Com esta celebração, estamos
ingressando no tempo do Advento e começando um novo ano litúrgico. Advento,
quer dizer “dia da vinda”. É um tempo que nos alerta a nos prepararmos para
acolher o Senhor, o Deus da vida que vem nos visitar. Sendo assim, a manifestação
do Senhor tem dois aspectos:
1)
A sua manifestação em nossa carne ao nascer, que
constitui sua primeira vinda;
2)
A sua manifestação em glória e majestade no
final dos tempos, que constitui sua segunda vinda.
As três de hoje nos falam de vinda.
Estejamos
bastante atentos para o sentido que tem a liturgia deste 1º domingo: Diante da
vinda do Filho do Homem, precisamos, portanto, levantar, erguer a cabeça e
tomar cuidado, ficar atentos. Melhor ainda, ficar de pé diante do Filho do
Homem.
1ª Leitura
(Jr 33,14-16)
Os israelitas, aos quais o
profeta dirige suas palavras contidas nesta leitura, voltaram há pouco tempo de
Jerusalém em ruínas. Ao seu redor só aparecem sinais de ruínas de morte.
Começa
a reconstrução da Nação, mas a passos lentos. Todos se encontram desanimados.
Mas para este povo desanimado, o profeta dirige uma mensagem de esperança:
estão chegando os dias nos quais o Senhor cumprirá todas as suas promessas.
O
“rebento de Davi”, esperado pelos israelitas, - nós bem o sabemos – já chegou:
é Jesus de Nazaré.
Evangelho
(Lc 21,25-28.34-36)
Abre-se o Evangelho de hoje
com estas palavras: “Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra a
aflição e a angústia apoderar-se-ão das nações, pelo bramido no mar e das
ondas... Os homens definharão de medo, na expectativa dos males que devem
sobreviver para toda a terra. As próprias forças do céu serão abaladas”
(vv.25-26). Cuidado, não tomemos tais expressões ao pé da letra. Hoje devemos
concentrar nossa atenção na narrativa de Lucas: deixemos, portanto, que ele
fale. Para descrever uma grande mudança, uma intervenção de Deus, a Bíblia
emprega normalmente imagens impressionantes.
Em
domingos anteriores, temos dito que essa maneira de dizer a mensagem com
“imagens apocalípticas” era bastante comum aos lábios dos pregadores e
escritores no tempo de Jesus Cristo.
O
mais importante mesmo é entendermos o que o Mestre objetiva a nos repassar como
proposta de salvação. Cuidado para não pensarmos que o Filho de Deus, ao invés
de anunciar aos corações dos ouvintes de fé uma proposta de esperança, esteja
aterrorizando-os. Nada disso!
Contudo,
é neste mundo que, por causa do pecado perverso praticado por alguns, vai-se
criando situações praticamente insuportáveis; espalham-se as violências, as
guerras e instalam-se climas desumanos. Tomados pela dor e pelo desespero,
homens e mulheres chegam a se perguntar: O que acontecerá? Quando será o fim? E
como será o nosso fim? “Os homens definharão de medo” (v. 26).
Disto
isso, quer dizer que a história caminhará para possível catástrofe?
Absolutamente, não! Garante Jesus –
Quando tudo parecer arruinar-se no pecado, virá o Filho do Homem com grande
poder e majestade, e do caos fará surgir um mundo novo (v.27). Um mundo novo,
porém, já surgiu com Jesus de Nazaré.
O
que nos dirá a segunda parte do evangelho de hoje? No mínimo, nos dirá o que e
como devemos fazer, enquanto aguardamos a construção do mundo, em sua
plenitude, nos finais dos tempos.
Não
obstante os sofrimentos, as confusões, as nossas incoerências, as fugas diante
de nossa responsabilidade cristã em transformar o que se segue na contramão do
Reino de Deus, ninguém pode se deixar abater: “Reanimai-vos e levantai as
vossas cabeças – ensina Jesus – porque se aproxima a vossa libertação” (v. 28).
Atenção,
muita atenção: Só quem reza é tem condições de cultivar esta “vigilância” e
pode interpretar e ajudar a mudar a tristeza em alegria com os olhos de Deus.
Segunda
leitura (1 Ts 3, 12-4,2)
Na segunda leitura de hoje,
S. Paulo invoca o auxílio de Deus sobre os tessalonicenses que já testemunham
uma fé operosa. Contudo, embora estejam vivendo de forma agradável ao Senhor,
são chamados a progredir na vida cristã, através de um amor transbordante,
comprometido com as pessoas. O amor mútuo e universal é o caminho da perfeição,
a maneira de ser manter vigilantes na espera do Senhor.
“E
nesta tensão do ´já´ e do ´ainda não´ que celebramos, alimenta-nos da palavra e
da eucaristia, para que tenhamos coragem de erguer do chão tudo o que está
abatido”.
Pe. Francisco de Assis
Pároco de Nova Cruz/RN