quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Mais um ano

O ano de 2012 chega ao seu término, com sua face própria para as pessoas e para as instituições. Dessa maneira, inscreve-se no calendário pessoal e institucional mais um capítulo de sua história. Ninguém desconhece a significação de sua própria história, em cujas páginas situam-se fatos que devem ser preservados e, por isso, são alegremente lembrados, e tantos outros que devem ser deletados e, assim, são jogados na lixeira do tempo. Há muitas referências a serem consideradas, no contexto do fim de um ano e de início de outro. Entre essas referências principais na vida das pessoas, com certeza, estão a família, a saúde, a educação, o trabalho, o lazer, a paz, a fé que são valores universais. Ninguém se realiza, plenamente, se lhe faltam essas referências que dizem respeito à sua individualidade, à sua condição de ser em permanente relacionamento com os semelhantes, à sua atividade produtiva, à convivência harmoniosa em seu ambiente e à sua ligação com um ser superior que, para os cristãos, é Deus, Trindade Santíssima.
Nem sempre as pessoas têm consciência da linguagem que está contida nessas referências, por isso não lhes dão a necessária atenção, a ponto de não extraírem delas as lições que contêm. Vendo-se na sua individualidade, as pessoas haverão de identificar elementos que contribuíram para o seu amadurecimento humano, para seu crescimento intelectual, sua afirmação profissional, sua realização religiosa. Todavia, em razão das circunstâncias, há pessoas que veem a face de sua vida, às avessas, e, dessa maneira, não se sentem realizadas, sob muitos aspectos. Chegar ao fim de um ano, nessa situação, representa um peso e um desgaste muito grandes em sua vida.
Em termos de calendário civil, a população brasileira tem um ano a mais pela frente, com expectativas e desafios; em termos de calendário político-eleitoral, os cidadãos brasileiros, na verdade, têm quatro anos pela frente, considerando-se o início do mandato dos prefeitos e vereadores que assumem suas funções no dia 1º de janeiro. Com certeza, a mudança pra melhor na qualidade de vida dos munícipes será a nota predominante no discurso de posse dos novos gestores municipais; essa afirmação, provavelmente, não terá confirmação, na maioria das administrações. Sem uma concepção e uma prática de gestão cidadã não haverá mudança substancial no perfil dos Municípios brasileiros. Isso será visível aos olhos da população, a começar pela composição do quadro dos auxiliares no poder executivo e legislativo. Em que pese a proibição da legislação, o nepotismo estará identificado em muitas administrações municipais, num desrespeito à cidadania; o clientelismo ainda prevalece, em muitos casos, com o emprego de pessoas próximas e amigos do gestor em centenas de cargos comissionados, ao invés de se privilegiar a sua ocupação pela via do concurso público que, de forma transparente, tem o mérito como critério de acesso ao serviço público. Não obstante uma maior conscientização da sociedade, uma fiscalização técnica mais rigorosa, a corrupção ainda fará estragos nos Municípios cujas sequelas serão facilmente enxergadas nas comunidades mais carentes da população.
Um ano a mais pesa, significativamente, na vida das pessoas e das instituições públicas e privadas, pelo registro positivo ou negativo de sua história. Que a fé e a cidadania coloquem as pessoas nos caminhos de Deus e do povo, em 2013!
Dom Genival Saraiva de França é Bispo da Diocese de Palmares - PE; Presidente da Conferência Nacional de Bispos Regional Nordeste 2 (CNBB NE2), Responsável pela Comissão Regional de Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz; Diretor presidente do Conselho de Orientação do Ensino Religioso do Estado de Pernambuco (CONOERPE); Membro efetivo do Conselho Econômico da CNBB NE2.

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