
A
Igreja não pode ficar alheia a esta realidade. Por isso precisa fomentar
a Pastoral da Pessoa Idosa, que não existe em muitas paróquias.
Quanto
mais a vida moderna agita os lares, mais importância as pessoas idosas
têm na vida da família e dos seus filhos e netos. Hoje a maioria dos
pais e mães trabalham fora de casa, e muitos netos ficam a cargo das
avôs e avós, que prestam um grande serviço a seus filhos na educação dos
netos. A sabedoria deles, a experiência nas coisas do lar, ajudam muito
na educação dos seus netos. Sem contar que muitos deles já foram
professores de muitas disciplinas, além de música, dança, e tantas
coisas que podem agora transmitir aos jovens e crianças.Da
mesma forma esta experiência acumulada pode ajudar muito a Igreja no
seu trabalho de evangelização de crianças, jovens e adultos. Penso que
em primeiro lugar, a Pastoral dos idosos deve olhar para isso, e
abrir-se para esta riqueza disponível de tantas pessoas sábias, doutas,
que podem ser muito úteis à Igreja. Por outro lado, isto dará aos idosos
que dispõem de tempo, uma atividade importante em suas vidas,
trazendo-lhes valorização, realização e vida mais longa. Sabemos que a
inatividade pode apressar a morte de uma pessoa idosa. É preciso
valorizar a pessoa do idoso.
Em
muitas atividades eles podem ser úteis: na catequese das crianças,
jovens e adultos, na formação específica, nos Conselhos paroquiais e
diocesanos, na administração das obras e finanças, na liturgia, nos
trabalhos de escritório, no atendimento às pessoas, na oração, etc.
Ficamos muito tempo a mingua de uma boa catequese, e por isso, muitos de
nossos jovens e adultos de hoje não sabem sequer a relação dos
Sacramentos e Mandamentos; penso que muitos idosos podem ajudar a Igreja
a vencer esse atraso. Muitos católicos foram para as seitas porque lhes
faltou a catequese.
O documento do V CELAM, de Aparecida, pede que a Igreja esteja em “estado permanente de missão”, e isto deve incluir os idosos.
Mas a
pastoral do idoso tem o outro lado, que é levar a eles a boa acolhida e
o amor de Cristo. Sabemos que muitos idosos têm uma vida difícil, e por
isso a Pastoral deve se preocupar em dar-lhes assistência espiritual,
material e afetiva. Muitas famílias deixam os seus idosos em situação
difícil; às vezes doentes, sem recursos financeiros, sem às vezes até um
lar, vivendo na solidão, abandonados… Não há dúvida de que esse idoso é
o “pobre mais pobre”, aquele que o braço de Cristo, através da Igreja,
deve alcançar com mais urgência.
O
mundo de hoje é muitas vezes injusto e insensível com os idosos; muitos
deles são vistos como pessoas que “só dão trabalho”, já não produzem
mais, são abandonadas nos asilos; e, pior ainda, pesa-lhes sobre a alma,
em alguns países, a ameaça da eutanásia, que a cada dia cresce no mundo
todo. Os jornais noticiaram que muitos idosos da Holanda estão deixando
os asilos daquele país, com medo da eutanásia, e estão se abrigando nos
asilos da Alemanha onde a eutanásia não é legal.
Que
horror! Que injustiça! Essa pessoa que trabalhou a vida toda, que
construiu a sociedade, agora é empurrada para a morte como se fosse
apenas um estorvo, e não um ser humano… Não podemos chamar a isto de
civilização, antes de barbárie.
Na
velhice, todas as faculdades físicas enfraquecem. Os olhos já não
enxergam como antes; os passos agora são lentos e, muitas vezes,
precisam do apoio de bengalas; os ouvidos já não ouvem bem; os dentes já
não são fortes como antes; os braços já não podem fazer força… o corpo
dói com facilidade porque os músculos são frágeis e todos os órgãos já
estão cansados. Facilmente, a doença se instala. É ai então que a
caridade de Cristo deve agir. É então nesta fase que o idoso mais
precisa do calor dos jovens, do seu carinho, apoio e companhia caridosa.
Isto nos sugere unir de certa forma a catequese dos jovens e das
crianças aos idosos.
A
Pastoral do idoso deve, então, se preocupar com a sua “acolhida”; não
ficar esperando que ele chegue à Paróquia, porque muitos deles já não
têm mais condições de ir a ela. Então, é a Paróquia que deve ir a eles.
Conheço uma família ex-católicos que se tornou protestante porque a avó
da família ficava só e doente em casa o dia todo. Recebendo a visita dos
protestantes que a acolheram, trataram dela, oravam com ela, etc., ela
foi para a igreja deles, e levou toda a família. Penso que isto se
repete muito hoje. É uma grave omissão das nossas pastorais, e que
precisa ser corrigida.
Esta
lição nos ensina que a Pastoral do idoso precisa ir de rua em rua, de
casa em casa, descobrindo e acolhendo cada idoso que precise de ajuda.
Muitos deles já não podem ir à Igreja, então precisam receber os
Sacramentos em casa. É nesta hora que se vê a grandeza da Pastoral.
Se a nossa caridade para com os outros irmãos não é esquecida por Deus, quanto mais a caridade para com os idosos!
Prof. Felipe Aquino
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