
permanente relacionamento com os semelhantes, à sua atividade produtiva,
à convivência harmoniosa em seu ambiente e à sua ligação com um ser
superior que, para os cristãos, é Deus, Trindade Santíssima.
Nem sempre as pessoas têm consciência da linguagem que está contida
nessas referências, por isso não lhes dão a necessária atenção, a ponto
de não extraírem delas as lições que contêm. Vendo-se na sua
individualidade, as pessoas haverão de identificar elementos que
contribuíram para o seu amadurecimento humano, para seu crescimento
intelectual, sua afirmação profissional, sua realização religiosa.
Todavia, em razão das circunstâncias, há pessoas que veem a face de sua
vida, às avessas, e, dessa maneira, não se sentem realizadas, sob muitos
aspectos. Chegar ao fim de um ano, nessa situação, representa um peso e
um desgaste muito grandes em sua vida.
Em termos de calendário civil, a população brasileira tem um ano a mais
pela frente, com expectativas e desafios; em termos de calendário
político-eleitoral, os cidadãos brasileiros, na verdade, têm quatro anos
pela frente, considerando-se o início do mandato dos prefeitos e
vereadores que assumem suas funções no dia 1º de janeiro. Com certeza, a
mudança pra melhor na qualidade de vida dos munícipes será a nota
predominante no discurso de posse dos novos gestores municipais; essa
afirmação, provavelmente, não terá confirmação, na maioria das
administrações. Sem uma concepção e uma prática de gestão cidadã não
haverá mudança substancial no perfil dos Municípios brasileiros. Isso
será visível aos olhos da população, a começar pela composição do quadro
dos auxiliares no poder executivo e legislativo. Em que pese a
proibição da legislação, o nepotismo estará identificado em muitas
administrações municipais, num desrespeito à cidadania; o clientelismo
ainda prevalece, em muitos casos, com o emprego de pessoas próximas e
amigos do gestor em centenas de cargos comissionados, ao invés de se
privilegiar a sua ocupação pela via do concurso público que, de forma
transparente, tem o mérito como critério de acesso ao serviço público.
Não obstante uma maior conscientização da sociedade, uma fiscalização
técnica mais rigorosa, a corrupção ainda fará estragos nos Municípios
cujas sequelas serão facilmente enxergadas nas comunidades mais carentes
da população.
Um ano a mais pesa, significativamente, na vida das pessoas e das
instituições públicas e privadas, pelo registro positivo ou negativo de
sua história. Que a fé e a cidadania coloquem as pessoas nos caminhos de
Deus e do povo, em 2013!
Dom Genival Saraiva de França
é Bispo da Diocese de Palmares - PE; Presidente da Conferência Nacional
de Bispos Regional Nordeste 2 (CNBB NE2), Responsável pela Comissão
Regional de Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz;
Diretor presidente do Conselho de Orientação do Ensino Religioso do
Estado de Pernambuco (CONOERPE); Membro efetivo do Conselho Econômico da
CNBB NE2.
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