sexta-feira, 7 de setembro de 2012


A adolescência forma caráter?

Tatiana Serra
ilustração
Você já deve ter ouvido alguém falar: “fulano não tem caráter”, “beltrano tem o caráter forte” e “cicrano só pode ser mau-caráter”. São várias as possibilidades e as definições para essa palavra.
Sua origem grega tem ligação com a impressão de uma marca sobre um objeto e mostra que o caráter distingue uma pessoa; também pode tornar possível prever as ações e atitudes de um indivíduo; é o traço moral da personalidade; qualidade inerente a uma pessoa; índole, natureza e temperamento; soma dos hábitos, virtudes e vícios; índole ou firmeza de vontade; conjunto do que o indivíduo possui desde seu nascimento...
A socióloga Ângela Marulanda, em seu livro O desafio de crescer com os filhos, afirma que “caráter é aquilo dentro de nós que regula o nosso agir moral”. Mas como ele se forma? Ao poucos e ao longo da vida. Como o caráter de uma pessoa é formado? Quem o influencia? Quem estiver mais próximo do indivíduo ou, de acordo com Sigmund Freud, “é formado pelas pessoas que ele escolheu para conviver". Aliás, também foi ele que afirmou que a experiência da infância tem forte influência sobre a personalidade adulta.
A escritora americana Cecily von Ziegesar, uma das principais autoras da chamadachick lit – a literatura feita sob medida para leitoras adolescentes –, esteve em São Paulo na última Bienal do Livro. Do alto de seus mais de 60 milhões de cópias vendidas em todo o mundo (sua principal obra é a saga de 13 livros Gossip Girl),Cecily afirmou à revista Veja que a adolescência é capaz de formar o caráter. “É na adolescência que a gente se torna a pessoa que será para sempre. Por isso é tão interessante escrever sobre esse período”, disse ela.
É importante lembrar ainda que a formação de um caráter tem a ver com os obstáculos encontrados. E a correlação entre caráter e adolescência pode ser explicada por se tratar de um período em que situações de impacto (muitas vezes, as primeiras delas) acontecem, como ver os pais se divorciarem ou ter o coração quebrado por alguém de quem se gosta – um garoto ou aquela melhor amiga que você achava que teria ao seu lado para o resto da vida.
Vale a pena parar para pensar nisso, especialmente aqueles docentes que trabalham com essa faixa etária; querendo ou não, o professor é referência de vida e comportamento para esses jovens – para o bem e para o mal.
04/09/2012

22.1 milhões de crianças & adolescentes na América Latina e Caribe não estão na escola ou correm sérios riscos de evasão escolar....




Teólogo Paulo Suess fala sobre liturgia e Vaticano II

"Se Francisco Xavier e praticamente todos os missionários e missionárias até a primeira metade o século XX eram obrigados, em nome da Igreja, a negar a possibilidade de salvação para os não cristãos, o Vaticano II trouxe, no dizer de Bento XVI, “alguma forma de descontinuidade”, afirma o teólogo Paulo Suess, em entrevista concedida ao Instituto Humanitas Unisinos (IHU) On-Line.
Tanto isto é verdade que “a Fraternidade Pio X percebeu corretamente que o Vaticano II representa uma verdadeira reforma que inclui continuidade e ruptura”
Por ocasião do 50º aniversário do início do Concílio Vaticano II, o assessor teológico do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), descreve a gênese, a trajetória e as rotas do importante decreto Ad Gentes, que redesenhou a missão da Igreja.
Segundo Paulo Suess, o Concílio Vaticano II instou "a igreja a deixar a realidade do mundo e entrar na realidade do mundo. E essa realidade tem várias dimensões: a dimensão macrocultural da modernidade secularizada e a dimensão da convivência concreta no mundo pluricultural".
Trata-se, continua Suess, "de construir duas pontes de mão dupla: uma entre Igreja e a dimensão universal das conquistas do mundo moderno, e outra, entre Igreja e o mundo local e cultural, onde o povo vive, se encontra e comunica".
Paulo Suess nasceu na Alemanha. É doutor em Teologia Fundamental com um trabalho sobre Catolicismo popular no Brasil. Em 1987 fundou o curso de Pós-Graduação em Missiologia, na Pontifícia Faculdade Nossa Senhora da Assunção, em São Paulo, onde foi coordenador até o fim de 2001. Recebeu o título de Doutor honoris causa, das Universidades de Bamberg (Alemanha, 1993) e Frankfurt (2004). É assessor teológico do Conselho Indigenista Missionário – Cimi e professor no ciclo de pós-graduação em missiologia, no Instituto Teológico de São Paulo (ITESP). Entre suas publicações, destaca-se Dicionário de Aparecida. 40 palavras-chave para uma leitura pastoral do Documento de Aparecida (São Paulo: Paulus, 2007).
Confira a entrevista.
A partir da perspectiva da Igreja em Missão, como o senhor analisa o Concílio Vaticano II, evento que, neste ano, celebra 50 anos da sua abertura?
Paulo Suess – A missão é estrela-guia na constelação dos 16 Documentos do Concílio que emergiram de demandas prático-pastorais. Práticas litúrgicas, leituras bíblicas, convivência ecumênica, necessidades de uma nova presença no mundo operário e indígena apontaram para a necessidade de uma reconfiguração das relações entre Igreja, mundo moderno, culturas e humanidade. Novas relações, sobretudo com os pobres e os outros, exigiram repensar as linhas pastorais até então consideradas “legais” e forjaram, como fio condutor, a missão voltada ao povo e ao mundo na perspectiva de aggiornamento e encarnação. O aggiornamento à modernidade e a encarnação nos contextos pluriculturais representam uma verdadeira “virada popular”. Virada popular significa contemplar a Deus não em alturas abstratas, mas no rosto da humanidade crucificada e ouvir a Sua voz através dos sinais de Deus no mundo.
O decreto Ad Gentes é o documento conciliar que trata da atividade missionária da Igreja? Qual a gênese desse documento no processo do Concílio?
Paulo Suess – Os impulsos elementares para a teologia da missão e a pastoral missionária desabrocharam nas Constituições sobre a Igreja (Lumen Gentium; Gaudium et Spes) e a Liturgia (SC), nos decretos sobre o Ecumenismo (UR) e a Vocação dos Leigos (AA), e nas Declarações sobre a Liberdade Religiosa (DH) e as Religiões Não Cristãs (NA). O “Decreto Ad Gentes sobre a atividade missionária da Igreja” apenas sintetizou essas dimensões que ganharam a sua força radical pela revisão da eclesiologia do Vaticano I. Nos processos que levaram à redefinição da missão, observa-se um deslocamento de uma Igreja que tem missões territoriais, pelas quais faz coletas e pede orações, para uma Igreja na qual a missionariedade e a “natureza missionária” dos batizados representam a orientação fundamental de todas as suas atividades.
O anúncio do Vaticano II, na festa da conversão do Apóstolo Paulo, die 25 de janeiro de 1959, na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, tem um profundo significado simbólico. Data e lugar escolhidos pelo papa João XXIII apontam para uma igreja em estado de conversão “fora dos muros” da cristandade.
Foi pela primeira vez, na história da Igreja, que um concílio sentiu a necessidade de elaborar um documento sobre a missão. Contudo, parecia tudo muito fácil e, praticamente, já resolvido antes do Concílio. O cardeal Agagianian, prefeito da então chamada “Congregação pela Propagação da Fé”, não se cansou de afirmar que no campo missiológico todas as questões estavam resolvidas através das encíclicas missionárias dos últimos papas. Missão e missiologia, que entraram no concílio como anexos ao campo da pastoral, saíram do processo conciliar como teologia fundamental e núcleo teológico-pastoral central do Vaticano II.
Ao texto definitivo de Ad Gentes precederam sete versões que permitem acompanhar as lutas pelo novo significado do paradigma “missão” (cf. P. Suess, Introdução à teologia da missão, 3ª ed., Petrópolis, 2011, p. 122 et seq.). O lugar do “mundo”, da “missão” e da “liberdade religiosa” na Igreja foi disputado até o último momento do Concílio. Finalmente, poucos dias depois da promulgação da “Declaração sobre as religiões não cristãs” (NA, 28.10.65), na quarta e última sessão e no último dia (7-12-1965), o “Decreto Ad Gentes sobre a atividade missionária” foi promulgado por Paulo VI, junto com a “Constituição Pastoral sobre a Igreja no mundo contemporâneo” (GS) e a “Declaração sobre a liberdade religiosa” (DH). Ad Gentes recebeu 2.314 votos “sim” e apenas 5 votos “não”.
Quais são os elementos ou conteúdos fundamentais do decreto Ad Gentes?
Paulo Suess – Os conteúdos fundamentais do decreto Ad Gentes não devem ser vistos isoladamente dos outros documentos do Concílio. O “pacote” missiológico do Vaticano II pode ser resumido em alguns passos, revisões e conversões de uma caminhada pós-colonial, sempre ameaçada por regressões:
– do eclesiocentrismo à centralidade do Reino de Deus;
– de uma identificação da Igreja com a hierarquia para uma Igreja “Mistério”, “Povo de Deus” e “Instrumento de salvação”;
– de um laicato auxiliar e subordinado do clero para um laicato que participa do sacerdócio comum dos fiéis (LG 34), do múnus profético de Cristo (LG 12; 35,1) e do apostolado. O Povo de Deus é marcado por uma igualdade constitucional (cf. LG 37);
– da opção abstrata pelo “homem” para sujeitos com rostos concretos. O povo de Deus integra os pobres e tem uma missão pública, histórica, profética e fraterna;
– De uma Igreja
= que olhou na celebração eucarística para a parede e falava em latim
= que entendeu a sua teologia como explicação de dogmas e
= que em sua pastoral estava amarrada a padrões culturais da Europa, para uma Igreja versus populum, que podemos chamar de “virada popular”;
– do território da missão à natureza missionária da Igreja povo de Deus (desterritorialização da missão);
– do ter missões ao “viver em estado de missão” (AG 2; DAp 213);
– da missão ad gentes à missão intergentes (diálogo inter-religioso, ecumênico e intercultural), que significa um passo da unilateralidade entre doador e receptor dos benefícios da missão para a reciprocidade nas relações missionárias;
– do monopólio salvífico à partilha da graça da salvação: se Francisco Xavier e praticamente todos os missionários e missionárias até a primeira metade o século XX eram obrigados, em nome da Igreja, a negar a possibilidade de salvação para os não cristãos, o Vaticano II trouxe, no dizer de Bento XVI, “alguma forma de descontinuidade”;
– da supervisão à inculturação. A “supervisão” nos afasta do chão e dos rostos concretos dos pobres. A eficácia missionária não está nos instrumentos utilizados nem na liderança em “nossas obras”, mas na coerência entre a mensagem do Reino e sua contextualização, também através do nosso estilo de vida.
A passagem da supervisão para a inculturação atinge, obviamente, o campo onde o povo celebra sua vida, ou seja, o campo litúrgico. Muitas reformas litúrgicas pós-conciliares, feitas por “supervisores” sem conhecimento e participação do povo, estão caminhando para o distanciamento pré-conciliar. A Missa Tridentina não é um sinal que aponta para uma Igreja autóctone encarnada na vida do povo. A “virada popular” do Vaticano II clama por essa Igreja autóctone que rompe com qualquer tipo de tutela colonial.
A partir do Concílio, entre avanços e recuos, como o senhor avalia os passos dados pela Igreja na sua relação com o mundo?
Paulo Suess – Hoje, a Igreja Católica reúne vários setores de mentalidades, práticas pastorais e teologias diferentes, o que torna difícil falar de “passos dados pela Igreja”. Esses passos de setores espiritualistas e realistas, fundamentalistas e movimentos militantes, de ordens religiosas e novas comunidades se movem em direções diferentes. Segundo o respectivo setor, podemos falar de recuos ou avanços ao mesmo tempo. Ultimamente observa-se certa aversão do setor hegemônico contra a realidade concreta. Nossa metodologia do ver-julgar-agir, que acompanhou a teologia indutiva latino-americana e que ainda foi positivamente mencionada na Mater et Magistra (1961) de João XXIII (MM 235), sofreu, desde Santo Domingo (1992), na maioria dos documentos, restrições pela nova abordagem do “crer-ver-agir”. Em seguida, muitas vezes se confundiu os níveis diferentes do crer, que é teológico, e do ver, que é sócio-histórico.
Mas a história nunca é linear. Muitas conquistas do Vaticano II estão presentes em nossa realidade pastoral e nos documentos produzidos nesse tempo pós-conciliar, apesar de certo descompasso entre documentos e a própria prática missionária. Somos uma Igreja de apóstolos e mártires, hoje com poucos profetas. Precisamos desinibir a “virada popular”.
Precisamos reescrever os tratados sacramentais – matrimônio, penitência, sacerdócio –, que clamam por um aprofundamento que tome o Vaticano II como ponto de partida. 70% das comunidades na Amazônia estão sem eucaristia dominical. Aparecida cobrou à Igreja de “repensar profundamente e relançar com fidelidade e audácia sua missão nas novas circunstâncias latino-americanas e mundiais” (DAp 11). “Fidelidade”, nessa reconstrução da “virada popular”, só faz sentido se houver “audácia” na recepção e na projeção do Vaticano II. Sem audácia, a tradição se torna tradicionalismo e prisão e não haverá tradução, encarnação e comunicabilidade do cristianismo em novos contextos micro e macroculturais.
Exige-se, hoje, um discernimento audaz tanto na assunção dos múltiplos projetos de vida, que culturas regionais representam, como na avaliação de conquistas da modernidade que, com sua dupla face de progresso e violência, beneficiam e ameaçam a sobrevivência da humanidade. A audácia pode ser confundida com adaptações apressadas, com modernizações meramente técnicas, com a corrida atrás do sempre novo, sem consciência histórica. Missas e ministros midiáticos, alinhados a padrões de marketing, podem destruir o sagrado.
Como a Igreja latino-americana traduziu para a sua realidade as decisões conciliares, sobretudo ao que diz respeito à Igreja missionária?
Paulo Suess – A “virada popular” como aggiornamento significa para a igreja deixar a realidade do mundo e entrar na realidade do mundo. E essa realidade tem várias dimensões: a dimensão macrocultural da modernidade secularizada e a dimensão da convivência concreta no mundo pluricultural. Aggiornamento expressa a vontade de construir duas pontes de mão dupla: uma entre Igreja e a dimensão universal das conquistas do mundo moderno, e outra, entre Igreja e o mundo local e cultural, onde o povo vive, se encontra e comunica.
O Concílio nomeou essas tentativas de aproximação respeitosa aos povos e ao mundo com algumas palavras balbuciantes, como “adaptação” (SC 37s; GS 514), “autonomia da realidade terrestre” (GS 36; 56) e da cultura, “sinais do tempo” (GS 4; 11), e “diálogo” (CD 13; UR 4), “encarnação” e “solidariedade” (GS 32). Em nossa caminhada teológico-pastoral latino-americana traduzimos essas palavras como “opção pelos pobres” e “libertação”, em Medellín (1968), “participação”, “assunção” e “comunidades de base”, em Puebla (1979), como “inserção” e “inculturação”, em Santo Domingo (1992) e como “missão”, “testemunho” e “serviço” de uma Igreja samaritana e advogada da justiça e dos pobres, em Aparecida (2007).
Nenhuma dessas palavras descreve a totalidade do projeto pastoral do Vaticano II, mas seu conjunto representa uma síntese daquilo que esse concílio queria ser: um farol da luz de Cristo no meio dos povos e do mundo.
Algo significativo aconteceu na IV Conferência do Episcopado Latino-Americano em Santo Domingo. O tema da “cultura cristã”, quer dizer, a reflexão sobre uma cultura que não existe, foi substituída nas Conclusões por “evangelização inculturada” (SD 292,3). E no decorrer dessas Conclusões encontra-se o imperativo categórico da evangelização: “Toda evangelização há de ser, portanto, inculturação do Evangelho. (...) A inculturação do Evangelho é um imperativo do seguimento de Jesus e é necessária para restaurar o rosto desfigurado do mundo” (cf. LG 8; SD 13).
Após 50 anos, como o senhor analisa a atualidade do Concílio, sobretudo na perspectiva da Igreja em Missão?
Paulo Suess – Como evento histórico, o Concílio é ponto de partida. Reinterpretações fazem parte da fidelidade aos seus documentos e da audácia da caminhada pastoral que a história exige (cf. DAp 11). Podemos distinguir diferentes “convivências” com o Vaticano II:
1º: a não recepção pelo grupo em torno da chamada Fraternidade Pio X. Esse setor percebeu corretamente que o Vaticano II representa uma verdadeira reforma que inclui continuidade e ruptura;
2º: a recepção modernizante, porém essencialmente conservadora, sem assunção dos questionamentos do mundo moderno, que o Concílio fez;
3º: a recepção conclusiva, como se o Vaticano II fosse um ponto final ou uma trincheira que nos permite, em pleno inverno eclesial, esperar tempos mais favoráveis. Esse setor procura salvar afirmações fundamentais do Concílio – o “máximo” alcançável, o “sustentável” – sem a dinâmica histórica que o considera como ponto de partida;
4º: a recepção seletiva e estratégica pelo setor de movimentos pentecostais e fundamentalistas, que grosso modo dispensaram a “iluminação” conciliar, por confundirem com ilustração; sinais importantes deste setor são a emocionalidade, a visibilidade através de eventos de massa e o personalismo de um líder sedutor, popular e populista ao mesmo tempo. Sua presença maciça na mídia se explica pelo alinhamento sistêmico e político, por promessas milagrosas e pelo esquecimento da cruz. Esse setor reforça a alienação das massas populares e as afasta do mistério pascal;
5º: a recepção dinâmica na linha de uma pastoral de libertação e participação dos pobres, assumida por Medellín e as conferências seguintes. Bandeiras como CEBs, inculturação, Igreja autóctone com teologias e liturgias diferenciadas, diálogo, liberdade religiosa, macroecumenismo só terão futuro e serão hasteadas nessa perspectiva da historicidade do evento Vaticano II. Quem quer “segurar” o Concílio como ponto de chegada destrói suas intenções profundas.
À luz do Concílio Vaticano II, o que significa ser Igreja missionária hoje?
Paulo Suess – Ser Igreja missionária, hoje, significa ser Igreja. Não existe uma Igreja não missionária. E ser Igreja significa ser Povo de Deus, povo messiânico, profético, sacerdotal e testemunhal em estado permanente de conversão institucional, pessoal e estrutural; significa assumir de perto a opção pelos e com os pobres e os “outros”, com os quais trabalhamos e convivemos com o cultural e o materialmente disponíveis para colaborar na construção de um mundo para todos. Ainda estamos longe de fazer do lembrete “natureza missionária”, que o Concílio nos deixou, uma realidade pastoral. Ainda estamos longe de ver na missão não apenas uma “tarefa opcional”, mas de assumi-la como “parte integrante da identidade cristã” (DAp 144).
Missão é visão do horizonte utópico da libertação. A libertação é possível. A justiça de Deus não é a justiça da estátua com olhos vendados. Deus ouve o clamor dos pobres, vê o sofrimento dos migrantes e convoca com a sua palavra os que a confusão babilônica dos macrodiscursos excluiu do convívio social.
Missão é visão acoplada à ação. Com nossa indignação profética percebemos que tudo pode ser diferente.
A partilha e a opção pelos pobres apontam para tarefas básicas neste mundo: a redistribuição dos bens feita pelos pobres e o reconhecimento dos outros e das outras em sua alteridade. Essa visão se transforma em ação através da presença no meio dos outros pobres e através de palavra, profética e misericordiosa, ao mesmo tempo.
A Missão produz sinais de justiça e cria imagens de esperança. No mundo, onde os privilegiados perdem o sentido de vida e os excluídos perdem a visão de um horizonte e a força de resistência, o querigma missionário elementar é a esperança que emerge da presença e da solidariedade.
21/08/2012 - 14:28 Entrevista
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"Homens de Deus, ao serviço da Palavra": Papa aos novos bispos dos países de missão 


Primeira responsabilidade dos bispos é serem “homens de Deus, chamados à oração e ao serviço da sua Palavra”. “O mundo de hoje tem necessidade de pessoas que falem a Deus, para poder falar de Deus”. Palavras de Bento XVI, recebendo nesta sexta-feira de manhã, em Castel Galdolfo, uma centena de novos bispos de países de missão, que participaram em Roma num Encontro promovido pela Congregação para a Evangelização dos Povos. O Santo Padre convidou os prelados a manterem bem firme a sua confiança no Senhor, pois “a Igreja é sua e é Ele que a guia tanto nos momentos difíceis, como nos de serenidade”.
O Papa referiu a especificidade destas Igrejas de recente fundação, que revelam uma fé viva e criativa, mas por vezes ainda não suficientemente enraizada, alternando entusiasmo e zelo apostólico com instabilidade e incoerência. A maturação das comunidades vai tendo lugar, não só graças à ação pastoral, mas também à chamada “comunhão dos santos, que consente uma autêntica osmose de graça entre as Igrejas de antiga tradição e as de recente constituição”.
“Desde há certo tempo que se regista uma diminuição dos missionários, compensada porém com o aumento do clero diocesano e religioso. O crescimento numérico de sacerdotes autóctones produz também uma nova forma de cooperação missionária: algumas jovens Igrejas têm começado a enviar padres seus às Igrejas irmãs desprovidas de clero, no interior do próprio país ou em nações do continente respetivo. Trata-se de uma comunhão que há-de animar sempre a ação evangelizadora.

Bento XVI não esqueceu os problemas concretos, quotidianos, com que se confrontam muitas das populações dos territórios dos bispos presentes: emergências alimentares, sanitárias e educativas, mas também “discriminações culturais e religiosas, intolerâncias e faciosidades, fruto de fundamentalismos que revelam visões antropológicas erradas e que conduzem a minimizar, se não mesmo a ignorar, o direito à liberdade religiosa, o respeito dos mais débeis, sobretudo das crianças, das mulheres e das pessoas com deficiências”, e ainda eventuais “contrastes entre etnias e castas, que provocam injustificáveis violências”.

“Confiai no Evangelho, na sua força renovadora, na sua capacidade de despertar as consciências e de provocar a partir do interior a recuperação das pessoas e o estabelecimento de uma nova fraternidade. Que a difusão da Palavra do Senhor faça florescer o dom da reconciliação, favorecendo a unidade dos povos”.



07/09/2012 11h36 - Atualizado em 07/09/2012 11h48

Manifestantes protestam contra Belo Monte durante 'grito dos excluídos'

Dezenas de pessoas levaram cartazes contra construção da usina.
Ato cênico marcou protesto realizado na Avenida Nazaré.

Do G1 PA
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Grito dos excluídos protestou pelas ruas de Belém (Foto: Ingo Muller/ G1)Durante a passeata, atores representaram índios em coleiras, simbolizando os povos do Xingu (Foto: Ingo Muller/ G1)
Dezenas de manifestantes participaram do "Grito dos Excluídos" em Belém nesta sexta-feira, 7 de setembro. A data que comemora os 190 anos de independência do Brasil foi marcada pelos protestos contra a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, no oeste do estado. Professores, estudantes, sindicatos e ambientalistas marcharam pela avenida Nazaré até a praça da República, onde ocorre o desfile militar.
O ator Washington Luís criticou a construção de Belo Monte (Foto: Ingo Muller/G1)O ator Washington Luís criticou a construção de
Belo Monte (Foto: Ingo Muller/G1)
Durante a passeata, o grupo de teatro do Instituto Universidade Popular fizeram uma encenação representando a exploração dos povos do Xingu. "A gente vive ainda em uma falsa democracia. Viemos trazer a força do povo, ser a voz deles. Viemos representar as pessoas escravizadas por dinheiro. A construção da usina não é necessária", disse o ator Washington Luís.
Professores criticam inflexibilidade do governoProfessores federais, em greve há 115 dias, participaram do "Grito dos Excluídos" cobrando a reabertura do diálogo com o governo. Eles criticaram o corte do ponto de funcionários, e dizem que procuram sensibilizar os representantes do legislativo para a necessidade de investimentos na educação. "Há um total descompromisso do Governo Federal com a educação, já que eles sequer abrem negociação com os professores", criticou Benedito Ferreira, da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Pará.
Manifestação ocorre simultâneamente em outros estados
O "Grito dos Excluídos" é organizado pela Pastoral Social da CNBB, pela Comissão Pastora da Terra (CPT), e movimentos sociais, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Ameaçados por Barragens (MAB), pelo Fórum Nacional pela Reforma Agrária e pela Assembleia Popular.
O evento é realizado simultâneamente em todo o país, com o lema "Um Estado a Serviço da Nação, que Garanta Direitos de Toda a População". Além do protesto contra a construção da usina, os manifestantes também se posicionaram gritaram palavras de ordem contra a corrupção, a privatização e a falta de consciência social.Passeata seguiu da avenida Nazaré até a Praça da República (Foto: Ingo Muller/G1)Passeata seguiu da avenida Nazaré até a Praça da República (Foto: Ingo Muller/G1)
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Congresso Panafricano dos Leigos: o chefe da delegação angolana 


RealAudioMP3 Laicado africano, um gigante adormecido. Quem o diz é o P. Apolónio Graciano, à cabeça da delegação angolana ao Congresso Panafricano dos Leigos a decorrer desde o dia 4 em Yaoundé, nos Camarões, sob o tema “Ser testemunhos de Jesus Cristo na África de hoje: sal da terra, luz do mundo”. Para ele, embora os leigos e clero tenham responsabilidades diferentes na Igreja, ambos têm como ponto de referência o Evangelho e é nele que devem crescer. Agora é preciso que se deixe crescer a Igreja em África, refere, não com critérios de cor, mas do Evangelho…O
INCENTIVO À LEITURA
É possível formarmos alunos leitores tornando as aulas bem mais criativas no sentido de levarmos os alunos à pesquisa. Dando as possibilidades para ver de perto a realidade a ser transformada. Com a intervenção de homens e mulheres livres podemos alimentar a esperança de um mundo melhor. Esse mundo é possível sem ignorarmos o maior tesouro que temos: a educação.
Não se constrói uma sociedade em valores sem conhecimento. Investir em conhecimento é a melhor maneira de vencermos o mal que nos oprime. A escola precisa ser para o aluno a bússola que indicará o que ele mesmo deve fazer como cidadão. A escola combina com o mundo da cultura. Não podemos deixar cair aquilo que temos de mais importante na escola: a capacidade de pensar de forma correta e justa.(Carlos: Professor)