sábado, 10 de novembro de 2012

"A Infância de Jesus": livro do Papa sairá em português


Cidade do Vaticano (RV) – Um dia após a sua apresentação mundial, no Vaticano, o último livro de Bento XVI sobre a vida de Jesus será lançado em português no dia 21 de novembro em Portugal.

A obra conclui a trilogia sobre ‘Jesus de Nazaré’ e aborda os primeiros anos da vida de Cristo, os chamados “Evangelhos da infância”. No prefácio, Bento XVI explica que se trata de uma introdução aos dois livros precedentes, sobre a figura e a mensagem de Cristo.

'Jesus de Nazaré – A Infância de Jesus' refere que “Jesus nasceu numa época que pode ser determinada com exatidão. No início da atividade pública de Jesus, Lucas oferece mais uma vez uma datação pormenorizada e exata daquele momento histórico: é o décimo quinto ano do império de Tibério César”.

De acordo com Bento XVI, são necessários “dois passos” para uma interpretação correta dos textos bíblicos: “De um lado, é preciso perguntar-se o que os autores pretendiam dizer com o seu texto, naquele momento histórico; no entanto, “não é suficiente deixar o texto no passado, arquivando-o entre os eventos acontecidos há tempos”.

O Papa frisa que “este colóquio na encruzilhada entre passado, presente e futuro nunca poderá ser completo e que nenhuma interpretação alcança a grandeza do texto bíblico”.

O primeiro volume de ‘Jesus de Nazaré’ foi publicado em 2007 e era dedicado ao início da vida pública de Cristo (desde o batismo à transfiguração). A segunda parte da obra foi apresentada em março de 2011, e tratava os momentos que precederam a morte de Jesus e a sua ressurreição.

Joseph Ratzinger começou a escrever a obra no verão de 2003, antes de ser eleito Papa.
(CM)
Deserto: realidade e metáfora
Leonardo Boff
Teólogo, filósofo e escritor
Adital

O deserto é uma realidade misteriosa e uma metáfora fecunda do percurso contraditório da vida humana.
Atualmente 40% da superfície terrestre está em processo avançado de desertificação. Os desertos crescem na proporção de 60 mil km2 por ano, o que equivale a 12 hectares por minuto. No Brasil há um milhão de km2em processo de desertificação. Só no Nordeste e em Minas são 180 mil km2. Esse fenômeno ameaçador para as colheitas, para a fome e a emigração de populações inteiras se deve ao desflorestamento, ao mau uso dos solos, às mudanças climáticas e aos ventos.
Lembremos o maior deserto do mundo, o Saara que possui uma superfície maior que a do Brasil (9.065000 km2). Há dez mil anos era coberto por densas florestas tropicais, contendo fósseis de dinossauros e sinais arqueológicos de antigas civilizações, pois outrora o rio Nilo desaguava no Atlântico. Nesta época, porém, ocorreu uma drástica mudança climática que o transformou numa imensa savana e depois num deserto árido eextremamente seco. Não é um sinal para a Amazônia?
Mas a vida sempre é mais forte. Ela resiste, se adapta e acaba triunfando. Ainda hoje nos desertos viceja vida: mais de 800 espécies de vegetais e minúsculos insetos e animais. Mas basta soprar um vento mais úmido ou cair algumas gotas de água para a vida invisível irromper soberbamente.
Em oito dias, a semente germina, floresce, madura, dá fruto que cai ao solo. Ela se recolhe. Espera mais de um ano, sob a calícula do sol e o vergastar do vento, até que possa de novo germinar e continuar o ciclo ininterrupto e triunfante da vida. Outros arbustos se enrolam sobre si mesmos, se contorcem para escapar dos ventos e sobreviver.
Da mesma forma, pequenos animais se alimentam de insetos, borboletas, libélulas e sementes trazidas pelo vento.
Mas quando há um oasis, a natureza parece se vingar: o verde é mais verde, os frutos, mais coloridos e atmosfera, mais ridente. Tudo proclama a vitória da vida.
Com sua tecnologia, o ser humano rasga os desertos, traça estradas luzidias, devolve o deserto à civilização como ocorre nos USA, na China e no Chile. Esta é a realidade da ecologia exterior do deserto.
Mas há desertos interiores, da ecologia profunda. Cada pessoa humana tem o seu deserto para atravessar em busca de uma "terra prometida”. É um percurso penoso e cheio de miragens. Mas o espera sempre um oásis para se refazer.
Há desertos e desertos: deserto dos sentidos, do espírito, da fé. O deserto dos sentidos ocorre especialmente nas relações interpessoais. Depois dealguns anos, a relação de um casal conhece o deserto da monotomia do dia-a-dia e a diminuição do mútuo encantamento. Se não houver criatividade e aceitação dos limites de cada um, pode acabar a relação. Se a travessia não for feita, permanece o deserto desalentador.
Há ainda o deserto do espírito. No século IV quando o cristianismo começou a aburguesar-se, leigos cristãos se propuseram manter vivo o sonho de Jesus. Foram ao deserto para encontrar uma terra prometida em sua própria alma e encontrar o Deus nu e vivo. E o encontraram. Trata-se de uma travessia perigosa do deserto. São João da Cruz fala da noite do espírito "terrível e amedrontadora”. Mas o resultado é uma integração radical. Então, da aridez nasce o paraiso perdido. O deserto é metáfora desta busca e deste encontro.
Por fim há o deserto da fé. Hoje vive-se na Igreja Católica um árido desertopois a primavera que significou o Concílio Vaticano II se transformou num inverno severo por obra de medidas tomadas pelo organismo central do Vaticano no esforço de manter tradições e estilos de piedade que tem a ver com o modelo medieval de Igreja de poder. Ela se comporta como uma fortaleza sitiada e fechada aos apelos que vem dos povos, de seus lamentos e esperanças. É um modelo de Igreja do medo, da suspeita e dapobreza em criatividade, o que revela insuficiência de fé e de confiança no Espírito de Jesus. O que se opõe à fé não é o ateísmo, mas o medo. Uma Igreja cheia de medos perde a sua principal substância que é a fé viva. Os crimes da pedofilia de muitos religiosos e os escândalos financeiros do Banco do Vaticano fizeram com que muitos fiéis conhecessem o deserto, emigrassem da instituição, embora mantendo o sonho de Jesus e a fidelidade aos evangelhos. Vivemos num deserto eclesial sem vislumbrar um oásis pela frente. Será o nosso desafio, o de fazer, mesmo assim, a travessia com a certeza de que o Espírito irrompa e faça surgir flores no deserto. Mas como dói!
A morte anunciada dos Guarani-Kaiowá
Frei Betto
Escritor e assessor de movimentos sociais
Adital
A Justiça revogou a ordem de retirada de 170 índios Guarani-Kaiowá das terras em que habitam no Mato Grosso do Sul. Em carta à opinião pública, eles apelaram: "Pedimos ao Governo e à Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo, mas decretar nossa morte coletiva e enterrar nós todos aqui. Nós já avaliamos a nossa situação atual e concluímos que vamos morrer todos, mesmo, em pouco tempo”.
A morte precoce, induzida –o que nós, caras-pálidas, chamamos de suicídio– é recurso frequente adotado pelos Guarani-Kaiowá para resistirem frente às ameaças que sofrem. Preferem morrer que se degradar. Nos últimos vinte anos, quase mil indígenas, a maioria jovens, puseram fim às suas vidas, em protesto às pressões de empresas e fazendeiros que cobiçam suas terras.
A carta dos Guarani-Kaiowá foi divulgada após a Justiça Federal determinar a retirada de 30 famílias indígenas da aldeia Passo Piraju, em Mato Grosso do Sul. A área é disputada por índios e fazendeiros. Em 2002, acordo mediado pelo Ministério Público Federal, em Dourados, destinou aos índios 40 hectares ocupados por uma fazenda. O suposto proprietário recorreu à Justiça.
Segundo o CIMI (Conselho Indigenista Missionário), vinculado à CNBB, há que saber interpretar a palavra dos índios: "Eles falam em morte coletiva (o que é diferente de suicídio coletivo) no contexto da luta pela terra, ou seja, se a Justiça e os pistoleiros contratados pelos fazendeiros insistirem em tirá-los de suas terras tradicionais, estão dispostos a morrerem todos nela, sem jamais abandoná-las”, diz a nota.
Dados do CIMI indicam que, entre 2003 e 2011, foram assassinados, no Brasil, 503 índios. Mais da metade –279– pertence à etnia Guarani-Kaiowá. Em protesto, a 19 de outubro, em Brasília, 5 mil cruzes foram fincadas no gramado da Esplanada dos Ministérios, simbolizando os índios mortos e ameaçados.
São comprovados os assassinatos de membros dessa etnia por pistoleiros a serviço de fazendeiros da região. Junto ao rio Hovy, dois índios foram mortos recentemente por espancamentos e torturas.
A Constituição abriga o princípio da diversidade e da alteridade, e consagra o direito congênito dos índios às terras habitadas tradicionalmente por eles. Essas terras deveriam ter sido demarcadas até 1993. Mas, infelizmente, a Justiça brasileira é extremamente morosa quando se trata dos direitos dos pobres e excluídos.
Um quarto de século após a aprovação da carta constitucional, em 1988, as terras dos Guarani-Kaiowá ainda não foram demarcadas, o que favorece a invasão de grileiros, posseiros e agentes do agronegócio.
Participei, no governo Lula, de toda a polêmica em torno da demarcação da Raposa Serra do Sol. Graças à decisão presidencial e à sentença do Supremo Tribunal Federal, os fazendeiros invasores foram retirados daquela reserva indígena.
No caso dos Guarani-Kaiowá não se vê, por enquanto, a mesma firmeza do poder público. Até a Advocacia Geral da União, responsável pela salvaguarda dos povos indígenas –pois eles são tutelados pela União– chegou a editar portaria que, na prática, reduz a efetivação de vários direitos.
O argumento dos inimigos de nossos povos originários é que suas terras poderiam ser economicamente produtivas. Atrás desse argumento perdura a ideia de que índios são pessoas inúteis, descartáveis, e que o interesse do lucro do agronegócio deve estar acima da sobrevivência e da cultura desses nossos ancestrais.
Os índios não são estrangeiros nas terras do Brasil. Ao chegarem aqui os colonizadores portugueses –equivocamente qualificados nos livros de história de "descobridores”– se depararam com mais de 5 milhões de indígenas, que dominavam centenas de idiomas distintos. A maioria foi vítima de um genocídio implacável, restando hoje, apenas, 817 mil indígenas, dos quais 480 mil aldeados, divididos entre 227 povos que dominam 180 idiomas diferentes e ocupam 13% do território brasileiro.
Não adianta o governo brasileiro assinar documentos em prol dos direitos humanos e do desenvolvimento sustentável se isso não se traduzir em gestos concretos para a preservação dos direitos dos povos indígenas e de nosso meio ambiente.
Bem fez a presidente Dilma ao efetuar cortes no projeto do novo Código Florestal aprovado pelo Congresso. Entre o agrado a políticos e os interesses da nação e a preservação ambiental, a presidente não relutou em descartar privilégios e abraçar direitos coletivos.
Resta agora demonstrar a mesma firmeza na defesa dos direitos desses povos que constituem a nossa raiz e que marcam predominantemente o DNA do brasileiro, conforme comprovou o Projeto Genoma Humano.
[Frei Betto é escritor, autor da novela indigenista "Uala, o amor” (FTD), entre outros livros.
Segundo Houaiss, mito é a "construção mental de algo idealizado, sem comprovação prática; ideia, estereótipo". Mito: O afeto e o carinho dos professores são elementos imprescindíveis para que o aluno aprenda.
Desfazendo o mito: Afeto e carinho são sempre positivos, mas não determinam, por si sós, a aprendizagem. Além disso, a afirmativa induz à falsa ideia de que professor sério, introspectivo, que não externaliza sentimentos por característica pessoal, não pode ser bom professor, o que é seguramente uma inverdade.
Comentário
A escola está cheia de mitos que precisam ser desconstruídos com leituras e atitudes . Com uma hierarquização defectível não há escola que avance. A hierarquia separa, eleva a distância e adota o status. Esse é um ponto. O outro: devemos ter o cuidado para não caírmos na tentação de que basta abrir um largo sorriso para determina a aprendizagem significativa do aluno. É preciso pensar diferente e ser diferente. Avaliar é a coisa mais difícil que encontramos em nosso caminho. Mas é necessário.




Desvendamos Mistérios

     





POR QUE O MAR MORTO TEM ESSE NOME?
Um fenômeno único na Terra
O Mar Morto é um caso muito singular, um fenômeno único na Terra. Suas características sempre desafiaram a ciência nos últimos séculos, inclusive através de citações bíblicas: segunda o livro, abaixo de suas águas estão sepultadas as cidades de Sodoma e Gomorra.


Ele recebe este nome porque impossibilita a sobrevivência de peixes e plantas por conta da altíssima salinidade. Como é um dos lençóis de água mais baixos e mais salgados que existem, os animais não conseguem sobreviver.

  Mas existe outra curiosidade interessante sobre ele: Por que se flutua mais facilmente no Mar Morto? A explicação está na densidade de sua água, muito maior que a da água "doce". Devido ao clima, a água da superfície se evapora e o sal dissolvido permanece, tornando a água ainda mais salgada.

Normalmente, a quantidade de sal nos mares varia entre 2% a 3%, mas no Mar Morto ela chega a incríveis 27%, aumentando de acordo com a profundidade.

Assim, 1/4 deste mar é composto por sal dissolvido em água. Por isso as pessoas bóiam com muito mais facilidade! Outro aspecto curioso sobre o Mar Morto vem de suas supostas propriedades terapêuticas. Como possui altas taxas de minerais em suas águas, como magnésio, potássio e cálcio, suas diversas nascentes atraem pessoas em busca de cura.



Esta pergunta foi respondida pela equipe de professores do serviço Professor Web
A Relação Família e Escola – Uma Parceria Imprescindível
Kátia Bellotti
Menina pequena de mãos dadas a menino maior, estando os dois de mochilas e roupas coloridas

Desde o surgimento da escola, estudos vêm mostrando que a participação dos pais é de fundamental importância ao desempenho escolar e social das crianças.

Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), no seu artigo 4º:

É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária (BRASIL, 1990).

A legislação define que a família tem o dever educacional da criança e não delegar apenas à escola a função de educar.

O artigo 205 da Constituição Federal afirma:

A educação direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988).

A família não é um simples fenômeno natural, mas sim uma instituição social que vem se moldando através dos tempos.

Ela tem como papel fundamental a formação cultural e social de um indivíduo.

A frase “A família é a base da sociedade” é quase piegas, mas nos leva a pensar nas responsabilidades econômicas, culturais e políticas dessa instituição.

Porém, com as constantes transformações que a estrutura familiar vem sofrendo, há influências diretas e indiretas na dinâmica sociocultural do indivíduo.

Entre essas transformações, podemos citar, por exemplo, o antigo padrão familiar patriarcal que dá lugar a uma nova composição familiar, o aumento da expectativa de vida, a diminuição do índice de natalidade e o aumento de mulheres dominando o Mercado de Trabalho.

As mudanças são sempre bem-vindas, desde que sejam para acrescentar algo ou fortalecer uma sociedade.

A família passa por diversas transformações, mas sempre mantém um vínculo afetivo, o qual é essencial à vida escolar positiva da criança.

Dessa forma, a participação da família na vida escolar daquele que está na função de filho torna-se indispensável.

As crianças percebem se os seus responsáveis estão acompanhando o que acontece na sua escola e se estão verificando seu rendimento escolar.

Infelizmente, existem alguns responsáveis que não demonstram interesse em conhecer o meio escolar que a criança vive ou, até mesmo, deixam de acompanhar a rotina escolar.

Crianças com pais ou responsáveis relapsos possuem rendimento inferior ao das crianças com pais ou responsáveis interessados por sua rotina escolar.

Estas se sentem mais seguras e apresentam uma melhor execução em suas atividades.

A vida familiar e a vida escolar percorrem caminhos sincrônicos e fica cada vez mais indispensável o fortalecimento dessa relação à formação social e funcional da criança.

No mundo conturbado em que vivemos, é desafiador criar os filhos, educá-los e prepará-los para agir com compromisso.

Não se pode negligenciar o fato de que a família e a escola são pontos de apoio e de formação na vida de um cidadão.

O trabalho em conjunto produz resultados significativamente positivos, isso é fato.

Em momento algum a escola deve se apropriar da função da família na vida do aluno.

É fundamental que pais, professores e alunos compreendam e trabalhem de forma conjunta as questões do cotidiano escolar.

Isso, certamente, não é uma tarefa fácil, mas é compensadora para qualquer instituição que pensa contribuir para uma sociedade mais humana.

Kátia Bellotti  Cursa o 4º Semestre de Pedagogia (Uniararas|Fundação Hermínio Ometto) em Caçapava, São Paulo, e é Instrutora Técnica do Programa Informática Educacional.

Fonte da Imagem: Corbis.

Horrores da violência


Reflexões de Dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo de Belo Horizonte

BELO HORIZONTE, sexta-feira, 09 de novembro de 2012(ZENIT.org) - A sociedade está convocada a refletir sobre um grave problema: o aumento dos índices de violência. Não basta apenas proteger-se, com medo dos riscos e prejuízos que a criminalidade provoca. Reforçar sistemas de segurança e evitar situações perigosas são medidas importantes. Porém, é fundamental perceber como a solidariedade pode ajudar na diminuição da violência. Também é indispensável reconhecer como é ilusório e perigoso o enfrentamento dos crimes armando-se. É preciso seguir o caminho da solidariedade, uma defesa que precisa ser exercitada e está longe dessa busca pelas armas.
Fala-se de um grupo civil armado crescente em nossa sociedade. Dados do Sistema Nacional de Armas, da Polícia Federal, mostram que houve aumento de 406% nas expedições de portes em território mineiro, entre 2008 e 2011. É um equívoco convencer-se que a vitória sobre a violência será conquistada com a compra de uma arma de fogo para defesa pessoal. Justificar esta escolha com o argumento de que a polícia não está preparada e não tem contingente suficiente para proteger o cidadão é um risco. Se todos os cidadãos ou grande parte da população se armarem, não significa garantia de paz. Ao contrário, estaremos, na verdade, em tempo de guerra.
O impacto emocional na vida de quem já foi assaltado, ou com  parentes, amigos, alguém próximo que tenha sido vítima de violência, não pode se converter em desenfreada busca pelo armamento. Ao contrário, é preciso apoiar o controle rígido do porte de armas. Isso inclui, obviamente, um trabalho árduo e sistemático para o desarmamento urgente de bandidos. Nesse caminho, é preciso incluir, prioritariamente, na agenda da sociedade e na preocupação primeira de cada cidadão, a solidariedade como força educativa, de combate e de mudança dessa triste realidade. Ao indicar a solidariedade como remédio para a violência, não se está falando de concessões, de conivências ou de uma postura passiva. É preciso reagir diante da realidade que se estabelece. A violência está se tornando uma cultura e isso é gravíssimo. Ela começa a ser exercida não apenas pelos criminosos, mas também pelos honestos que optam pelo combate à violência com a violência.
A indignação inevitável que emerge no coração de vítimas, de parentes e dos cidadãos de boa vontade não pode obscurecer nossa coragem de apostar numa cultura marcada pela dinâmica da solidariedade, que tem força para mudanças profundas. Um exemplo concreto e palpável dessa força está nas muitas comunidades de fé, que desenham na vida de muitas pessoas um horizonte de espiritualidade à luz da Palavra de Deus.  Assim, ajudam a superar quadros de violência e fazem brotar um sentido novo de cidadania. Contribuem para fazer crescer o gosto de conviver respeitando o outro. Por esse caminho é urgente andar e investir. Alguém dirá ser um percurso demorado. Contudo, é o único com dinâmicas de  importância, para combater e impedir que a violência se torne uma cultura.
Nas realidades em que a violência se institucionalizou, presencia-se a dificuldade na organização social e o crescimento da delinquência que dizima, em todas as camadas sociais, o sentido de valor, a compreensão justa da vida e o gosto pelo respeito ao outro. No lugar da revolta, embora a indignação seja justificável, é preciso aderir às práticas solidárias, que têm força revolucionária. Este entendimento deve ser alcançado, para se evitar prejuízos irreversíveis.
O mapa da violência estampa o retrato de uma grave epidemia que atinge todos. A sociedade brasileira está numa posição sofrível e lamentável no ranking internacional sobre taxas de homicídio. Esses números elevados, mais do que mostrar uma triste realidade, indicam que os governantes, instituições e cidadãos têm responsabilidades graves neste período da história. É o momento de todos participarem, para mudar esta calamidade social que é a violência, contramão de uma cultura da solidariedade. Dinâmica que encontra força na fé. É indispensável conhecer e buscar  mais o remédio da solidariedade. Assim, será possível mudar esses quadros produzidos pelos horrores da violência.
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte (Fonte:ZENIT)