domingo, 11 de novembro de 2012

Pnud pede ação ao juntar-se à Coalizão Global para Ar e Clima Limpos

Agência quer evitar "efeitos catastróficos" gerados pelo aquecimento global em todo o mundo.

Foto: Pnuma
Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York.
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Pnud, afirmou que as mudanças climáticas estão ameçando ganhos realizados, com sacrifícios, por governos e cidadãos.
De acordo com a chefe do Pnuma, Helen Clark, quanto mais o mundo espera, mais caros se tornarão os prejuízos e soluções para o problema.
Pobreza
Clark fez a declaração durante uma visita à Universidade Stanford, na Califórnia, onde também foi anunciado que o Pnud passou a integrar a Coalizão Global para Ar e Clima Limpos.
Segundo ela, sem uma ação mais coordenada para combater a mudança climática, será mais difícil reduzir a pobreza.
A chefe do Pnud e ex-primeira-ministra da Nova Zelândia lembrou que os 2,6 bilhões de pessoas mais pobres do mundo serão os piores afetados pelas mudanças do clima.
Para Helen Clark, todos os países podem atuar para combater os piores impactos do aquecimento global enquanto também geram novas indústrias e criam empregos mais sustentáveis.(Rádio ONU)
COMENTÁRIO:
Ar e clima limpo é o grande desejo nosso. Podemos começar por aqui mesmo a nossa reflexão. Ou cuidamos da nossa casa comum ou todos vamos sofrer as piores consequências com o ar poluído. Você já conversou com pessoas que convivem diariamente com a poluição do ar? É triste a realidade vivida por estas pessoas. A qualidade de vida já era!(Carlos)
Minha fé em Deus não passa pela necessidade de milagres e acontecimentos grandiosos. A beleza das coisas criadas me basta.

Os Guarani Kaiowá e as perversidades do senso comum

Renzo Taddei
Colunista do Canal Ibase
Nas últimas semanas recebi uma quantidade impressionante de solicitações, via redes sociais e e-mail, para manifestar meu apoio à causa dos Guarani Kaiowá do Mato Grosso do Sul. Não me lembro, em minha experiência com redes sociais, de ter visto mobilização desse porte. Há pouco mais de uma semana, saiu decisão judicial a favor dos indígenas – ou, para colocar em termos mais precisos, revogando a reintegração de posse da área onde estão. Como atentou gente mais próxima ao movimento indígena, isso por si só não garante quase nada, apenas que violências maiores não sejam cometidas no curto prazo. De qualquer forma, não tive muito tempo para me alegrar com o que parecia uma vitória do potencial de mobilização descentralizada da sociedade civil: ao comentar a questão com um amigo, no Rio de Janeiro, recebi como resposta a pergunta, maliciosamente feita de forma a combinar ironia e seriedade em proporções iguais: “mas, afinal, para que servem os índios?” Desconcertado, não consegui articular nada, apenas retruquei: “não sei; mas e você, pra que serve?”
Não pude deixar de pensar no assunto nos dias que se seguiram. Mas, no caso, o assunto deixou de ser exatamente a situação dos Guarani Kaiowá, ou das especificidades de conflitos entre índios e não-índios, e passou a ser a situação de certa configuração de ideias do senso comum da população urbana – ou pelo menos das coletividades nas quais me insiro, no Rio de Janeiro e em São Paulo – sobre os índios, em primeira instância, e sobre aqueles que são irredutivelmente diferentes, em última. Obviamente esse é assunto complexo, e vou me limitar a apenas pontuar alguns temas que, creio, são importantes para iluminar o contexto no qual notícias sobre os conflitos envolvendo indígenas ganham significados, para a grande parcela da população brasileira que inevitavelmente participa disso tudo na posição de meros espectadores.
Sobre a natureza dos índios e não-índios
Certa vez, em uma aula de antropologia, na Escola de Comunicação da UFRJ, usei um exemplo hipotético de jovem índio que vinha à universidade estudar medicina. “Aí ele deixa de ser índio”, alguém disse. Na discussão que se seguiu, a opinião prevalecente era de que as expressões “índio urbano” e “índio médico”, usadas por mim, eram contradições em termos. Eu perguntei, então, se o fato de eu ser descendente de italianos, o que me dá, segundo a legislação italiana, o direito de “virar italiano”, faz com que eu deixe de ser alguma coisa – brasileiro, por exemplo. Confusão nas fisionomias. Por que eu posso virar italiano sem deixar de ser brasileiro, e ninguém vê problema nisso, e o índio não pode “virar” urbano sem deixar de ser índio? Concluímos – com vários autores estudiosos das populações indígenas – que, sem que as pessoas se deem conta, nós, urbanos, ocidentalóides, nos entendemos na maior parte do tempo como seres “culturais”, tendo algum controle sobre nossas identidades, portanto; enquanto isso, percebemos a essência indígena (se é que isso existe) como algo “natural”, sobre a qual eles não têm, nem podem ter, controle algum.
Nada mais natural, então, que pensar que lugar de índio é na floresta, e que índio tem que ser preservado, como se fosse parte da biodiversidade. Ou então índio deixa de ser índio e vira não-índio, arranja emprego, compra casa, toca a vida na cidade – se desnaturaliza. O problema é o índio que quer morar na cidade, ser médico, talvez, sem abandonar suas formas indígenas de entender o mundo e vida. Ou o índio que quer câmeras fotográficas, antibióticos, televisores, antenas parabólicas e escolas, mas não quer abrir mão da sua forma não-ocidental, e portanto não capitalista, de entender sua relação com a terra, por exemplo. Ou não quer abrir mão de sua forma não-ocidental, e portanto não marcada por um reducionismo materialista esvaziado e irresponsável, de relação com câmeras fotográficas, antibióticos, televisores, antenas parabólicas e escolas (é parte do senso comum que o que essas coisas são para mim são também para todos que delas fazem uso, o que não é verdade sequer para gente do mesmo grupo social). A questão se apresenta de forma pervasiva até entre gente politicamente progressista: na Cúpula dos Povos da Rio+20, uma grande amiga, ativista, me confidenciou ter ficado espantada ao ouvir de lideranças indígenas que eles gostariam de ter energia elétrica, saneamento, escolas. Eram afirmações que contrariavam suas expectativas “romanceadas”, nas suas próprias palavras, a respeito dos índios.
Por que é tão difícil aceitar a ideia de que quando o índio diz querer escola, ele não está fazendo nenhuma declaração sobre a sua identidade? Porque, dentre muitas outras coisas, identidade é paranoia de não-índio, mas não (necessariamente) paranoia de índio. Aqui começamos a chegar a algum lugar: é muito incômodo conviver com alguém que não compartilha nossas paranoias.
Uma das decorrências perversas desse estado de coisas é a forma como somos levados a ver os índios como pessoas “incompletas”, como sendo “menos” que os não-índios. Não é à toa que, juridicamente, os índios foram ao longo do século 20, até a Constituição de 1988 pelo menos, tratados como equivalentes a crianças, ou seja, como seres incapazes e que demandavam tratamento jurídico diferenciado, justamente em função dessa incapacidade. O problema estava (e está) nos códigos jurídicos, fechados à possibilidade do direito à diferença, e não nos índios, que não são mais nem menos capazes que os não-índios, mas apenas diferentes em suas capacidades. A mudança constitucional de 1988, como a própria questão dos Guarani Kaiowá demostra, ocorreu infelizmente muito mais de juris do que de fato.

Foto: Rosa Gauditano
Os muitos significados do verbo servir
Mas voltemos à questão sobre a “serventia” dos índios. O tema apareceu novamente em reportagem da revista Veja, edição de 4 de novembro. Replicando argumentos usados em edições anteriores ao tratar do tema, o texto (que de jornalístico não tem quase nada) mescla desinformação e preconceito, ao fazer uso, por exemplo, de argumentos como a suposta “trágica situação [dos índios] de silvícolas em um mundo tecnológico e industrial”, de afirmações como “[a] Funai também apoia o expansionismo selvagem”, e de acusações descabidas, como a de que os antropólogos ligados ao Conselho Indigenista Missionário querem transformar o sul do Mato Grosso do Sul numa “grande nação guarani”, justamente na “zona mais produtiva do agronegócio” do estado. Em 2010, a revista havia afirmado, através de um malabarismo estatístico de quinta categoria (digno de envergonhar até ruralistas medianamente sofisticados), que 90% do território brasileiro é ocupado ou destinado a áreas de preservação ambiental, comunidades indígenas, quilombolas e áreas de reforma agrária; “a agricultura e demais atividades econômicas terão apenas 8% de área para se desenvolver”. Enfim, a estratégia retórica é clara: quem não contribui com o agronegócio e demais formas de produção capitalista em grande escala – no caso, os índios e todos os demais grupos de alguma forma ligados a usos não predatórios da terra – não contribui com a economia nacional. Em uma palavra: só serve para atrapalhar.
Essa é uma questão, me parece, fundamental: é preciso discutir o conceito de serventia. Como a ideia de “servir” participa em nossas vidas, e na forma como aprendemos a entender e viver o mundo? Se a serventia dos que (supostamente) não estão integrados ao projeto da nação é um tema relevante – tanto ao pseudo-jornalismo da Veja como a certo senso comum urbano -, e nós, não-índios, (supostamente) integrados, afinal, servimos pra quê? E como isso afeta nossa compreensão das questões indígenas no Brasil contemporâneo, e mais especialmente o caso dos Guarani Kaiowá? Na minha opinião, isso tudo serve de pano de fundo contra o qual as audiências urbanas, dos grandes canais de mídia, distantes do Mato Grosso do Sul, atribuem sentido às notícias.
O caso dos Guarani Kaiowá traz à luz um elemento da vida cotidiana brasileira que é feito estrategicamente invisível na forma como somos ensinados a entender o mundo. Eles não querem ser “como nós”; tenho a impressão de que para a maioria da população urbana isso não apenas é contra intuitivo, mas figura como um choque, quase como uma afronta. Se eles gostam de fotografia, eletricidade, escolas e antibióticos, qual o problema, então?
Há uma diferença fundamental entre a experiência de mundo dos índios e dos não-índios brasileiros, e isso está ligado ao “lugar” onde se encontram as coisas verdadeiramente importantes. De acordo com trabalhos antropológicos que descrevem as visões de mundo e formas de vida de várias etnias indígenas sul-americanas, uma das características marcantes da vida indígena (para quem não é índio, obviamente), é a proximidade existencial das pessoas com os níveis mais altos da existência política e religiosa das suas sociedades. O poder político, em geral, não é algo que se manifeste em forma de hierarquias verticais, da forma como as entendemos, e provavelmente está ocupado por alguém com quem as pessoas da tribo tem relação pessoal direta, muitas vezes de parentesco. O mesmo se dá no que diz respeito à existência espiritual: está tudo logo ali, divindades, antepassados, espíritos, mediados pelas práticas do xamã, que também é conhecido de todos (ainda que, igualmente, talvez temido por todos). Há a percepção de que as coisas do mundo, alegrias e tristezas, sucessos e fracassos, são intrinsecamente ligadas à existência das pessoas da comunidade – os antropólogos chamam isso de relação de imanência.
O que é que a “integração” ao Brasil oferece, em contrapartida? Fundamentalmente, o deslocamento do centro de gravidade da existência para algum outro lugar, mais distante, abstrato, de difícil compreensão. Os índios resistem à ideia de que o centro do mundo passe a residir em outro lugar – em Brasília, por exemplo. Ou seja, resistem ao processo que os faz marginais. A marginalização, tomando a expressão de forma conceitual (ou seja, fazendo referência a quem está nas margens, nas bordas ou periferia), pode se dar deslocando-se alguém para a periferia do mundo, ou deslocando o centro de lugar, de modo que quem era central passa a ser periférico, e, portanto, marginal. De certa forma é exatamente isso que o Brasil oferece aos indígenas. Mas quem é que quer ser marginal?
O que a imensa maioria de nós, urbanitas ocidentalóides, não percebemos é que é isso, exatamente, que o Estado faz conosco. Assistimos à política e às outras formas de organização do nosso mundo – justiça, administração pública, economia – na qualidade de espectadores. Irritados, confusos, insatisfeitos, mas quintessencialmente espectadores. Somos mais capazes de interagir com um reality show do que com o mundo da política. Desde pequenos somos ensinados – e as políticas educacionais e conteúdos programáticos são desenhados cuidadosamente para tanto – que as coisas realmente importantes acontecem em algum outro lugar, e que são muito complexas, e que por isso mesmo há alguém mais capacitado cuidando disso tudo, para que possamos viver nossas vidas em paz. Ou seja, para que possamos não pensar em nada que não seja nos mantermos vivos e sermos economicamente ativos – e assim contribuir com o “projeto da nação”. Ou seja, o Estado reduz nossa vida ao mínimo – pão e circo, bolsa família e telenovela – para que as coisas funcionem e efetivamente aconteçam em algum outro lugar. Somos espectros de cidadãos.
Ou seja, a pergunta sobre para que servem as pessoas deve ser recolocada em outros termos: do que é que cada um de nós abre mão para “participar” do Brasil? Nós servimos para servir ao Estado. Somos todos marginais, e não nos damos conta disso.
O escândalo da questão indígena é a resistência que eles têm em aceitar os nossos mitos, ou as nossas ilusões – sobre o Brasil, por exemplo. Acostumados à experiência da autodeterminação, eles talvez tenham uma visão do que é o Brasil, como “projeto de nação”, que em muitos sentidos pode ser mais realista do que a de todos nós.
O Estado brasileiro só vai ser capaz de avançar na questão dos conflitos indígenas quando parar de tratar o tema da autodeterminação como anátema. E só o fará quando deixar de ter na tutela dos seus súditos sua razão de ser – ou seja, quando as elites políticas abandonarem a visão que tem de que o Brasil é fundamentalmente habitado por gente desqualificada, intelectualmente e moralmente inferior, e mal intencionada, e que demanda, portanto, o esforço do Estado para corrigir desvios e induzir a massa ao caminho produtivo. O Estado brasileiro é incapaz de reconhecer valor nas diferenças, justamente porque a homogeneização coletiva é condição de existência do próprio Estado. Frequentemente é evocada a noção de atentado à soberania nacional quando o tema das diferenças é trazido ao centro da arena.
E se um bocado de gente decide – muito arrazoadamente, por sinal – que a economia não deve mais crescer? Isso, dirão muitos, é obviamente um atentado à soberania nacional. Ou não? É, antes que tudo, e talvez apenas, um atentado à soberania do soberano. Pelo menos da tecnocrática soberana da ocasião.
Manifestemo-nos hoje, enfaticamente, em defesa dos Guarani Kaiowá. Como forma de materializar nosso apreço pela liberdade e pelo direito à diferença. Como forma de protesto contra um Estado centralizador e autoritário. Como declaração de que não queremos juiz, médico, político ou professor nos dizendo como devemos viver nossas vidas. Essa função está reservada para os poetas – índios e não-índios, brancos e não-brancos.
Renzo Taddei é professor da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. É doutor em antropologia pela Universidade de Columbia, em Nova York. Dedica-se aos estudos sociais da ciência e tecnologia.

CONVERSANDO COM DEUS


sábado, 10 de novembro de 2012

32º Domingo do Tempo comum


Este 32º domingo, trás na dinâmica da liturgia, o comportamento assinalado pela extraordinária solidariedade de duas mulheres viúvas (1ª leitura e Evangelho). A hospitalidade da primeira é compensada pelo milagre de Elias, sobretudo porque foi acompanhada pela fé na palavra de Deus e a humildade generosa da segunda mereceu ouvir de Jesus um elogio sem igual. Ensina-nos S. Paulo que o único sacrifício que agrada a Deus é o do coração disposto a amar quem quer que seja, não só oferecendo-lhe o que se possui, mas até a própria vida, se necessário for (2ª leitura).
·      Primeira leitura: 1 Rs 17,10-16
Contextualizando a primeira leitura, é possível chamar atenção para o confronto que havia entre os profetas de Baal, que eram adorados pelos habitantes de Canaã e o profeta de Deus, Elias, o homem da esperança.
No tempo de Elias quase todo o povo foi vítima das seduções desse deus Baal. Os ídolos são sempre assim: prometem o que não têm, por isso terminam iludindo os que lhes prestam culto.
Diante dessa apostasia, qual a postura de Elias, o profeta de Deus? Fazer a vontade de Deus, conscientizando povo a não entrar “nessa!”
O rei, após ser informado pelos bajuladores a respeito do trabalho de Elias, deu ordens para localizar o profeta e condená-lo à morte. É nessa faze da história de Elias que se insere o episódio da leitura de hoje.
Para livrar-se da ira de Acab, o profeta foge. Certo dia chega à cidade de Sarepta onde encontra uma viúva, à qual restou só um punhado de farinha e um pouco de azeite. O profeta é alimentado pela viúva, que lhe oferece o único alimento que lhe restava.
A viúva acredita nas palavras do profeta, oferece-lhe tudo o que tem e Deus abençoa a sua generosidade.
Vejamos, pois: Deus abençoa os que partilham os seus próprios bens; a multiplicação dos nossos bens é consequência da nossa generosidade.
·      Evangelho: Mc 12,38-44
Marcos divide o texto de hoje em duas partes: O primeiro (vv. 38-40), Jesus lembra aos discípulos para que tenham cuidado, quanto ao comportamento dos doutores da lei; a segunda parte (vv. 41-44) trás a narração sobre a viúva pobre que deposita seu donativo, o último recurso que ela tinha no cofre do templo.
Mas então, quem eram essas “figuras impolutas”, os doutores da Lei? Tratava-se dos “especialistas no conhecimento dos preceitos da LEI de Deus e de suas prescrições para o povo de Israel” (Esdras 7,11); além do mais, eram eles que exigiam e julgavam nos tribunais o que deviam também cumprir e não cumpriam.
  Um detalhe: Por que Jesus aparece sempre reprovando a atitude dos “doutores da lei”, os “escribas”? Por que não desfrutavam de forma alguma da sua simpatia? Porque eram “exibicionistas”, “orgulhosos”, “injustos” e “desumanos”, portanto, incoerentes com o que ensinavam e exigiam em relação aos outros. Folcloristas, no sentido negativo; a ponto de tornarem-se ridículos. O Mestre não tolerava essas facetas “encenações”, aliás, até parece que sentia alergia.
Jesus é encontrado no templo de Jerusalém, o centro do poder político e religioso daquela época, condenando não só o pecado de vaidade por parte dos doutores da Lei, mas, sobretudo porque eles “dilapidavam as casas das viúvas” (v. 40). Elas são as protegidas por Deus (Sl 146,9): “Ai de quem as maltrata! Ai de quem as faz chorar!
Em contraposição aos doutores da lei, às pessoas que dominam a sociedade, a segunda parte do evangelho, apresenta um exemplo de religiosidade autêntica: uma pobre viúva que escancara o seu coração e doa tudo o que tem.
Que lições é possível tirarmos? A mais simples e imediata, é de humildade, confiança, generosidade e fé em Deus, apesar de nunca ter acompanhado Jesus, como fizeram os doze, e como fazemos muitos de nós.
E mais: Precisamos entender melhor que, “cristão não é o homem rico que, possuindo muito bens, pode dar generosas esmolas, oferecendo parte daquilo que lhe sobra: cristão é só aquele que, rico ou pobre, coloca à disposição dos irmãos, ´tudo´ o que possui”.
O pobre também é convidado a partilhar os seus bens. Não há  ninguém tão pobre que não tenha nada a oferecer.
Mais uma lição: a viúva que oferece tudo é a imagem de Deus – a imagem de Jesus Cristo que – como ensina S. Paulo – “sendo rico, se fez pobre” (2 Cor 8,9).
Para Jesus, é evidente o contrate alarmante e injusto entre as lideranças (doutores da lei, escribas, fariseus, políticos, ricos e outros) e a classe das viúvas, representantes dos pobres, marginalizados, das “classes sobrantes”.
Enquanto os outros só buscam ver por fora, Jesus vê além das aparências, vê lá por dentro! Jesus vê o coração fechado do rico; Jesus vê o coração aberto da viúva pobre, que termina oferecendo tudo o que tem.
 Pois bem, aí está a autêntica atitude religiosa que é a de entregar-se totalmente a Deus, doando do que tem, doando-se a si mesmo ao seu semelhante, ao invés de confiar no seu poder e na sua riqueza.
O trecho estudado, faz-nos alguns questionamentos sobre as razões que trazemos no coração. Chega de máscaras e subterfúgios. Precisamos ser francos e sinceros. Cuidado para não ficarmos tão somente nas boas intenções, apesar das mesmas serem a primeira condição para se alcançar uma vida autêntica.
·      Segunda leitura: Hb 9,24-28
O trecho da Segunda leitura nos indica dois motivos pelos quais Jesus deve ser considerado como único e verdadeiro sacerdote.
Os antigos sacerdotes (Antiga Lei) – nos diz a leitura – ofereciam os seus sacrifícios num templo material. Cristo, ao contrário, cumpre o seu ministério no céu, num santuário não construído pelas mãos humanas.
Jesus, ao invés, ofereceu um só e perfeito sacrifício, não derramou o sangue dos animais, mas doou o seu próprio, e, com o seu gesto de amor, destruiu definitivamente o pecado (9vv. 25-27).
Pe. Francisco de Assis Inácio
Pároco de Nova Cruz

Festa da padroeira da Arquidiocese começa neste domingo

 
A partir de domingo, 11 de novembro, a Arquidiocese e a cidade do Natal festejam a padroeira, Nossa Senhora da Apresentação. Durante dez dias, os fiéis terão a oportunidade de participar de uma diversificada programação com caminhadas, missas, novenas, atendimento de confissões, reza do Ofício de Nossa Senhora e do terço, e atividades sociais, incluindo funcionamento de barracas e shows musicais.

O ápice dos festejos acontecerá no dia 21, feriado no município de Natal. Nesse dia, a programação terá início a zero hora, com uma vigília, na Pedra do Rosário. A partir das 3h30, acontecerá a procissão fluvial, pelas águas do Rio Potengi, com a imagem de Nossa Senhora da Apresentação. A procissão encerrará na Pedra do Rosário, onde, às 5 horas, será celebrada a missa, presidida pelo Vigário Geral da Arquidiocese, Padre Edilson Soares Nobre. Tradicionalmente, todos os anos, milhares de fiéis participam dessa celebração.

Ainda no dia 21, às 7h30, haverá missa, na antiga Catedral, presidida pelo Monsenhor Agnelo Dantas Barretto. Às 10 horas, na Catedral Metropolitana, haverá missa solene, presidida pelo Arcebispo, Dom Jaime Vieira Rocha. Às 14 horas, acontecerá a caminhada, intitulada '9º Natal Caminha com Maria', saindo do Santuário dos Mártires, no bairro de Nazaré, para a Catedral Metropolitana, onde haverá missa, também presidida pelo Arcebispo.
Durante os festejos, circula a XI edição da Revista Rosário do Potengi. Nesta edição, a revista traz uma matéria sobre o funcionamento da Paróquia da Catedral, criada em 29 de dezembro de 2009; artigos sobre o Ano da Fé, 50 anos da Campanha da Fraternidade e do Concílio Vaticano II; além da novena e do hinário da festa.
À luz do Ano da Fé e do Concílio
"Mãe da Apresentação, modelo perfeito de fé" é o tema escolhido para a festa de Nossa Senhora da Apresentação 2012. Segundo o pároco da Paróquia da Catedral, Padre Valdir Cândido de Morais, o tema está relacionado com o Ano da Fé, proclamado pelo Papa Bento XVI. "Julgamos que Maria foi quem mais professou sua fé, dando o sim ao projeto de Deus. Então, por isso, e em consonância com o Ano da Fé, escolhemos este tema", enfatizou.

Já, o lema é uma citação do Evangelho de Lucas, no texto conhecido como Magnificat: "Bem aventurada aquela que acreditou". "Uma vez que Maria deu seu sim ao projeto de Deus, ao mesmo tempo a alegria invadiu seu coração, e ela, por meio do Espírito Santo, tornou realidade o projeto de Deus, gerando o filho, Jesus Cristo", explicou o pároco.

Durante as festividades, a cada noite um subtema norteará a pregação da novena. Segundo o Padre Valdir, cada subtema é baseado no capítulo 8, da Constituição Dogmática Lumen Gentium, do Concílio Vaticano II. "Esse capítulo é dedicado à Bem Aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus. A Lumen Gentium foi promulgada pelo Papa Paulo VI, em 21 de novembro de 1964, dia da apresentação de Nossa Senhora", comenta Padre Valdir.
Um convite ao projeto de Deus
De acordo com o pároco da Catedral, a festa de Nossa Senhora da Apresentação é momento que possibilita às pessoas a adesão ao projeto de Deus. "Somos uma Igreja em estado permanente de missão e estamos vivenciando as alegrias do Ano da Fé, proclamado pelo Papa Bento XVI, como também vivemos os 50 anos do Concílio Vaticano II. Neste clima de alegria, queremos que este momento da festa de Nossa Senhora da Apresentação possibilite a nossa adesão ao projeto de Deus, que tão bem foi aceito por Nossa Senhora", destaca Padre Valdir. E acrescenta: "A festa que vamos celebrar nestes dias é um grande momento de crescimento na nossa missão e, ao mesmo tempo, um momento propício para reacender nossa fé e receber as graças que nos vêm pela intercessão da Mãe, Maria Santíssima."
Foto: Cacilda Medeiros
Imagem de Nossa Senhora da Apresentação

Meditando o Evangelho de hoje

Dia Litúrgico: Sábado, 10 de Novembro

Evangelho de hoje: Lc 16,9-15


31ª Semana do Tempo Comum

Eu vos digo: fazei-vos amigos com a riqueza injusta, para que, no dia em que ela vos faltar, eles vos recebam nos tabernáculos eternos. Aquele que é fiel nas coisas pequenas será também fiel nas coisas grandes. E quem é injusto nas coisas pequenas o será também nas grandes. Se, pois, não tiverdes sido fiéis nas riquezas injustas, quem vos confiará as verdadeiras? E se não fostes fiéis no alheio, quem vos dará o que é vosso? Nenhum servo pode servir a dois senhores: ou há de odiar a um e amar o outro, ou há de aderir a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro”. Ora, ouviam tudo isso os fariseus, que eram avarentos, e zombavam dele. Jesus disse-lhes: "Vós procurais parecer justos aos olhos dos homens, mas Deus vos conhece os corações; pois o que é elevado aos olhos dos homens é abominável aos olhos de Deus. 



Comentário

Viver dividido é uma das causas do desgaste e da angústia dos homens e mulheres da pós-modernidade. Jesus nos afirma categoricamente no evangelho de hoje: "Nenhum servo pode servir a dois senhores: ou há de odiar a um e amar o outro, ou há de aderir a um e desprezar o outro”. Senhor, liberta nosso coração, pois estamos cansados e abatidos por tanta divisão interior, por tantos senhores a nos "mandar” e a "exigir” nossa dedicação e atenção. Teu evangelho nos alerta sobre o "senhor” dinheiro, mas ele é apenas um dentre tantos "senhores” manipuladores e possessivos que estão a nos rodear.