segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Enviado por Míriam Leitão -
01.10.2012
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09h00m
Homenagem

Eric Hobsbawm nos ajudou a entender melhor o mundo

O historiador Eric Hobsbawm, que morreu hoje, foi um pensador brilhante. Ele nos ajudou a entender melhor os momentos mais importantes dos séculos XIX e XX. Hobsbawm chegou aos 95 anos com uma lucidez impressionante. Recentemente, escreveu o obituário de uma pensadora contemporânea dele.
Até morrer, fez o que gostava de fazer: pensar e escrever. Sua obra ficará conosco. Também fica a tristeza de perder uma inteligência como essa, mas a certeza de que os seus 95 anos foram bem vividos, ajudaram a humanidade a pensar.
Felizmente, sua família, que foi ameaçada pelo horror do nazismo, conseguiu escapar daquela perseguição absurda, fugindo para a Grã Bretanha.
Ele foi um pensador marxista, mas o próprio pensamento marxista evoluiu e ele foi junto nessa transformação. Mesmo quem não vê o mundo pelo prisma da luta de classes, sabe que não é possível entender o mundo, o capitalismo e seus defeitos sem avaliar as diferenças que são ditadas pelas classes sociais.
Que Eric Hobsbawm descanse em paz, sabendo que cumpriu seu papel na Terra.
Bento XVI indica tema para Dia Mundial das Comunicações 2013
30/09/2012
Da Redação* A+ a- Imprimir Adicione aos Favoritos RSS Envie para um amigo

“Redes Sociais: portais de verdade e de fé; novos espaços de evangelização”. Este é o tema proposto pelo Papa Bento XVI para o Dia Mundial das Comunicações Sociais 2013. O tema foi divulgado na manhã do último sábado, dia 29 de setembro, com uma nota expedida pelo Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais.

A nota divulgada destaca que um dos desafios mais significativos da evangelização nos tempos atuais é aquele que emerge dos meios digitais. O documento também enfatiza que, na verdade, não se trata mais de como utilizar a internet como um “meio” de evangelização, “mas de evangelizar considerando que a vida do homem de hoje se exprime também no ambiente digital”. Leia abaixo a íntegra da nota.

Comunicado do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais

Um entre os desafios mais significativos da evangelização nos dias de hoje é aquele que emerge do ambiente digital. É sobre este desafio que o tema deste ano, proposto pelo papa Bento XVI, para o 47º Dia Mundial das Comunicações Sociais: "Redes Sociais: portais de Verdade e de fé, novos espaços de evangelização" quer chamar a atenção, no contexto do Ano da Fé.

Os elementos de reflexão são numerosos e importantes: em um tempo no qual a tecnologia tende a tornar-se o tecido que conecta muitas experiências humanas - como as relações e o conhecimento - é necessário questionar-se: - essa pode ajudar os homens a encontrar Cristo pela fé? Porém, não basta uma superficial adaptação da linguagem, mas é necessário poder apresentar o Evangelho como resposta a uma contínua pergunta humana de sentido e de fé, que também emerge da rede e nela mesma se faz estrada.

Será também este o modo para humanizar e fazer vivo e vitalizado um mundo digital que impõe, atualmente, um comportamento mais definido: não se trata mais de como utilizar a internet como um “meio” de evangelização, mas de evangelizar considerando que a vida do homem de hoje se exprime também no ambiente digital.

É necessário, de modo particular, levar em conta o desenvolvimento e a grande popularidade do social network, que consentiu a acentuação de um estilo dialógico e interativo na comunicação e na relação.

O Dia Mundial das Comunicações Sociais, uma data estabelecida pelo Concílio Vaticano II ("Inter Mirifica", 1963), vem sendo celebrado em muitos países, com a recomendação dos bispos de todo o mundo, no domingo que antecede a Festa de Pentecostes (em 2013, 12 maio).

A Mensagem do Santo Padre para o Dia Mundial das Comunicações Sociais é tradicionalmente publicada em ocasião da recorrência da Festa de São Francisco de Sales, padroeiro dos Jornalistas (24 janeiro).

* Fonte e foto: Canção Nova
Semana Nacional da Vida: pelo direito à vida em qualquer instância
01/10/2012
Raquel Araujo A+ a- Imprimir Adicione aos Favoritos RSS Envie para um amigo

Uma oportunidade de colocar em evidência o valor e a beleza do maior dom recebido de Deus: a vida. Diante de fatos que atentam contra a dignidade da pessoa humana, a Semana Nacional da Vida – que este ano será realizada de primeiro a sete de outubro - se destaca como uma maneira de reafirmar a importância inalienável e inegociável da vida em qualquer instância. A Semana retoma as situações de ameaça à vida e se insere na missão da Igreja de estar a serviço do bem-estar pleno de todos.

A discussão acerca de uma mudança de época, onde a definição da concepção integral do ser humano é dissolvida perpassa os dias de hoje. Em entrevista ao Portal da Arquidiocese, o Bispo Auxiliar e presidente da Comissão Arquidiocesana de Promoção e Defesa da Vida, Dom Antonio Augusto Dias Duarte lembrou que o Documento de Aparecida chamava a atenção para o individualismo, prática nociva à valorização do outro. Segundo o bispo, um aspecto importante que ainda falta à consciência da população, quando se trata da promoção da vida, é o próprio respeito à pessoa humana.

- Quando não se valoriza a pessoa, a vida passa a ser simplesmente um fenômeno biológico, social, e, ao apagar o valor da pessoa, você também apaga o valor da vida. Este Documento de Aparecida lembrava um pouco deste malefício, desta mudança de conceito da pessoa humana, que é justamente o individualismo. Ali, há uma frase que é realmente impressionante e arrepiante, porque fala que o individualismo não é apenas a indiferença com o outro, mas é um sinal de que o outro praticamente não existe. Não é apenas uma indiferença, mas um desprezo do outro. E nós observamos, hoje em dia, esse desprezo da pessoa enquanto pessoa. Não se trata de, na Semana Nacional da Vida, apenas fazermos campanhas contra os atentados que se fazem contra a vida humana, não é apenas apontarmos as origens e as causas da cultura de morte, mas sim realmente fazer com que a pessoa humana, em todas as suas etapas da vida, seja valorizada enquanto pessoa. Esta é a maneira de tirar do mundo este individualismo indiferente e depreciativo do ser humano, opinou.

Instituída, em 2005, pela 43ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Semana da Vida acontece anualmente. Neste ano, o tema é “Vida, saúde e dignidade: direito e responsabilidade de todos”, relacionando-se com a Campanha da Fraternidade 2012, que aborda a Fraternidade e a saúde pública. Ao comparar os dois temas, Dom Antonio destacou a necessidade de entender a “saúde” de uma maneira mais ampla, abrangendo não somente o aspecto médico, mas sim o bem-estar integral do ser humano — principal preocupação da Semana Nacional da Vida.

- Devemos pontualizar bem o que queremos dizer com saúde. (...) Saúde, no fundo, é o bem-estar integral da pessoa humana, e se esse bem-estar é procurado e é propagado, ai temos a saúde pública. E a saúde pública não se trata apenas de combater as doenças existentes de uma forma epidêmica ou endêmica na sociedade, mas se trata de fazer com que as pessoas se relacionem de uma maneira saudável. Então, eu penso que essa Semana Nacional da vida, com esse titulo: “vida, saúde e dignidade”, deve ser desenvolvida primeiro, a conceituar e valorizar realmente quem é a pessoa humana e, em segundo lugar, não apenas reivindicar políticas de saúde pública(...), mas, mais uma vez, fazer as pessoas agirem no sentido de darem condições sociais para que possamos ter esse bem integral, disse.


A Semana termina com o 'Dia do Nascituro', comemorado em 8 de outubro, para homenagear o novo ser humano, a nova vida que, desde a sua concepção, está dentro do útero materno. Nesta mesma ocasião, quem olhar para o alto do Corcovado, no Rio de Janeiro, à noite, verá o Cristo Redentor, maior cartão-postal da cidade, iluminado de amarelo, em atenção à data. Segundo Dom Antonio, este é o momento em que o Cristo - definido como “a Luz do mundo” - através de sua iluminação peculiar, chamará a atenção e convidará a todos para também serem essa luz e aderirem às causas da Semana da Vida.

- Quando se fala que Cristo se define como a Luz do mundo, aí temos uma afirmação de que ele nos faz pensar que se o Cristo está iluminado, neste caso para a Semana da Vida, é para despertar em nós uma maior consciência, uma maior participação em defesa da vida. Não podemos esquecer que Ele não só se define como “a Luz do mundo”, como ele fala: “Nós somos a luz do mundo”. Então, temos que ser a luz da verdade! Não basta iluminar o Cristo, é preciso que saibamos qual o sentido daquela mudança de cor, e, quando se refere ao Dia do Nascituro, temos que saber que ali estamos sendo chamados para iluminar a consciência das pessoas com a valorização da pessoa humana, com o valor do bem-estar integral da pessoa humana. E depois também, se Cristo afirma “eu sou a Luz do mundo” e se essa Luz é a verdade, devemos nos comprometer mais com a difusão da verdade sobre essas realidades que eu citava, ponderou.


Projeto Raquel: pelo apoio às mães que sofreram aborto

Temeroso ao saber do nascimento de Jesus Cristo, Herodes mandou matar todas as crianças com menos de dois anos. Este episódio remete à Raquel, mulher do Antigo Testamento, que chorou inconsolável pela morte de seus filhos.

“Então se cumpriu o que foi dito pelo profeta Jeremias: Ouviu-se um clamor em Ramá, Choro e grande lamento; Era Raquel chorando a seus filhos, E não querendo ser consolada, porque eles já não existem.” (Mt 2: 16-17)

Assim como Raquel, muitas outras mulheres convivem com a angústia e a tristeza da perda de um filho. No caso do Projeto Raquel, a morte da criança é causada pelo aborto.


- Esta participação das mulheres na morte dos filhos que levam dentro do seu corpo, através do aborto, faz com que elas chorem como Raquel. Ou seja, que elas sofram as conseqüências do aborto. Se até o aborto espontâneo traz um sofrimento à mulher, devemos considerar também o que é gravíssimo para a mulher, que é o aborto procurado. Esta mulher precisa de ajuda, afirmou Dom Antonio.

Com foco nessas mulheres que sofrem após algum tipo de aborto, o Projeto Raquel caracteriza-se como um serviço pastoral pós-aborto, que nasceu nos Estados Unidos em 1984 e que se espalhou rapidamente pelas dioceses de vários países. O projeto é uma rede de cura, baseada na misericórdia de Deus, que oferece a essas mulheres todo o apoio espiritual e psicológico necessário para cada caso. No Rio de Janeiro, a Arquidiocese oferecerá um curso, no dia 20 de outubro, para leigos, membros das pastorais da saúde e familiar, religiosos (as) e sacerdotes, afim de capacitá-los para atuar no Projeto na cidade.

Para a maioria das mulheres, as consequências do aborto não têm a ver com patologia física, mas com angústia e culpa. Dom Antonio recordou o beato João Paulo II em sua Encíclica Evangelho da Vida, na qual o então Papa fala sobre as mulheres que sofreram aborto:

- O Papa João Paulo II, na Encíclica Evangelho da Vida, mostrava toda a misericórdia da Igreja, e o sinal da misericórdia de Deus, ao falar que estas mulheres são menos culpadas que os homens, menos culpadas que a sociedade — que não dá as condições para que elas sejam, de fato, mães—, menos culpadas que os legisladores — que procuram servir não ao povo, mas usam do povo para introduzir uma cultura de morte. Então, o Papa coloca essas mulheres tendo essa devida posição em termos de culpa, mas lembrando que qualquer culpa não deve ser simplesmente sentida. Essa culpa deve ser perdoada, deve ser aliviada e, por isso, existe o projeto Raquel, esclareceu.( Arquidiocese do Rio de Janeiro )



Rádio Catedral


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domingo, 30 de setembro de 2012

Coluna no GLOBO

O mais grave dos riscos

O IBGE revelou uma notícia assustadora, mas não houve reação à altura. O Brasil tem um milhão quatrocentos e quinze mil crianças de 7 a 14 anos oficialmente analfabetas pelo registro da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (Pnad). E de 2009 a 2011 caiu — sim, é isso, caiu — o percentual de jovens de 15 a 17 anos na escola. Será que é assim que queremos vencer?
A vastidão da tragédia educacional brasileira não caberia nesta coluna, e arruinaria — querida leitora, caro leitor — este seu domingo. Por isso vamos pensar juntos apenas em alguns números. Fomos informados dias atrás pelo IBGE que em 2009 o Brasil tinha 85,2% de jovens de 15 a 17 anos na escola. O que equivale a dizer que 14,8% não estavam, e isso já era um absurdo suficiente. Mas em 2011, a Pnad descobriu que o número tinha piorado e agora só há 83,7%. Aumentou para 16,3% o total de jovens nessa faixa crítica que estão fora da escola.
Em qualquer país do mundo, que saiba a natureza do desafio presente, esses números seriam motivo para se fazer um escândalo, iniciar uma investigação, chamar as autoridades à responsabilidade. O ministro se desculparia, os educadores seriam entrevistados para saber como resolver o problema, os contribuintes exigiriam mais respeito com seus impostos, os pais se mobilizariam. Mas a notícia foi dada numa sopa de outros indicadores e sumiu por lá. Em alguns jornais foi destaque, em outros, nem isso.
Como assim que em 2012 o país fica sabendo que tem menos — e não mais — jovens onde eles deveriam estar? E mesmo assim não se assusta, não reage? Difícil saber o que é pior: se a notícia em si ou a falta de reação diante da notícia.
Os demógrafos já nos informaram que estão nascendo menos brasileiros, e que, por isso, a população vai parar de crescer. Os empresários estão dizendo que há um apagão de mão de obra, falta trabalhador qualificado. Nem que seja por uma mera questão econômica, de formação de trabalhadores, o país deveria exigir explicação das autoridades. Afinal, estamos jogando fora cérebros que serão necessários à economia.
Mas a educação, evidentemente, não é só para formação de trabalhadores, como se fossem peças de uma máquina. É a única estrada que leva as pessoas à realização do seu potencial, a única forma de realmente incluir o cidadão, a melhor maneira de fortalecer a democracia.
A taxa de analfabetismo no Brasil é considerada a partir de 15 anos. Com esse recorte etário, a taxa foi de 8,6% em 2011. Uma melhora em relação a 2009, quando era de 9,7%. Com mais de 15 anos temos 12,9 milhões de analfabetos.
Mas se formos considerar quem não está na conta — os de 7 a 14 anos — existem mais 1,4 milhão de analfabetos. O problema desse número é que ele derrota a ideia de que o analfabetismo é um problema herdado pelos erros passados do Brasil. De fato, ele é maior quanto mais alta for a idade. Mas esses dados mostram que o país está repetindo agora o mesmo desatino. Há analfabetos jovens, hoje. Meio milhão deles estão na área rural. Aliás a taxa de analfabetismo rural brasileiro é de 21%.
Eu queria não estragar o domingo de você que me lê. Então vamos concluir assim: ainda há tempo. Se o Brasil se apressar, pode correr atrás dos ainda analfabetos. Pode tentar trazer de volta os jovens que desistiram da escola. Alguns mais céticos dirão que não há mais tempo e o cérebro não educado na infância jamais terá de volta a habilidade necessária. São tantos os casos de superação. É quase tarde demais, mas ainda há tempo. Se o Brasil não se apressar esses jovens continuarão em seu desamparo.
( Miriam Leitão)

DESIGUALDADES SOCIAIS, DESIGUALDADES LINGUÍSTICAS



Desigualdades sociais, desigualdades linguísticas


Share on google_plusoToda sociedade complexa é bastante heterogênea, porque formada de indivíduos muito diferentes entre si. E essa diferença, que em princípio seria apenas de natureza, logo tende a tornar-se de valor. O Brasil, que, segundo dados recentemente divulgados, é a quarta nação mais desigual da América Latina, vive uma verdadeira luta de classes, permeada por todo tipo de preconceito e intolerância. E o que vale para a desigualdade social vale para a diversidade linguística, vista entre nós também como desigualdade: assim como há classes sociais dominantes e dominadas, certas variedades linguísticas são tidas como superiores, outras como inferiores.
Diante da desigualdade social, há três atitudes políticas possíveis: uma atitude conservadora, que procura manter tudo como está e estimula o preconceito contra os menos favorecidos; uma atitude pseudoprogressista, que valoriza a carência e trata a pobreza como virtude, como se ignorância, subnutrição, falta de recursos, fome e desestruturação familiar fossem um patrimônio cultural a ser preservado; e, finalmente, uma atitude verdadeiramente progressista que, reconhecendo o problema, procura saná-lo, atuando para que os pobres possam pouco a pouco sair da pobreza e usufruir os mesmos bens da civilização que as elites.


Em termos de língua, a atitude conservadora consiste em tachar aqueles que não dominam a norma culta como ignorantes e analfabetos, exercendo sobre eles o famoso preconceito linguístico (cerceamento do acesso a direitos, exclusão social, chacota, etc.), mas nada fazendo para mudar a situação. Já pseudoprogressista é afirmar que todas as variedades linguísticas, inclusive as de menor prestígio, devem ser respeitadas e estimuladas, que não se deve corrigir o aluno que diz "menas" ou "pobrema", e que é legítimo que cada um fale como queira ou possa em qualquer situação. Esse tipo de atitude se assemelha muito a certas políticas demagógicas que, a pretexto de tirar crianças carentes de situações de risco, as ensinam a tocar tambor ou a cantar funk (o da favela, não o verdadeiro, dos negros americanos, bem entendido) sob a alegação de que se trata de uma forma de inserção social e de incentivo à cultura. Resta saber em qual sociedade essas crianças serão inseridas e que tipo de cultura é essa que se está incentivando?


Realmente progressista num caso como esse não seria dar às crianças a possibilidade de aprender música de qualidade (um instrumento melódico, partitura, solfejo)? Não seria dar-lhes a chance de ter acesso a outras realidades (musicais, culturais e sociais) que abram sua cabeça e as portas de uma vida mais feliz e mais plena, inclusive de oportunidades?


Infelizmente, para certos setores que se dizem de esquerda (mas cuja ideologia de endeusamento da miséria - principalmente da espiritual - é de fato reacionária, já que só faz preservar a penúria), a pobreza é uma virtude (talvez porque renda votos) e o importante é elevar a autoestima do cidadão carente e não libertá-lo da carência.


Não há dúvida de que os pobres merecem respeito como cidadãos e seres humanos, mas respeitá-los em sua pobreza é uma coisa, tentar resgatá-los dessa condição é algo bem diferente.


Que a língua varia todos sabemos e a linguística já o provou há muito tempo: é uma verdade científica. Que a variação linguística é coextensiva da heterogeneidade social também já está provado. E, assim sendo, a variedade é natural (porque pessoas diferentes não podem se expressar de modo igual), irreprimível (pois não há como obrigar todos os cidadãos a terem um mesmo comportamento) e benéfica para a comunicação, já que só se pode dar conta de determinadas experiências em certas variedades. Também é fato que a diversidade linguística é um prato cheio para os cientistas da linguagem. Mas isso não quer dizer que os linguistas sejam contra a escolarização e o ensino da norma culta nas escolas - ainda que com todas as críticas que nossa gramática normativa merece e tem recebido. Dizer que "nós foi" e "teje" é algo que deva ser preservado e que reprimir tais usos com intuito educativo é intolerância linguística constitui uma postura obscurantista. Assim como o desejável não é respeitar, mas sim erradicar a pobreza, dando aos excluídos a possibilidade de ascender socialmente por meio da educação, o verdadeiro progressismo está em levar a todos o conhecimento das formas mais prestigiosas da língua, até para que se possa decidir com bom senso em que momento usá-las ou não. Do contrário, estaremos ensinando crianças carentes a bater tambor e a gostar de funk sob a alegação de que piano e violão são instrumentos pequeno-burgueses e de que Beethoven e Tom Jobim representam a música das elites dominantes e opressoras. Ou seja, em nome de um esquerdismo de salão, estaremos é sendo fascistas.
TEXTO DE ALDO BIZZOCCHI

Dia de São Jerônimo


PASTORAL DAS FAVELAS

IGREJA NO BRASIL

Pastoral das Favelas: Há 35 anos transformando a sociedade

pastoral favelas
Portal A12
Com informações da CNBB

Criada em 1977, por iniciativa do então Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Eugenio Salles, a Pastoral das Favelas completou essa semana 35 anos de existência.

Sua trajetória é marcada pela preocupação da Igreja com os mais necessitados e na promoção da dignidade humana e cidadania em favor dos moradores das comunidades.

Uma missa especial foi celebrada na Favela Dona Marta, primeira comunidade a receber, em 2008, uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).

A cerimônia foi conduzida pelo Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ), Dom Orani Tempesta, na capela Nossa Senhora das Graças.

Durante a celebração, Dom Orani lembrou que é necessária a preocupação para que os moradores das favelas possam viver com dignidade.

“Principalmente, nesse novo momento que vivemos por conta da pacificação das comunidades. São novos tempos, novas realidades, porém, a preocupação com as pessoas e com a vida continua. É necessário levar habitação, saúde, lazer e educação para quem mora nas favelas também, pois é um direito deles também", disse Dom Orani.

Na década de 80, a Pastoral das Favelas criou associações de moradores e se empenhou em conscientizar as pessoas sobre o seu direito à cidadania e participação delas como forma de transformar a sociedade.

A década de 90 foi marcada pelos diálogos com as ONGs e os poderes públicos. Além disso, cada comunidade ganhou uma capela.

A Pastoral continua, até hoje, atuante, apoiando os moradores carentes, visando à solução dos problemas de moradia.

O coordenador da Pastoral das Favelas, monsenhor Luiz Antônio Lopes, também esteve presente na missa e lembrou que desde sua criação, a entidade luta pelo direito das pessoas menos favorecidas.

“Trabalhar com os pobres é um grande desafio não só para a Igreja, que sempre lutou pelos direitos da população mais pobre, mas de todos. Sonho com o dia que todos poderão viver em paz e com dignidade, em especial àqueles que moram nas comunidades”, finalizou.

Atualmente, a Pastoral das Favelas realiza reuniões mensais de fortalecimento e formação com os núcleos em diversas comunidades, promove encontros com o poder público, a fim de estreitar o relacionamento com as comunidades, além de organizar encontros com agentes e lideranças para a reflexão de questões atuais à luz do Evangelho.