quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Economia de mercado

A economia de mercado não tem por objetivo alimentar sete bilhões de pessoas! Um grave problema social, de solução política.(Dom Mauro Morelli)

Reflexão

Proclamar a República? Bom dia para uma tarefa inacabada. Res Pública muito privatizada; Federação, centralizada! (Dom Mauro Morelli)

Catequese de Bento XVI - Caminhos para conhecer Deus - 14/11/2012

Boletim da Santa Sé
(Tradução: Jéssica Marçal-equipe CN Notícias)


CATEQUESE
Sala Paulo VI
Quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Caros irmãos e irmãs,

Quarta-feira passada refletimos sobre o desejo de Deus que o ser humano traz consigo no profundo de si mesmo. Hoje gostaria de continuar a aprofundar este aspecto meditando brevemente com vocês sobre algumas vias para chegar à consciência de Deus. Gostaria de recordar, no entanto, que a iniciativa de Deus antecede sempre cada iniciativa do homem e, também no caminho para Ele, é Ele primeiro que nos ilumina, nos orienta e nos guia, respeitando sempre a nossa liberdade. E é sempre Ele que nos faz entrar na sua intimidade, revelando-se e doando-nos a graça para poder acolher esta revelação na fé. Não esqueçamos nunca a experiência de Santo Agostinho: não somos nós a possuir a Verdade depois de tê-la procurado, mas é a Verdade que nos procura e nos possui.

Todavia há algumas vias que podem abrir o coração do homem ao conhecimento de Deus, há sinais que conduzem para Deus. Certo, muitas vezes corremos o risco de sermos ofuscados pelo brilho do mundanismo, que nos tornam menos capazes de percorrer tais caminhos ou de ler tais sinais. Deus, porém, não se cansa de procurar-nos, porque nos ama. Esta é uma verdade que deve nos acompanhar cada dia, também se certas mentalidades propagadas tornam mais difícil à Igreja e ao cristão comunicar a alegria do Evangelho a cada criatura e conduzir todos ao encontro com Jesus, único Salvador do mundo. Esta, porém, é a nossa missão, é a missão da Igreja e cada crente deve vivê-la alegremente, sentindo-a como própria, através de uma existência animada verdadeiramente pela fé, marcada pela caridade, pelo serviço a Deus e aos outros, e capaz de irradiar esperança. Esta missão brilha, sobretudo, na santidade à qual todos somos chamados.

Hoje, o sabemos, não faltam dificuldades e provações para a fé, muitas vezes mal compreendida, contestada, rejeitada. São Pedro dizia aos seus cristãos: “Estejam sempre prontos a responder, mas com doçura e respeito, a quem lhe pede a esperança que está em vossos corações”. No passado, no Ocidente, em uma sociedade considerada cristã, a fé era o ambiente em que tudo acontecia; a referência e a adesão a Deus eram, para a maioria das pessoas, parte da vida cotidiana. Pelo contrário, aquele que não acreditava precisava justificar a própria descrença. No nosso mundo, a situação mudou e sempre mais aquele que crê precisa ser capaz de dar razão da sua fé. O Beato João Paulo II, na sua Encíclica Fides et ratio, ressaltava como a fé é colocada à prova também na época contemporânea, atravessada por formas sutis e insidiosas do ateísmo teórico e prático (cfr nn. 46-47). A partir do Iluminismo, a crítica à religião intensificou-se; a história foi marcada também pela presença de sistemas ateus, nos quais Deus era considerado uma mera projeção da alma humana, uma ilusão e o produto de uma sociedade já distorcida por tantas alienações. O século passado conheceu um forte processo de secularismo, em nome da autonomia absoluta do homem, considerado como medidor e artífice da realidade, mas empobrecido do seu ser criatura, “à imagem e semelhança de Deus". Nos nossos tempos, verificou-se um fenômeno particularmente perigoso para a fé: existe, de fato, uma forma de ateísmo que definimos, precisamente, “prático”, no qual não se negam a verdade da fé ou os ritos religiosos, mas simplesmente são considerados irrelevantes para a existência cotidiana, destacados da vida, inúteis. Muitas vezes, então, acredita-se em Deus de modo superficial e se vive “como se Deus não existisse” (etsi Deus non daretur). No final, porém, este modo de viver resulta ainda mais destrutivo, porque leva à indiferença para com a fé e a questão de Deus.

Na realidade, o homem, separado de Deus, é reduzido a uma única dimensão, aquela horizontal, e este reducionismo é uma das causas fundamentais dos totalitarismos que tiveram consequências trágicas no século passado, bem como a crise de valores que vemos na realidade atual. Obscurecendo a referência a Deus, obscureceu-se também o horizonte ético, para deixar espaço ao relativismo e a uma concepção ambígua da liberdade, que em vez de fins libertadores, acaba por amarrar o homem aos ídolos. As tentações que Jesus enfrentou no deserto antes de sua missão pública, representam bem quais ídolos fascinam o homem, quando não vai além de si mesmo. Se Deus perde a centralidade, o homem perde o seu lugar certo, não encontra mais a sua colocação na criação, nas relações com os outros. Não diminui isso que a sabedoria antiga evoca com o mito de Prometeu: o homem acha que pode tornar-se a si mesmo “deus”, mestre da vida e da morte.

Diante deste quadro, a Igreja, fiel ao mandato de Cristo, não cessa nunca de afirmar a verdade sobre o homem e sobre o seu destino. O Concílio Vaticano II afirma sinteticamente: “A maior razão da dignidade do homem consiste em sua vocação à comunhão com Deus. Desde o nascimento, o homem é convidado ao diálogo com Deus: não existiria, na verdade, se não fosse criado pelo amor de Deus, por Ele sempre é conservado por amor, nem vive plenamente segundo a verdade se não O reconhece livremente e não se confia ao seu criador.” (Cost. Gaudium et spes, 19).

Que respostas, então, é chamada a dar a fé, com “doçura e respeito”, ao ateísmo, ao ceticismo, à indiferença para com a dimensão vertical, a fim de que o homem do nosso tempo possa continuar a interrogar-se sobre a existência de Deus e a percorrer os caminhos que conduzem a Ele? Gostaria de mencionar alguns caminhos, que derivam seja da reflexão natural, seja da própria força da fé. Gostaria de resumir para vocês muito sinteticamente em três palavras: o mundo, o homem, a fé.

A primeira: o mundo. Santo Agostinho, que na sua vida procurou longamente a Verdade e foi agarrado pela Verdade, tem uma belíssima e célebre obra, na qual afirma: “Interrogue a beleza da terra, do mar, do ar rarefeito e em toda parte expandida; interrogue a beleza do céu..., interrogue todas estas realidades. Todos te responderão: olhe para nós também e observe como somos belos. A beleza deles é como um hino de louvor. Ora, essas criaturas tão belas, mas mudando, quem as fez se não um que é a beleza de modo imutável?” (Sermo 241, 2: PL 38, 1134). Penso que devemos recuperar e fazer recuperar ao homem de hoje a capacidade de contemplar a criação, a sua beleza, a sua estrutura. O mundo não é um magma disforme, mas quanto mais o conhecemos,  mais descobrimos os surpreendentes mecansimos, mais vemos um projeto, vemos que tem uma inteligência criadora. Albert Einstein disse que nas leis da natureza “revela-se uma razão assim superior que toda a racionalidade do pensamento e das ordens humanas é comparativamente um reflexo absolutamente insignificante” (O Mundo como o vejo eu, Roma 2005). Uma primeira via, então, que conduz à descoberta de Deus é o contemplar com olhos atentos a criação.

A segunda palavra: o homem. Sempre Santo Agostinho, então, tem uma célebre frase na qual diz que Deus é mais íntimo a mim quanto o seja eu a mim mesmo (cfr Confessioni III, 6, 11). Daqui ele formula o convite: “Não ande fora de si, entre em si mesmo: no homem interior habita a verdade” (De vera religione, 39, 72). Este é um outro aspecto que nós corremos o risco de perder no mundo barulhento e distraído em que vivemos: a capacidade de parar e olhar em profundidade para nós mesmos e ler esta sede de infinito que trazemos dentro, que nos impele a andar além e refere-se a Alguém que possa preenchê-la. O Catecismo da Igreja Católica afirma: “Com a sua abertura à verdade e à beleza, com o seu senso de bem moral, com a sua liberdade e a voz do conhecimento, com a sua aspiração ao infinito e à felicidade, o homem se interroga sobre a existência de Deus” (n. 33).

A terceira palavra: a fé. Sobretudo na realidade do nosso tempo, não devemos esquecer que um caminho que conduz ao conhecimento e ao encontro com Deus é o caminho da fé. Quem crê está unido a Deus, está aberto à sua graça, à força da caridade. Assim a sua existência torna-se testemunha não de si mesmo, mas do Ressuscitado, e a sua fé não tem medo de mostrar-se na vida cotidiana, é aberta ao diálogo que exprime profunda amizade para o caminho de cada uma, e sabe abrir luzes de esperança à necessidade de redenção, de felicidade, de futuro. A fé, de fato, é encontro com Deus que fala e opera na história e que converte a nossa vida cotidiana, transformando em nós a mentalidade, juízos de valor, escolhas e ações concretas. Não é ilusão, fuga da realidade, refúgio confortável, sentimentalismo, mas é implicação de toda a vida e é anúncio do Evangelho, Boa Notícia capaz de libertar todos os homens. Um cristão, uma comunidade que seja diligente e fiel ao projeto de Deus que nos amou primeiro, constitui uma via privilegiada para aqueles que estão na indiferença ou na dúvida acerca da sua existência e da sua ação. Isto, porém, pede a cada um para tornar sempre mais transparente o próprio testemunho de fé, purificando a própria vida para que seja conforme Cristo. Hoje muitos têm compreensão limitada da fé cristã, porque a identificam como um mero sistema de crença e de valores e não tanto com a verdade de um Deus revelada na história, desejoso de comunicar com o homem face a face, em um relacionamento de amor com ele. Na realidade, o fundamento de cada doutrina ou valor tem o acontecimento do encontro entre o homem e Deus em Cristo Jesus. O Cristianismo, antes que uma moral ou uma ética, é caso de amor, é o acolher a pessoa de Jesus. Por isto, o cristão e a comunidade cristã devem antes de tudo olhar e fazer olhar para Cristo, verdadeiro caminho que conduz a Deus. Obrigado.

Itália: Cristianismo gerou património «espiritual e ético» que promove o bem comum

Mensagem de Bento XVI evoca 10.º aniversário da visita de João Paulo II ao parlamento transalpino

Cidade do Vaticano, 14 nov 2012 (Ecclesia) – Bento XVI referiu hoje que as raízes cristãs da Itália são uma referência para superar o atual momento de dificuldade criado pela crise económica.
“Este património espiritual e ético pode oferecer sempre, inclusive nos momentos difíceis, os recursos adequados para a renovação das consciências e a orientação para o bem comum”, refere uma mensagem enviada em nome do Papa pelo secretário de Estado do Vaticano aos presidentes do Senado e da Câmara de Deputados da Itália.
O documento assinalou o 10.º aniversário da visita de João Paulo II ao parlamento transalpino, a 14 de novembro de 2002, recordada como “uma página memorável na história das relações entre a Itália e a Santa Sé”.
“A dez anos de distância, num contexto social que se tornou mais duro por causa das consequências da crise económica, é necessário recordar o seu [João Paulo II] convite à inspiração na linfa vital do Cristianismo que anima a identidade social e cultural da Itália”, refere a mensagem.
Bento XVI deixa votos de que “a colaboração constante” entre a Itália e a Santa Sé sirva para “apoiar o caminho da nação, em particular as famílias”, apelando ao “sentido de responsabilidade civil” dos cidadãos.
OC
Reflexão - Lc 17, 20-25
O Evangelho de hoje nos mostra que precisamos reconhecer a presença do Reino de Deus no meio dos homens para que possamos reconhecer a presença de Jesus em nosso meio. E vamos encontrar Jesus presente no meio de nós nos que sofrem, que são rejeitados, que são excluídos da sociedade. A sociedade não quer viver os valores do Reino de Deus e vive do egoísmo, do acúmulo de bens, da busca desenfreada de poder e de prazer, da escravidão dos vícios, etc. Os membros dessa sociedade vivem uma fé superficial, materialista, mesquinha e descompromissada, que faz com que queiram ver Jesus, mas não possam vê-lo, pois não o reconhecem nos pobres e necessitados.
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - todos
Evangelho - Lc 17,20-25
O Reino de Deus está entre vós.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 17,20-25
Naquele tempo:
20Os fariseus perguntaram a Jesus
sobre o momento em que chegaria o Reino de Deus.
Jesus respondeu:
'O Reino de Deus não vem ostensivamente.
21Nem se poderá dizer:
'Está aqui'ou 'Está ali',
porque o Reino de Deus está entre vós.'
22E Jesus disse aos discípulos:
'Dias virão em que desejareis ver
um só dia do Filho do Homem e não podereis ver.
23As pessoas vos dirão:
'Ele está ali'ou 'Ele está aqui'.
Não deveis ir, nem correr atrás.
24Pois, como o relâmpago brilha de um lado até ao outro do céu,
assim também será o Filho do Homem, no seu dia.
25Antes, porém, ele deverá sofrer muito
e ser rejeitado por esta geração.
Palavra da Salvação.

A Palavra de Deus

1ª Leitura - Fm 7-20
Acolhe-o já não como escravo
mas como um irmão querido.
Leitura da Carta de São Paulo a Filêmon 7-20
Carissimo:
7Grande alegria e consolo tive
por causa de tua caridade.
Os corações dos santos foram reanimados por ti, irmão.
8Por este motivo, se bem que tenha plena autoridade
em Cristo para prescrever-te tua obrigação,
9prefiro fazer apenas um apelo à tua caridade.
Eu, Paulo, velho como estou
e agora também prisioneiro de Cristo Jesus,
10faço-te um pedido em favor do meu filho
que fiz nascer para Cristo na prisão, Onésimo.
11Antes, ele era inútil para ti;
agora, ele é valioso para ti e para mim.
12Eu o estou mandando de volta para ti.
Ele é como se fosse o meu próprio coração.
13Gostaria de tê-lo comigo,
a fim de que fosse teu representante para cuidar de mim
nesta prisão, que eu devo ao evangelho.
14Mas, eu não quis fazer nada sem o teu parecer,
para que a tua bondade não seja forçada, mas espontânea.
15Se ele te foi retirado por algum tempo,
talvez seja para que o tenhas de volta para sempre,
16já não como escravo,
mas, muito mais do que isso, como um irmão querido,
muitíssimo querido para mim
quanto mais ele o fôr para ti,
tanto como pessoa humana quanto como irmão no Senhor.
17Assim, se estás em comunhão de fé comigo,
recebe-o como se fosse a mim mesmo.
18Se em alguma coisa te prejudicou
ou se alguma coisa te deve, põe em minha conta.
19Eu, Paulo, de meu punho o escrevo; eu o pagarei,
para não dizer que tu mesmo me deves a própria vida.
20Sim, irmão, deixa que eu te explore no Senhor.
Conforta em Cristo meu coração.
Palavra do Senhor.