A Igreja é de todos os povos e culturas, uma polifonia de vozes: Bento XVI na celebração em que criou seis novos cardeais
A Igreja é de todos os povos e é por isso que se exprime nas várias culturas, numa polifonia de vozes: sublinhou o Papa, na celebração do Consistório que teve lugar, neste sábado de manhã, na basílica de São Pedro, para a criação de seis novos cardeais: James Harvey, dos Estados Unidos, novo arcipreste da basílica de São Paulo fora de muros; o Patriarca de Antioquia dos Maronitas, Béchara Boutros Raï, libanês; o arcebispo maior de Trivandrum dos Siro-Malankareses, União Indiana; o arcebispo de Abuja, na Nigéria, John Onauyekan; o arcebispo de Bogotá, Colômbia, Ruben Salazar Gómez; e o arcebispo de Manila, Filipinas, Luís Antonio Tagle
Comentando, na homilia, as palavras do Credo “Creio na Igreja, una, santa, católica e apostólica”, Bento XVI centro sobre o aspeto da catolicidade da Igreja, desenvolveu “algumas considerações” sobre esse “traço essencial da Igreja e da sua missão”.
As notas caraterísticas da Igreja – sublinhou o Papa – correspondem a um desígnio divino. “É Cristo que, pelo Espírito Santo, concede à sua Igreja o ser una, santa, católica e apostólica, e é Ele que a chama a realizar cada uma destas qualidades”.
“a Igreja é católica, porque Cristo, na sua missão de salvação, abraça toda a humanidade. Embora a missão de Jesus na sua vida terrena se tivesse limitado ao povo judeu, «às ovelhas perdidas da casa de Israel» (Mt 15, 24) todavia desde o início estava orientada para levar a todos os povos a luz do Evangelho e fazer entrar todas as nações no Reino de Deus”.
Aludindo ao título de “Filho do Homem”, usado no Livro de Daniel, o Papa sublinhou que esta uma imagem “preanuncia um reino totalmente novo, sustentado não por poderes humanos, mas pelo verdadeiro poder que vem de Deus”.
“Jesus serve-Se desta expressão rica e complexa, aplicando-a a Si mesmo, para manifestar o verdadeiro carácter do seu messianismo, como missão destinada a todos e cada um dos homens, superando todo o particularismo étnico, nacional e religioso.”
E é precisamente seguindo Jesus, deixando-se atrair para dentro da sua humanidade e, portanto, na comunhão com Deus que se entra neste novo reino, que vence toda a fragmentação e dispersão.
“Jesus envia a sua Igreja, não a um grupo, mas à totalidade do género humano para, na fé, o reunir num único povo a fim de o salvar, como justamente se exprime o Concílio Vaticano II na Constituição dogmática Lumen gentium: «Ao novo Povo de Deus todos os homens são chamados. Por isso, este Povo, permanecendo uno e único, deve estender-se a todo o mundo e por todos os séculos, para se cumprir o desígnio da vontade de Deus» (n. 13).
A universalidade da Igreja – fez notar o Papa - deriva da universalidade do único desígnio divino de salvação do mundo. Carácter universal que aparece claramente no dia do Pentecostes, quando o Espírito Santo cumula da sua presença a primeira comunidade cristã, para que o Evangelho se estenda a todas as nações e faça crescer em todos os povos. (RV)