sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Cardeal Bertone: sacerdotes diplomatas jamais cedam à rotina



Cidade do Vaticano (RV) - O Cardeal Secretário de Estado Tarcisio Bertone esteve nesta quinta-feira na Pontifícia Academia Eclesiástica de Roma para presidir às Segundas Vésperas de Santo Abade, padroeiro da escola que prepara os sacerdotes destinados ao serviço diplomático da Santa Sé junto a várias nunciaturas ou junto à Secretaria de Estado.

Como em toda forma de ministério sacerdotal, também nesta particular condição existem os seus riscos. Entre eles está o risco do habituar-se, está aquela espécie de adequação superficial à rotina do dia a dia, de acomodação a formalidades vazias que com o passar do tempo correm o risco de tornar-nos menos atentos à dimensão sobrenatural do nosso cotidiano", – frisou o purpurado.

O Cardeal Bertone recordou que com o Ano da Fé o Papa chama "toda a Igreja a uma espécie de peregrinação ao essencial, uma peregrinação que quer levar todos ao coração da experiência cristã, que é o encontro vivificante com o Cristo crucificado e ressuscitado".

"Também para nós que nos encontramos a serviço direto do Sucessor de Pedro, nos dicastérios e repartições da Cúria Romana ou nas Representações Pontifícias, este Ano quer ser um tempo de graça, uma oportunidade para aprofundar o nosso estar radicado no Senhor e redescobrir assim o sentido genuíno do nosso serviço", prosseguiu.

Daí, a exortação do Cardeal Secretário de Estado: "Quanto maior for a identificação de vocês com Cristo, maior será a paixão de vocês pela vida da Igreja, o amor pelos homens de todos os povos e nações, a capacidade de construir relações fraternas, laços de colaboração e de paz para os quais a vida comunitária atual de vocês representa uma ótima propedêutica".

"Tudo isso lhes permitirá enfrentar com mais coragem as dificuldades, por vezes não poucas, que o ministério de vocês poderá requerer, e aceitar com realismo também aqueles aspectos ligados à inevitável fragilidade da natureza humana, dos quais fazemos experiência", enfatizou.

Por fim, o Cardeal Bertone recordou o núncio na Costa do Marfim, Dom Ambrose Madtha, morto em 8 de dezembro próximo passado num trágico acidente automobilístico.FONTE: Rádio Vaticano

Quem errou?


Começar é bom, prosseguir ótimo e perseverar é excelente. Na catequese há sofridas desistências. Erros do treinador ou dos atletas?

Refugiados e imigrantes: um desafio humanitário. Entrevista especial com Paulo Welter

18/01/2013 | IHU On-Line "O refúgio já é muito antigo e vem acompanhado com sentimento de dor. Pois, quando uma pessoa é forçada a deixar a sua pátria ela carrega consigo o sentimento de dor e o desejo de regressar", aponta o irmão jesuíta.
"No mundo globalizado jamais será possível entender a existência de pessoas refugiadas. Falta globalizar o ser humano. Mas isso será muito difícil, uma vez que, nesse processo de globalização, faltam valores éticos necessários no relacionamento de respeito entre as pessoas". A declaração é do missionário e irmão jesuíta, Paulo Welter, que durante seis anos atuou no Serviço Jesuíta aos Refugiados, em Angola.
Na entrevista a seguir, concedida por e-mail à IHU On-Line, Welter relata sua experiência juntos dos refugiados africanos e dos imigrantes haitianos, no Brasil. Após retornar de Angola, o irmão jesuíta participou do projeto Pró-Haiti, uma iniciativa dos jesuítas brasileiros para dar apoio aos haitianos que chegam ao país. Ao avaliar essas iniciativas, ele é enfático: "A vida é feita de desafios e buscas de melhores condições para se viver. Para os imigrantes e refugiados, estes desafios sempre são urgentes e quase imediatos, pois a vida está em perigo e precisam encontrar uma solução. As organizações internacionais e nacionais apontam como desafio a possibilidade de proporcionar soluções duradouras e projetos que ofereçam oportunidades aos migrantes e refugiados. Dar comida é algo imediato e, em muitos casos, é disso o que mais necessitam tais pessoas. Mas não se pode dar comida por muito tempo, especialmente quando a demanda é grande. Encontrar atividades e projetos com soluções duradoras é, portanto, o grande desafio".
Paulo Welter é graduado em Ciências Jurídicas pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos, assessor do projeto Pró-Haiti e de 2008 a 2011 foi diretor nacional do Serviço Jesuita aos Refugiados - SJR -, em Angola.
Confira a entrevista.
IHU On-Line - Como define a questão dos refugiados no mundo?
Paulo Welter - Foi a partir do início do século XX que os refugiados no mundo receberam atenção da comunidade internacional e, por questões humanitárias, o mundo inteiro resolveu prestar assistência e proteção. De acordo com a legislação, os refugiados são classificados segundo a sua origem, nacionalidade e ficaram desprovidos de proteção por parte de seu país.
O mundo está cada vez mais globalizado e as pessoas circulam com mais facilidade de um país para outro, ou seja, as fronteiras quase perderam o seu sentido em relação a uma sociedade globalizada e quando pensamos como seres humanos com os mesmos direitos em todo o mundo. Com certeza os refugiados provocam muitas inquietudes diante da legislação em vigor em certos países que se "protegem" impedindo e ou negando a dignidade de vida ao seu irmão e semelhante. Pois estas pessoas apenas têm uma opção: proteger suas vidas em outro país uma vez que o seu não mais garante a mínima proteção e os direitos básicos de vida. Em outras palavras, o refúgio já é muito antigo e vem acompanhado do sentimento de dor. Isso porque, quando uma pessoa é forçada a deixar a sua pátria, ela carrega consigo o sentimento de dor e o desejo de regressar. Muito bem foi definido por Eurípedes, 431 a.C.: "Não tem maior dor no mundo que a perda da sua terra natal".
IHU On-Line - Quais são as principais causas que fazem as pessoas abandonarem seus países de origem?
Paulo Welter - As principais causas são provenientes quando o Estado não dá ou já não consegue mais dar proteção ao seu povo. Geralmente, originados nos países por conflitos internos, tais como guerra, perseguição política, racial, de gênero, fome e por desastre da natureza.
IHU On-Line - Trata-se de um problema político internacional?
Paulo Welter - Nem sempre podemos dizer se tratar de um problema político internacional, pois os países ricos e influentes no mundo restringem a entrada de refugiados e tratam as pessoas como não globalizadas. Eles apenas têm interesse nos lucros e nos negócios internacionais. Normalmente, os países que "produzem" refugiados são proprietários de riquezas naturais, tendo um governo politicamente sem capacidade de gerir suas riquezas, seu povo, além de serem pouco democráticos. Nesse contexto, os países influentes no mundo conseguem dominar e explorar as riquezas dos países subdesenvolvidos ou mesmo miseráveis. A comunidade internacional, através da ONU e de outras organizações, vem há muitos anos desenvolvendo projetos de ajuda humanitária. Graças a Deus que existem tais organizações.
IHU On-Line - É possível estimar a atual população de refugiados no mundo? Em quais países eles mais se concentram?
Paulo Welter - Talvez seja necessário fazer uma pesquisa sobre a população atual de refugiados no mundo. África é o continente com mais refugiados e deslocados internos. Depois vem a região da Síria e Ásia.
Normalmente, deslocados internos também são tratados como refugiados, o que eleva este número. No aspecto legal e jurídico, apenas pode ser chamado refugiado aquele que é beneficiário do Estatuto de Refugiado. Isso porque um requerente de asilo é uma pessoa com expectativa de se beneficiar deste documento e, certamente, é o requerente de asilo quem mais sofre. Isso acontece devido ao fato de que ele está chegando a um novo país e lhe falta tudo: alimentação, moradia, dignidade. Necessita se adaptar a uma nova cultura, língua e legislação de outro país, sem acesso à saúde e à educação dos seus filhos. Além do mais, vivendo momentos difíceis de adaptação e muitas vezes sendo vítimas dos abusos e desrespeito da sua dignidade. Em outras palavras, precisa ser um herói para sobreviver.
Uma vez beneficiário do Estatuto de Refugiado, a vida começa a melhorar por serem portadores de documentos, podendo iniciar uma vida nova. Psicologicamente, sentem-se melhores acolhidos e, assim, se integram no país de acolhimento. Contudo, os refugiados historicamente, e ainda hoje, continuam sendo vistos como uma massa sobrante de pessoas em qualquer parte do mundo. É uma verdade e uma realidade que não podemos esconder e sim trabalhar cada vez mais para que todas as classes sociais da sociedade tomem conhecimento, e que um dia um novo horizonte venha a despontar na vida das pessoas refugiadas. Esperamos que um dia tudo isso seja passageiro, mantendo viva sempre a chama do retorno ao seu país, ou então a integração definitiva no país de acolhimento.
IHU On-Line - Como é desenvolvido o Serviço Jesuíta aos Refugiados no mundo?
Paulo Welter - O Serviço Jesuíta aos Refugiados - (JRS, a sigla em inglês) é desenvolvido através de seu Escritório Internacional com sede em Roma, e mais 10 Escritórios Regionais (África = 5; Ásia = 2; Europa = 1; América = 2) e com Escritórios Nacionais em 50 países.
O JRS foi fundado em novembro de 1980 pelo superior Geral dos Jesuítas, Pe. Pedro Arrupe, como sendo uma organização internacional da Igreja Católica. Tem como missão acompanhar, servir e defender as pessoas deslocadas internamente, em particular os refugiados. Segue os princípios da missão dos jesuítas no mundo de promover a justiça, o diálogo com outras culturas e religiões.
IHU On-Line - Qual o papel das Igrejas para com os refugiados, repatriados e deslocados?
Paulo Welter - As Igrejas vêm, ao longo de muitos anos, auxiliando no acolhimento dos refugiados e imigrantes, pois uma das maiores dificuldades que estas pessoas enfrentam é o acolhimento, e, logo em seguida, dificuldades de fazer os encaminhamentos junto às autoridades do governo para conseguir seus documentos. Devido ao medo e à insegurança, sem conhecer primeiramente ninguém, são nas Igrejas que tais pesssoas estabelecem o primeiro vínculo de confiança.
Em suas trajetórias de fuga, alguns chegaram ao seu destino e encontram em Deus a força e a segurança para continuar acreditar em dias melhores. Por mais que alguém se diga ateu, na hora do perigo, se lembra de um ser superior chamado Deus. Também as Igrejas dão muita credibilidade, e com mais facilidade é possível promover campanhas de ajuda. As Igrejas têm boas lideranças que se colocam à disposição para ajudar nos serviços de acolhimento. Por parte do governo, esse processo sempre é mais demorado, e são as Igrejas que iniciam e promovem a rede de solidariedade.
IHU On-Line - Como o tema é abordado pela comunidade internacional? Em que países a situação dos refugiados é mais complicada?
Paulo Welter - A comunidade internacional, através da ONU e especialmente pelo Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados - ACNUR, trata estes temas com muita seriedade, pois afetam a segurança mundial. Ela procura manter o controle sobre as crises humanitárias no mundo.
Os países mais complicados no momento me parecem ser os do Oriente Médio, como a Síria, e na África, o leste da República Democrática do Congo, na região do Kivu Norte.
IHU On-Line - Como podemos perceber o "rótulo" de refugiado em tempos de globalização?
Paulo Welter - No mundo globalizado jamais será possível entender a existência de pessoas refugiadas. Falta globalizar o ser humano. Mas isso será muito difícil, uma vez que, nesse processo de globalização, faltam valores éticos necessários no relacionamento de respeito entre as pessoas. Parece-me ser muito difícil a globalização sem valores humanos e sem união entre as pessoas. Assim sendo, o "rótulo" continuará nas pessoas refugiadas, muitas vezes vistas e reconhecidas como sem valor, como a massa sobrante da sociedade. Devemos nos preocupar em mudar este tratamento e proporcionar aos refugiados dignidade como pessoas com valores. Certamente eles têm muito para contribuir com seus conhecimentos e cultura no país de acolhida. Tudo isso é um processo que deverá constantemente ser tratado por parte das autoridades, agentes e pessoas que se dedicam à causa dos refugiados no sentido de fazer com que a sociedade mude o seu procedimento ou o comportamento em relação aos refugiados, atribuindo-lhes valores. Se um dia isso acontecer, poderíamos dizer que a humanidade e os povos estão globalizados.
IHU On-Line - Como foi sua experiência no Serviço Jesuíta aos Refugiados em Angola?
Paulo Welter - O trabalho em Angola e com o JRS foi muito marcante na minha vida; com ele aprendi a ser mais solidário e a partilhar a vida. Encontrei pessoas boas, próximas e amigas. Sempre fui bem tratado por todos e pelas autoridades do governo de Angola. Em poucas palavras, posso afirmar que foram seis anos especiais em minha. Conheci um pouco do continente africano, sua cultura e seu povo. Guardo com muito carinho todas as pessoas com quem partilhei a vida. Apenas sei que Angola e África marcaram a minha vida e sou grato por esta oportunidade que tive.
IHU On-Line - Qual a atual situação dos refugiados na Angola?
Paulo Welter - Angola tem uma história muito interessante em relação aos refugiados. Em primeiro lugar, mesmo durante os anos de guerra civil, proporcionou acolhimento e refúgio para inúmeros africanos de outros países, como do Congo, Ruanda, Costa do Marfim, Serra Leoa e outros.
Outro fator positivo é que em Angola os refugiados não foram colocados em campos de refugiados, e sim foram integrados na sociedade angolana. Em alguns casos foram criadas comunidades de refugiados, mas livres e abertas, sem controle, o que ocorre nos campos de refugiados. Isso dá mais dignidade a eles e ajuda na integração no novo país.
Brasil e Angola
Com a vinda da paz definitiva em 2002, Angola está avançado muito na questão de legislação e documentação para os refugiados, buscando integrar os que escolhem seu território como local para refúgio. Ele tem proporcionado acesso à saúde, à escola, à documentação. Dentro das suas possibilidades, oferece vida digna. Em Angola a língua oficial é o português e seu povo pode ser considerado "primo" dos brasileiros. Brasil e Angola mantêm constante troca de experiências sobre como melhorar a legislação e o tratamento dos refugiados. Ele é um exemplo para muitos países africanos referente ao acolhimento e refúgio, e vem se destacando como um país de refência em relaçãos aos refugiados no continente africano.
O Serviço Jesuíta aos Refugiados - JRS continua a sua missão em Angola e oferece diversas atividades de formação, educação, microcrédito, atividades contra a violência, assessoria jurídica etc. Todas elas são desenvolvidas em parceria com o ACNUR, com outras ONGs e com o governo local. O JRS é considerado uma referência muito importante para os requerentes de asilo, refugiados e autoridades.
IHU On-Line - Com seu retorno ao Brasil, como surgiu a ideia de criar o Projeto Pró-Haiti?
Paulo Welter - A criação do Projeto Pró-Haiti surgiu a partir do grande número de imigrantes haitianos que vinha chegado a cada semana de Tabatinga para Manaus, na Igreja São Geraldo. Esta migração se deu logo após o terremoto em 2010, e a Pastoral do Migrante da Arquidiocese de Manaus, sob a coordenação das irmãs scalabrinianas e dos padres scalabrinianos da Igreja São Geraldo - auxiliados por outras congregações religiosas e o povo amazonense -, prestou os primeiros atendimentos de acolhimento, o que incluía principalmente alimentação e moradia. Quero ressaltar o importante trabalho das autoridades do governo que proporcionaram a documentação, como o CPF e a Carteira de Trabalho. Destacaram-se a Polícia Federal e o Ministério do Trabalho. Logo que os haitianos tinham sua documentação, muitas empresas contrataram de imediato esta mão de obra, principalmente na construção civil na cidade de Manaus. Em seguida despertou o interesse de muitos empregadores de São Paulo e do sul do Brasil, que contrataram trabalhadores haitianos.
Pró-Haiti
Como a demanda era muito grande e a Igreja São Geraldo não conseguia vencer todos os atendimentos, os jesuítas resolveram somar forças e criaram o projeto Pró-Haiti em fevereiro de 2012. Até esta data os jesuítas na região amazônica não tinham quase nenhuma participação concreta. Eu pessoalmente participava das reuniões da Pastoral do Migrante e pouco poderia fazer de concreto por parte dos jesuítas, uma vez que falta definir o que e como integraríamos a "rede de solidariedade em favor dos imigrantes haitianos" na região amazônica e Brasil.
Após uma reunião, ficou estabelecido que o Pró Haiti auxiliaria não no acolhimento, mas sim na área profissional e no encaminhamento da documentação junto às autoridades, oferecendo aulas de português, assessoria jurídica, artesanato, banda de música, tradução de crioulo para português. Este último era particularmente necessário porque poucos haitianos falavam ou entendiam português.
Portanto, foi assim que surgiu o projeto Pró Haiti: para somar forças e prestar um trabalho profissional e específico. A equipe é integrada com pessoas qualificadas em atender às necessidades dos haitianos, e se tornou um espaço de encontro e partilha dos seus sofrimentos e anseios de vencer na vida.
IHU On-Line - Como tem sido a aceitação do projeto por parte da Igreja e que tipo de apoio tem recebido dela?
Paulo Welter - O projeto Pró-Haiti, por parte da Igreja Católica e outras Igrejas, foi e continua sendo um projeto de respeito por conduzir de forma profissional, ética e transparente as suas atividades e missão. Para isso, é fundamental ter uma equipe com a devida qualificação e que faça o trabalho com amor e compaixão, ou seja, sempre se colocando nos sapatos do haitiano que está longe de sua terra natal e necessita de pessoas que realmente orientem de acordo com a legislação brasileira. A Igreja Católica, através da Caritas, dos scalabrinianos, dos capuchinhos e de outras congregações de freiras, demostrou o melhor carinho por este projeto.
A Igreja de Manaus proporciou apoio financeiro através da Caritas Diocesana e dos jesuítas do sul do Brasil. O superior geral dos Jesuítas, sediado em Roma, também proporcionou ajuda financeira. Igualmente recebemos mais apoio de um doador espontâneo, de São Paulo, e um de um grupo de italianos, que fizeram campanhas de roupas e enviaram alguns valores.
IHU On-Line - Qual o significado desse trabalho para os imigrantes, que muitas vezes chegam aqui no Brasil sem perspectivas e sofrem muita discriminação?
Paulo Welter - Esta pergunta deveria ser respondida por algum haitiano. Mas sei o que os haitianos partilharam no Escritório do Pró-Haiti. Vinham e agradeciam pela assistência recebida e afirmaram inúmeras vezes que não saberiam como seria a vida deles se não tivessem recebido o apoio jurídico e o auxílio para o encaminhamento de seus documentos. O Pró-Haiti se tornou um segundo lar para eles. Um lugar para partilhar a vida e resolver os problemas de forma profissional nas mais diversas áreas. Encontram sempre no Pró-Haiti um ombro amigo e seguro.
IHU On-Line - Três anos depois do terremoto que atingiu o Haiti, como o senhor vê a postura do Brasil em relação aos imigrantes?
Paulo Welter - O Brasil, como mais alguns países, tem uma postura positiva e inovadora em relação aos imigrantes haitianos, vítimas do terremoto. O Brasil foi obrigado a atender uma demanda de imigrantes haitianos sem a devida legislação. Os haitianos simplesmente resolveram migrar para Brasil de diversas formas, em busca de melhores condições de vida. Tabantinga e Manaus foram as cidades que mais receberam haitianos no país, seguidas de Brasileia, no Acre.
O Ministério da Justiça, através do Conare, da Polícia Federal e do Ministério do Trabalho e Emprego, encontrou uma solução importante no sentido de proporcionar a documentação necessária para que os haitianos vivessem e trabalhassem legalmente no Brasil; isso se deu mediante o visto humanitário. Está decisão possibilitou a contratação de muitos imigrantes, gerando oportunidade para eles e para as empresas.
IHU On-Line - O senhor trabalhou com os haitianos que chegaram ao país nos últimos dois anos, através do projeto Pró-Haiti. Como ocorreu o ingresso deles no Brasil e o que relatam sobre a atual situação do seu país de origem?
Paulo Welter - Inicialmente, o ingresso dos imigrantes haitianos no Brasil foi quase todo feito de forma ilegal. Mas eles se apresentaram às autoridades solicitando o refúgio. Num primeiro momento, as autoridades brasileiras não estavam preparadas e tampouco havia uma legislação que orientasse a Polícia Federal como proceder. A grande dúvida era se classificavam os haitianos como refugiados ou imigrantes.
Em janeiro de 2012, o Ministério da Justiça resolveu legalizar todos os haitianos que estavam no Brasil, na intenção de impedir o tráfico de pessoas através de redes organizadas internacionalmente. Mesmo assim, continuaram entrando haitianos em Brasileia, no Acre, e Tabatinga, no Amazonas. O Brasil novamente cedeu, em virtude da ajuda humanitária, e legalizou estes imigrantes haitianos. Os vistos aos haitianos que desejam migrar para o Brasil são concedidos somente pela Embaixada do Brasil no Haiti, com um limite de 100 vistos por mês. No momento, esta regra também já não é mais considerada, e os vistos podem ser superiores a 100 por mês e tais adaptações se fazem necessários na legislação.
IHU On-Line - Muitos haitianos, após chegarem ao Amazonas e Acre, imigraram para outros estados, entre eles o Rio Grande do Sul. Qual a situação deles no estado e em que regiões estão localizados?
Paulo Welter - Os haitianos, após terem sua documentação para trabalhar, migraram para outras regiões do Brasil. Entre estas se destacam São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
No Rio Grande do Sul, podemos encontrar haitianos quase em todas as cidades, graças à divulgação dos meios de comunicação, que despertaram a sensibilidade e o interesse de empresas do sul. No estado, os haitianos moram em Estrela, Lajeado, Encantado, Marau, Paraí. Há um bom número de imigrantes trabalhando em diversas outras cidades da serra gaúcha, como também em Sarandi, Igrejinha e Gravataí. É importante destacar ainda que o Rio Grande do Sul deu um passo importante através do governo, no sentido de criar o Fórum Permanente no final do ano de 2012, que envolve a sociedade civil e o governo.
IHU On-Line - Quais os desafios para pensar a questão dos imigrantes e dos refugiados nos dias de hoje?
Paulo Welter - A vida é feita de desafios e buscas de melhores condições para se viver. Para os imigrantes e refugiados estes desafios sempre são urgentes e quase imediatos, pois a vida está em perigo e precisam encontrar uma solução. As organizações internacionais e nacionais apontam como desafio a possibilidade de proporcionar soluções duradouras e projetos que ofereçam oportunidades aos migrantes e refugiados. Dar comida é algo imediato e, em muitos casos, é disso o que mais necessitam tais pessoas. Mas não se pode dar comida por muito tempo, especialmente quando a demanda é grande. Encontrar atividades e projetos com soluções duradoras é, portanto, o grande desafio.
IHU On-Line - Qual a relação entre direitos humanos e refugiados? O que diz a legislação internacional para com as populações de refugiados e repatriados?
Paulo Welter - Os direitos humanos e refugiados têm uma relação muito próxima, pois a vida de seres humanos, no caso os refugiados, tem seus princípios fundamentais violados ou ameaçados.
A legislação internacional é clara em relação aos refugiados e repatriados. Podemos afirmar que ela foi bem elaborada. Porém, difícil é cumprir esta legislação. Sempre se depende de muitos outros fatores não previstos nela, tais como o afeto à sua família e à pátria, imprevistos e novos conflitos, a questão financeira, o acesso à terra, ao trabalho, à documentação etc. Por isso os envolvidos que trabalham diretamente com uma população refugiada precisam ter qualificação para trabalhar de maneira criativa, atendendo às necessidades dos refugiados e repatriados.
IHU On-Line - Deseja acrescentar algo?
Paulo Welter - Com o expressivo número de haitianos no sul do Brasil, e a necessidade constante de renovação de seus passaportes, eles precisam de orientações concretas sobre encaminhamentos de documentos via consulado e ou Embaixada. É preciso defender seus direitos e proporcionar uma vida mais digna e segura.
Na cidade de Feliz foi atropelado um haitiano que morreu na hora ao ser atingido por um motorista brasileiro bêbado. Ele foi enterrado em Feliz, mas quem acompanha seus dois filhos no Haiti e o processo de crime no Brasil? Como fica tudo isso? A maioria dos haitianos homens que está no Brasil deixou sua esposa e filhos no país de origem, e agora desejam fazer a unificação familiar, direito previsto aos haitianos na legislação. Todavia, não há assistência e os encaminhamentos são feitos em São Paulo ou Brasília. Por isso, proponho que, urgentemente, seja instalado no Rio Grande do Sul um subescritório consular do Haiti para atender à demanda dos imigrantes que vivem aqui.
Por último, foi e continua sendo muito bom poder ajudar os imigrantes haitianos no Brasil, e gostaria de agradecer a todas as pessoas e empresas que ajudam, formando assim uma grande rede de solidariedade e proporcionando dignidade ao povo haitiano.
Fonte: www.ihu.unisinos.br
Mensagem do dia
 
Sexta-Feira, 18 de janeiro 2013
Ressuscita-nos, Senhor Jesus Reze, agora, agradecendo a Jesus pelo grande presente que nos deixou: a Eucaristia.

"Obrigado, Senhor, pela oportunidade que tenho diariamente de receber-Te na comunhão e assim receber tantas graças de que necessito, especialmente a de vencer a tentação e o pecado. Creio que serei vitorioso usando esse poderoso remédio que é a Eucaristia.

Dá-me, Senhor, deste Pão, para que eu possa ser curado e ressuscitado, conforme a promessa que está em Tua Palavra: 'Aquele que come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele, e eu o ressuscitarei' (Jo 6,54.56). Ressuscita-me, Senhor Jesus. Amém!"

Deus o abençoe!

Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova
FONTE: Canção Nova

Somos todos políticos

Tudo que possuímos vem como herança ou conquista. Infelizmente somos herdeiros de uma política autoritária, do período colonial até nossos dias. A educação política faz a massa acreditar que ela tem que ser dirigida por uma classe de ricos que se fazem dirigentes de uma maioria, esta "sem condições" de lutar por seus direitos. Pois, acreditam que seus direitos vem como uma dádiva de quem está no poder. Nesse sentido se perpetua o poder de poucos. É a política da espetacularização.
Por outro lado, a política pode ser vista como instrumento a ser conquistado por todos. Um instrumento democrático, e através desse instrumento se reconheça e respeite as diferenças. Por enquanto, o abismo que separa pobres e ricos continua se aprofundando cada vez mais.
(Carlos:Fé e Luz)  
 
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quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

VATICANO - Os Agentes pastorais assassinados no ano de 2012

Cidade do Vaticano (Agência Fides) – Como sempre, no final do ano, a Agência Fides publica a lista dos agentes pastorais que perderam a vida de modo violento ao longo dos últimos 12 meses. Segundo os nossos dados, foram assassinados 12 agentes pastorais em 2012, quase todos sacerdotes. Trata-se, de fato, de 10 sacerdotes, uma religiosa e uma leiga.
Pelo quarto ano consecutivo, com um número mais elevado de agentes pastorais assassinados, consta em primeiro lugar a AMÉRICA, banhada pelo sangue de seis sacerdotes. Segue a ÁFRICA, onde foram mortos três sacerdotes e 1 leiga. Na ÁSIA, foram assassinados 1 sacerdote e uma leiga.
(Fonte: Agência Fides)

Índia: Luta ao tráfico de seres humanos em Orissa: prioridade no Ano da Fé

17/01/2013 | Agência Fides
Uma luta firme contra o tráfico de seres humanos, que atinge, sobretudo, as comunidades mais pobres de Orissa, como as cristãs; iniciativas para garantir a segurança alimentar da população: estas são as atividades promovidas por uma rede de apostolado formada pelas congregações religiosas presentes no estado de Orissa para o Ano da Fé. Como apurado pela Agência Fides, a rede acolhe outras confissões cristãs, ONGs, grupos de auto-ajuda, equipes diocesanas de assistência social e estudantes. A rede identificou duas emergências atuais na sociedade de Orissa, estado do leste da Índia palco de massacres anticristãos em 2008. A primeira é o tráfico de seres humanos, que atinge principalmente mulheres e crianças; a segunda é a insegurança alimentar: as famílias não têm a certeza de poder se sustentar com o mínimo cotidiano necessário à sua sobrevivência.
Dentre os religiosos católicos engajados na rede estão também os Franciscanos Capuchinhos (OFM Cap), os Verbitas (SVD), as Irmãs Clarissas Franciscanas (FCC), as Irmãs do Espírito Santo. A equipe é liderada por pe. Nithiya Sagayam OFM. Cap, responsável pelo Centro "Justiça e Paz" dos Capuchinhos e Secretário do Escritório para o Desenvolvimento Humano da Federação das Conferências Episcopais da Ásia (FABC). O franciscano sublinhou à Fides "a opção pelos pobres como tema especial para as comunidades que vivem em Orissa o Ano da Fé".
Os pobres são em grande parte tribais, dalits e habitantes das áreas rurais e favelas. "Uma das formas modernas de escravidão, ou seja, o tráfico de seres humanos, está destruindo o tecido social da sociedade em Orissa e paralisando o desenvolvimento econômico, social e cultural do povo" - afirma a rede, em nota enviada à Fides. A venda de crianças, a prostituição infantil, o trabalho forçado, o tráfico de pessoas e de órgãos são comuns. Os traficantes recrutam, transferem e detêm pessoas por meio de ameaças, chantagens, seqüestros, enganos, abusos de poder e vulnerabilidade. Para responder eficazmente a estas violações de direitos humanos, "precisamos construir um movimento através de uma intensa rede de funcionários do governo, advogados, policiais, líderes religiosos, animadores e professores" - destaca pe. Nithiya à Fides.
A rede propõe um texto com "os dez mandamentos contra o tráfico de seres humanos", para ser difundido amplamente, através de panfletos nas aldeias, instituições, paróquias, templos, escolas e outros locais públicos, aos líderes dos povoados e pessoas comuns oferecendo um guia útil para proteger todas as potenciais vítimas do tráfico. Um relatório sobre a questão será enviado nos próximos meses para as autoridades políticas e judiciárias, propondo um concreto plano de ação. Os religiosos também lançaram iniciativas de cooperação e formação para garantir a segurança alimentar ao povo de Orissa.
Fonte: www.fides.org