sábado, 10 de novembro de 2012

Comentário ao Credo do Povo de Deus - I


Caro Internauta, no horizonte deste Ano da Fé, proclamado pelo Santo Padre Bento XVI, desejo comentar, pouco a pouco, o Credo do Povo de Deus, professado de modo solene pelo Papa Paulo VI, no encerramento do Ano da Fé de 1968. Trata-se de uma bela e robusta síntese da nossa fé católica e apostólica! Espero que a meditação desse Símbolo a todos ajude no aprofundamento da nossa opção de vida pelo Cristo Senhor e no maior conhecimento da nossa santa fé católica.

Cremos em um só Deus - Pai, Filho e Espírito Santo - Criador das coisas visíveis - como este mundo, onde se desenrola nossa vida passageira -, Criador das coisas invisíveis - como são os puros espíritos, que também chamamos anjos -, Criador igualmente, em cada homem, da alma espiritual e imortal.

Antes de tudo chama atenção o plural usado pelo Papa: cremos! É que a fé, sendo sempre uma atitude pessoal, uma adesão que cada pessoa faz com toda a sua consciência, vida e liberdade, é também sempre uma realidade comunitária, eclesial: creio com a Igreja, creio enquanto membro da Igreja, creio com a fé da Igreja e creio na fé da Igreja, isto é, na doutrina que a Igreja professa inspirada pelo Santo Espírito de Jesus.
É totalmente sem sentido que um católico fizesse uma triagem na fé da Igreja, crendo em umas verdades e rejeitando outras. Aí já não se é realmente católico. Interessante, neste aspecto, é o sentido mesmo do adjetivo “católica”. Dizer que a Igreja de Cristo é católica (= kat’olon), isto é, “segundo a totalidade”: aquele à qual o Senhor concedeu a totalidade da doutrina salvífica, do sacramentos e dos dons e carismas para que possa viver como verdadeiro povo de Deus em Cristo Jesus. Deste modo, um católico que escolhesse o que crer e o que não crer no conjunto da fé católica, já não seria realmente católico, já não seria segundo a totalidade daquilo que Jesus nosso Senhor deixou para o bem da Sua Igreja. Por isso mesmo, a fé, sendo uma realidade pessoal – Eu creio! – realiza-se de verdade na comunidade dos crentes em Cristo – Nós cremos!
Um vício do mundo atual, que devemos evitar com todo cuidado, é aquele do individualismo, que leva a pensar que posso ter um contato direto com Deus e nele crer do modo que bem imaginar. Neste triste caso, o contato já não é com Deus, mas com um ídolo, um deus feito por mim, à minha medida, de encomenda, segundo os meus critérios! Se Deus Se revelou em Cristo e, na potência do Espírito do Ressuscitado, formou para Si um povo, devo colocar-me em espírito de obediência da fé (cf. Rm 1,5) numa atitude de escuta para acolher aquilo que o Espírito de Cristo diz continuamente à Sua Igreja (cf. Ap 2,7.11.17.29; 3,6.13.22). Colocar-se na fé da Igreja é escutar efetivamente o Senhor tal qual Ele Se revelou e não, arbitrariamente, forjar uma fé ao meu gosto e um deus à minha imagem. Resumindo: o “eu creio” professado por cada cristão deve sempre estar no “nós cremos” professado pela Igreja toda.

 


Escrito por Dom Henrique 

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