quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Dom Orani presidirá lançamento do livro do Papa Bento XVI no Rio

Nesta quinta-feira, 6 de dezembro, às 19h, no auditório do Edifício João Paulo II, na Glória, o arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, presidirá o lançamento da edição portuguesa do último livro da trilogia "Jesus de Nazaré", escrita pelo Papa Bento XVI sobre a infância de Jesus.
Esta será a primeira atividade da Cátedra Ratzinger, da PUC-Rio, criada no último dia 9 de novembro, durante o encerramento do 2º Simpósio sobre o Pensamento de Joseph Ratzinger.
No lançamento, os livros serão vendidos pela Editora Planeta, que tem os direitos para o Brasil.
O livro “A Infância de Jesus” — publicação lançada oficialmente em âmbito internacional no dia 20 de novembro, no Vaticano — está sendo traduzido em 20 idiomas, incluindo português para o Brasil, e publicado em 72 países, saindo simultaneamente em 50 desses, com uma tiragem inicial de um milhão de cópias.
De acordo com informações da assessoria de imprensa da arquidiocese, no lançamento no Brasil, o bispo auxiliar Dom Paulo Cezar Costa será o coordenador da mesa de expositores, composta pelo padre Mário França de Miranda (coordenador da Cátedra Ratzinger, PUC-Rio), pelo padre Leonardo Agostini (professor da PUC-Rio), por Luiz Paulo Horta (presidente do Centro Dom Vital) e por Maria Clara Bingemer (teóloga e professora da PUC-Rio).
Considerações
“Bento XVI escreve com uma simplicidade tão grande, com tantos componentes poéticos, que parece que você está ouvindo uma história”, afirmou Luiz Paulo Horta, que fez um paralelo com os volumes anteriores: “O primeiro se referia à pregação de Jesus. O segundo é muito profundo, trata da paixão, morte e ressurreição. Agora vem esse terceiro, que o Papa diz ser o prólogo. Ele volta ao começo, fazendo uma ordem curiosa mas com um desfecho maravilhoso”.
De acordo com o padre Agostini, a dinâmica que Ratzinger quer imprimir ao livro é sintetizada no título do primeiro capítulo, que traz a pergunta: “De onde és Tu?”.
“A pergunta pela origem de Jesus, feita por Pilatos, é racional, mas é, ao mesmo tempo, a indagação mais acentuada de uma pessoa que se vê confrontada com Jesus de Nazaré, pois deseja conhecer a respeito do seu ser e da sua missão. É a pergunta que continua inquietando a história da humanidade desde o nascimento de Jesus. A pergunta pelo ‘De onde és Tu?’ tem a ver com a profunda questão existencial do ser humano: ‘Quem sou eu?’ ”, explicou.
Ao longo da obra, Bento XVI passeia por passagens bíblicas explicando que os relatos evangélicos abordam acontecimentos históricos que foram “teologicamente interpretados pela comunidade judaico-cristã”. Para Agostini, o Papa aplica na obra o princípio de que “a Bíblia se explica com a Bíblia”.
“Não se percebe uma metodologia exegética específica aplicada aos textos, mas se verifica uma clara opção metodológica: apresentar o conteúdo dos textos, deixando que a própria Sagrada Escritura ofereça os elementos necessários para a sua interpretação”, afirmou Agostini, acrescentando que o Sumo Pontífice não se limita a citar passagens: “Mais do que falar sobre a Bíblia, Bento XVI sabe escutar o que a Bíblia tem a lhe dizer e a dizer para toda a Igreja, Corpo Místico do Verbo Encarnado, Jesus de Nazaré. Com isso, ele oferece ao seu interlocutor a possibilidade de ‘visitar’ e ‘conhecer’ numerosos textos do Antigo e do Novo Testamento”.
Já Luiz Paulo Horta aponta como grande trunfo de Joseph Raztinger a capacidade de apresentar um livro de “leitura agradabilíssima” sem perder o rigor científico e teológico.
“Ele mostra que o nascimento de Jesus não é um mito, é algo muito bem ancorado na realidade. O Papa faz um paralelo muito bonito entre as cenas da infância e o Sermão da Montanha. O Cristo pobre, na simplicidade do presépio, é aquele que depois vai dizer: ‘bem-aventurados os pobres’ ”, disse Luiz Paulo Horta.
O acadêmico falou ainda sobre a tentativa de se criar polêmica em relação ao trecho do livro que fala da ausência de animais em torno da manjedoura onde nasceu Jesus.
“Os jornais deram muito destaque por ele ter falado da ausência de bois e burros no presépio. O Papa realmente mostra que isso não está nos textos e apresenta como um elemento mais teológico do que científico”, esclareceu o acadêmico, rechaçando a possibilidade de que a obra cause qualquer impacto nas tradições natalinas.
Representante brasileira
“É um texto de rara beleza e grande profundidade, que une magnificamente o rigor intelectual e a incontestável erudição, da qual se sabe ser portador Bento XVI de um estilo refinado e cheio de espiritualidade. Teve grande repercussão não apenas em Roma como também no mundo inteiro”, afirmou a professora de teologia da PUC-Rio, Maria Clara Bingermer, que participou da coletiva de imprensa do lançamento internacional da publicação do Pontífice “A Infância de Jesus”, que aconteceu dia 20 de novembro, no Vaticano.
“O Papa oferece à Igreja um livro que é uma verdadeira meditação teológica. Ninguém poderá lê-lo sem entrar no ritmo de oração que o atravessa do início ao fim e que convida a contemplar o mistério de Jesus de Nazaré, filho de Maria e filho de Deus, salvador e redentor do mundo. O tempo litúrgico do Advento, em preparação para a festa de Natal, será grandemente enriquecido com a sua leitura”, garantiu a teóloga.
“Na sala de imprensa havia uma quantidade enorme de jornalistas e fotógrafos de vários periódicos e órgãos de comunicação, não apenas católicos. E os jornais laicos como o “Corriere della Sera” e mesmo o “La Reppublica” foram unânimes em dar destaque ao fato. A fala do Cardeal Ravasi (presidente do Pontifício Conselho para a Cultura) foi excelente, mostrando a intenção do Papa de alcançar não apenas as pessoas de fé, mas também aquelas que se encontram afastadas. Terminou citando Jean Paul Sartre, mostrando que mesmo um ateu pode escrever páginas belas sobre a encarnação de Jesus, mostrando que esse é um evento teologal ao qual ninguém pode ficar indiferente”, disse Maria Clara.
Meditação guiada pela fé
Em seu livro, o Papa destaca que o cristianismo, seguindo a tradição do judaísmo, utiliza muitos símbolos para transmitir uma verdade de fé. Bento XVI destaca que, apesar da presença de animais no momento do nascimento de Jesus não estar relatada na Sagrada Escritura (Lc 2,6-7), “a meditação guiada pela fé, lendo o Antigo e o Novo Testamento, preencheu rapidamente esta lacuna”, como afirma o livro de Isaías (1,3): “O boi conhece seu dono e o burro a manjedoura de seu mestre; Israel não conhece, meu povo não compreende”.
A professora Maria Clara destacou a reflexão do Papa que diz que “no surpreendente elo entre Is 1,3; Hab 3,2; Ex 25. 18-20 e a manjedoura, aparecem os dois animais como representação da humanidade, sem inteligência, que diante do Menino Deus, diante da humilde aparição de Deus no estábulo, chega ao conhecimento e, na pobreza deste nascimento, recebe a epifania que aprende agora a ver tudo.
“A iconografia cristã já cultivou desde cedo este tema. Nenhuma representação do presépio renunciará ao boi ou ao burro. Como fica evidente por estas citações, o Papa não tem a menor intenção de mudar o que quer que seja no presépio”, afirmou a teóloga.
O livro
Com 176 páginas, o livro, aborda a infância de Jesus, sendo dividido em quatro capítulos, nos quais o arco histórico começa na sua genealogia e termina na separação e reencontro com os pais, em Jerusalém.
“Espero que o pequeno livro, não obstante os seus limites, possa ajudar muitas pessoas no seu caminho rumo a e com Jesus”, sublinha Bento XVI.
O primeiro capítulo da obra é dedicado à ascendência de Jesus, narrada nos evangelhos de Mateus e Lucas, diferentes entre si mas com o mesmo significado teológico: o aparecimento na História e a sua origem verdadeira, que marcam um novo início na história do mundo.
O anúncio do nascimento de João Batista e de Jesus ocupa a segunda parte, na qual Bento XVI sublinha que Deus, “de certa maneira, fez-se dependente” da humanidade porque se sujeitou ao “‘sim’, não forçado, de uma pessoa humana”, Maria, que aceitou ser mãe.
O contexto histórico do nascimento de Jesus, sob o Império Romano, e o estudo dos elementos que compõem as suas narrativas nos Evangelhos, como a pobreza e o presépio, constituem temas abordados na terceira parte.
No quarto e último capítulo, Bento XVI apresenta a perspectiva sobre os sábios que viram a estrela e a seguiram até ao local do nascimento de Jesus, a que a tradição cristã dá o nome de reis magos, e a fuga de Jesus, Maria e José para o Egito, devido à perseguição da autoridade judaica.
O epílogo acompanha o relato do último episódio da infância, narrado no Evangelho segundo São Lucas, quando na peregrinação pascal a Jerusalém, Jesus, então com 12 anos, se afasta de Maria e de José para entrar no templo, onde discutiu com os doutores.

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