segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Por que ninguém, até hoje, não conseguiu construir uma sociedade justa e feliz?
É possível que a felicidade aconteça numa ação libertadora clareada com ética, solidariedade e respeito mútuo. Não dá para construir uma sociedade justa e feliz sem a mudança da ordem social, política e econômica. O que mais irrita a classe dirigente é falar de mudanças a partir dessas três esferas. Exigir mudanças passa a ser um defeito grave porque mexe com privilégios de poucos. E quem exige mudanças passa a ser perseguido, é mal visto, ignorado nas rodas sociais e considerado pertubador. Foi assim que aconteceu com Jesus de Nazaré. Jesus jamais seria nomeado chefe do Sinédio por causa de seu discurso e de sua prática que exigia conversão. Exigia mudança de mentalidade. Quem quer ser discípulo missionário de Jesus não pode ser escravo dos que se dizem poderosos. 
Sabemos que não estamos no tempo da mais perfeita ordem social, política e econõmica. Pois, existe uma divisão social profunda na sociedade. "De um lado é dinheiro sobrando, do outro é a fome matando". Esse refrão de uma música que a juventude cantava revela o quadro social. A questão política é decisiva, quem decide o destino da maioria são poucos porque a maioria não é consultada para definir nada. O tipo de educação, a qualidade da saúde e dos transportes sempre nas mãos de poucos. Também não fica de fora a questão do desemprego. Para uma grande parcela da sociedade falta trabalho, salário e alimento. Isso vem de muito tempo.
Quem se interessa pelos pobres? Para construir uma sociedade justa e feliz é necessário "dá a Deus o que é de Deus, e a César o que é de César".  (Carlos: Fé e Luz)

Mudanças necessárias

O povo sempre se mantém numa mesma posição desde o tempo da colonização. Algumas figuras que despontam no cenário da sociedade, quando vem do meio popular, traz consigo uma história de sacrifício e luta. Para o Brasil dos pobres, tudo se torna mais difícil: educação, saúde, segurança, lazer, moradia, alimentação. Falta mais investimento para que todos se tornem iguais para lutarem pela aquisição dos direitos e cumprimento dos deveres.
Ainda somos frutos do populismo, por isso mesmo esperamos que tudo venha por obra e graça de uma elite que só enxerga a si próprio. "O populismo é uma política de manipulação das massas, às quais são imputadas passividade, imaturidade, desorganização e, consequentemente, um misto de inocência e de violência que justificam a necessidade de educá-las e controlá-las para que subam "corretamente" ao palco da história" (CHAUÍ). Mas, um ponto de esperança estamos percebendo. A educação está dando passos significativos para a garantia de um futuro melhor. Nossos professores e estudantes estão formando uma unidade onde a reciprocidade acontece: o professor ensina e o aluno aprende. É ainda quem está possibilitando mudanças importantes no país. A educação é prioridade, sempre foi na alma e na luta dos professores. Um dia inauguraremos uma sociedade livre da fome, miséria, analfabetismo, evasão escolar. Dessa forma a massa de manobra não existirá nunca mais. (Carlos: Professor)

domingo, 6 de janeiro de 2013

Epifania do Senhor
06/01/2013
Sara Sampaio*






Epifania é um termo grego que significava a entrada solene de um rei ou imperador numa cidade. Também poderia ser atribuída a aparição de uma divindade, e receberia também o nome de "teofonia", que quer dizer aparição, manifestação de Deus. O Senhor se manifesta a cada um de nós sempre, não só nos momentos alegres, mas também nas dificuldades. É preciso estar atento para os sinais de Deus. A Igreja celebra três momentos de Epifania, em especial: a visita dos Reis Magos a Jesus menino, o batismo no rio Jordão e as Bodas de Caná. Logo depois do Natal, no dia 6 de janeiro, comemoramos o Dia de Reis, e temos muito o que aprender com eles sobre como viver estas manifestações.

Um novo astro apareceu em um céu estrelado. A Estrela de Belém, um dos maiores símbolos de Cristo, veio à Terra para com seu brilho iluminar os passos da humanidade. Os magos viram este astro e, atentos, perceberam que era sinal do nascimento do Messias. Naquela época, astrônomos e sábios eram chamados de magos. Em uma mensagem para os jovens, o Papa Bento XVI diz: “Caríssimos, é importante aprender a perscrutar os sinais com os quais Deus nos chama e nos guia”.

Deixando suas terras, montados em seus camelos, os reis atravessaram grandes desertos, desafiando o sol ardente, a sede e inúmeros outros perigos para chegarem à Judéia e adorar o Rei dos Reis. Mesmo nas dificuldades, a estrela, sinal de Deus, estava lá, e eles não pararam de olhar para ela e segui-la.

Conduzidos para onde Jesus estava, os reis entraram, viram o menino Deus com sua mãe, Maria, se prostraram diante d’Ele e o adoraram. Eles tinham feito toda esta jornada para adorar o Senhor. Somos chamados a fazer o mesmo, ser adoradores em espírito e verdade. Podemos adorar a Deus em qualquer lugar, e principalmente em sua presença real na Eucaristia.

Cada rei veio de um lugar. Não se sabe ao certo se eram três reis, mas a profecia começava a se concretizar: Salmo 72: “Todos os reis cairão diante dele”. Os reis magos representam toda a humanidade: simbolizam as únicas raças bíblicas, isto é, os “semitas”, “jafetitas” e “camitas” e as raças branca, negra e amarela.

Cada um deu um presente a Jesus: um ofereceu ouro, que era o presente para um rei; outro, incenso, representando a espiritualidade; e o terceiro, a mirra, presente para um profeta (a mirra era usada para embalsamar corpos e, simboliza a imortalidade). Estes presentes confirmam o caráter de Jesus: Rei, sacerdote e profeta.

Depois de encontrar Jesus, os reis voltaram por um caminho diferente do que tinham vindo, avisados por um anjo que deviam fazer assim. A cada encontro com Deus, seja no dia-a-dia ou em um retiro, o importante é voltar por um novo caminho, que com certeza é muito melhor que o antigo, mesmo que não seja fácil viver a vida nova que Deus quer nos dar.

Curiosidades sobre os reis magos

- Não há certeza sobre o nome dos reis magos, mas eles acabaram sendo conhecidos como Melchior, que quer dizer “Rei da Luz”, Baltazar, o “senhor dos tesouros” como diz seu nome (bithisarea), e Gaspar.

- A tradição de presentes no Natal começou graças a ação dos magos ao dar presentes ao menino Jesus, e a árvore de Natal é desmontada no dia de Reis.

- A Epifania é comemorada no dia 6 de janeiro e nasceu no Oriente para celebrar o natal do Senhor na carne humana. Na Igreja do Ocidente passou-se a celebrar o Natal no dia 25 de dezembro, que era o dia em que se festejava na Roma Pagã o deus sol. A Epifania ficou sendo a manifestação de Jesus a todos os povos, significados nos magos.
(Fonte: Arq. do RJ)
*Membro da Comunidade Acampamento Maanaim

Papa na Missa da Epifania: os bispos sejam humildes e corajosos diante dos dogmas intolerantes do agnosticismo



Cidade do Vaticano (RV) - A Epifania é a manifestação "da bondade de Deus e do seu amor pelos homens": foi o que afirmou o Papa na missa por ele presidida esta manhã, na Basílica de São Pedro, no Vaticano, na Solenidade da Epifania do Senhor.

Durante a celebração, o Pontífice fez a ordenação de quatro novos bispos: Dom Georg Gänswein, secretário particular de Bento XVI e prefeito da Casa Pontifícia; Dom Vincenzo Zani, secretário da Congregação para a Educação Católica; e os núncios apostólicos, Dom Fortunatus Nwachukwu e Dom Nicolas Thevenin.

Na homilia, o Papa convidou os bispos a imitarem os Magos, homens que partiram rumo ao desconhecido, "homens inquietos movidos pela busca de Deus e da salvação do mundo; homens à espera, que não se contentavam com seus rendimentos assegurados e com uma posição social provavelmente considerável, mas andavam à procura da realidade maior".

"Talvez fossem homens eruditos – continuou o Santo Padre –, que tinham grande conhecimento dos astros e, provavelmente, dispunham também duma formação filosófica; mas não era apenas saber muitas coisas que queriam; queriam, sobretudo, saber o essencial, queriam saber como se consegue ser pessoa humana. E, por isso, queriam saber se Deus existe, onde está e como é; se Se preocupa conosco e como podemos encontrá-Lo."

"Queriam não apenas saber; queriam conhecer a verdade acerca de nós mesmos, de Deus e do mundo. A sua peregrinação exterior era expressão deste estar interiormente a caminho, da peregrinação interior do seu coração. Eram homens que buscavam a Deus e, em última instância, caminhavam para Ele; eram indagadores de Deus."

A este ponto de sua homilia, o Santo Padre perguntou-se "Como deve ser um homem a quem se impõem as mãos para a Ordenação episcopal na Igreja de Jesus Cristo?" Podemos dizer - afirmou:

"Deve ser, sobretudo, um homem cujo interesse se dirige para Deus, porque só então é que ele se interessa verdadeiramente também pelos homens. E, vice-versa, podemos dizer: um Bispo deve ser um homem que tem a peito os outros homens, que se deixa tocar pelas vicissitudes humanas. Deve ser um homem para os outros; mas só poderá sê-lo realmente, se for um homem conquistado por Deus: se, para ele, a inquietação por Deus se tornou uma inquietação pela sua criatura, o homem."

Retomando a descrição dos Magos, Bento XVI ressaltou, neles, em particular, a coragem e a humildade da fé:

"Era preciso coragem a fim de acolher o sinal da estrela como uma ordem para partir, para sair rumo ao desconhecido, ao incerto, por caminhos onde havia inúmeros perigos à espreita. Podemos imaginar que a decisão destes homens tenha provocado sarcasmo: o sarcasmo dos ditos realistas que podiam apenas zombar das fantasias destes homens. Quem partia baseado em promessas tão incertas, arriscando tudo, só podia aparecer como ridículo. Mas, para estes homens tocados interiormente por Deus, era mais importante o caminho segundo as indicações divinas do que a opinião alheia. Para eles, a busca da verdade era mais importante que a zombaria do mundo, aparentemente inteligente."

Nessa linha, Bento XVI traçou a missão do bispo em nosso tempo: "A humildade da fé, do crer juntamente com a fé da Igreja de todos os tempos, há-de encontrar-se, vezes sem conta, em conflito com a inteligência dominante daqueles que se atêm àquilo que aparentemente é seguro. Quem vive e anuncia a fé da Igreja encontra-se em desacordo também, em muitos aspectos, com as opiniões dominantes precisamente no nosso tempo".

"O agnosticismo, hoje largamente imperante, tem os seus dogmas e é extremamente intolerante com tudo o que o põe em questão, ou põe em questão os seus critérios. Por isso, a coragem de contradizer as orientações dominantes é hoje particularmente premente para um Bispo."

O Santo Padre prosseguiu traçando a missão do Bispo em nosso tempo afirmando que ele te de ser valoroso:

"E esta valentia ou fortaleza não consiste em ferir com violência, na agressividade, mas em deixar-se ferir e fazer frente aos critérios das opiniões dominantes. A coragem de permanecer firme na verdade é inevitavelmente exigida àqueles que o Senhor envia como cordeiros para o meio de lobos. «Aquele que teme o Senhor nada temerá», diz Ben Sirá (34, 14). O temor de Deus liberta do medo dos homens; faz-nos livres!"

A este ponto, Bento XVI recordou um episódio do início do cristianismo, narrado por São Lucas nos Atos dos Apóstolos, em que o sinédrio chamou os apóstolos e os flagelou. Proibindo-os de pregar o nome de Jesus, em seguida os libertou. Lucas afirma que eles foram embora cheios de alegria por terem sido julgados dignos de sofrer vexames por causa do Nome de Jesus.

Como os apóstolos – prosseguiu o Pontífice –, assim os bispos, seus sucessores, "devem esperar ser, repetidamente e de forma moderna, flagelados, se não cessam de anunciar alto e bom som a Boa-Nova de Jesus Cristo; hão-de então alegrar-se por terem sido considerados dignos de sofrer ultrajes por Ele. Naturalmente queremos, como os Apóstolos, convencer as pessoas e, neste sentido, obter a sua aprovação; naturalmente não provocamos, antes, pelo contrário, convidamos todos a entrarem na alegria da verdade que indica a estrada".

"Contudo o critério ao qual nos submetemos não é a aprovação das opiniões dominantes; o critério é o próprio Senhor. Se defendemos a sua causa, conquistaremos incessantemente, pela graça de Deus, pessoas para o caminho do Evangelho; mas inevitavelmente também seremos flagelados por aqueles cujas vidas estão em contraste com o Evangelho, e então poderemos ficar agradecidos por sermos considerados dignos de participar na Paixão de Cristo."

Os Magos – concluiu Bento XVI – seguiram a estrela e assim chegaram a Jesus, à grande Luz que, vindo ao mundo, ilumina todo o homem (cf. Jo 1, 9). Como peregrinos da fé, os Magos tornaram-se eles mesmos estrelas que brilham no céu da história e nos indicam a estrada.

Assim, também os bispos, se viverem com Cristo, ligados a Ele novamente no Sacramento, então se tornarão sábios; "astros que vão à frente dos homens e indicam-lhes o caminho certo da vida". (RL)
Como Deus preparou o caminho ao Evangelho?
"No devido tempo, chamou Abraão, para fazer dele um grande povo (cf. Gn 12, 2-3), ao qual, depois dos patriarcas, ele ensinou, por meio de Moisés e dos profetas, a reconhecer em si o único Deus vivo e verdadeiro, o Pai providente e o Juiz justo, e a esperar o Salvador prometido; assim preparou Deus através dos tempos o caminho ao Evangelho" (DEI VERBUM, 3).

Não deixe de dialogar

O que fica de positivo quando dialogamos com Deus?
"Compreendemo-nos a nós mesmos e encontramos resposta para as perguntas mais profundas que habitam no nosso coração. De fato, a Palavra de Deus não se contrapõe ao homem, nem mortifica os seus anseios verdadeiros; pelo contrário, ilumina-os, purifica-os e realiza-os" (VERBUM DOMINI, 23).

Marcelo Barros

Há dias, Juliana, uma jovem amiga da Universidade da Paraíba, consagrada a organizar ali um fórum sobre diversidade religiosa, me pediu uma reflexão sobre a "inteligência espiritual". Embora, tivesse lido alguma coisa sobre isso, não havia ainda me detido sobre esse fenômeno que é antropológico e independente do sentimento religioso. 
Desde que Howard Gardner demonstrou que a inteligência humana é muito diversificada e fez o mapa das “múltiplas inteligências”, as pessoas descobriram a importância da “inteligência emocional”. Até hoje, o livro de Daniel Goleman faz sucesso em muitos países. O que talvez seja mais novo e agora nesse inicio de 2013 mereça especialmente nossa atenção é o que, em muitos círculos, tem sido chamado de inteligência espiritual, ou transcendente. O psiquiatra Robert Cloninger, estranho ao mundo religioso, a chama de “capacidade de auto-transcendência”. Victor Frankl, criador da logoterapia existencial, afirma que a auto-transcendência dá ao ser humano a possibilidade de superar barreiras e a buscar o que está oculto para além dos limites do seu conhecimento. A auto-transcendência pode levar a pessoa a superar a si mesma de forma inesperada e surpreendente. Isso foi demonstrado por prisioneiros judeus e cristãos, como também por comunistas ateus, nos campos de concentração do nazismo e das ditaduras militares latino-americanas. Essa inteligência espiritual pode unir-se a uma dimensão de fé e de pertença religiosa, mas é sobretudo um elemento antropológico. É a capacidade do ser humano ser livre, isso é, transcender os limites, sejam biológicos, sejam intelectuais e viver uma relação de identidade profunda consigo mesmo, ou seja, com sua essência mais íntima, com o outro, visto como mistério e sujeito de amor e com o cosmos. É, então, a inteligência espiritual que nos faz viver o anseio por uma vida plena. A busca de sentido é uma característica humana. Samuel, meu sobrinho, quando tinha três ou quatro anos, mal aprendeu a falar, já perguntava, dia e noite às pessoas com as quais convivia, o porquê de tudo e de cada coisa. Por que?  Por que? Por que?
A inteligência espiritual organiza as respostas possíveis às perguntas sobre o sentido da vida e os mistérios das coisas. A inteligência espiritual tem início quando se supera o nível das aparências e se busca as raízes mais profundas. Ela leva a pessoa a se maravilhar e encontrar beleza e sentido nas pequenas coisas do dia a dia, a ser capaz de gratidão, a desenvolver a gentileza e a delicadeza com os outros e consigo. No caso de uma opção de fé, a pessoa sente-se em comunhão com a comunidade dispersa de todos os que buscam e começa a conviver com uma presença misteriosa, mas muito real, no mais profundo do seu ser, no mais íntimo das outras pessoas e no coração do universo. Esse mistério de amor está em nós, como algo que, como disse Santo Agostinho, é mais íntimo a mim do que eu mesmo. Por outro lado, não é apenas uma dimensão do meu próprio ser e de alguma forma me transcende. Por isso, eu o encontro no outro e o outro pode encontrá-lo em mim, melhor do que eu mesmo o consigo. É isso que as tradições espirituais antigas chamaram Deus e, segundo a fé cristã, Jesus Cristo veio nos revelar e nos ensinar a viver profundamente mergulhados nele.
Não é fácil viver esse caminho de aprofundamento interior e de desenvolvimento da inteligência espiritual em uma sociedade que banaliza tudo e vende a dispersão como supérfluo para nos acomodar e nos distrair da busca mais profunda que nos alimenta a paixão pela vida e a compaixão. Pessoalmente, estou convencido que ninguém vive esse caminho sozinho ou sem apoio de outro. E por isso é importante nos ligarmos mais e exercitarmos sempre e cada vez mais o diálogo como instrumento da inteligência espiritual.