sábado, 15 de dezembro de 2012
O que devemos fazer?
Como podemos manifestar de maneira concreta a conversão à qual o Senhor nos chama?
RIO DE JANEIRO, sexta-feira, 14 de dezembro de 2012 (ZENIT.org) - É a pergunta que as diversas situações fazem a João Batista diante da pregação da chegada do Messias, Salvador do Mundo. E João convida a todos à mudança concreta de vida. Essa mudança é para nós demonstrada com a celebração penitencial.
Aproximamo-nos da grande solenidade do Natal do Senhor, quando a liturgia nos fará penetrar no mistério do Salvador, que se faz homem para nos redimir e elevar-nos à Sua divina dignidade. Como na noite de Natal, há dois mil anos passados, somos chamados a reconhecer a luz que ilumina as trevas da humanidade, e, reconhecendo-a, acercar-se dela e contemplá-la, a fim de que ela nos ilumine e nos faça partícipes da sua graça.
Nessa perspectiva, somos chamados a olhar para o nosso interior e perceber o quanto cada um de nós, de maneira tanto particular quanto comunitária, vive o momento propício que o Tempo do Advento nos proporciona, no qual realizamos a caminhada do Povo de Deus da antiga Aliança, que, na expectativa do Messias, vivencia uma caminhada de penitência, a fim de se preparar para a chegada d’Ele.
Precisamente por isso, no tempo do Advento a Igreja celebra o Mistério do Senhor revestida da cor litúrgica roxa, remetendo-nos à penitência e à conversão, chamando-nos a corresponder a esse sinal e a manifestar desse modo que, assim como o povo de Deus de outrora, nós também estamos na expectativa pela chegada do Senhor e desejamos que ela aconteça mediante nossa pureza de coração.
No Evangelho do domingo passado, vimos o clamor de João Batista incitando o povo a “aplainar os caminhos do Senhor” e “endireitar suas veredas”. Esse brado veemente que o precursor do Messias exclamava por onde passava, precisamente na iminência da chegada d’Ele, também hoje é dirigido a todo o povo de Deus. Diante dessa certeza, precisamos assumir a nossa responsabilidade e reconhecermo-nos como sendo esse povo, e, desse modo, mergulhar nesse processo de penitência e conversão a que o Senhor, pelos lábios de João Batista, nos convoca.
Todavia, como podemos manifestar de maneira concreta a conversão à qual o Senhor nos chama? Certamente é preciso tomar parte de um processo de reconciliação que se inicia no íntimo de cada um de nós. A conclusão desse processo, onde se manifesta a graça salvífica de Cristo, é o Sacramento da Confissão. É por ele que somos reconduzidos ao Senhor e, desta forma, reabilitados na vida da graça.
Assim sendo, somos todos convidados a voltar sua atenção para a figura dos pastores, como apresentada na noite de Natal pelos evangelhos. Eles, sempre vigilantes, estavam prontos para caminharem até o Salvador quando da Sua chegada. Precisamente a eles, o anjo do Senhor dirigiu de modo primordial o anúncio alegre e solene da Sua chegada. E este anúncio primordial que os pastores receberam certamente tem sua razão de ser na vigilância em que eles se encontravam na noite em que o Senhor chegou para nós.
E nós, até que ponto somos vigilantes? O próprio Senhor, no Evangelho, nos alerta para a necessidade de mantermos tanto a vigilância quanto a oração, pois não sabemos nem o dia nem a horaem que Elevirá. Exatamente por isso, somos todos convidados a observar a importância do Sacramento da Confissão nesse contexto de penitência e conversão que o tempo do Advento nos proporciona.
Iniciemos por fazer nosso devido exame de consciência e observemos a figura de Maria, mulher da pureza e da oração, sempre confiante nas promessas do Senhor e a primeira a aderir de todo o coração ao convite do próprio Deus que a escolhera para ser a mãe do Salvador e, assim, colaborar com a salvação de toda a humanidade. Em seguida, olhemos para dentro de nós mesmos e observemos até que ponto nos configuramos ao Senhor, tendo por exemplo a figura de Maria.
Nesse sentido, o nosso convite para que todos reconheçamos no tempo litúrgico do Advento o momento propício para reconciliarmo-nos com Deus, para poder assim acolher generosa e dignamente o Salvador. Os sacerdotes são convidados a assumir o papel de João Batista, anunciando a chegada do Salvador e a necessidade de uma conversão verdadeira, que faça de cada cristão verdadeiras manjedouras onde se reclina o Salvador não só na noite de Natal, mas durante toda a caminhada da vida. Os padres assumem o papel de “aplainar a caminho do Senhor” na vida de quantos lhes são confiados, tendo a viva consciência de que são os mediadores da graça sacramental e de que depende largamente de sua eficiente ação pastoral a reconciliação do povo com o seu Deus.
Precisamente por isso, sabendo do valioso momento dos “mutirões de confissões” em todas as paróquias, seria muito importante neste tempo que em todas as paróquias, institutos religiosos, oratórios, comunidades diversas seja ministrado de modo mais frequente o sacramento da Penitência, de maneira auricular, criando-se para isso horários condizentes com as realidades pastorais em que estão inseridos, não se medindo os esforços necessários para que o maior número de fiéis aproxime-se desse sacramento por meio do qual são reconduzidos à vida da graça. Ainda mais neste Ano da Fé será importante essa missão nas Igrejas de “peregrinação” para obter as indulgências.
Reconheçamos no Senhor que está para chegar a “luz” que ilumina a nossa escuridão e nos dá a conhecer a maravilha que Ele traz: a felicidade eterna, a nossa Salvação. Nesta perspectiva, observemos como caminha nossa sociedade nesse período de aproximação do Natal e vejamos que em não poucos ambientes o protagonismo de Cristo, como “o esperado” na noite santa, “o aniversariante” que dá sentido a toda esta comemoração, está sendo cada vez mais ofuscado nos corações e nas vidas de tantas pessoas. Esse “pecado social” certamente possui uma dimensão particular que toca a cada um de nós, porquanto nos faz enxergar que se Cristo está sendo esquecido pela nossa sociedade, há uma parcela de culpa em cada cristão. Precisamente por isso, é preciso que nos reconheçamos pecadores, pois indiretamente somos carentes de um testemunho eficaz que manifeste ao mundo a beleza e a razão de ser do Nascimento do Salvador.
Poderíamos, a partir dessa constatação, iniciar o nosso exame de consciência. A nossa pequenez nos convida a uma reflexão aprofundada, por meio da qual devemos eliminar de nossa vida tudo o que reconheçamos nos afastar de Deus. E o façamos de modo concreto, recorrendo ao Sacramento da Confissão.
Enfim, voltemos novamente o nosso olhar para a figura dos pastores e reconheçamos neles a figura do cristão que vive “acordado” e a quem pode chegar a mensagem solene do anjo na noite santa. Precisamente porque os pastores estavam acordados, a eles chegou a notícia que a humanidade esperava, e diante deles os anjos apareceram entoando louvores a Deus por tão grande evento. Estar acordados significa estar despertados para a realidade objetiva, não se fechando em um mundo particular, onde só existe lugar para nossos próprios impulsos e inclinações. Conduzidos por essa visão particular da vida, muitos mergulham no egoísmo e fecham-se para a liberdade própria da boa-nova de Cristo. Estar acordados, ou melhor, “estar vigilantes”, significa sair do mundo particular e abraçar a Verdade que é o próprio Cristo, que caminha ao nosso encontro e chegará de maneira solene e intensa na liturgia do Natal que estamos a esperar.
É neste sentido que o nosso despertar para o Natal do Senhor concretiza-se quando nos conscientizamos da realidade de que é preciso abandonar o pecado, deixar de lado tudo o que nos afasta de Deus, realizar um sincero e compromissado exame de consciência e mergulhar na graça do Sacramento da Confissão. O mesmo Cristo cujo nascimento celebraremos na noite do Natal do Senhor é o que nos espera nos confessionários. E a luz que guiou outrora os magos do Oriente no seu caminho a Belém para adorar o Messias é a mesma que deseja guiar a nossa vida se lhe formos ao encontro.
Deste modo, enquanto povo de Deus que na liturgia do Tempo do Advento caminha rumo à chegada do Salvador, vivenciamos um tempo de penitência que não deve ser próprio somente da liturgia, mas da nossa vida de maneira completa. Por isso, não tenhamos medo, não recusemos tomar parte dentre os que buscam o Sacramento da Confissão, afim de que, iluminados pela estrela de Belém, sejamos manjedouras onde o Senhor dignamente quer se reclinar na noite santa do seu Natal.
† Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
Cardeal Sarah: "pobreza é criada pelo homem"
Cidade do Vaticano (RV) - No dia 29 de novembro último, os meios de comunicação de diversas partes do mundo, especialmente na Europa, dedicaram amplos espaços ao tema da pobreza, dentro da iniciativa “Por que pobreza?”. Nesta sexta-feira, a Rádio Vaticano conversou com o Presidente do Pontifício Conselho Cor Unum, Cardeal Robert Sarah sobre esta campanha Radiotelevisiva da União Europeia.
Na entrevista, o Cardeal Sarah analisou as possíveis causas da pobreza no mundo, considerando que em muitos casos, como o da guerra ou de sistemas econômicos e sociais injustos, é o próprio homem que cria um ambiente favorável à pobreza.
Por outro lado, ele observa que a pobreza tem um lado positivo, que é aquele de se viver na sobriedade, na simplicidade, “sem que nossa vida seja cheia de tantas coisas desnecessárias”. E cita, como exemplo, a alegria e a maior confiança na vida que pessoas de países pobres possuem se comparado com pessoas de nações mais ricas. Ele ressalta, no entanto, que a miséria deve ser combatida: “devemos combater o fato de não se ter nada: nem casa, nem comida, nem saúde; devemos ter o mínimo para viver dignamente como seres humanos, feitos à imagem do Criador”.
Segundo o purpurado, deve se distinguir entre miséria e pobreza. A pobreza é criada pelo homem quando se nega a ele a possibilidade de trabalhar e de ganhar um mínimo indispensável. Recordando as palavras de Jesus que disse “Pobres sempre tereis convosco!”, enfatiza que, o que se deve fazer é se combater a miséria.
Falando sobre como a Igreja responde ao drama da pobreza e da miséria no mundo, o Presidente do Pontifício Conselho Cor Unum recorda que “os missionários sempre lutaram para dar dignidade ao homem, para lhe dar comida, saúde, criando escolas e hospitais, auxiliando as populações a produzir melhor”, ou seja, lutando para melhorar as condições de vida e de trabalho das populações. Uma das formas de pobreza, ressalta “é não poder educar o espírito, isto é, poder levá-lo a refletir, a ver as coisas de maneira que o homem possa progredir no seu bem-estar total, isto é não somente material, mas também espiritual”.
Perguntado sobre a ajuda oferecida pelo Santo Padre, através do Pontifício Conselho Cor Unum, às vítimas do terremoto no Haiti, aos japoneses vitimados pelo tsunami e aos refugiados sírios no Líbano, o Cardeal Sarah sublinhou que aquilo que o toca profundamente no trabalho do Cor Unum, é que este não se restringe a uma mera ajuda material, mas também busca levar um conforto, um auxílio espiritual às pessoas. “Ver a pobreza, a miséria, as condições de vida, - destaca, - me ajuda a rezar melhor pelo mundo, que tem necessidade de paz. Somos nós que criamos as condições de miséria através da guerra, da venda de armas para destruir as populações, com esta estrutura econômica mundial que não favorece o desenvolvimento das nações mais pobres. Por isto, - conclui, - desenvolvemos o nosso trabalho mas ao mesmo tempo rezamos para que o mundo aceite uma maior sabedoria vinda de Deus para que possa se tornar melhor”. (JE)
10:30 | Postado pela Assessoria de Comunicação CNBB NE2
Fruto da Visita Pastoral: Lei da Ficha Limpa para cargos comissionados será aplicada em Jaboatão
As Visitas Pastorais realizadas há quase dois anos pelo arcebispo de
Olinda e Recife tem motivado as paróquias e fiéis a assumir um
compromisso com a missão a eles confiada no Batismo. Não é só a dimensão
espiritual que tem sido levada em conta. São suscitadas também ações
concretas para transformar a realidade local tanto no âmbito social
quanto no político. Várias propostas e projetos têm surgido ao longo
deste período.
Na visita à Paróquia Santo Amaro, a cidade de Jaboatão dos Guararapes,
Região Metropolitana do Recife, ocorrida entre os dias 27 e 29 de abril
deste ano, foi realizado encontro com autoridades políticas e candidatos
aos cargos municipais. Na ocasião, ocorreu debate sobre a Lei da Ficha
Limpa (Lei Complementar nº 135/2010) defendida e proposta pela Igreja
através da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A
instituição publicou a nota “Eleições Municipais de 2012″ durante a 50ª
Assembleia Geral (18 e 26 de abril) defendendo entre outras coisas “a
necessidade de a “Ficha Limpa” ser aplicada também aos cargos
comissionados para maior consolidação da democracia. Desta forma, dá-se
importante passo para colocar fim à corrupção, que ainda envergonha o
nosso país.” A proposta foi reafirmada pelo arcebispo metropolitano, Dom
Fernando Saburido, durante a reunião com as lideranças políticas da
cidade.
Os frutos do encontro de abril começam a surgir. O prefeito reeleito,
Elias Gomes, revelou ao arcebispo durante audiência nesta quinta-feira,
13, que fará um decreto, posteriormente, transformado em lei exigindo
dos nomeados para os cargos comissionados de Jaboatão a apresentação até
o dia da posse de documento comprovando que ele cumpre a lei da Ficha
Limpa, ou seja, que ele não tenha sido condenado por órgão judicial
colegiado. “A CNBB influenciou na decisão ao colocar este tema. A gente
decidiu fazer porque concorda e pode ajudar a muitos gestores a dar este
passo”, afirmou o prefeito.
A notícia foi recebida com alegria por Dom Fernando. “Fiquei muito
contente pela iniciativa e em saber que o prefeito tomou esta atitude
após o encontro realizado na Visita Pastoral e com base na Mensagem da
CNBB. É uma conquista não só para a Igreja, mas para o município de
Jaboatão”, ressaltou o arcebispo.
Fonte: Pascom da Arquidiocese de Olinda e Recife
Ameaças ao bispo Casaldáliga, condenação das instituições
13/12/2012 | MISNA Diante de novas ameaças por causa de sua posição corajosa em solidariedade com os povos indígenas e trabalhadores da terra, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, expressou "seu mais firme apoio ao bispo Casaldáliga, um humanista que é motivo de orgulho para todos os brasileiros e todos os que estão comprometidos com os direitos humanos", afirma em comunicado emitido a partir de Brasília, acompanhado de muitas manifestações de apoio que chegaram nos últimos dias por iniciativa de várias organizações da sociedade civil para com monsenhor Pedro Casaldáliga, 84, bispo emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia.A Comissão Especial da Câmara elogiou "a presença, o apoio e a autoridade moral do bispo perante a resistência dos Xavantes indígenas a favor do retorno ao seu território". Também reconheceu "a legitimidade de sua militância como um defensor dos direitos humanos, por ter agido em defesa do povo oprimido no campo". Na moção, os deputados condenaram a ocupação de terras indígenas, observando que "a retirada dos fazendeiros é imperativo para a paz nas zonas rurais". Também pediram que as autoridades "acelerem o processo de demarcação e inserção dos povos indígenas em seus territórios no Mato Grosso e em outros estados onde há conflitos devido à ocupação de áreas indígenas".
Nascido na Catalunha, Dom Casaldáliga chegou à Amazônia brasileira em 1968, depois de passar sete anos como missionário na Guiné Equatorial. Conhecido expoente da teologia da libertação, recentemente tornou-se novamente alvo de ameaças por setores contrários a um decreto-lei que estabeleceu a retirada dos invasores de terras indígenas pertencentes aos povos Marãiwasèdè Xavante após 20 anos de batalhas legais.
Juntamente com outras organizações, o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT) têm chamado de "atitude irresponsável o fato de atribuir a dom Pedro a responsabilidade pela demarcação da terra Xavante", sublinhando que o bispo "sempre atuou em defesa dos interesses dos pobres, dos povos indígenas e dos trabalhadores precários".
Desde os anos 30 do século passado há sinais da presença de terras Xavantes Marãiwasèdè: desde os anos 60, com a chegada das fazendas e em particular o Suiá Missu começaram a ser expulsos de seu território, que se tornou progressivamente invadido por latifundiários, políticos e comerciantes.
POESIA DE CASALDÁLIGA
Eu morrerei de pé como as árvores.
Me matarão de pé.
O sol, como testemunha maior, porá seu lacre
sobre meu corpo duplamente ungido.
E os rios e o mar
serão caminho
de todos meus desejos,
enquanto a selva amada sacudirá, de júbilo, suas cúpulas.
Eu direi a minhas palavras:
- Não mentia ao gritar-vos.
Deus dirá a meus amigos:
- Certifico
que viveu com vocês esperando este dia.
De golpe, com a morte,
minha vida se fará verdade.
Por fim terei amado!
Fonte: www.misna.org
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