19º Domingo Comum
Saber esperar e vigiar em qualquer momento
É ser amigo de Deus!
São Lucas 12, 32-48
«Não
tenhas medo, pequenino rebanho, pois foi do agrado do vosso Pai dar a vós o
Reino”. Vendei vossos bens e dai esmola [...] (vv. 32-34)». Antes de qualquer uma outra iniciativa,
Jesus tem a preocupação de exortar aos seus discípulos missionários com essas
recomendações ao abandono na Providência amorosa de Deus e ao desprendimento
dos bens efêmeros. Eles não se sentem tão seguros, porque têm consciência de
que são resumidos e fracos, e que estão diante de um mundo hostil: apesar de
ser um pequeno número e sem recursos humanos, os discípulos, aos poucos vão
vencendo o medo, pois foram admitidos no Reino de Deus que é indestrutível (cf. Lc 1, 33).
Jesus recomenda a não acumular bens,
mas a reparti-los com os carentes. As boas obras de misericórdia em geral (cf. Mt 25, 31-46) constituem uma riqueza que
não se perde, pois essas obras terão uma recompensa eterna nos céus.
O texto nos apresenta três
parábolas: a dos “criados vigilantes” (vv. 35-36), a do “ladrão” (v. 39) e
a dos “servos administradores”. De que tratam as parábolas? As duas primeiras
referem-se à necessidade da vigilância e a terceira à necessidade da
fidelidade.
Criados vigilantes (35-40).
Esta
parábola aborda o tema da vigilância ativa na espera do Senhor, que está a
serviço de qualquer um. Por isso as expressões «Rins cingidos» e “lâmpadas
acesas” lembram a atitude
básica do discípulo missionário seguidor de Jesus: “Estejam com as mangas
arregaçadas”, ou seja, rins cingidos e com as lâmpadas acesas: Isto é,
literalmente falando, rins
cingidos é o mesmo que
colocar ao redor da cintura o cordão que amarra a túnica: é um gesto habitual,
próprio de quem quer trabalhar; estar à disposição de Deus.
Iluminados pela história contada a respeito dos servos que esperam seu senhor
voltar do casamento (vv.
36-38), compreendemos melhor a vigilância e a prontidão própria de nossa parte
como cristãos. E, para fins de complemento e ajuste ao sentido da parábola, o
senhor que retorna para casa, ao encontrar os servos vigiando, os fará sentar á
mesa e os servirá. Agora, sim, a nossa compreensão cada vez se amplia diante da
certeza de que esse senhor significa ser Jesus Cristo que veio para dar a vida.
Atenção! É possível que alguém pense
que a vida concedida por Ele chega de qualquer jeito, de mãos encruzadas; não,
é preciso interação entre a fé, a esperança e o amor, ou seja, vigilância e
prontidão. Vitória da Vida sobre a morte, não se aguarda cochilando, mas
lutando, construindo sempre. É uma questão de parceria entre Deus e o
homem.
ü Outra parábola: A do ladrão que chega sem ser
esperado (vv. 39-40)
Parece ser intrigante essa parábola!
Como um ladrão, que de forma inesperada, imprevista pode arrombar a nossa casa
e roubar tudo o que temos, Deus se apresenta na nossa história, na nossa vida,
vindo de improviso. Se for assim, Deus parece ser estranho, não é?
Qual é mesmo o sentido da parábola?
Vejamos bem, entre as tantas vindas do Senhor, há uma que é definitiva: Aquela
que registra o Senhor no final da nossa vida! Essa é a mais importante das suas
vindas e é necessário que nos encontre devidamente preparados. Mas sempre é bem
vindo o alerta: Cuidado! Esforcemo-nos para que a sonolência, mãe do
indiferentismo, não nos domine! Pessimismo, nunca! Otimismo, sempre!
ü A terceira parábola (vv. 41-48): A do administrador
fiel e responsável!(41-46)
Pedro pergunta ao Mestre: “Senhor,
estás contando esta parábola só para nós, ou para todos?” (v. 41). Todos –
responde o Mestre – devem vigiar, mas, sobretudo aqueles que na comunidade são
os responsáveis por esse ou aquele ministério (1 Pd 4,10-11).
Aqui é válido salientar que, nessa parábola,
a vigilância se transforma em serviço-doação-promoção ao próximo, a exemplo doSenhor
que veio para servir e amar.
O Mestre nos chama atenção para os dois tipos de administradores: um fiel e prudente, o outro negligente e arrogante.
A tarefa que o Senhor nos dar quando nos chama, não é a de dominar as pessoas,
mas acolher, servindo-as sem distinção. Ofereçamos a todas elas o Pão da
Palavra, o Pão da Eucaristia, o diálogo, o acolhimento, a compreensão, a
solidariedade sempre. É esta a característica de nossa missão como
administradores fieis e responsáveis, frente à comunidade.
Agindo diferentemente, ou seja, como
negligente e arrogante, aguardemos, portanto a sentença, que, aliás, será
drástica: “O Senhor o expulsará de sua casa e o fará participar do destino dos
infiéis” (v. 46).
Livra-nos, Senhor, em vez de sermos
servidores, sermos patrões dominadores, senhores. Ai desses administradores:
diáconos, padres (nós), bispos, animadores de comunidades infiéis – diz Jesus –
que se comportam deste modo!
ü Quanto maior for o conhecimento, maior será o compromisso (vv.
47-48)
« A quem muito foi dado…». Temos aqui a forma impessoal da voz
passiva para, segundo o costume judaico, evitar pronunciar o nome inefável de
Deus, por motivo de respeito, equivalendo a: «a quem Deus muito deu...». No dia de juízo haverá uma
desigualdade de castigos proporcionada à responsabilidade de cada um. É fácil
perceber que os discípulos de Jesus são aqueles que «sabem o que o Senhor
quer» (v. 47) e aqueles «a quem muito foi dado» (v. 48).
O que foi dado e confiado aos
discípulos de Jesus? “Não tenha medo, pequenino rebanho, pois foi da vontade do
Pai dar a vocês o Reino” (v. 32).
Padre Francisco de Assis
Pároco
PARÓQUIA DA IMACULADA CONCEIÇÃO
NOVA CRUZ – RN
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