domingo, 18 de novembro de 2012

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Saúde, bem universal a defender, não mercadoria sujeita às leis do mercado: Bento XVI, aos trabalhadores da saúde (RV)


Na conclusão da Conferência anual promovida pelo Conselho Pontifício para a Pastoral no Campo da Saúde, milhares de pessoas participaram, neste sábado de manhã, na Aula Paulo VI do Vaticano, num encontro final de reflexão e oração, em que interveio o cardeal Angelo Comastri, arcipreste da basílica de São Pedro. Recordamos que o tema desta Conferência era “O hospital, lugar de evangelização: missão humana e espiritual”.
Ao fim da manhã, Bento XVI deslocou-se à Sala das audiências para dirigir a palavra aos presentes: às largas centenas de participantes na iniciativa promovida pelo Conselho Pontifício para a pastoral no campo da saúde, juntaram-se também, nesta manhã, membros da Associação dos Médicos Católicos Italianos, que se tinham reunido na Universidade Católica para debater o tema “Bioética e Europa cristã”, e ainda doentes, familiares, capelães e voluntários, e finalmente estudantes de Medicina.

Bento XVI recordou a mensagem que, há cinquenta anos, o Concílio Vaticano II dirigiu aos doentes, recordando que não são “nem abandonados, nem inúteis”, porque, unidos à Cruz de Cristo, contribuem para a sua obra salvífica. Dirigindo-se particularmente aos profissionais e aos voluntários que exercem atividade no campo da saúde, o Papa lembrou que esta “singular vocação” requer “estudo, sensibilidade e experiência”. A quem escolhe trabalhar no mundo do sofrimento vivendo a sua atividade como uma missão humana e espiritual, exige-se uma competência ulterior, que vai para além dos títulos académicos. “Trata-se (explicitou) da ciência cristã do sofrimento indicada expressamente pelo Concílio como a única verdade capaz de responder ao mistério do sofrimento e de fornecer a quem se encontra na doença um alívio sem ilusões”. “Cristo não suprimiu o sofrimento. Nem sequer quis revelar plenamente o seu mistério. Tomou-o todo sobre si e isto basta para compreendermos todo o seu valor. Desta ciência cristã do sofrimento vós sois peritos qualificados!” “O facto de serdes católicos, sem medo, dá-vos uma maior responsabilidade no âmbito da sociedade e da Igreja” – advertiu ainda Bento XVI, que insistiu na necessidade de reservar “especial atenção à dignidade da pessoa que sofre, aplicando também no âmbito das políticas da saúde o princípio de subsidiaridade e o da solidariedade.
Referindo a crise económica atual, que subtrai recursos à tutela da saúde, Bento XVI advertiu que os hospitais e as estruturas de assistência têm que repensar a própria função. E isso porque "a saúde é um bem universal a assegurar e defender", não pode passar a "simples mercadoria sujeita às leis do mercado, e portanto um bem reservado a poucos".
Aludindo ao tema desta Conferência anual, Bento XVI concordou na necessidade de considerar os hospitais lugar privilegiado de evangelização, porque onde a Igreja se faz “veículo da presença de Deus, ela torna-se ao mesmo tempo “instrumento de uma autêntica humanização do homem e do mundo”. “Só tendo bem presente que no centro da atividade médica e assistencial está o bem-estar do homem, na sua condição mais frágil e indefesa, do homem à busca de sentido perante o mistério insondável do sofrimento, (só assim) se pode conceber o hospital como lugar em que a relação de tratamento não é uma profissão, mas sim uma missão; onde a caridade do Bom Samaritano é a primeira cátedra, e o rosto do homem sofredor – o próprio Rosto de Cristo”.

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