sábado, 15 de dezembro de 2012

Cardeal Sarah: "pobreza é criada pelo homem"



Cidade do Vaticano (RV) - No dia 29 de novembro último, os meios de comunicação de diversas partes do mundo, especialmente na Europa, dedicaram amplos espaços ao tema da pobreza, dentro da iniciativa “Por que pobreza?”. Nesta sexta-feira, a Rádio Vaticano conversou com o Presidente do Pontifício Conselho Cor Unum, Cardeal Robert Sarah sobre esta campanha Radiotelevisiva da União Europeia.

Na entrevista, o Cardeal Sarah analisou as possíveis causas da pobreza no mundo, considerando que em muitos casos, como o da guerra ou de sistemas econômicos e sociais injustos, é o próprio homem que cria um ambiente favorável à pobreza.

Por outro lado, ele observa que a pobreza tem um lado positivo, que é aquele de se viver na sobriedade, na simplicidade, “sem que nossa vida seja cheia de tantas coisas desnecessárias”. E cita, como exemplo, a alegria e a maior confiança na vida que pessoas de países pobres possuem se comparado com pessoas de nações mais ricas. Ele ressalta, no entanto, que a miséria deve ser combatida: “devemos combater o fato de não se ter nada: nem casa, nem comida, nem saúde; devemos ter o mínimo para viver dignamente como seres humanos, feitos à imagem do Criador”.

Segundo o purpurado, deve se distinguir entre miséria e pobreza. A pobreza é criada pelo homem quando se nega a ele a possibilidade de trabalhar e de ganhar um mínimo indispensável. Recordando as palavras de Jesus que disse “Pobres sempre tereis convosco!”, enfatiza que, o que se deve fazer é se combater a miséria.

Falando sobre como a Igreja responde ao drama da pobreza e da miséria no mundo, o Presidente do Pontifício Conselho Cor Unum recorda que “os missionários sempre lutaram para dar dignidade ao homem, para lhe dar comida, saúde, criando escolas e hospitais, auxiliando as populações a produzir melhor”, ou seja, lutando para melhorar as condições de vida e de trabalho das populações. Uma das formas de pobreza, ressalta “é não poder educar o espírito, isto é, poder levá-lo a refletir, a ver as coisas de maneira que o homem possa progredir no seu bem-estar total, isto é não somente material, mas também espiritual”.

Perguntado sobre a ajuda oferecida pelo Santo Padre, através do Pontifício Conselho Cor Unum, às vítimas do terremoto no Haiti, aos japoneses vitimados pelo tsunami e aos refugiados sírios no Líbano, o Cardeal Sarah sublinhou que aquilo que o toca profundamente no trabalho do Cor Unum, é que este não se restringe a uma mera ajuda material, mas também busca levar um conforto, um auxílio espiritual às pessoas. “Ver a pobreza, a miséria, as condições de vida, - destaca, - me ajuda a rezar melhor pelo mundo, que tem necessidade de paz. Somos nós que criamos as condições de miséria através da guerra, da venda de armas para destruir as populações, com esta estrutura econômica mundial que não favorece o desenvolvimento das nações mais pobres. Por isto, - conclui, - desenvolvemos o nosso trabalho mas ao mesmo tempo rezamos para que o mundo aceite uma maior sabedoria vinda de Deus para que possa se tornar melhor”. (JE)


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