sábado, 29 de setembro de 2012

O que é Missão Continental

A Missão Continental não é um exercício missionário isolado, mas uma opção missionária que pretende renovar a comunidade eclesial em seu conjunto, para que todos os batizados, convertidos em discípulos missionários, sejam capazes de dar testemunho da Boa Notícia em nosso mundo de hoje.

Não é um projeto missionário propriamente dito, mas trata-se de um projeto de animação missionária. Um dos compromissos centrais de Aparecida foi despertar a consciência discipular dos cristãos, resgatar a dimensão missionária da Igreja e convocar para uma Missão em todo o Continente. “Este despertar missionário, em forma de uma Missão Continental, cujas  linhas fundamentais foram examinadas por nossa Conferência e que esperamos  sejam portadoras de sua riqueza de ensinamentos, orientações e prioridades, será ainda mais concretamente considerada durante a próxima Assembleia Plenária do CELAM em Havana. Exigirá decidida colaboração das Conferências Episcopais e de cada  diocese em particular. Procurará colocar a Igreja em estado permanente de missão” (DAp 551).

Nas palavras de Aparecida, a Igreja está chamada a repensar profundamente e a relançar com fidelidade e audácia sua missão nas novas circunstâncias latino-americanas e mundiais. (...) Trata-se de confirmar, renovar e revitalizar a novidade do Evangelho arraigada em nossa história, a partir de um encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo, que desperte discípulos e missionários. Isso não depende tanto de grandes programas e estruturas, mas de homens e mulheres novos que encarnem essa tradição e novidade, como discípulos de Jesus Cristo e missionários de seu Reino, protagonistas de uma vida nova para América Latina que deseja reconhecer-se com a luz e a força do Espírito.

Esta firme decisão missionária deve impregnar toda a Igreja e todos na Igreja, as estruturas eclesiais, os planos pastorais de dioceses, paróquias e comunidades religiosas, movimentos e qualquer instituição na Igreja. Nenhuma comunidade deve  isentar-se de entrar decididamente, com todas as forças, nos processos constantes de renovação e de abandonar as ultrapassadas estruturas que já não favorecem a transmissão da fé (DAp 365). (Missão Continental)

Investir na juventude

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Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte
A constatação óbvia de que o investimento nas novas gerações modifica cenários do presente e prepara o futuro aponta para uma necessidade urgente: é preciso investir nos jovens. A Jornada Mundial da Juventude, que acontece de 22 a 28 de julho de 2013 no Rio de Janeiro, é uma oportunidade singular para que toda a sociedade exercite essa convicção e adote como prioridade o desafio de investir na juventude.
Nos próximos anos, o Brasil recebe eventos de grande importância cultural, esportiva, econômica e política. Em 2014, será realizada a Copa do Mundo e, em 2016, os Jogos Olímpicos. Estes eventos estão mobilizando governos e os mais diversos segmentos da sociedade. As exigências no âmbito da infraestrutura poderão deixar um legado interessante para a sociedade brasileira. Esses avanços requeridos podem resultar - é o que se espera, sobretudo quando se observa a situação econômica do Brasil no contexto mundial – na superação de carências que amargam a vida de tantos e de muitos modos. Particularmente, há de se pensar nas urgências e necessidades dos mais pobres e dos que são de modo tão desumano sacrificados por exclusões brutais.
O Brasil não pode perder essa oportunidade para crescimentos e conquistas cidadãs. Nesse sentido, também é importante incluir, em lugar especial e com interesse particular, na agenda de grandes acontecimentos, a Jornada Mundial da Juventude(JMJ). A importância desse evento é incontestável quando se considera, por exemplo, a magnitude da congregação de dois a três milhões de jovens, procedentes do mundo inteiro, na Cidade Maravilhosa, para uma semana de eventos, confraternização, espiritualidade e partilha. A juventude, razão de compromisso, prioridade de opção e força determinante nos rumos da sociedade, no presente e no futuro, é um tesouro que precisa de investimentos volumosos e determinantes.
Nesse sentido a imprensa é muito importante. Com sua força própria, seu papel educativo e até regulador da sociedade, a imprensa precisa se juntar aos governos e todos os segmentos para apoiar efetivamente a Jornada Mundial da Juventude. A Igreja Católica do Brasil inteiro está em profunda sintonia com a Arquidiocese do Rio de Janeiro, anfitriã do evento. Ali se  culminará um caminho missionário de forte mobilização da juventude, iniciado em setembro do ano passado, em São Paulo, com a peregrinação da Cruz da JMJ. Eventos, experiências e conquistas maravilhosas estão acontecendo pelo Brasil afora e, antes da Jornada Mundial da Juventude, haverá um momento especial de preparação em todo o país, em cada diocese: a Semana Missionária.
A Arquidiocese de Belo Horizonte já se mobiliza para a realização deste evento, que deve reunir na capital mineira mais de 25 mil peregrinos do mundo inteiro. Todos os jovens de nossas comunidades de fé, suas famílias, já estão convidados a participar, especialmente com a oferta de suas casas para acolher peregrinos. Também será realizado em Belo Horizonte o Congresso Mundial de Universidades Católicas, que deverá reunir cinco mil participantes, entre universitários, professores e reitores. No coração desse evento, acontecerá a Feira Minas Sempre, valorizando e promovendo a cultura, gastronomia, patrimônio imaterial, religiosidade e tradições do povo mineiro.
A opção preferencial pelos jovens na Igreja Católica é uma exigência para alcançar a meta de uma Igreja dos jovens e com os jovens, e destes na Igreja, desenhando com os valores do Evangelho um caminho seguro e de formação integral para a juventude. É hora de dar voz aos jovens, aos eventos e projetos que os envolvem. Torna-se inadiável um coro de Igrejas, governos, escolas e segmentos todos da sociedade para garantir e efetivar o compromisso de investir na juventude. As novas gerações representam um enorme potencial para o presente e o futuro da sociedade. A Igreja tem a tarefa de propor aos jovens o encontro com Jesus Cristo, alicerçando caminhos e desenhando horizontes para que eles estejam presentes em todos os espaços: na esfera política, na produção da cultura, na superação de reducionismos antropológicos, na reversão do quadro horrendo da dependência química, na conquista da educação e de oportunidades, na construção cidadã da sociedade. Apoiar a Jornada Mundial da Juventude é investir nos jovens. Não podemos perder esta oportunidade para abrir uma nova etapa da história.
A Arquidiocese de Belo Horizonte já se mobiliza para a realização deste evento, que deve reunir na capital mineira mais de 25 mil peregrinos do mundo inteiro. Todos os jovens de nossas comunidades de fé, suas famílias, já estão convidados a participar, especialmente com a oferta de suas casas para acolher peregrinos. Também será realizado em Belo Horizonte o Congresso Mundial de Universidades Católicas, que deverá reunir cinco mil participantes, entre universitários, professores e reitores. No coração desse evento, acontecerá a Feira Minas Sempre, valorizando e promovendo a cultura, gastronomia, patrimônio imaterial, religiosidade e tradições do povo mineiro.
A opção preferencial pelos jovens na Igreja Católica é uma exigência para alcançar a meta de uma Igreja dos jovens e com os jovens, e destes na Igreja, desenhando com os valores do Evangelho um caminho seguro e de formação integral para a juventude. É hora de dar voz aos jovens, aos eventos e projetos que os envolvem. Torna-se inadiável um coro de Igrejas, governos, escolas e segmentos todos da sociedade para garantir e efetivar o compromisso de investir na juventude. As novas gerações representam um enorme potencial para o presente e o futuro da sociedade. A Igreja tem a tarefa de propor aos jovens o encontro com Jesus Cristo, alicerçando caminhos e desenhando horizontes para que eles estejam presentes em todos os espaços: na esfera política, na produção da cultura, na superação de reducionismos antropológicos, na reversão do quadro horrendo da dependência química, na conquista da educação e de oportunidades, na construção cidadã da sociedade. Apoiar a Jornada Mundial da Juventude é investir nos jovens. Não podemos perder esta oportunidade para abrir uma nova etapa da história.

Outubro: Os horizontes da Igreja

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Dom Francisco Biasin
Bispo de Barra do Piraí/Volta Redonda (RJ)
No mês de outubro que inicia somos convidados a abrir os nossos horizontes na amplidão da visão da nossa Igreja através de dois eventos que atraem a atenção do mundo todo, de maneira muito especial dos seus fiéis e de quantos, embora pertencendo a outras denominações cristãs ou outras religiões, tem sensibilidade para com o anúncio do evangelho e os valores da fé no mundo de hoje.
1. «A nova evangelização para a transmissão da fé cristã»! Este é o título que focará a reflexão dos bispos e dará consistência ao Sínodo a ser celebrado de 07 até 28 deste mês de outubro.
De fato, todas as instituições que geram sentido na vida das pessoas, como a escola, a família, as Igrejas, hoje estão preocupadas pela dificuldade de transmitir os valores do passado às novas gerações ou nos moldes da cultura pós-moderna que caracteriza o nosso tempo.
Preocupa a Igreja católica o fato de que, apesar da sua longa história e da sua rica tradição e apesar do esforço para adequar a sua mensagem à linguagem de hoje, não consiga transmitir a fé de forma satisfatória, vendo com muito sofrimento, uma parcela de seus fiéis migrar para outras experiência religiosas ou até perdendo a fé, declarando-se descrentes. Preocupa sobretudo a ausência de grande parte da juventude da participação às suas iniciativas e aos atos de culto: ter pouco jovens e não ter influência na juventude, significa perder um elo importantíssimo na transmissão da fé, identificado numa geração e, quando há uma interrupção geracional, o corte no curso da história é muito dolorido e difícil de ser sanado.
O Sínodo dos bispos em Roma, após a contribuição de reflexão de muitas Dioceses, procurará compreender este fenômeno e apresentará pistas de reflexão e de ação para toda a Igreja Católica. É claro que depois cada nação assumirá a fadiga e fará o esforço para agir concretamente de acordo com a realidade histórica e cultural em que a Igreja está presente em cada país.
2. Ligado a este evento e, de certa forma dando-lhe seguimento, é o Ano da Fé. Comemorando os 50 anos da celebração do início do Vaticano II e dos 20 anos da promulgação do Catecismo da Igreja Católica, o Santo Padre o Papa Bento XVI convocou toda Igreja Católica a viver um ano inteiro, até a Festa de Cristo Rei do ano que vem, na redescoberta da fé.
O Papa escreve: “Não podemos aceitar que o sal se torne insípido e a luz fique escondida (cf. Mt 5, 13-16). Também o homem contemporâneo pode sentir de novo a necessidade de ir como a samaritana ao  poço para ouvir Jesus que convida a crer n’Ele e a beber na sua fonte, donde jorra água viva (cf. Jo 4, 14). Devemos readquirir o gosto de nos alimentarmos da Palavra de Deus transmitida fielmente pela Igreja, e do Pão da vida, oferecidos como sustento de quantos são seus discípulos (cf. Jo 6, 51). De fato, em nossos dias ressoa ainda, com a mesma força, este ensinamento de Jesus: «Trabalhai, não pelo alimento que perece, mas pelo alimento que perdura e dá a vida eterna» (Jo 6, 27). E a questão, então posta por aqueles que O escutavam, é a mesma que colocamos nós também hoje: «Que havemos nós de fazer para realizar as obras de Deus?» (Jo 6, 28). Conhecemos a resposta de Jesus: «A obra de Deus é esta: crer n’Aquele que Ele enviou» (Jo 6, 29). Por isso, crer em Jesus Cristo é o caminho para se poder chegar definitivamente à salvação”. (PF 3)
“Nesta perspectiva, o Ano da Fé é convite para uma autêntica e renovada conversão ao Senhor, único Salvador do mundo. No mistério da sua morte e ressurreição, Deus revelou plenamente o Amor que salva e chama os homens à conversão de vida por meio da remissão dos pecados (cf. At 5, 31)...  Em virtude da fé, esta vida nova plasma toda a existência humana segundo a novidade radical da ressurreição. Na medida da sua livre disponibilidade, os pensamentos e os afetos, a mentalidade e o comportamento do homem vão sendo pouco a pouco purificados e transformados, ao longo de um itinerário jamais completamente terminado nesta vida. A «fé, que atua pelo amor» (Gl 5, 6), torna-se um novo critério de entendimento e de ação, que muda toda a vida do homem (cf. Rm 12, 2; Cl 3, 9-10; Ef 4, 20-29; 2 Cor 5, 17). (PF 6)
Preparemo-nos a entrar pela “porta da fé” que é o Batismo, objeto da nossa reflexão durante a próxima Assembleia diocesana e sobretudo empenhemo-nos a dar testemunho da fé pela nossa vivência batismal e pelo compromisso concreto da caridade, através do amor fraterno dentro da comunidade, e através do serviço aos pobres e necessitados que estão ao nosso redor.
Com minha bênção de pastor

Concílio: Sob o signo da alegria e da esperança

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Dom Demétrio Valentini
Bispo de Jales (SP)
Estamos chegando ao mês de outubro deste ano de 2012. Ele traz uma data muito esperada: o dia 11, quando se completam 50 anos da inauguração oficial do Concílio Vaticano II, acontecida a 11 de outubro de 1962.
Como os peregrinos sentiam alegria ao ver Jerusalém às portas, depois de longa caminhada, assim foi naquele dia tão esperado, em que finalmente começaria o Concílio proposto pelo Papa João XXIII.
Neste ano somos convidados a descobrir quais foram os motivos de tanta alegria. E ver se conseguimos também hoje, depois de 50 anos, reencontrar caminhos de esperança, para a Igreja e para a humanidade.
Na abertura do Concílio, ficou famoso o discurso do Papa João XXIII. Ele transmitiu a certeza de que o Concílio era fruto de inspiração divina, e que tinha chegado a hora da Igreja se renovar, se aproximar do mundo de hoje, e se colocar a serviço da humanidade, com a qual queria assumir solidariamente suas grandes causas, e a ela oferecer a luz do Evangelho.
Ele começou seu discurso com a bonita expressão: “Gaudet Mater Ecclesia”, “Alegra-se a Mãe Igreja”. Foram as primeiras palavras do Concílio.
Quatro anos depois, terminava o Concílio com as mesmas palavras de alegria e de esperança. Pois o último documento conciliar foi a constituição pastoral sobre a Igreja no mundo de hoje. Ele começa com as palavras: “Gaudium et Spes”, “As alegrias e as esperanças”.
É significativa esta constatação.  Entre o início e o fim do Concílio, há uma coincidência especial. No começo, a alegria da Igreja que via chegar o dia tão esperado. No final, esta mesma alegria, alargada para toda a humanidade.
“Gaudet Mater Ecclesia”, e “Gaudium et Spes”. Alegria no começo, alegria no final. Entre as duas manifestações, se realizou o Concílio. Ele foi feito sob o signo da alegria e da esperança.
Nesta constatação dá para perceber a grande influência exercida por João XXIII no Concílio. Poucos meses depois da abertura, ele iria morrer, no início do mês de junho de 1963.  Mas àquela altura dos acontecimentos, o Concílio já tinha sua trajetória garantida, pela firme direção proposta por João XXIII.  Os sentimentos do início, permaneceram até o final.
O preâmbulo do documento sobre a Igreja no mundo de hoje, pode ser considerado o texto que melhor expressa o espírito e os propósitos do Concílio. De todos os documentos aprovados, a Gaudet et Spes foi o único que não estava previsto nos esquemas preparatórios. Ele surgiu ao longo das discussões conciliares. Pode ser considerado como “filho legítimo” do Vaticano II.
Assim começa a Guadium et Spes:
“As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração... Por este motivo, a Igreja sente-se real e intimamente ligada ao gênero humano e à sua história.”
Verdade é que as alegrias do Concílio foram respaldadas por um período histórico de muito otimismo, como foram as décadas de 50 e 60. Mas permanece o desafio: como reencontrar motivos de alegria e de esperança, mesmo em meio aos novos problemas que a realidade hoje nos apresenta.
O exemplo do Concílio permanece válido.  Ele começou e terminou sob o signo da alegria e da esperança!

Testemunho cristão

 
 São Francisco foi um verdadeiro testemunho de opção pelos pobres. Ele era contra a pobreza e a favor dos pobres. São Francisco no mundo foi uma verdadeira imagem do servo de Cristo. A sua conversão foi de corpo e alma. Como seguir cristo na perspectiva franciscana? Se não formos solidários com os mais pobres de nada adianta os cânticos e louvores a Deus. Pois, aquele que é justo agrada a Deus.
Não podemos ser justos com paternalismo como acontece em muitos lugares. A justiça permanente promove toda a sociedade. E promover a sociedade significa resgatar a dignidade humana de milhares de homens e mulheres excluídos do convívio social. Rezemos com muita fé para que possamos ser exemplos de discípulos missionários de Jesus.

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Dom Leonardo Ulrich fala sobre a Semana Nacional da Vida
28/09/2012
CNBB A+ a- Imprimir Adicione aos Favoritos RSS Envie para um amigo

A primeira semana do mês de outubro será marcada por inúmeras discussões em defesa da vida. Instituída, em 2005, pela 43ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Semana Nacional da Vida acontecerá entre os dias 1º e 7 de outubro, e trabalhará o tema “Vida, saúde e dignidade: direito e responsabilidade de todos”. A semana termina com o "Dia do Nascituro", comemorado em 8 de outubro, para homenagear o novo ser humano, a criança que ainda vive dentro da barriga da mãe.

Em entrevista, o secretário-geral da CNBB, Dom Leonardo Ulrich Steiner, aborda diversas questões ligadas à Semana Nacional da Vida. Leia a íntegra da entrevista:

- A Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família lançou o subsídio “Hora da Vida”. Como ele colabora com os temas de discussão da Semana Nacional da Vida?

Dom Leonardo: O subsídio “Hora da Vida” é composto por roteiros de encontros temáticos, que podem ser organizados nas diferentes comunidades das nossas Igrejas particulares. Há muitos temas indicados para serem abordados durante esta semana, e, em função da realidade local, outros podem ser acrescentados. Os temas contidos no subsídio são sugestões de conteúdo a ser refletido, discutido, aprofundado e, também, concretizado em possíveis ações pastorais e sociais. De forma simples e deixando o espaço para a criatividade, o subsídio aborda a questão da ameaça à vida no seio materno, da sua manipulação em laboratório; propõe uma reflexão sobre as situações de risco, como a violência no trânsito e a ingestão de drogas; questiona-nos sobre o que é de fato ter vida digna, vida plena; motiva-nos para o cuidado com a vida frágil, do seu início até o seu fim natural. Tudo como expressão do amor e do cuidado amoroso.

- Que tipos de discussões o tema “Vida, saúde e dignidade: direito e responsabilidade de todos” trará para a Semana Nacional da Vida?

Dom Leonardo: O tema da saúde faz o vínculo com a Campanha da Fraternidade deste ano, cujo título foi “Fraternidade e saúde pública”. Isso nos interpela a trabalhar para que todos os brasileiros possam ter acesso à saúde, não só como um valor em si mesmo, mas porque manifesta a dignidade de vida de cada pessoa, em qualquer fase ou condição social. Muito se fala hoje dos direitos de cada pessoa e, por vezes, esquece-se dos deveres de cada um. Quando se trata do respeito, da promoção e da defesa da vida, os direitos devem ser cobrados, mas os deveres também devem ser assumidos por todos.

- A Semana Nacional da Vida responde aos apelos das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadoras da Igreja no Brasil (DGAE)?

Dom Leonardo: Uma das cinco urgências da ação evangelizadora no Brasil, traçadas pelos bispos do Brasil para 2011-2015, é a “Igreja ao serviço da vida plena para todos”. A Semana Nacional da Vida retoma várias situações de ameaça à vida, que são descritas nesta quinta urgência e que já foram apontadas acima, e se insere nesta vasta missão da Igreja que também se desdobra no campo da promoção da vida humana, sobretudo das mais frágeis e indefesas e outras.

- Sobre a urgência nas questões de promoção da vida (quinta urgência), que ações efetivas poderão ser tomadas a partir da Semana Nacional da Vida?

Dom Leonardo: “A partir de Jesus Cristo e na força do Espírito Santo”, como afirma o objetivo geral da ação evangelizadora no Brasil, o discípulo-missionário terá condições de identificar as situações que denigrem a vida, quer seja em âmbito local quer em âmbito nacional, para assim agir em consequência. A Igreja muito tem feito e muito realiza para promover a vida. Basta pensarmos nas inúmeras iniciativas que surgem das ações pastorais em favor da família, da criança, do adolescente, da AIDS, da sobriedade, do idoso, da saúde, do povo de rua, da terra, da moradia etc. A Semana Nacional da Vida pode, por um lado, contribuir para fomentar uma boa formação intraeclesial dos leigos e pastores, a fim de se formular um juízo moral adequado sobre as propostas da ciência e sua aplicação; e, por outro, estimular uma maior participação social, incentivando os leigos a se fazerem presentes nos diversos conselhos de participação popular (conselho municipal da saúde, da mulher, da educação, por exemplo) ou a se comprometerem através da própria profissão para uma maior distribuição dos recursos humanos e materiais para a saúde e um cuidado materno pela vida em nosso país.

- Quais os principais aspectos sobre a reforma do Código Penal que serão tratados durante a Semana Nacional da Vida? E qual a importância de se trazer essa discussão à tona?

Dom Leonardo:
No Anteprojeto de reforma do Código Penal brasileiro há muitos pontos que merecem ser amplamente debatidos e outros que devem ser simplesmente excluídos, haja vista o seu teor extremamente polêmico e contrário a princípios éticos. A Semana Nacional da Vida e o Dia do Nascituro são ocasião para que toda a Igreja continue afirmando sua posição favorável à vida desde o seio materno até o seu fim natural, bem como a dignidade da mulher e a proteção das crianças etc. Isso pode suscitar uma reflexão necessária por parte da sociedade e por parte dos senadores e senadoras responsáveis em avaliar e aprovar o anteprojeto no Senado Federal.

- Que mensagem deixaria para as comunidades católicas?

Dom Leonardo:
A família é uma bênção, pois é o lugar onde cada um, cada uma de nós veio à luz e onde iniciamos os primeiros e mais profundos laços de nossa existência. Na família começamos o caminho da fé que nos possibilita participarmos de uma Comunidade-igreja, e nos leva ao encontro dos irmãos e irmãs; É o Evangelho que nos abre o caminho para nos abrirmos à graça de Jesus em todos os momentos de nossa vida. A Semana Nacional da Vida nos leve à admiração e ao cuidado pela vida! Ela nos ajude a criarmos grupos de famílias que assumam a grande vocação de ser promotores da vida.
* Foto: CNBB




Mensagem do Papa para o Dia Mundial das Missões 2012
Papa Bento XVI
Chamados a fazer resplandecer a Palavra de verdade (Lett. ap. Porta fidei, 6)
Mensagem do Papa Bento XVI para o Dia Mundial das Missões
Quarta-feira, 25 de janeiro de 2012


Queridos irmãos e irmãs!


A celebração do Dia Mundial das Missões deste ano está carrega de um significado todo especial. A recordação do 50º aniversário do Decreto conciliar Ad gentes, a abertura do Ano da Fé e o Sínodo dos Bispos sobre o tema da nova evangelização contribuem para reafirmar a vontade da Igreja de empenhar-se com maior coragem e ardor na missio ad gentes para que o Evangelho chegue até os extremos confins da terra.

O Concílio Ecumênico Vaticano II, com a participação dos Bispos católicos provenientes de cada canto da terra, foi um empenho luminoso para a universalidade da Igreja, acolhendo, pela primeira vez, um alto número de Padres Conciliadores provenientes da Ásia, África, América Latina e da Oceania. Bispos missionários e bispos nativos, Pastores de comunidades espalhadas entre as populações não cristãs, que buscavam, no Assizes, conciliar a imagem da Igreja presente em todos os continentes, e que eram os intérpretes das realidades complexas do então chamado "Terceiro Mundo". Ricos em experiências derivadas por serem Pastores de Igrejas jovens e em caminho de formação, animados pela missão pela difusão do Reino de Deus, esses contribuíram de maneira relevante na reafirmação da necessidade e urgência da evangelização ad gentes, e, assim, levar, ao centro da eclesiologia, a natureza missionária da Igreja.


Eclesiologia missionária

Hoje, essa visão não falhou, de fato, experimentou uma reflexão proveitosa teológica e pastoral e, ao mesmo tempo, retorna com renovada urgência, pois ampliou o número daqueles que ainda não conhecem Cristo: "Os homens que esperam Cristo ainda são numerosos", afirmava o beato João Paulo II, na Encíclica Redemptoris missio sobre a permanente validade do mandamento missionário, e acrescentava: "Não podemos ficar tranquilos, pensando nos milhões de nossos irmãos e irmãs, também redimidos pelo sangue de Cristo, que vivem sem conhecer o amor de Deus" (n. 86).

Eu também, ao instituir o Ano da Fé, escrivi que "hoje, então, envia-nos nas ruas do mundo para proclamar o Seu Evangelho a todos os povos da terra" (Carta. ap. Porta fidei, 7); proclamação que, como dizia também o Servo de Deus Paulo VI, na Exportação apostólica Evangelii nuntiandi, "não é para a Igreja uma contribuição facultativa: é dever a ela incumbida pelo Senhor Jesus, a fim que os homens possam crer e serem salvos. Sim, esta mensagem é necessária, é única, é insubstituível" (n. 5).

Precisamos, portanto voltar ao mesmo zelo apostólico das primeiras comunidades cristãs, que mesmo pequenas e indefesas, foram capazes, com o anúncio e testemunho, de difundir o Evangelho em todo mundo até então conhecido.

Não é de se maravilhar que o Concílio Vaticano II e o sucessivo Magistério da Igreja insistam, de modo especial, sobre o mandamento missionário que Cristo confiou a seus discípulos e que deve ser empenho de todo Povo de Deus, Bispos, sacerdotes, diáconos, religiosos, religiosas e leigos.

O cuidado de anunciar o Evangelho em cada parte da terra pertence primeiramente aos Bispos, diretamente responsáveis pela evangelização no mundo, seja como membros do colégio episcopal, seja como Pastores das Igrejas particulares. Esses, de fato "foram consagrados não somente para uma diocese, mas para a salvação de todo mundo" (João Paulo II, Carta enc. Redemptoris missio, 63), "mensageiros da fé que levam novos discípulos a Cristo" (Ad gentes, 20) e tornam "visível o espírito e o ardor missionário do povo de Deus, de modo que toda a diocese se torne missionária" (ibid., 38).


A prioridade da evangelização

O mandamento de pregar o Evangelho não se limita, portanto, a um Pastor, em atenção à porção do povo de Deus confiado aos seus cuidados pastorais, ou em enviar um sacerdote, leigo ou leiga Fidei Donum [enviados em missão temporariamente pelas dioceses]. Esse deve envolver toda a atividade da Igreja particular, todos os seus setores, em suma, todo o seu ser e sua obra.

O Concílio Vaticano II indicou com clareza e o Magistério sucessivamente defendeu fortemente. Isso exige adequar constantemente aos estilos de vida, planejamentos pastorais e organizações diocesanas para esta dimensão fundamental do 'ser Igreja', especialmente no nosso mundo que passa por mudanças contínuas.

E isso vale também aos Institutos de Vida Consagrada e às Sociedades de Vida Apostólica, bem como aos Movimentos eclesiais: todos os componentes do grande mosaico da Igreja devem sentir-se fortemente questionados pelo mandamento do Senhor de pregar o Evangelho, a fim que Cristo seja anunciado a todos.

Nós Pastores, os religiosos, as religiosas e todos os fiéis em Cristo, devemos nos colocar sobre as pegadas do apóstolo Paulo, "prisioneiro de Cristo pelos pagãos" (Ef 3,1), que trabalhou, sofreu, lutou para disseminar o Evangelho em meio aos pagãos (cfr Ef 1,24-29), sem poupar energia, tempo e meios para fazer ser conhecida a Mensagem de Cristo.

Também hoje a missão ad gentes deve ser horizonte constante e o paradigma de cada atividade eclesial, porque a identidade da Igreja é constituída pela fé no Mistério de Deus, que se revela em Cristo para levar-nos a salvação, e da missão de testemunhá-Lo e anunciá-Lo ao mundo, até a Sua volta.

Como São Paulo, devemos ser atentos aos afastados, aqueles que não conhecem ainda Cristo e não experimentaram a paternidade de Deus, na consciência que "a cooperação missionária se deve estender hoje a formas novas incluindo não somente a ajuda econômica, mas também a participação direta na evangelização" (João Paulo II, Carta. enc. Redemptoris missio, 82). A celebração do Ano da fé e do Sínodo dos Bispos sobre a nova evangelização serão ocasiões propícias para um aumento da cooperação missionária, sobretudo nesta segunda dimensão.

Fé e anúncio

A ânsia de anunciar Cristo nos impulsiona também a ler a história para detectar os problemas, as aspirações e as esperanças da humanidade, que Cristo deve sanar, purificar e preencher com sua presença. A Sua Mensagem, de fato, é sempre atual, está próprio no centro da história e é capaz de dar resposta as inquietações mais profundas de cada homem.

Por isso, a Igreja, em todos seus elementos, deve estar consciente que "os imensos horizontes da missão eclesial, a complexada da situação presente pede hoje modalidade renovadas para poder comunicar eficazmente a Palavra de Deus (Bento XVI, Exort. ap. pós-sinodal Verbum Domini, 97). Isto exige, antes de tudo, uma renovada adesão de fé pessoal e comunitária ao Evangelho de Jesus Cristo, "num momento de profunda mudança como aquele que a humanidade está vivendo" (Carta. ap. Porta fidei, 8).

Um dos obstáculos para o impulso da evangelização, de fato, é a crise da fé, não somente do mundo ocidental, mas de grande parte da humanidade, que simplesmente tem fome e sede de Deus e deve ser convidada e conduzida ao Pão de Vida e Água Viva, como a Samaritana que vai ao poço de Jericó e dialoga com Cristo.

Como conta o Evangelista João, a história dessa mulher é particularmente significativa (cfr Jo 4,1-30): ela encontra Jesus, que lhe pede de beber, mas depois lhe fala de uma água nova, capaz de acabar com a sede para sempre. A mulher, no início, não compreende, permanece no plano material, mas lentamente é conduzida pelo Senhor a cumprir um caminho de fé que a leva a reconhecê-Lo como o Messias.

E sobre este propósito, Santo Agostinho afirma: "depois de ter acolhido no coração Cristo Senhor, que outra coisa poderia fazer [esta mulher] se não abandonar o jarro e correr para anunciar a boa nova?" (Homilia 15, 30).

O encontro com Cristo como Pessoa viva que preenche a sede do coração não pode se não levar ao desejo de compartilhar com os outros a alegria desta presença e fazê-Lo ser conhecido para que todos possam experimentar. Ocorre renovar o entusiasmo de comunicar a fé para promover uma nova evangelização das comunidades e dos países de antiga tradição cristã, que estão perdendo a referência de Deus, de modo a redescobrir a alegria de crer.

A preocupação de evangelizar não deve jamais permanecer às margens da atividade eclesial e da vida pessoal do cristão, mas caracterizá-la fortemente, na consciência de serem destinatários e, ao mesmo tempo, missionários do Evangelho. O ponto central do anúncio permanece sempre o mesmo: o Kerigma do Cristo morto e ressuscitado para a salvação do mundo, o Kerigma do amor de Deus absoluto e total por cada homem e cada mulher, culmina no envio do Filho eterno e unigênito, o Senhor Jesus, que não hesitou em assumir a pobreza de nossa natureza humana, amando-a e resgatando-a, por meio da oferta de si sobre a cruz, do pecado, e da morte.

A fé em Deus, neste plano de amor realizado em Cristo, é, antes de tudo, um dom e um mistério a ser acolhido, no coração e na vida, e que se deve sempre agradecer ao Senhor. Mas a fé é um dom que nos é dado para que seja dividido; é um talento recebido para poder dar frutos; é uma luz que não deve ser escondida, mas deve iluminar toda a casa; é o dom mais importante que nos foi dado para nossa existência e não podemos detê-lo para nós mesmos.


O anúncio se faz caridade

"Ai de mim se não anunciar o Evangelho!", dizia o apóstolo Paulo (1 Cor 9,16). Estas palavras ressoam com força para cada cristão e para cada comunidade cristã em todos os continentes. Também para as Igrejas nos territórios das missões, Igrejas em sua maioria jovens, normalmente de fundação recente, a missionaridade se torna uma dimensão congênita, também se esses próprios precisam ainda dos missionários.

Tantos sacerdotes, religiosos, religiosas, de cada parte do mundo, muitos leigos e até mesmo famílias inteiras, deixam os próprios países, as próprias comunidades locais e vão para outras igrejas para testemunhar e proclamar o Nome de Cristo, no qual a humanidade encontra a salvação. Trata-se de uma expressão de profunda comunhão, partilha e caridade entre as Igrejas, para que cada homem possa escutar e escutar novamente o anúncio que cura e aproxima-os dos Sacramentos, fonte de verdadeira vida.

Junto a este alto sinal de fé que se transforma em caridade, recordo e agradeço as Pontifícias Obras Missionárias, instrumentos para a cooperação às missões universais da Igreja no mundo. Através da ação delas, o anúncio do Evangelho se faz também intervenção na ajuda ao próximo, justiça aos mais pobres, oportunidade de educação nas aldeias mais remotas, assistência médica nos lugares mais afastados, emancipação da miséria, reabilitação de quem está marginalizado, sustento ao desenvolvimento dos povos, superando das divisões étnicas e respeitando a vida em cada fase.

Queridos irmãos e irmãs, invoco sobre a obra de evangelização ad gentes, e em particular sobre os operadores, a efusão do Espírito Santo, para que a Graça de Deus a faça caminhar mais decisivamente sobre a história do mundo. Com o beato John Henry Newman gostaria de rezar: "Acompanha, oh Senhor, os Teus missionário nas terras da evangelização, coloca as palavras certas em seus lábios, renda frutuosa sua fadiga". Que a Virgem Maria, Mãe da Igreja e Estrela da evangelização, acompanhe todos os missionários do Evangelho.


Vaticano, 6 de janeiro de 2012, Solenidade da Epifania do Senhor