Caro
Internauta, no horizonte deste Ano da Fé, proclamado pelo Santo Padre
Bento XVI, desejo comentar, pouco a pouco, o Credo do Povo de Deus,
professado de modo solene pelo Papa Paulo VI, no encerramento do Ano da
Fé de 1968. Trata-se de uma bela e robusta síntese da nossa fé católica e
apostólica! Espero que a meditação desse Símbolo a todos ajude no
aprofundamento da nossa opção de vida pelo Cristo Senhor e no maior
conhecimento da nossa santa fé católica.
Cremos
em um só Deus - Pai, Filho e Espírito Santo - Criador das coisas
visíveis - como este mundo, onde se desenrola nossa vida passageira -,
Criador das coisas invisíveis - como são os puros espíritos, que também
chamamos anjos -, Criador igualmente, em cada homem, da alma espiritual e
imortal.
Antes
de tudo chama atenção o plural usado pelo Papa: cremos! É que a fé,
sendo sempre uma atitude pessoal, uma adesão que cada pessoa faz com
toda a sua consciência, vida e liberdade, é também sempre uma realidade
comunitária, eclesial: creio com a Igreja, creio enquanto membro da
Igreja, creio com a fé da Igreja e creio na fé da Igreja, isto é, na
doutrina que a Igreja professa inspirada pelo Santo Espírito de Jesus.
É
totalmente sem sentido que um católico fizesse uma triagem na fé da
Igreja, crendo em umas verdades e rejeitando outras. Aí já não se é
realmente católico. Interessante, neste aspecto, é o sentido mesmo do
adjetivo “católica”. Dizer que a Igreja de Cristo é católica (= kat’olon),
isto é, “segundo a totalidade”: aquele à qual o Senhor concedeu a
totalidade da doutrina salvífica, do sacramentos e dos dons e carismas
para que possa viver como verdadeiro povo de Deus em Cristo Jesus. Deste
modo, um católico que escolhesse o que crer e o que não crer no
conjunto da fé católica, já não seria realmente católico, já não seria
segundo a totalidade daquilo que Jesus nosso Senhor deixou para o bem da
Sua Igreja. Por isso mesmo, a fé, sendo uma realidade pessoal – Eu
creio! – realiza-se de verdade na comunidade dos crentes em Cristo – Nós
cremos!
Um
vício do mundo atual, que devemos evitar com todo cuidado, é aquele do
individualismo, que leva a pensar que posso ter um contato direto com
Deus e nele crer do modo que bem imaginar. Neste triste caso, o contato
já não é com Deus, mas com um ídolo, um deus feito por mim, à minha
medida, de encomenda, segundo os meus critérios! Se Deus Se revelou em
Cristo e, na potência do Espírito do Ressuscitado, formou para Si um
povo, devo colocar-me em espírito de obediência da fé (cf. Rm 1,5) numa
atitude de escuta para acolher aquilo que o Espírito de Cristo diz
continuamente à Sua Igreja (cf. Ap 2,7.11.17.29; 3,6.13.22). Colocar-se
na fé da Igreja é escutar efetivamente o Senhor tal qual Ele Se revelou e
não, arbitrariamente, forjar uma fé ao meu gosto e um deus à minha
imagem. Resumindo: o “eu creio” professado por cada cristão deve sempre
estar no “nós cremos” professado pela Igreja toda.


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