terça-feira, 27 de agosto de 2013

Mística Presbiteral



Mística Presbiteral
O tema da “crise” entrou no vocabulário das ciências humanas e teve seu eco na teologia. Isto porque, mesmo como ciência ou discurso sobre Deus e a sua Revelação, esta última não dispensa os outros paradigmas para poder atualizar a sua reflexão às circunstâncias nas quais os fiéis estão inseridos. Quando fazemos um breve percurso na história desta augusta ciência, vemos que este intento sempre fez parte da sua trajetória epistemológica.
A vida e o ministério dos presbíteros não podem ser interpretados, só e somente só, com categorias das ciências sociais. Trairíamos o objetivo e o objeto da ciência teológica se assim o fizéssemos. O grande erro de outros estudiosos em querer anular esta reflexão, e até negá-la, está neste ponto. Temos que pensar o seu tecido tendo como pressuposto o dado da fé. Para nós, cristãos, esta referência deve ser clarividente. O Papa emérito, Bento XVI, ao promulgar o Ano da Fé, chamou-nos a atenção acerca deste dilema do homem contemporâneo. Este passa por uma profunda crise de fé (Porta Fidei, n. 2). O pontífice não diz que quem está fora da Igreja é que passa por esta crise ; mas fala a todos e especialmente a quem está dentro da Igreja.
Autores duma linhagem teológica mais voltada para a historicidade da fé e sua relação com o circunstancial, como Clodovis Boff e J. Batista Metz, estão escrevendo sobre a necessidade duma mística cristã que corresponda aos anseios do homem de hoje. Sabemos que estas proposições não carregam em si nenhuma novidade para a antropologia cristã; contudo, o que podemos tirar como conclusão é que até mesmo quem condiciona o evento cristológico às categorias da filosofia moderna de perspectivas mais históricas, que não quer dizer historicistas, já está sentindo que os elementos da subjetividade contemporânea não podem dispensar os dados e possibilidades da teologia, mas, outrossim, estes não podem exorcizar os elementos que direcionam a condição humana na Posmodernidade. A afirmação do Papa teólogo é uma assertiva de alguém que faz a hermenêutica da realidade a partir de Deus, ou seja, com um olhar teológico da Igreja e do Mundo. O presbítero de hoje passa pelos mesmos dilemas que afligem os seres humanos na Modernidade. Dentre estes a falta de fé pode ser constatada. O evangelista afirma que conhecemos a árvore pelos seus frutos (Lc 6,43-44). A condição existencial do presbítero não pode ser ingenuamente ou sorrateiramente deixada em segundo plano. Até mesmo na teologia escolástica era reconhecido que do ser é que temos o existir. Na teologia patrística o aforismo de que a graça pressupõe a natureza também era enfatizado. A falta de motivação na vida de muitos presbíteros tem que ser analisada, antes de tudo, numa dimensão teológica. Ousariamos dizer que há a necessidade de recuperar “a mística da vida presbiteral”. O Concílio Vaticano II na Presbiterorum Ordinis já nos deu pistas de ação e de conteúdo para fazermos alguns questionamentos e buscarmos algumas soluções. Porém, podemos e devemos ir além. Os problemas que violentam a humanidade dos presbíteros de hoje são ferozes e a pedagogia da Igreja com a sua disciplina nem sempre são observadas na escolha e na formação dos futuros presbíteros. Porque passamos por alguns contratempos, devemos ter presente que só a própria Igreja seria capaz de responder a muitos questionamentos; tendo em vista o que ela foi, é e sempre será para a História da Civilização. Conferências e simpósios são realizados para discutir sobre a “identidade presbiteral”; contudo, já está na hora de tratarmos da “existência presbiteral”. Só quando cumprirmos esta tarefa poderemos dar uma resposta mais realista e honesta sobre a vida e o ministério dos presbíteros para o mundo de hoje. Esta mística presbiteral pode ser ressignificada se a própria vida cristã for fortalecida por uma fé que converte e que testemunha o que professa.
Por fim, os próprios presbíteros são os principais protagonistas desta empreitada. Comecemos por renovar, a cada dia, o nosso amor e a nossa fidelidade ao ministério para o qual o Senhor nos chamou e a Igreja nos confirmou. Assim o seja!
Pe. Matias Soares
Vigário Episcopal Sul da Arquidiocese de Natal.
Pároco de São José de Mipibu-RN.           

domingo, 25 de agosto de 2013

COMUNIDADES DO FÉ E LUZ

Província Renascer
Comunidades do Rio Grande do Norte

Programação do encontro e visita dos Membros de Fé e Luz
·         Chegada: 26/08 às 10h e 40mins; 17h e30mins
·         27/08: Encontro com as comunidades da Redinha e Vilagem das Dunas a partir das 9h da manhã e às 16h e 30mins momento com o bispo da arquidiocese de Natal Dom Jaime e representantes de Fé e Luz.
·         28/08: Encontro com as comunidades de Macau
·         29/08: visita a paróquia de Santa Cruz (estatua de Santa Rita), fica a critério da comitiva do Fé e Luz livremente
·         30/08: momento livre
·         31/08: Encontro com a comunidade de São José de Mipibú
·         01/09: Peregrinação ao Santuário dos Mártires de Cunhaú
·         02/08: Retorno para suas cidades

Programação das visitas
Ø  Acolhida: palavra dos padres das paróquias
Ø  Apresentação das comunidades
Ø  Canto de aclamação
Ø  Leitura do Evangelho: critério dos padres da comitiva
Ø  Reflexão do Evangelho: Frei Raimundo
Ø  Palavra do bispo: Dom Sérgio
Ø  Canto ao Espírito Santo
Ø  Momento de conversa com a comunidade (eleição): Tereza Leandro
Ø  Oração de Fé e Luz
Ø  Benção final: Padres
Ø  Almoço


2013/RN

sábado, 24 de agosto de 2013

Sair de si mesmo

Francisco: sair de nós mesmos para manifestar o amor de Deus



Cidade do Vaticano (RV) - Nesta sexta-feira o Papa eleva, num tuíte, a seguinte oração: "Senhor, ensinai-nos a sair de nós mesmos. Ensinai-nos a sair pelas estradas para manifestar o vosso amor". O sair de nós mesmos é um tema muito querido pelo Santo Padre. "Entrar sempre mais na lógica de Deus" significa sair de si mesmos: foi o que disse Francisco desde a sua primeira audiência geral. É a lógica do Evangelho, a lógica do amor.

"Sair de si mesmos, de um modo de viver a fé cansado e habitual, da tentação de fechar-se nos próprios esquemas que acabam por fechar o horizonte da ação criativa de Deus. Deus saiu de si mesmo para vir ao nosso meio, montou a sua tenda entre nós para trazer-nos a sua misericórdia que salva e dá esperança. Também nós, se quisermos segui-lo e permanecer com Ele, não devemos contentar-nos em permanecer no recinto das noventa e nove ovelhas, devemos 'sair', buscar com Ele a ovelha perdida, aquela mais distante. Recordem-se bem: sair de nós, como Jesus, como Deus saiu de si mesmo em Jesus e Jesus saiu de si mesmo para todos." (Audiência Geral, 27 de março de 2013)

O Papa fala de um dúplice êxodo: amar Deus, mediante as chagas de Jesus; e amar o próximo, mediante as chagas dos mais sofredores:

"Se não conseguirmos sair de nós mesmos ao encontro do irmão necessitado, do doente, do ignorante, do pobre, do explorado, se não conseguirmos fazer essa saída de nós mesmos em direção a essas chagas, jamais aprenderemos a liberdade que nos leva à outra saída de nós mesmos, rumo às chagas de Jesus. Há duas saídas de nós mesmos: uma rumo a Jesus, a outra rumo às chagas dos nossos irmãos e irmãs." (Homilia na Casa Santa Marta, no Vaticano, 11 de maio de 2013)

É necessário abrir as portas das nossas Igrejas – explica o Santo Padre – e "sair ao encontro dos outros, fazer-nos próximos para levar a luz e a alegria da nossa fé". E fazer isso "com amor e com a ternura de Deus, no respeito e na paciência, sabendo que nós colocamos as nossas mãos, os nossos pés, o nosso coração, mas que é Deus que os guia e os torna fecundos em cada estação". E foi justamente a vocação a "sair de si mesmo" que impeliu o jovem Bergoglio a tornar-se Jesuíta, como confessou ele mesmo aos estudantes das Escolas da Companhia de Jesus:

"O que me deu tanta força para tornar-me Jesuíta foi a missionariedade: ir para fora, sair para as missões e anunciar Jesus Cristo. Creio que isso é próprio da nossa espiritualidade: ir para fora, sair, sair sempre para anunciar Jesus Cristo, e não ficar de certo modo fechados em nossas estruturas, muitas vezes estruturas caducas. Foi isso que me impeliu." (Discurso às Escolas dos Jesuítas, 7 de junho de 2013) (RL)

Fonte: Rádio Vaticano

FÉ E LUZ E A OPÇÃO PELOS POBRES

O Frei Raimundo é um testemunho de amor à Igreja na opção pelos mais necessitados. Dedica sua vida ao Movimento Fé e Luz. Sua presença no meio dos mais pobres não diminui sua grandeza de sacerdote fiel a Cristo. Um grande amigo do Fé e Luz. Estamos aguardando sua chegada em nossas terras para um encontro das comunidades Fé e Luz. Que Deus abençoe este homem de Deus que nos fortalece na fé. Na foto, em 2003, na ocasião recebi junto com Benedita o mandato e envio como coordenador do Movimento Fé e Luz. Na atualidade está coordenadora a nossa amiga Cristina.

Fé e Luz:o sepulcro vazio é sinal de vitória

O sepulcro vazio não é sinal de tristeza. Ao contrário, algo bom vai acontecer, é tempo de renovação e inclusão nos serviços pastorais. Para aqueles que vivem tão somente de aparências não se conformam com o sepulcro vazio. Foi necessário o esvaziar do sepulcro para que o coração humano se preenchesse de esperança e amor. O sepulcro vazio é o momento de parar e renovar forças para prosseguir na caminhada. Não é um momento fácil porque na reflexão encontramos novas pistas de ação. Desse modo pensamos, como recomeçar? A resposta não é nossa mas Deus que nos fala ao coração. A palavra de Deus continua atualizada revolucionando o coração humano. Portanto, o sepulcro vazio não é sinal de derrota mas de vitória, compromisso com a verdade e a justiça.
Aos amigos do Movimento Fé e Luz, é tempo de renovarmos nossa esperança, é tempo de prioridade. A prioridade é o Movimento Fé e Luz que faz a experiência do sepulcro vazio. Que aos olhos do mundo é sinal de fraqueza e derrota. Mas, aos olhos da fé, o sepulcro vazio é sinal de fortalecimento, esperança e vigor. Muita paz para todos! (Carlos)

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Desafio urgente

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Leonardo Boff

Desafio urgente: a responsabilidade socio-ambiental das empresas

23/08/2013
Já se deixou para trás o economicismo do Nobel, Milton Fridman que no Time de setembro de 1970 dizia:” a responsabilidade social da empresa consiste em maximalizar os ganhos do acionistas”. Mais realista é Noam Chomsky: “As empresas é o que há de mas próximo das instituições totalitárias. Elas não têm que prestar esclarecimento ao público ou à sociedade. Agem como predadoras, tendo como presas as outras empresas. Para se defender, as populações dispõem  apenas de um intrumento: o Estado. Mas há no entanto uma diferença que não se pode negligenciar: enquanto, por exemplo, a General Electric, não deve satisfação a ninguém, o Estado deve regularmente se explicar à população”(em Le Monde Diplomatique Brasil, n. 1,  agosto 2007, p. 6).
Já há décadas que as empresas se deram conta de que são parte da sociedade e que carregam a responsabilidade social no sentido de colaborarem para termos uma sociedade melhor.
Ela pode ser assim definida: A responsabilidade social é a obrigação que a empresa assume de buscar metas que, a meio e longo prazo, sejam boas para ela e também  para o conjunto da sociedade na qual está inserida.
Essa definição não deve ser confundida com a obrigação social que significa o cumprimento das obrigações legais e o pagamento dos impostos e dos encargos sociais dos trabalhadores. Isso é simplesmente exigido por lei. Nem  significa a resposta social: a capacidade de uma empresa de responder às mudanças ocorridas na economia globalizada e na sociedade, como por exemplo, a mudança da politica econômica do governo, uma nova legislação e as trasformações do perfil dos consumidores. A resposta social é aquilo que uma empresa tem que fazer para adequar-se e poder se reproduzir.
Responsabilidade social vai além disso tudo: o que a empresa faz, depois de cumprir com todos os preceitos legais, para melhorar a sociedade da qual ela é parte e garantir a qualidade de vida e  o meio ambiente? Não só que ela faz para a comunidade, o que seria filantropia, mas o que ela faz com a comunidade, envolvendo seus membros com projetos elaborados e supervisionados em comum. Isso é libertador.
Nos últimos anos, no entanto, graças à consciência ecológica despertada pelo desarranjo do sistema-Terra e do sistema-vida surgiu o tema da responsabilidade socio-ambiental. O fato maior ocorreu no dia 2 de fevereiro do ano de 2007 quando o organismo da ONU que congrega 2.500 cientistas de mais de 135 países o Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas (IPCC), após seis anos de pesquisa, deu a público seus dados. Não estamos indo ao encontro do aquecimento global e de profundas mudanças climáticas. Já estamos dentro delas. O estado da Terra mudou. O clima vai variar muito, podendo, se pouco fizermos, chegar  até a 4-6 graus Celsius. Esta mudança, com 90% de certeza, é androgênica, quer dizer, é provocada pelo ser humano, melhor, pelo tipo de produção e de consumo que já tem cerca de três séculos de existência e que hoje foi globalizado. Os gases de efeito estufa, especialmente o dióxido de carbono e o metano são os principais causadores do aquecimento global.
A questão que se coloca para as empresas é esta: em que medida elas concorrem para despoluir o planeta, introduzir um novo paradigma de produção, de consumo e de elaboração dos dejetos, em consonância com os ritmos da natureza e a teia da vida e não mais sacrificando os bens e serviços naturais.
Esse é um tema que está sendo discutido em todas as grandes corporações mundiais, especialmente depois do relatório de Nicholas Stern (ex-economista-senior do Banco Mundial), do relatório do ex-vice presidente dos USA Al Gore, “Uma verdade incômoda” e dos várias Convenções da ONU sobre o aquecimento global. Se a partir de agora não se investirem cerca de 450 bilhões de dólares anuais para estabilizar o clima do planeta, nos anos 2030-2040 será tarde demais e a Terra entrará numa era das grandes dizimações, atingindo pesadamente a espécie humana. Uma reunião de julho de 2013 da Agencia Internacional de Energia (AIE) enfatizava que as decisões tem que ser tomadas agora e não em 2020. O ano 2015 é nossa última chance. Depois será tarde demais e iríamos ao encontro do indizível.
Estas questões ambientais são de tal importância que se antepõem à questão da simples responsabilidade social. Se não garantirmos primeiramente o planeta Terra com seus ecosistemas, não há como salvar a sociedade e o complexo empresarial. Portanto: é urgente a responsabilidade socio-ambiental das empresas e dos Estados
Fonte: Leonardo Boff

domingo, 18 de agosto de 2013

Santo Padre: O poder teme os homens que estão em diálogo com Deus



Cidade do Vaticano (RV) - Teve início neste domingo, em Rimini, Itália, a 34ª edição do "Encontro da Amizade entre os Povos", promovido pelo movimento 'Comunhão e Libertação' fundado pelo Servo de Deus Pe. Luigi Giussani, sobre o tema "Emergência ser humano".

O evento foi aberto com a missa celebrada esta manhã pelo Bispo de Rimini, Dom Francesco Lambiasi, durante a qual foi lida a mensagem do Papa Francisco enviada aos organizadores e participantes do encontro através do Secretário de Estado, Cardeal Tarcísio Bertone.

"O mundo está interessado no ser humano. Os poderes econômico, político e midiático precisam do ser humano para se perpetuarem. Por isso, tentam muitas vezes manipular as massas, induzir desejos, cancelar o que de mais precioso o ser humano possui: a relação com Deus. O poder teme os homens que estão em diálogo com Deus, porque isso os torna livres", frisa o Papa na mensagem.

O Santo Padre destaca que "é necessário voltar a considerar a sacralidade do ser humano e ao mesmo tempo dizer com força que é somente na relação com Deus, ou seja, na descoberta e na adesão à sua vocação, que o ser humano pode atingir sua verdadeira estatura. Por essa razão, a Igreja tem uma grande responsabilidade".

Francisco convida a ir com coragem ao encontro dos homens e mulheres do nosso tempo, das crianças, dos idosos, dos cultos e das pessoas sem instrução, dos jovens e das famílias.

"Façamos isso não somente nas igrejas e paróquias, mas nas escolas, nas universidades, nos locais de trabalho, nos hospitais, nas prisões, mas também nas praças, nas ruas, nos centros esportivos e nos locais onde as pessoas se reúnem. Essa é a tarefa da Igreja e de todo cristão. 'Emergência ser humano' significa emergência de retornar a Cristo. A pobreza não é apenas a material. Existe uma pobreza espiritual que afeta o homem contemporâneo. Somos pobres em amor, sedentos de verdade e justiça, mendigos de Deus. A pobreza maior é a falta de Cristo", conclui o Papa na mensagem. (MJ)

Fonte: Rádio Vaticano