sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

O culto dos Santos e a estima de suas relíquias são contestadas pelos protestantes; eles julgam haver nisto graves desvios doutrinários, que atribuem à Tradição católica. Mas essa prática é plenamente justificada pela Tradição cristã mais antiga, apoiada na Bíblia, desde o Antigo Testamento.
Com a certeza de que os Santos já estão no Céu, a Igreja, sempre assistida pelo Espírito Santo (cf Jo 16, 12-13), já nos seus primeiros tempos, começou a prestar veneração particular àqueles falecidos que tiveram uma vida confessando Jesus Cristo, especialmente pelo martírio.
O culto de veneração (não de adoração) dos Santos foi até o século XVI prática tranquila e óbvia entre os cristãos. Note bem, durante dezesseis séculos não houve contestação a esta prática. O Concílio de Trento (1545-1563) confirmou a validade e importância deste culto, ao mesmo tempo que ensinou a evitar abusos e mal-entendidos muitas vezes enraizados na religiosidade popular. Também o Concílio do Vaticano II (1963-65) reiterou esta doutrina, mostrando o aspecto cristocêntrico e teocêntrico do culto aos santos.
A comunhão entre os membros do povo de Deus não é extinta com a morte; ao contrário, o amor fraterno é liberto de falhas devidas ao pecado na outra vida, o que faz esta união mais forte. Deus, que gera esta comunhão, proporciona aos Santos no céu o conhecimento de nossas necessidades para que eles possam interceder por nós, como intercederiam se estivessem na Terra. Santa Terezinha do Menino Jesus, dizia que “passaria a sua vida na Terra”; isto é, viveria o Céu intercedendo pelos da Terra. São Domingos de Gusmão, fundador dos Dominicanos, ao morrer dizia a seus frades que no Céu ele lhes seria mais útil do que na Terra.
Uma das orações eucarísticas da santa Missa diz que “os Santos intercedem no Céu por nós diante de Deus, sem cessar.” Que maravilha!
Esta intercessão leva-nos mais a fundo dentro do plano de Deus, porque promove a glória de Deus e o louvor de Jesus Cristo, uma vez que os Santos são “obras-primas” de Cristo, que nos levam, por suas preces e seus exemplos, a reconhecer melhor a grandeza da nossa Redenção.
O culto aos Santos tem ao menos três sentidos profundos:
1 – dá glória a Deus, de quem os Santos são obras primas de sua graça; são Santos pela graça de Deus.
2 – suplicam a eles a sua intercessão por nós e pela Igreja;
3 – mostram-nos os Santos como modelos de vida a serem imitados uma vez que amaram e serviram a Deus perfeitamente.
É entranhada na teologia católica a devoção aos Santos. Ela surge de uma perfeita compreensão do plano salvífico de Deus, especialmente quando se refere à Virgem Maria, Mãe de Deus e Mãe dos homens (cf. Jo 19,25-27).
Prof. Felipe Aquino

Padre comenta ações e dificuldades da iniciação à vida cristã

Jéssica Marçal
Da Redação


Fonte: Canção Nova
'Nós, como Igreja, nunca teremos condições de iniciar adequadamente ninguém na fé se nós não contarmos com a família', diz padre Fábio
A Igreja no Brasil está preocupada com a iniciação dos fiéis à vida cristã. Essa é uma das cinco urgências da ação evangelizadora no país, traçadas nas diretrizes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.

O documento que contém essas diretrizes da CNBB lembra, citando o documento de Aparecida, que "a iniciação cristã não se esgota na preparação aos sacramentos do Batismo, Crisma e Eucaristia. Ela se refere à adesão a Jesus Cristo. Esta adesão deve ser feita pela primeira vez, mas refeita, fortalecida e ratificada tantas vezes quantas o cotidiano exigir".

O assessor da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética da diocese de Taubaté (SP), padre Fábio dos Santos Modesto, destacou que a família tem papel fundamental nessa iniciação cristã, uma vez que é a "Igreja doméstica", como dizia o Papa, hoje beato, João Paulo II. Mas no contexto social de hoje, padre Fábio lembrou que a família tem terceirizado quase tudo com relação à educação dos filhos e isso tem acontecido também com a fé.

"Nós, como Igreja, nunca teremos condições de iniciar adequadamente ninguém na fé se nós não contarmos com a família. Sem essa estrutura familiar e sem a preocupação da família com que seus filhos tenham fé, conheçam o conteúdo da fé, nós, enquanto Igreja, vamos continuar oferecendo simplesmente alguma pedagogia, instrução religiosa, mas iniciação à fé vai ser um trabalho bem insipiente".

Mas se existe uma verdadeira família por trás do cristão, padre Fábio explicou que o papel da Igreja fica bem mais fácil, uma vez que terá, simplesmente, que utilizar métodos para organizar os conteúdos de fé.

O padre lembrou que, ao instituir o Ano da Fé, o Papa Bento XVI propõe que aconteça uma redescoberta da fé em seus conteúdos. Padre Fábio afirmou que hoje muitos católicos estão mal acostumados a pensarem que ter fé é ter um sentimento, uma comoção que o faz acreditar em alguma coisa, mas a fé da Igreja não é acreditar em qualquer coisa.

"A fé da Igreja tem conteúdo, então são esses conteúdos da fé que a Igreja vai organizar no trabalho catequético, sem nunca esquecer a mistagogia, porque nós precisamos continuar rezando, sentindo e nos comovendo, mas se as pessoas vêm até nós já tendo base, é muito mais simples”.

Porém, a mistagogia, ou seja, espiritualidade na catequese, conforme pontuou o sacerdote, não exclui a preocupação com os métodos, com as dinâmicas, principalmente tendo em vista a necessidade de uma linguagem renovada na Igreja. "É lógico que nós pedimos que os catequistas estejam antenados com a realidade, o Concílio Vaticano II nos diz que a nossa obrigação é sermos dóceis aos sinais dos tempos”.

Dificuldades

A linguagem já constitui uma das dificuldades encontradas para catequizar crianças e jovens hoje. Mas quanto a isso, o padre lembrou a postura do próprio Papa Bento XVI, que apesar de sua idade tem muita preocupação com os jovens, com a linguagem deles, em falar com eles. Um exemplo disso foi o lançamento do YouCat, que é o Catecismo da Igreja Católica direcionado especificamente para os jovens.

Além da linguagem, padre Fábio citou como dificuldades a conjuntura familiar e social, o desinteresse do jovem pela Igreja e a diferença de mentalidade, o paradigma no qual os jovens estão inseridos.

Ele lembrou que a Igreja fala de e instrui para valores perenes, mas a sociedade insiste naquilo que é mais volátil, de forma que esses chamados “contra-valores” da sociedade parecem ser mais interessantes a essa fase do ser humano, que é a infância, a juventude.

“Nós temos uma grande dificuldade de falar de perenidade, de moral, de ética. Então os desafios são imensos e variados, mas não significa que seja impossível”, finalizou.

O EVANGELHO É A BOA NOVA

Jesus é a boa notícia para os mais pobres. Era grande a multidão que se aproximava dele porque sabia em quem confiava. Ele transmitia a verdadeira confiança e sempre estendeu as mãos para os mais pobres. A multidão em torno de Jesus é o reconhecimento da verdade, justiça e amor. 
Uma pessoa que contraía a lepra era totalmente excluída da sociedade. Ninguém chegava perto. Porém, Jesus vai ao encontro dos mais necessitados para salvá-los e introduzí-los na vida da comunidade. "Vai, porém, mostra-te ao sacerdote, e oferece por tua purificação conforme prescreveu Moisés, para que lhe sirva de prova"(Lc 5,14). 
Quem são os mais necessitados, os doentes de nossa comunidade? Que podemos fazer para acolhê-los na comunidade? Essa é a proposta do Evangelho.
"O Ano da Fé é convite para uma autêntica e renovada conversão ao Senhor, único Salvador do mundo" (Catecismo Jovem)

EDUCAÇÃO CRISTÃ

Como deve ser a educação cristã?
"A educação cristã deve ser integral, quer dizer, deve compreender a totalidade dos deveres. Deve-se, pois, fazer nascer e fortificar nos cristãos, a consciência de terem de exercer cristãmente as atividades de natureza econômica e social"(Mater et Magistra).


Basta fazer despertar e formar a consciência da obrigação de proceder cristãmente no campo econômico e social?
"A educação deve pretender, também, ensinar o método que torne possível o cumprimento dessa obrigação"(Mater et Magistra).

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Reflexão com Padre Paulo Henrique

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Naquele Menino, o Filho de Deus contemplado no Natal, podemos reconhecer, não somente a face de Deus, mas a verdadeira face do ser humano. 
PARCERIA FAMÍLIA-ESCOLA: A IMPORTÂNCIA DOS LIMITES E DA EDUCAÇÃO EM VALORES



Juntar as competências da família e da escola faz com que crianças e jovens se desenvolvam bem. Mais do que as cobranças e as críticas que as famílias fazem das escolas e vice-versa, é importante fazer essa integração da equipe escolar com a “equipe familiar” para que os pequenos momentos do cotidiano possam ser aproveitados para a prática da educação em valores fundamentais (respeito, gentileza, solidariedade, cooperação, entre outros) e para a colocação dos limites indispensáveis para encarar os desafios do desenvolvimento.
O principal desafio é passar da lei do desejo para a lei do consenso (“nem sempre posso fazer o que quero na hora em que eu tenho vontade ou do jeito que eu quiser”). Para que isso aconteça, é preciso desenvolver o controle da impulsividade (da raiva e do desejo), que possibilitará a autorregulação (por exemplo, distribuir o tempo dedicado aos deveres e aos prazeres) e a administração da raiva (“aprender a tomar conta da raiva para que ela não tome conta da gente”). Os desafios do desenvolvimento incluem também a percepção do outro (não somos o centro do mundo, os outros também existem e, com eles, precisamos fazer “acordos de bom convívio”). Por fim, a percepção de que “quando aprendemos a tomar conta de nós mesmos, ninguém precisa ficar mandando na gente” marca o caminho que vai da dependência quase total da criancinha para a autonomia e a contribuição recíproca dos vínculos maduros.
Limites claros, coerentes e consistentes, na família e na escola, são indispensáveis para o bom desenvolvimento emocional e para a inteligência dos relacionamentos. Isto significa trabalhar com a criança a descoberta de possibilidades (“Isso que você quer fazer agora não pode, mas vamos descobrir o que pode?” “Como você pode mostrar que ficou com raiva do seu amigo sem bater nele?”). Quando os limites não são respeitados, precisam gerar consequências cabíveis, caso contrário, a credibilidade da palavra enfraquece. Comunicação é palavra, expressão corporal e ação: quando esses três aspectos se integram, enviamos mensagens coerentes, mas quando se desencontram, é a palavra que perde o poder. É missão impossível educar crianças quando não contamos com o poder da nossa palavra.
Há um ditado inglês que ensina que “não devemos jogar fora o bebê junto com a água do banho”: por medo de serem autoritários, muitos pais não  exercem autoridade e afirmam que não conseguem dizer “não” aos filhos. Tentam delegar essa tarefa para a escola, sem perceber que os limites são essenciais nos dois contextos em que as crianças desenvolvem diferentes tipos de vínculo (na casa e na escola). Pior ainda é quando os pais que não dão os limites necessários se desentendem com os professores que colocam as consequências cabíveis para os comportamentos inaceitáveis ou para as tarefas e “combinados” que não são cumpridos.
É preciso aproveitar as oportunidades do cotidiano para colocar os limites devidos e construir bases sólidas da educação em valores, nessa parceria essencial entre família e escola. É isso que promove o desenvolvimento da inteligência dos relacionamentos.  Ao preparar crianças e jovens para viverem bem  no século XXI, sabemos que competência técnica não é suficiente para  a crescente demanda de conviver  em grupos e trabalhar em equipes: é preciso desenvolver o espírito empreendedor para perceber as oportunidades que se apresentam, aprender a administrar os conflitos que surgem das diferenças entre as pessoas, respeitar a diversidade e ter visão sistêmica. As principais características da inteligência dos relacionamentos são: a capacidade de pensar antes de agir, comunicar-se com clareza, ter empatia, oferecer colaboração, valorizar os vínculos (“ser é mais importante do que ter”). 

(Fonte:Maria Tereza Maldonado)