sábado, 29 de setembro de 2012

sábado, 29 de setembro de 2012

26º Domingo do Tempo Comum Comentário Litúrgico




                Conforme já é do conhecimento de quase todos os cristãos católicos, neste último domingo do mês de setembro, a Igreja celebra o dia da Bíblia. Encerramos, portanto, o mês da Bíblia, a Carta magna do povo de Deus. Por ela o Espírito nos deu a oportunidade de conhecer e amar o seu Projeto de Amor.
            Como acontece em todas as celebrações dominicais, a liturgia nos oferece sempre um número de três leituras. As leituras selecionada para este domingo são as seguintes: Nm 11,25-29; Tg 5,1-6; Mc 9,38-48.
Evangelho
            Desta vez, irei me deter na segunda parte do trecho do Evangelho (vv. 41-48), que, aliás, contém uma série de ensinamentos independentes um do outro, tais como: “Apelo à hospitalidade”; “palavras duras contra aqueles que escandalizam os pequenos”; por fim, a advertência a respeito de uma modalidade de escândalo, a quem vem do íntimo”.
            Essas analogias usadas por Jesus eram bastante conhecidas no seu tempo e frequentemente ditas pelos rabinos para advertir, sacudindo as pessoas a uma seriedade de vida mais profunda, em relação aos deveres em relação a Deus e ao próximo.
            Na verdade, o que interessa a Jesus é que os seus seguidores não desperdicem a própria vida neste mundo. Quem dissipa a própria vida, perde para sempre a oportunidade de crescimento no amor de Deus, no amor aos seus semelhantes.
            Como vemos, o Evangelho está bem sintonizado com a primeira leitura. Convida ao respeito e à confiante expectativa, e a perceber nos que não são dos nossos não um inimigo em potencial ou um concorrente, mas uma sintonia interior, que pode terminar sendo a de um companheiro de fé (Missal Dominical, XXVI).
            É-nos visível em Jesus a sua preocupação em colocar de sobreaviso seus discípulos contra a tentação de querer ter o “monopólio” dos dons do Senhor.
            A mesma atitude devem ter as instituições, mesmo provindo da iniciativa divina. O que importa é o uso que delas fazem os homens. “Cuidado para monopolizar a Deus”.
É repugnante e triste pensar que o Espírito Santo só age em nós, em nossas comunidades, nas nossas pastorais, nos nossos movimentos, nos nossos grupos, na nossa Igreja. Total equívoco!  
 E mais: "O moralismo e o juridicismo fizeram muito mal à Igreja. São gravemente responsáveis pela partida de muitos, pela indiferença de um número ainda maior de outros, e pela falta de interesse dos que poderiam olhar a Igreja com simpatia, mas são tomados de desânimo diante do nosso farisaísmo."
Será a surpresa de cristãos e de católicos quando virem que não entrarão sozinhos na casa do Pai... Porque o coração do Pai é muito maior que os registros de mentes fechadas, e que o Espírito do Pai sopra por toda parte, mesmo lá aonde os missionários ainda não aportaram!
           
1ª leitura
            Na primeira leitura, encontramos Moisés reclamando a Deus: Eu sozinho não posso suportar a carga de um povo tão numeroso e indisciplinado (cf. Nm 11, 10).
            O Senhor então respondeu a Moisés: “Escolhe 70 homens (anciãos) que estejam em condições de colaborar contigo: sobre eles farei descer o mesmo espírito que se encontrava em ti” (Nm 11,16-18). Os setenta anciãos representam as lideranças para animar a organização do povo. Eles pertencem, portanto, ao grupo liderado por Moisés. Mais eis que duas pessoas chamadas: “Eldade” e “Medad”, que não estavam na tenda recebem o dom do Espírito e começam a profetizar.
            E, então, formou-se uma grande confusão! A questão é: como era possível que pessoas estranhas tivessem recebido o mesmo dom Deus sem fazerem parte do grupo dos escolhidos? Quanto fechamento! Foi triste agir assim! Quando deveriam alegrar-se pelo fato que o espírito também tinha descido sobre os que não pertenciam à “estrutura”. Por isso, alguém ficou indignado e foi pedir a Moisés para que interviesse a fim de impedi-los de profetizar. Impressiona-nos em ver o próprio Josué, associando-se aos que queriam restabelecer a ordem e a hierarquia.
            Moisés, porém, respondeu: Por que és tão zeloso por mim? Prouvera que todos os membros do povo do Senhor recebessem o espírito e se tornassem profetas.
            E, agora, que ensinamentos tirarmos de tal episódio?
- 1º) Que história é essa de proclamar que o Espírito Santo dirige a gente, a história, e somente quando tudo corre de acordo com nossa vontade? Nenhuma instituição, sequer de origem divina, pode monopolizar a Ação do Espírito de Deus;
- 2º) Atenção para o ensinamento central da leitura: a reprovação do fanatismo. Fanático é aquele que agride a quem não pense como ele ou que não faz parte do seu grupo. Cuidado com os fanáticos, porque eles são perigosos demais! E quando se dizem religiosos, haja perigo!
 2ª leitura
            Pela posição dada por Tiago, é possível que sim, é possível que não, serem esses ricos exploradores membros da comunidade. Quantos cristãos, cuja fé é morta. Contudo, é seguro a preocupação do autor em relação a terrível injustiça social.           
Sem sombra de dúvida, Tiago, de maneira categórica, denuncia a situação social em que os pobres estão sendo oprimidos.
Quando a Igreja denuncia a injustiça social, conforme faz Tiago, é considerada comunista. Aliás, é possível que alguém venha a ignorar o que o trecho está dizendo, mais ou menos assim: A riqueza acumulada não mãos desses senhores, fruto do suor e do sangue dos marginalizados, se tornará motivo de sua própria condenação. É bom tomarmos cuidado, lendo bem o texto e o contexto, aplicando-os a nós mesmos!
Quer dizer que a virtude das virtudes, a virtude sem a qual, todas as demais nada são e nada valem é a Caridade. Deus é Amor.
 “O Papa João XXIII que mergulhara nessa verdade, nos avisava e nos pedia: “Não saiam da caridade para vocês não saírem de Deus” (D. Helder).
Pe. Francisco de Assis Inácio
Pároco de Nova Cruz - RN
                                                                                      

O que é Missão Continental

A Missão Continental não é um exercício missionário isolado, mas uma opção missionária que pretende renovar a comunidade eclesial em seu conjunto, para que todos os batizados, convertidos em discípulos missionários, sejam capazes de dar testemunho da Boa Notícia em nosso mundo de hoje.

Não é um projeto missionário propriamente dito, mas trata-se de um projeto de animação missionária. Um dos compromissos centrais de Aparecida foi despertar a consciência discipular dos cristãos, resgatar a dimensão missionária da Igreja e convocar para uma Missão em todo o Continente. “Este despertar missionário, em forma de uma Missão Continental, cujas  linhas fundamentais foram examinadas por nossa Conferência e que esperamos  sejam portadoras de sua riqueza de ensinamentos, orientações e prioridades, será ainda mais concretamente considerada durante a próxima Assembleia Plenária do CELAM em Havana. Exigirá decidida colaboração das Conferências Episcopais e de cada  diocese em particular. Procurará colocar a Igreja em estado permanente de missão” (DAp 551).

Nas palavras de Aparecida, a Igreja está chamada a repensar profundamente e a relançar com fidelidade e audácia sua missão nas novas circunstâncias latino-americanas e mundiais. (...) Trata-se de confirmar, renovar e revitalizar a novidade do Evangelho arraigada em nossa história, a partir de um encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo, que desperte discípulos e missionários. Isso não depende tanto de grandes programas e estruturas, mas de homens e mulheres novos que encarnem essa tradição e novidade, como discípulos de Jesus Cristo e missionários de seu Reino, protagonistas de uma vida nova para América Latina que deseja reconhecer-se com a luz e a força do Espírito.

Esta firme decisão missionária deve impregnar toda a Igreja e todos na Igreja, as estruturas eclesiais, os planos pastorais de dioceses, paróquias e comunidades religiosas, movimentos e qualquer instituição na Igreja. Nenhuma comunidade deve  isentar-se de entrar decididamente, com todas as forças, nos processos constantes de renovação e de abandonar as ultrapassadas estruturas que já não favorecem a transmissão da fé (DAp 365). (Missão Continental)

Investir na juventude

E-mail Imprimir PDF
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte
A constatação óbvia de que o investimento nas novas gerações modifica cenários do presente e prepara o futuro aponta para uma necessidade urgente: é preciso investir nos jovens. A Jornada Mundial da Juventude, que acontece de 22 a 28 de julho de 2013 no Rio de Janeiro, é uma oportunidade singular para que toda a sociedade exercite essa convicção e adote como prioridade o desafio de investir na juventude.
Nos próximos anos, o Brasil recebe eventos de grande importância cultural, esportiva, econômica e política. Em 2014, será realizada a Copa do Mundo e, em 2016, os Jogos Olímpicos. Estes eventos estão mobilizando governos e os mais diversos segmentos da sociedade. As exigências no âmbito da infraestrutura poderão deixar um legado interessante para a sociedade brasileira. Esses avanços requeridos podem resultar - é o que se espera, sobretudo quando se observa a situação econômica do Brasil no contexto mundial – na superação de carências que amargam a vida de tantos e de muitos modos. Particularmente, há de se pensar nas urgências e necessidades dos mais pobres e dos que são de modo tão desumano sacrificados por exclusões brutais.
O Brasil não pode perder essa oportunidade para crescimentos e conquistas cidadãs. Nesse sentido, também é importante incluir, em lugar especial e com interesse particular, na agenda de grandes acontecimentos, a Jornada Mundial da Juventude(JMJ). A importância desse evento é incontestável quando se considera, por exemplo, a magnitude da congregação de dois a três milhões de jovens, procedentes do mundo inteiro, na Cidade Maravilhosa, para uma semana de eventos, confraternização, espiritualidade e partilha. A juventude, razão de compromisso, prioridade de opção e força determinante nos rumos da sociedade, no presente e no futuro, é um tesouro que precisa de investimentos volumosos e determinantes.
Nesse sentido a imprensa é muito importante. Com sua força própria, seu papel educativo e até regulador da sociedade, a imprensa precisa se juntar aos governos e todos os segmentos para apoiar efetivamente a Jornada Mundial da Juventude. A Igreja Católica do Brasil inteiro está em profunda sintonia com a Arquidiocese do Rio de Janeiro, anfitriã do evento. Ali se  culminará um caminho missionário de forte mobilização da juventude, iniciado em setembro do ano passado, em São Paulo, com a peregrinação da Cruz da JMJ. Eventos, experiências e conquistas maravilhosas estão acontecendo pelo Brasil afora e, antes da Jornada Mundial da Juventude, haverá um momento especial de preparação em todo o país, em cada diocese: a Semana Missionária.
A Arquidiocese de Belo Horizonte já se mobiliza para a realização deste evento, que deve reunir na capital mineira mais de 25 mil peregrinos do mundo inteiro. Todos os jovens de nossas comunidades de fé, suas famílias, já estão convidados a participar, especialmente com a oferta de suas casas para acolher peregrinos. Também será realizado em Belo Horizonte o Congresso Mundial de Universidades Católicas, que deverá reunir cinco mil participantes, entre universitários, professores e reitores. No coração desse evento, acontecerá a Feira Minas Sempre, valorizando e promovendo a cultura, gastronomia, patrimônio imaterial, religiosidade e tradições do povo mineiro.
A opção preferencial pelos jovens na Igreja Católica é uma exigência para alcançar a meta de uma Igreja dos jovens e com os jovens, e destes na Igreja, desenhando com os valores do Evangelho um caminho seguro e de formação integral para a juventude. É hora de dar voz aos jovens, aos eventos e projetos que os envolvem. Torna-se inadiável um coro de Igrejas, governos, escolas e segmentos todos da sociedade para garantir e efetivar o compromisso de investir na juventude. As novas gerações representam um enorme potencial para o presente e o futuro da sociedade. A Igreja tem a tarefa de propor aos jovens o encontro com Jesus Cristo, alicerçando caminhos e desenhando horizontes para que eles estejam presentes em todos os espaços: na esfera política, na produção da cultura, na superação de reducionismos antropológicos, na reversão do quadro horrendo da dependência química, na conquista da educação e de oportunidades, na construção cidadã da sociedade. Apoiar a Jornada Mundial da Juventude é investir nos jovens. Não podemos perder esta oportunidade para abrir uma nova etapa da história.
A Arquidiocese de Belo Horizonte já se mobiliza para a realização deste evento, que deve reunir na capital mineira mais de 25 mil peregrinos do mundo inteiro. Todos os jovens de nossas comunidades de fé, suas famílias, já estão convidados a participar, especialmente com a oferta de suas casas para acolher peregrinos. Também será realizado em Belo Horizonte o Congresso Mundial de Universidades Católicas, que deverá reunir cinco mil participantes, entre universitários, professores e reitores. No coração desse evento, acontecerá a Feira Minas Sempre, valorizando e promovendo a cultura, gastronomia, patrimônio imaterial, religiosidade e tradições do povo mineiro.
A opção preferencial pelos jovens na Igreja Católica é uma exigência para alcançar a meta de uma Igreja dos jovens e com os jovens, e destes na Igreja, desenhando com os valores do Evangelho um caminho seguro e de formação integral para a juventude. É hora de dar voz aos jovens, aos eventos e projetos que os envolvem. Torna-se inadiável um coro de Igrejas, governos, escolas e segmentos todos da sociedade para garantir e efetivar o compromisso de investir na juventude. As novas gerações representam um enorme potencial para o presente e o futuro da sociedade. A Igreja tem a tarefa de propor aos jovens o encontro com Jesus Cristo, alicerçando caminhos e desenhando horizontes para que eles estejam presentes em todos os espaços: na esfera política, na produção da cultura, na superação de reducionismos antropológicos, na reversão do quadro horrendo da dependência química, na conquista da educação e de oportunidades, na construção cidadã da sociedade. Apoiar a Jornada Mundial da Juventude é investir nos jovens. Não podemos perder esta oportunidade para abrir uma nova etapa da história.

Outubro: Os horizontes da Igreja

E-mail Imprimir PDF
Dom Francisco Biasin
Bispo de Barra do Piraí/Volta Redonda (RJ)
No mês de outubro que inicia somos convidados a abrir os nossos horizontes na amplidão da visão da nossa Igreja através de dois eventos que atraem a atenção do mundo todo, de maneira muito especial dos seus fiéis e de quantos, embora pertencendo a outras denominações cristãs ou outras religiões, tem sensibilidade para com o anúncio do evangelho e os valores da fé no mundo de hoje.
1. «A nova evangelização para a transmissão da fé cristã»! Este é o título que focará a reflexão dos bispos e dará consistência ao Sínodo a ser celebrado de 07 até 28 deste mês de outubro.
De fato, todas as instituições que geram sentido na vida das pessoas, como a escola, a família, as Igrejas, hoje estão preocupadas pela dificuldade de transmitir os valores do passado às novas gerações ou nos moldes da cultura pós-moderna que caracteriza o nosso tempo.
Preocupa a Igreja católica o fato de que, apesar da sua longa história e da sua rica tradição e apesar do esforço para adequar a sua mensagem à linguagem de hoje, não consiga transmitir a fé de forma satisfatória, vendo com muito sofrimento, uma parcela de seus fiéis migrar para outras experiência religiosas ou até perdendo a fé, declarando-se descrentes. Preocupa sobretudo a ausência de grande parte da juventude da participação às suas iniciativas e aos atos de culto: ter pouco jovens e não ter influência na juventude, significa perder um elo importantíssimo na transmissão da fé, identificado numa geração e, quando há uma interrupção geracional, o corte no curso da história é muito dolorido e difícil de ser sanado.
O Sínodo dos bispos em Roma, após a contribuição de reflexão de muitas Dioceses, procurará compreender este fenômeno e apresentará pistas de reflexão e de ação para toda a Igreja Católica. É claro que depois cada nação assumirá a fadiga e fará o esforço para agir concretamente de acordo com a realidade histórica e cultural em que a Igreja está presente em cada país.
2. Ligado a este evento e, de certa forma dando-lhe seguimento, é o Ano da Fé. Comemorando os 50 anos da celebração do início do Vaticano II e dos 20 anos da promulgação do Catecismo da Igreja Católica, o Santo Padre o Papa Bento XVI convocou toda Igreja Católica a viver um ano inteiro, até a Festa de Cristo Rei do ano que vem, na redescoberta da fé.
O Papa escreve: “Não podemos aceitar que o sal se torne insípido e a luz fique escondida (cf. Mt 5, 13-16). Também o homem contemporâneo pode sentir de novo a necessidade de ir como a samaritana ao  poço para ouvir Jesus que convida a crer n’Ele e a beber na sua fonte, donde jorra água viva (cf. Jo 4, 14). Devemos readquirir o gosto de nos alimentarmos da Palavra de Deus transmitida fielmente pela Igreja, e do Pão da vida, oferecidos como sustento de quantos são seus discípulos (cf. Jo 6, 51). De fato, em nossos dias ressoa ainda, com a mesma força, este ensinamento de Jesus: «Trabalhai, não pelo alimento que perece, mas pelo alimento que perdura e dá a vida eterna» (Jo 6, 27). E a questão, então posta por aqueles que O escutavam, é a mesma que colocamos nós também hoje: «Que havemos nós de fazer para realizar as obras de Deus?» (Jo 6, 28). Conhecemos a resposta de Jesus: «A obra de Deus é esta: crer n’Aquele que Ele enviou» (Jo 6, 29). Por isso, crer em Jesus Cristo é o caminho para se poder chegar definitivamente à salvação”. (PF 3)
“Nesta perspectiva, o Ano da Fé é convite para uma autêntica e renovada conversão ao Senhor, único Salvador do mundo. No mistério da sua morte e ressurreição, Deus revelou plenamente o Amor que salva e chama os homens à conversão de vida por meio da remissão dos pecados (cf. At 5, 31)...  Em virtude da fé, esta vida nova plasma toda a existência humana segundo a novidade radical da ressurreição. Na medida da sua livre disponibilidade, os pensamentos e os afetos, a mentalidade e o comportamento do homem vão sendo pouco a pouco purificados e transformados, ao longo de um itinerário jamais completamente terminado nesta vida. A «fé, que atua pelo amor» (Gl 5, 6), torna-se um novo critério de entendimento e de ação, que muda toda a vida do homem (cf. Rm 12, 2; Cl 3, 9-10; Ef 4, 20-29; 2 Cor 5, 17). (PF 6)
Preparemo-nos a entrar pela “porta da fé” que é o Batismo, objeto da nossa reflexão durante a próxima Assembleia diocesana e sobretudo empenhemo-nos a dar testemunho da fé pela nossa vivência batismal e pelo compromisso concreto da caridade, através do amor fraterno dentro da comunidade, e através do serviço aos pobres e necessitados que estão ao nosso redor.
Com minha bênção de pastor

Concílio: Sob o signo da alegria e da esperança

E-mail Imprimir PDF
Dom Demétrio Valentini
Bispo de Jales (SP)
Estamos chegando ao mês de outubro deste ano de 2012. Ele traz uma data muito esperada: o dia 11, quando se completam 50 anos da inauguração oficial do Concílio Vaticano II, acontecida a 11 de outubro de 1962.
Como os peregrinos sentiam alegria ao ver Jerusalém às portas, depois de longa caminhada, assim foi naquele dia tão esperado, em que finalmente começaria o Concílio proposto pelo Papa João XXIII.
Neste ano somos convidados a descobrir quais foram os motivos de tanta alegria. E ver se conseguimos também hoje, depois de 50 anos, reencontrar caminhos de esperança, para a Igreja e para a humanidade.
Na abertura do Concílio, ficou famoso o discurso do Papa João XXIII. Ele transmitiu a certeza de que o Concílio era fruto de inspiração divina, e que tinha chegado a hora da Igreja se renovar, se aproximar do mundo de hoje, e se colocar a serviço da humanidade, com a qual queria assumir solidariamente suas grandes causas, e a ela oferecer a luz do Evangelho.
Ele começou seu discurso com a bonita expressão: “Gaudet Mater Ecclesia”, “Alegra-se a Mãe Igreja”. Foram as primeiras palavras do Concílio.
Quatro anos depois, terminava o Concílio com as mesmas palavras de alegria e de esperança. Pois o último documento conciliar foi a constituição pastoral sobre a Igreja no mundo de hoje. Ele começa com as palavras: “Gaudium et Spes”, “As alegrias e as esperanças”.
É significativa esta constatação.  Entre o início e o fim do Concílio, há uma coincidência especial. No começo, a alegria da Igreja que via chegar o dia tão esperado. No final, esta mesma alegria, alargada para toda a humanidade.
“Gaudet Mater Ecclesia”, e “Gaudium et Spes”. Alegria no começo, alegria no final. Entre as duas manifestações, se realizou o Concílio. Ele foi feito sob o signo da alegria e da esperança.
Nesta constatação dá para perceber a grande influência exercida por João XXIII no Concílio. Poucos meses depois da abertura, ele iria morrer, no início do mês de junho de 1963.  Mas àquela altura dos acontecimentos, o Concílio já tinha sua trajetória garantida, pela firme direção proposta por João XXIII.  Os sentimentos do início, permaneceram até o final.
O preâmbulo do documento sobre a Igreja no mundo de hoje, pode ser considerado o texto que melhor expressa o espírito e os propósitos do Concílio. De todos os documentos aprovados, a Gaudet et Spes foi o único que não estava previsto nos esquemas preparatórios. Ele surgiu ao longo das discussões conciliares. Pode ser considerado como “filho legítimo” do Vaticano II.
Assim começa a Guadium et Spes:
“As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração... Por este motivo, a Igreja sente-se real e intimamente ligada ao gênero humano e à sua história.”
Verdade é que as alegrias do Concílio foram respaldadas por um período histórico de muito otimismo, como foram as décadas de 50 e 60. Mas permanece o desafio: como reencontrar motivos de alegria e de esperança, mesmo em meio aos novos problemas que a realidade hoje nos apresenta.
O exemplo do Concílio permanece válido.  Ele começou e terminou sob o signo da alegria e da esperança!

Testemunho cristão

 
 São Francisco foi um verdadeiro testemunho de opção pelos pobres. Ele era contra a pobreza e a favor dos pobres. São Francisco no mundo foi uma verdadeira imagem do servo de Cristo. A sua conversão foi de corpo e alma. Como seguir cristo na perspectiva franciscana? Se não formos solidários com os mais pobres de nada adianta os cânticos e louvores a Deus. Pois, aquele que é justo agrada a Deus.
Não podemos ser justos com paternalismo como acontece em muitos lugares. A justiça permanente promove toda a sociedade. E promover a sociedade significa resgatar a dignidade humana de milhares de homens e mulheres excluídos do convívio social. Rezemos com muita fé para que possamos ser exemplos de discípulos missionários de Jesus.

  Página Principal   >>   Notícias


Dom Leonardo Ulrich fala sobre a Semana Nacional da Vida
28/09/2012
CNBB A+ a- Imprimir Adicione aos Favoritos RSS Envie para um amigo

A primeira semana do mês de outubro será marcada por inúmeras discussões em defesa da vida. Instituída, em 2005, pela 43ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Semana Nacional da Vida acontecerá entre os dias 1º e 7 de outubro, e trabalhará o tema “Vida, saúde e dignidade: direito e responsabilidade de todos”. A semana termina com o "Dia do Nascituro", comemorado em 8 de outubro, para homenagear o novo ser humano, a criança que ainda vive dentro da barriga da mãe.

Em entrevista, o secretário-geral da CNBB, Dom Leonardo Ulrich Steiner, aborda diversas questões ligadas à Semana Nacional da Vida. Leia a íntegra da entrevista:

- A Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família lançou o subsídio “Hora da Vida”. Como ele colabora com os temas de discussão da Semana Nacional da Vida?

Dom Leonardo: O subsídio “Hora da Vida” é composto por roteiros de encontros temáticos, que podem ser organizados nas diferentes comunidades das nossas Igrejas particulares. Há muitos temas indicados para serem abordados durante esta semana, e, em função da realidade local, outros podem ser acrescentados. Os temas contidos no subsídio são sugestões de conteúdo a ser refletido, discutido, aprofundado e, também, concretizado em possíveis ações pastorais e sociais. De forma simples e deixando o espaço para a criatividade, o subsídio aborda a questão da ameaça à vida no seio materno, da sua manipulação em laboratório; propõe uma reflexão sobre as situações de risco, como a violência no trânsito e a ingestão de drogas; questiona-nos sobre o que é de fato ter vida digna, vida plena; motiva-nos para o cuidado com a vida frágil, do seu início até o seu fim natural. Tudo como expressão do amor e do cuidado amoroso.

- Que tipos de discussões o tema “Vida, saúde e dignidade: direito e responsabilidade de todos” trará para a Semana Nacional da Vida?

Dom Leonardo: O tema da saúde faz o vínculo com a Campanha da Fraternidade deste ano, cujo título foi “Fraternidade e saúde pública”. Isso nos interpela a trabalhar para que todos os brasileiros possam ter acesso à saúde, não só como um valor em si mesmo, mas porque manifesta a dignidade de vida de cada pessoa, em qualquer fase ou condição social. Muito se fala hoje dos direitos de cada pessoa e, por vezes, esquece-se dos deveres de cada um. Quando se trata do respeito, da promoção e da defesa da vida, os direitos devem ser cobrados, mas os deveres também devem ser assumidos por todos.

- A Semana Nacional da Vida responde aos apelos das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadoras da Igreja no Brasil (DGAE)?

Dom Leonardo: Uma das cinco urgências da ação evangelizadora no Brasil, traçadas pelos bispos do Brasil para 2011-2015, é a “Igreja ao serviço da vida plena para todos”. A Semana Nacional da Vida retoma várias situações de ameaça à vida, que são descritas nesta quinta urgência e que já foram apontadas acima, e se insere nesta vasta missão da Igreja que também se desdobra no campo da promoção da vida humana, sobretudo das mais frágeis e indefesas e outras.

- Sobre a urgência nas questões de promoção da vida (quinta urgência), que ações efetivas poderão ser tomadas a partir da Semana Nacional da Vida?

Dom Leonardo: “A partir de Jesus Cristo e na força do Espírito Santo”, como afirma o objetivo geral da ação evangelizadora no Brasil, o discípulo-missionário terá condições de identificar as situações que denigrem a vida, quer seja em âmbito local quer em âmbito nacional, para assim agir em consequência. A Igreja muito tem feito e muito realiza para promover a vida. Basta pensarmos nas inúmeras iniciativas que surgem das ações pastorais em favor da família, da criança, do adolescente, da AIDS, da sobriedade, do idoso, da saúde, do povo de rua, da terra, da moradia etc. A Semana Nacional da Vida pode, por um lado, contribuir para fomentar uma boa formação intraeclesial dos leigos e pastores, a fim de se formular um juízo moral adequado sobre as propostas da ciência e sua aplicação; e, por outro, estimular uma maior participação social, incentivando os leigos a se fazerem presentes nos diversos conselhos de participação popular (conselho municipal da saúde, da mulher, da educação, por exemplo) ou a se comprometerem através da própria profissão para uma maior distribuição dos recursos humanos e materiais para a saúde e um cuidado materno pela vida em nosso país.

- Quais os principais aspectos sobre a reforma do Código Penal que serão tratados durante a Semana Nacional da Vida? E qual a importância de se trazer essa discussão à tona?

Dom Leonardo:
No Anteprojeto de reforma do Código Penal brasileiro há muitos pontos que merecem ser amplamente debatidos e outros que devem ser simplesmente excluídos, haja vista o seu teor extremamente polêmico e contrário a princípios éticos. A Semana Nacional da Vida e o Dia do Nascituro são ocasião para que toda a Igreja continue afirmando sua posição favorável à vida desde o seio materno até o seu fim natural, bem como a dignidade da mulher e a proteção das crianças etc. Isso pode suscitar uma reflexão necessária por parte da sociedade e por parte dos senadores e senadoras responsáveis em avaliar e aprovar o anteprojeto no Senado Federal.

- Que mensagem deixaria para as comunidades católicas?

Dom Leonardo:
A família é uma bênção, pois é o lugar onde cada um, cada uma de nós veio à luz e onde iniciamos os primeiros e mais profundos laços de nossa existência. Na família começamos o caminho da fé que nos possibilita participarmos de uma Comunidade-igreja, e nos leva ao encontro dos irmãos e irmãs; É o Evangelho que nos abre o caminho para nos abrirmos à graça de Jesus em todos os momentos de nossa vida. A Semana Nacional da Vida nos leve à admiração e ao cuidado pela vida! Ela nos ajude a criarmos grupos de famílias que assumam a grande vocação de ser promotores da vida.
* Foto: CNBB