domingo, 23 de setembro de 2012

A LIDERANÇA MAIOR É AQUELA QUE SERVE

Convivemos com líderes autocráticos que não são capazes de se apartarem do poder. Esse tipo de líder não compartilha o poder porque tem medo, convive eternamente com o medo. Algo novo vem proporcionar mudanças importantes em nosso meio. Vale citar: Documento de Aparecida, as diretrizes, o documento da cnbb 97, assim como os 50 anos do Concílio Vaticano II. A Palavra de Deus exige desapego. Se ficarmos citando toda essa riqueza de conteúdo sem atitudes que nos leve á conversão, assim não estaremos sendo fiéis ao desígnio de Deus. As lideranças autocráticas se escondem da verdade que liberta. 
Temos que voltar a sonhar com aquilo que era formação, plenária, discursão e celebração. Temos que sonhar com a formação de novas lideranças. Só assim multiplicaremos nossas atividades visando o bem maior. Mas tem uma coisa importante para aprendermos. É necessário adotarmos a mentalidade do lava-pés onde aquele que é o maior de todos se torna o servidor. O Vaticano II continua muito avançado para a nossa realidade. Fica aqui o convite: estudar os documentos da Igreja e participar com alegria e fervor da Igreja Mãe e acolhedora. 
Não podemos esquecer que na galiléia surgiu a boa notícia do reino de Deus, surgiu o Evangelho. Quanta liderança, desapego e amor preferencial pelos mais pobres. Era Jesus de Nazaré, da galiléia, da judéia e de  todo lugar. Ele não era apegado ao poder. A sua lei era o AMOR, principalmente aos mais necessitados.

Texto de Leonardo Boff

Como nasce a ética?
A base de toda construção ética, cujo campo é a prática, se baseia nesta pressuposição: a ética surge quando o outro emerge diante de nós.
O outro pode ser a pessoa mesma que se volta sobre si mesma, analisa a consciência, capta os apelos que nela se manifestam (ódio, compaixão, solidariedade, vontade de dominação ou de cooperação, sentido de responsabilidade), se dá conta de seus atos e das consequências que deles se derivam. O outro pode ser aquele que está à sua frente, homem ou mulher, criança, trabalhador, empresário, portador de HIV, negro etc. O outro podem ser os outros como uma comunidade, uma classe social, a sociedade como um todo, ou, numa perspectiva mais glabal, a natureza, o planeta Terra como Gaia e, em último termo, Deus.
Diante do outro ninguém pode ficar indiferente. Tem que tomar posição. Mesmo não tomando posição, silenciando e mostrando-se indiferente, já é uma posição.
A ética surge a partir do modo como se estabelece a relação com estes diferentes tipos de outro. Pode fechar-se ou abrir-se ao outro, pode querer dominar o outro, pode entrar numa aliança com ele, pode negar o outro como alteridade, não respeitando-o mas incorporando-o, submetendo-o ou simplesmente destruindo-o.
De todas as formas, o outro representa uma pro-posta que reclama uma res-posta. Deste confronto entre pro-posta e res-posta surge a re-sponsa-bilidade. Ao assumir minha responsabilidade ou demitir-me dela, me faço um ser ético. Dou-me conta da consequência de meus atos. Eles podem ser bons ou ruins para o outro e para mim.
O outro é determinante. Sem passar pelo outro (que posso ser eu mesmo), toda ética é anti-etica.
Não sem razão todas as religiões e tradições éticas, do Ocidente e do Oriente, estabelecem como máxima fundadora do discurso ético: “não faça ao outro o que não queres que te façam a ti”. Ou positivamente: “faça ao outro o que que gostarias que te fizessem a ti”. É a regra áurea.
E como o outro mais outro é o pobre e o excluido, o imperativo ético mínimo e urgente, prévio a qualquer outro, é esse, bem formulado por Enrique Dussel, argentino e filósofo da libertação:
“Liberta o pobre e inclua o excluido”.
Apliquemos isso à nossa sociedade. Ela não é uma sociedade qualquer. Precisa ser qualificada: é uma sociedade, predominantemente, estruturada no modo de produção capitalista, quer dizer, privilegia o capital sobre o trabalho, privatiza os meios de produção e define de forma desigual o acesso aos bens necessários à vida: primeiro quem detém os meios de produção, depois os demais, deixando até de fora quem não tem força social de pressão. São os excluidos, hoje perfazendo, as grandes maiorias da humanidade, cujas vidas não têm sustentabilidade, vivem abaixo do nivel de pobreza e, em consequência, morrem antes do tempo.
Esse tipo de sociedade valoriza mais a competição que a cooperação e magnifica o indivíduo que constrói sozinho sua vida, seu benestar e seu destino e não a sociedade e a comunidade dentro das quais, concretamente, o indivíduo sempre se encontra.
A sociedade neo-liberal levou até as ultimas consequências esta visão. Por isso, os governos administram desigualmente os bens públicos, privatizam, planejam políticas públicas e sociais pobres para os pobres e ricas para os ricos e poderosos seja indivíduos, empresas ou classes; atendem primeiramente a seus interesses, garantem seu tipo de consumo e são atentos às suas expectativas. Não as incentivam a olhar para os lados onde estão os outros e assim fazer e refazer continuamente a solidariedade social.
Tais governos não realizam a definição mínima de política que é a busca comum do bem comum e o cuidado das coisas do povo. Por isso são anti-éticos e fautores de atitudes coletivas em contradição com os apelos éticos. Porque não se orientam pelo outro que é o princípio fundador da ética básica.
A sociedade mundial hoje globalizada nesse modelo anti-etico promove a globalização como homogeneização: um só pensamento, um só modo de produção (o capitalista), um só tipo de mercado, uma só tipo de religião, o cristianismo, um só tipo de música (rock), um só tipo de comida (fast food), um só tipo de excutivo, uma só tipo de educação, um só tipo de lingua, o inglês etc.
Com a negação da alteridade ou o seu submetimento ou a sua destruição, a sociedade-mundo atual se coloca em contradição com ética. Essa atitude perversa tem como consequência a má qualidade de vida atual em todos os âmbitos sociais, culturais e ambientais.
Essa atitude é tanto mais grave pelo fato de atingir o substrato fisico-quimico que possibilita a biosfera e o projeto planetário humano. Não se respeita a Terra como o grande outro e como subjetividade, chamada Gaia. Reduz esse super-organismo vivo, a um baú inerte de recursos naturais, entregues ao bel prazer humano. Violenta a alteridade dos eco-sistemas, depredando seus recursos, ameaçando as espécies, envenenando os ares, poluindo os solos, contaminando as águas, como se esses representantes da comunidade terrenal não tivessem uma história mais ancestral que a nossa e nós não dependessemos deles para a nossa propria vida.
O preceito etico-ecológico urgente hoje é este:
“Aja de tal maneira que tuas ações não sejam destrutivas da Casa Comum, a Terra, e de tudo no que nela vive e co-existe conosco”.
Ou: “Aja de tal maneira que tua ação seja benfazeja a todos os seres, especialmente aos vivos”. Ou :“Aja de tal meneira que permitas que todas as coisas possam continuar a ser, a se reproduzir e a continuar a evoluir conosco”.
Ou então: “Use e consuma o que precisas com responsabilidade para que as coisas posssam continuar a existir, atendam nossas necessidades e as das gerações futuras, de todos os demais seres vivos, que tambem junto conosco têm direito de consumir e de viver”. Precisamos consumir para viver. Mas devemos consumir com responsabilidade e com solidariedade para com os outros, respeitando as coisas em sua alteridade e entrando em comunhão com elas, pois são nossos companheiros e companheiras na imensa aventura terrenal e cósmica.
Como se depreende, não é essa a ética que predomina. A ética vigente é predatória, irresponsável, individualista, perversa para com os outros, tratados com dissimetria e injustiça nos processos produção, de distrubuição e de compensação. Ela é cruel e sem piedade para a grande maioria dos seres vivos humanos e não humanos. Por fim, ela ameaça o futuro da biosfera e do projeto humano.
Para superarmos essa ética altamente destrutiva do futuro da humanidade e do planeta Terra devemos partir de outra ótica. Só uma nova ótica pode gerar uma nova ética.
A nova ótica que está se difundindo um pouco por todas as partes arranca de outra compreensão da relidade, fundada no conjunto de saberes que perfazem as ciências da Terra.
A tese de base desta ótica afirma que a lei suprema do universo é a da inter-dependência de todos com todos. Tudo está relacionado com tudo em todos os pontos e em todos momentos. Ninguem vive fora da relação. Mesmo a lei de Darwin do triunfo do mais forte se inscreve dentro dessa pan-relacionadade e solidariedade universal. Por causa das inter-retro-relações de todos com todos é que se garantiu a diversidade em todos os campos, particularmente, a biodiversidade e o fatao de todos podermos chegar ao ponto que atualmente chegamos.
Sobrevivemos graças às bilhões de células que inter-agem entre si em nosso corpo e das bilhões de bacterias, mitocôndrias e outros corpos que vivem dentro das células, células que fomam organismos, corpos, sistemas, interconcectados com o meio natural e cósmico.
Essa cooperação de todos com todos funda uma nova ótica que, por sua vez, origina uma nova ética de con-vivência, cooperação, sinergia, solidariedade e comunhão de todos com todos e com a Terra, com a natureza e com seus ecosistemas. A partir desta ética nos contemos, nos submetemos a restrições e valorizamos as renúncias em função dos outros e do todo.
Ou assumimos tal ética e sobre ela fundamos um novo pacto socio-cósmico ou corremos o risco de ir ao encontro do pior, ou de fazermos uma travessia altamente destruidora da vida e da humanidade, capaz de dizimar um número incontável de seres vivos.
A partir dos sobreviventes deste eventual colapso, aprender-se-ão as amargas mas benfazejas lições para uma nova história. Com os valores fundados na cooperação e na solidariedade inaugurar-se-á um outro tipo de ser humano, com outro tipo de civilização e com outro tipo de destino planetário da humanidade. O ser humano, indivíduo social aprenderá a entender-se como sendo a própria Terra que chegou ao momento de sentir, pensar, amar, venerar e se responsabilizar pelo futuro comum dos humanos, de todos os demais seres e da própria Terra, pátria e mátria de todos.
Uma nova história começará, seguramente mais cooperativa, humanitária, ética e espiritual.

domingo, 23 de setembro de 2012

ENCONTRO DE FORMAÇÃO MISS@O.COM É SUCESSO


Com as presenças de 130 agentes de diversas pastorais das paróquias do 8 e 13 Zonais da Arquidiocese de Natal, está sendo realizado em Nova Cruz, neste domingo o ENCONTRO DE FORMAÇÃO MISS@O.COM. no auditório do Colegio de Nossa Senhora do Carmo.
Na abertura, padre Francisco de Assis, paroco de Nova Cruz, que sedia o evento deu as boas vindas aos presentes. O evento conta ainda com as presenças dos Padres Edilson Nobre e Roberlan.
 
 
 
 
 

 
Logo em Seguida Cassilda, falou sobre o 8 multicom que ocorrerá na Arquidiocese de Natal no ano que vem e que reunirá pessoas ligadas as PASCOMs de todo o Brasil.
Padre Edilson Nobre, Assistente Eclesial da Pastoral da Comunicação da Arquidiocese de Natal realizou a palestra sobre o tema: "Comunicação na vida e missão na Igreja".
Pascom: Nova Cruz
     Home > Igreja > 22/09/2012 14:35:14
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“Mídias Digitais: desafios e possibilidades para a evangelização”


São Paulo (RV) – “Mídias Digitais: desafios e possibilidades para a evangelização”: este é o tema do 18º Encontro Estadual de Comunicação que se realizará de 23 a 25 de novembro, no Instituto Salesiano Pio XI, em São Paulo (SP). O evento é organizado pela Pastoral da Comunicação do Regional Sul 1 da CNBB (São Paulo) e deve reunir agentes de comunicação e profissionais da mídia católica das arquidioceses e dioceses do estado de São Paulo.

Este ano, o encontro contará com a assessoria da Professora Polyana Ferrari da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, especialista em Mídias Digitais e do Padre Gildásio Mendes dos Santos, salesiano, de Campo Grande, com especialização e experiência no uso das Mídias Digitais na evangelização. Para esta edição, está prevista uma dinâmica diferente. Padre Gildásio irá trabalhar com “casos” nos diversos segmentos pastorais que representem o uso e o impacto nas mídias digitais e nas redes sociais.

Segundo o assessor, a metodologia de trabalho será uma oportunidade de mostrar o que está sendo feito nas comunidades e lançar um olhar sobre cada um para relevar os desafios e apresentar propostas práticas. Participantes irão apresentar casos com temas como Pastoral Vocacional, Catequese, formação de lideranças, Liturgia, entre outros, que serão analisados e servirão de exemplos concretos de utilização dos meios para a evangelização.

O evento contará ainda com outro atrativo que será a Noite Cultural, na qual os participantes irão conhecer o Museu de Arte Sacra de São Paulo e o Mosteiro de São Bento, que ficarão abertos, exclusivamente, para receber o grupo. Segundo a coordenadora regional Irmã Maria Celeste Ghislandi o “objetivo do encontro é mostrar o fenômeno das Mídias Digitais e seu impacto na sociedade e na evangelização”. Além disso, o evento se propõe em reunir agentes da pastoral da Comunicação e profissionais da área da comunicação em geral.

A coordenadora destaca ainda que o encontro “pretende não só informar, mas oferecer pistas e apoio para que as novas tecnologias virtuais sejam utilizadas na pastoral como forças integradoras para a formação, comunhão e comunicação da vida e ação da Igreja”, concluiu Irmã Celeste.

A solenidade de Abertura do evento será na sexta-feira, 23 de novembro, às 20h, seguida da conferência proferida pelo Arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, que abordará o tema da Nova Evangelização, no contexto das novas tecnologias.
As inscrições devem ser feitas no site do Regional Sul 1 www.cnbbsul1.org.br , por meio de preenchimento do formulário on line. (SP – CNBB)
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Angelus: Papa pede que deixemos de lado o orgulho e aprendamos a ser humildes


Castel Gandolfo (RV) – O Papa Bento XVI exortou neste domingo os fiéis a deixarem de lado o orgulho e aprenderem a ser humildes. Durante a oração mariana do Angelus, recitada no pátio interno da residência Apostólica de Castel Gandolfo, o Papa afirmou que é necessário uma mudança no nosso modo de pensar e de viver para seguir Deus.

“Seguir o Senhor requer sempre do homem uma profunda conversão, uma mudança no modo de pensar e de viver, requer abrir o coração à escuta para deixar-se iluminar e se transformar interiormente”.
Um ponto-chave no qual Deus e o homem se diferenciam é o orgulho – continuou o Papa; em Deus não há orgulho, porque Ele é total plenitude e é todo inclinado a amar e doar vida; em nós homens, ao invés, o orgulho está intimamente enraizado e requer constante vigilância e purificação.

Bento XVI acrescentou que “nós, que somos pequenos, aspiramos parecer grandes e sermos os primeiros, enquanto Deus não teme em se inclinar e se fazer último, por isso pediu à Virgem Maria que mostre a todos o caminho da fé em Jesus através do amor e da humildade.

Momentos antes o Papa recordou que nos últimos encontros e no encontro deste domingo para a oração do Angelus ele está meditando sobre o Evangelho de Marcos. Domingo passado entramos na segunda parte, isto é na última viagem de Jesus em direção a Jerusalém e em direção do ápice da Sua missão. A passagem deste domingo contém o segundo desses anúncios. Jesus diz: “O Filho do Homem – expressão com a qual designa si mesmo - será entregue nas mãos dos homens, e eles irão matá-lo; mas, depois de morto, depois de três dias, ressuscitará" (Marcos 9:31). Os discípulos”, não entendiam estas palavras, e tinham medo de interrogá-lo”.

Na saudação que fez aos peregrinos de língua francesa o Santo Padre agradeceu mais uma vez aqueles que acompanharam com a oração no último fim de semana a sua viagem apostólica ao Líbano, e extensivamente a todo o Oriente Médio. “Continuem rezando pelos cristãos do Oriente Médio, pela paz e pelo diálogo sereno entre as religiões” – disse o Papa – recordando que neste sábado foi beatificado na localidade francesa de Troyes o sacerdote Louis Brisson, fundador no século XIX dos Oblatos e Oblatas de São Francisco de Sales.

Já em polonês o Papa recordou que no Evangelho deste domingo Jesus dá atenção especial às crianças. Diz: “quem acolher em meu nome uma destas crianças é a mim que acolhe”. “Peçamos a Deus que essas palavras – acrescentou – inspirem todos aqueles que são responsáveis pelo dom da vida, das dignas condições de existência e de educação, do seguro e sereno crescimento das crianças. Toda criança possa gozar do amor e do calor familiar!. (SP)



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Arquidiocese de Maceió se reúne clero para encontro de formação



A Arquidiocese de Maceió proporcionou para o seu clero um encontro de formação desde a segunda, 17, até esta quinta, 20, para o aprofundamento sobre a Pessoa do ministro ordenado no Concílio Vaticano II. O evento aconteceu no Recanto Sagrado Coração de Jesus, localizado no bairro da Serraria, e contou com a participação do Padre Antonio Régis Brasil, doutor em Teologia Dogmática e pertencente à Diocese de Pelotas (RS).
Dentre as diversas colocações, o sacerdote explanou sobre aspectos da eclesiologia nos dois primeiros dias e então se adentrou na cristologia nos dois últimos dias. Com linguagem clara, remeteu a muitas situações do Concílio Vaticano II que não estão nos documentos conciliares, pois são frutos de perspectivas e opiniões pessoais de inúmeros bispos que se fizeram presentes no evento e registraram em comentários, cartas e diários, espalhados pelo mundo. Desta forma, tornou-se perceptível quais as questões mais difíceis de terem sido mudadas e quais as tensões ocasionadas durante as reuniões conciliares.
“Lembro-me que ainda como seminarista, rezávamos a oração feita pelo Papa João XXIII pedindo um novo pentecostes para a Igreja, como assim aconteceu”, afirmou em uma de suas colocações. Em suas temáticas, colocou com veemência pensamentos de teólogos como Yves Congar, ao afirmar que o documento sobre a Igreja, Lumen Gentium, realizou uma revolução copérnica ao deslocar o capítulo sobre a hierarquia para depois do conceito de Igreja como povo de Deus.
Estiveram no encontro de formação, o arcebispo da Arquidiocese de Maceió, Dom Antônio Muniz, junto a padres, diáconos permanentes e transitórios, como também homens casados candidatos ao diaconato permanente. 
Fonte: Pascom da Arquidiocese de Maceió

Escola e comunidade:
uma interação necessária

O que pode ser feito para melhorar a interação escola-comunidade? Neste artigo, Nelson Piletti propõe ações de intercâmbio entre as duas partes, como a criação de bancos de dados socioculturais.
Por Nelson Piletti*
Escola e comunidade. Foto por ppdigital/MorgueFile
Como podem os profissionais da educação bem desempenhar o seu trabalho se não conhecem a comunidade onde o estabelecimento de ensino em que atuam está localizado? Como pode a escola atingir os objetivos constitucionais da educação – pleno desenvolvimento da pessoa, preparação para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho – se desconhece as condições de vida e as aspirações da comunidade onde vivem os seus alunos?
O conhecimento da comunidade assume importância ainda maior quando os profissionais da educação não residem no bairro em que atuam. Muitas vezes, eles se dirigem à escola, executam as suas tarefas e voltam para casa sem se preocupar, ao menos, em percorrer as ruas onde moram os alunos – quem dirá visitar as suas casas! – para ter um contato, mínimo que seja, com a realidade local.
Décadas atrás, após desenvolver experiências teatrais em comunidades cariocas, o educador Antonio Leal assumiu uma turma de alunos reprovados em certa escola da favela da Rocinha. Em seu famoso livro Fala Maria Favela: uma experiência criativa em alfabetização, ele relata o que viu ao entrar na sala de aula:
“Das janelas em forma de venezianas, com muitos vidros quebrados, via-se o interior das casas montadas no barranco: aparelhos de televisão, sofás de napa, imagens de são Jorge e são Sebastião etc. Sempre muitas crianças brincando, soltando pipa, brigas e discussões de marido e mulher, homens construindo novos barracos, enfim a vida da favela entrando pela janela da sala. Assim deve ser na escola (…). [Enc ontra-se, no entanto] a sala sempre igual: carteiras individuais, a mesa do professor e o quadro negro” (São Paulo: Editora Ática, 1993, 12ª ed.).
Duas perguntas importantes são suscitadas pelo relato: de modo geral, qual o estado em que se encontram as relações entre as nossas escolas e a comunidade? O que, concretamente, pode ser feito para melhorar a interação escola-comunidade?
A questão é tão importante para a melhoria do desempenho escolar de alunos e professores que se torna fundamental organizar, em cada estabelecimento de ensino, um Serviço de Intercâmbio Escola-Comunidade, com representantes da escola (professores, alunos, funcionários) e da comunidade (pais, associação de moradores, organizações sociais etc.).
A primeira tarefa desse serviço seria organizar um banco de dados com o maior número possível de informações (de diversas naturezas) sobre a comunidade, abrangendo:
  • Condições materiais: situação das ruas, iluminação pública, saneamento básico, moradia, alimentação, trabalho, salários, desemprego, água tratada, entre outros;
  • Condições sociais: assistência médica, educação, acesso escolar, assistência à infância e aos idosos etc;
  • Condições culturais: espaços para eventos artísticos, de lazer, atividades de fim de semana e demais ações do gênero;
  • Condições familiares: tipos de arranjos familiares, número de pessoas na mesma casa. E assim por diante.
Tais informações poderiam ser enriquecidas com um acervo fotográfico que, exposto na escola – na sala dos professores, por exemplo –, lembrassem sempre os educadores das características da comunidade e dos alunos com os quais atuam.
Como segunda tarefa importante, caberia ao serviço de intercâmbio promover atividades que facilitassem a interação entre a escola e a comunidade, tanto no sentido escola-comunidade, quanto no sentido comunidade-escola, entre as quais estariam visitas às famílias (especialmente dos alunos com maiores dificuldades), saídas dos alunos para melhor conhecerem a sua comunidade, atividades culturais e recreativas nos finais de semana (abertas à comunidade), organização de eventos nas dependências da escola, enfim, um grande leque de possibilidades.
É fundamental, porém, que todas essas atividades de interação entre escola e comunidade caminhem ao encontro daquela que é a atividade-fim do estabelecimento de ensino: a educação. Assim, com base nas informações coletadas e nas atividades de intercâmbio promovidas, caberá à escola desenvolver um processo de ensino e uma programação cultural ampla, ambas iniciativas embasadas nas necessidades e aspirações da comunidade – portanto, condizentes com a realidade cotidiana.
Dessa forma, os conhecimentos transmitidos pela escola assumirão uma “roupagem local” (linguagem, exemplos, atividades, eventos culturais), aumentarão o interesse dos alunos pela escola e, certamente, também a eficiência e a eficácia do processo de ensino e aprendizagem.
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*Nelson Piletti é graduado em Filosofia, Jornalismo e Pedagogia. Mestre, doutor, livre-docente em Educação (USP) e professor aposentado da Faculdade de Educação (USP), publicou dezenas de livros didáticos, paradidáticos e acadêmicos nas áreas de Educação e História, entre os quais Sociologia da educação: do positivismo aos estudos culturais (Editora Ática, 2010), em coautoria com Walter Praxedes.