segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

A tentação de remendar pano novo em roupa velha

Nesta narrativa de Marcos, o destaque é a questão do jejum, uma das principais observâncias religiosas dos fariseus, que é mencionado seis vezes neste texto. Jesus, com seus discípulos, infringia esta prescrição legal, bem como a observância do sábado, conforme os Evangelhos registram com frequência.
O texto de hoje relata a terceira duma série de controvérsias com vários grupos judaicos, iniciada em Mc 2,1. Talvez, surpreendentemente, a discussão de hoje se deu não somente com os fariseus, mas com os discípulos de João Batista. Marcos fala disso porque os discípulos de João formavam uma comunidade que sobreviveu à morte do Batista, sem dúvida até o segundo século da nossa era (cf. Jo 3,25). O motivo foi porque os discípulos de Jesus não davam grande importância ao jejum – uma prática que, ao lado da oração e da esmola, era muita cara às tradições religiosas dos judeus. Aliás, práticas também que continuavam – e continuam – a ter muito sentido para os cristãos de então, e de hoje, se bem com ênfases e expressões diferentes.
O Sermão da Montanha, no sexto capítulo de Mateus (Mt 6,1-18), nos dá as orientações de Jesus sobre essas práticas, para evitar que caiam no formalismo e no vazio de serem somente práticas externas que não tocam no coração da pessoa humana. Atualmente, na Sexta-feira Santa por exemplo, lotam-se os restaurantes para comer bacalhau caríssimo, uma vez que comer carne vermelha é proibido! E assim, se cumpre a lei “na letra” mas não no espírito.
No trecho de hoje, Jesus não se concentra sobre o jejum como tal, mas sobre o simbolismo de jejuar ou não no contexto das bodas, ou casamento. A imagem do banquete de casamento tinha conotações messiânicas e a referência a Jesus como o noivo tem esse sentido. Com a vinda de Jesus , chegou a hora do casamento, ou seja, de um novo relacionamento entre Deus e as pessoas.
Mas também neste texto, bem no meio das controvérsias, se faz uma alusão clara à Cruz, ao destino de Jesus, pois “vão chegar dias em que o noivo será tirado do meio deles. Nesse dia, eles vão jejuar”. A fidelidade à vontade do Pai, na pregação da novidade da chegada do Reino de Deus, levará Cristo inevitavelmente à morte, pois o velho sistema politico-religioso é incapaz de adaptar-se à grande novidade da Boa Nova trazida por Jesus.
Por isso, Marcos termina o texto colocando duas frases sobre a relação entre o velho e o novo – o pano remendado e os barris de vinho. A Boa Nova, com as suas consequências sociais e religiosas, é como um pano novo que não pode remendar roupas velhas, e como barril novo que preserva vinho novo. Para acolher Jesus e o seu projeto, é necessário acabar com estruturas arcaicas de dominação e de discriminação. Quem procurar salvaguardar esquemas antiquados e injustos não vai conseguir vivenciar a Boa Nova.
Jesus veio exigir mudança radical, tanto no nível individual como social. Não veio “remendar” mas trazer algo novo – um novo relacionamento entre as pessoas, com Deus, consigo mesmos e com a criação.
A presença de Jesus entre seus discípulos e no mundo é motivo de alegria. É o próprio Deus da vida e do amor presente entre nós, dispensando as práticas cultuais que são feitas em busca de um deus oculto e distante.
Com as sentenças sobre remendo novo em roupa velha e vinho novo em odres velhos fica afirmada a novidade do movimento de Jesus, que se diferencia fundamentalmente da antiga prática religiosa legalista.
O desafio continua hoje : como é tentador “remendar”, ou seja, fazer somente algumas mudanças que não atingem o cerne das estruturas de exploração, nem a sua raiz na nossa própria pecaminosidade. Por isso, a sociedade hegemônica, taxando-se muitas vezes de “cristã”, sempre procura cooptar o Evangelho e a Igreja, para que não tenha que mudar. Quando a cooptação e o suborno sutil não funcionam, parte-se para a perseguição – por isso Marcos desde já aponta para a Cruz.
A sociedade moderna – sobretudo através da mídia – continua essa cooptação, disseminando uma religião “água com açúcar”, de “panos quentes”, dando espaço para movimentos religiosos alienantes, enquanto cala a voz dos profetas, ignorando-os ou até matando-os, como o sangue dos mártires do nosso tempo muito bem testemunha.
O Evangelho de hoje nos desafia para que façamos as mudanças radicais necessárias para acolher a Boa Nova, para sermos contraculturais, com Jesus: “Vinho novo deve ser colocado em odres novos”, que são os nossos corações.
Padre Bantu Mendonça

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Sejamos prontos em aprender e ensinar os bons costumes

Precisamos aprender as boas coisas e copiar para nossas vidas os costumes salutares para o nosso corpo e alma.
É interessante que os discípulos de Jesus, ao verem-No todos os dias sair para rezar, também foram cultivando no coração este desejo a ponto de um dia pedirem a Ele: “Senhor, ensina-nos a rezar, como também João ensinou a seus discípulos”( Lc 11,1b).
E Jesus foi pronto em ensinar: “Quando rezardes, dizei: Pai, santificado seja o teu Nome. Venha o teu Reino. Dá-nos a cada dia o pão de que precisamos, e perdoa-nos os nossos pecados, pois nós também perdoamos a todos os nossos devedores; e não nos deixeis cair em tentação” (Lc 11,2-3).
Cultivemos em nosso coração a prontidão interior em querer aprender as boas obras e ensiná-las aos demais, assim como Jesus ensinou aos discípulos d’Ele a rezar, sem pôr empecilhos.
Tenhamos a mesma coragem que os discípulos tiveram, e peçamos a Jesus: Senhor, ensina-nos a rezar, a fazer o bem, a amar o próximo, e, com certeza, Ele prontamente ensinar-nos-á. Sozinhos não somos capazes de uma boa ação, somente com o auxílio de Jesus conseguimos ter atitudes de verdadeiros filhos e filhas de Deus.
Aproximemo-nos do Senhor com confiança, porque Ele está à nossa espera.
Jesus, eu confio em Vós!
Fonte: Canção Nova / Luzia Santiago)

domingo, 20 de janeiro de 2013

Reflexão: vaidade mística

Tenho medo dos que se rendem à vaidade mística, dos que se sentem superiores por conta da religião que praticam. 
(Padre Fábio de Melo)

Precisamos dessa reflexão...

Racionem comigo os que hoje se sentem perdedores! NA HORA DA CRUZ , JESUS ERA MENOS JESUS DO QUE O JESUS VITORIOSO E RESSUSCITADO? 
(Padre Zezinho)

Bento XVI pede o fim dos conflitos armados no mundo


A Semana de Oração pela unidade dos cristãos "é um momento que desperta o desejo e o compromisso espiritual com a plena comunhão", disse o Papa.
O Papa Bento XVI invocou neste domingo, 20, o fim da violência e da matança de civis indefesos nos vários conflitos armados em andamento no mundo. O apelo foi lançado diante dos fiéis que se reuniram na Praça São Pedro, no Vaticano, para a oração dominical do Angelus.

No encontro, o Papa refletiu ainda sobre o Evangelho deste domingo, centrado no episódio das Bodas de Caná, quando Jesus transformou a água em vinho, no primeiro sinal de seus milagres.

“A Igreja é a esposa de Cristo, que faz dela ‘bela e santa’; todavia, esta esposa, formada por seres humanos, precisa sempre de purificação. Uma das mais graves culpas que deturpam a imagem da Igreja é a contrária à sua unidade visível, especialmente as históricas divisões que separaram os cristãos e que ainda não foram resolvidas”.

Como todos os anos, no Hemisfério Norte, celebra-se neste período a Semana de Oração pela unidade dos cristãos, “um momento – ressaltou Bento XVI – que desperta o desejo e o compromisso espiritual com a plena comunhão”.
Foi o que testemunhou o Papa na vigília presidida por ele no último dia 29 de dezembro com os jovens da comunidade de Taizé. “E assim será na próxima sexta-feira, 25, quando presidirei as tradicionais Vésperas ecumênicas de encerramento da Semana, na Basílica de São Paulo”, prosseguiu.

Bento XVI encorajou os cristãos a rezarem juntos para que se realize aquilo que o Senhor deseja, assim como diz o tema desta edição da Semana. “Que nos vários conflitos, infelizmente existentes, cessem as matanças de civis indefesos, tenha fim toda violência e se encontre a coragem para ao diálogo e a negociação”.

Após a oração mariana, Bento XVI cumprimentou as pessoas presentes em sete línguas, convidando todos a rezarem para que, em breve, os cristãos possam voltar a ser “uma só coisa em Cristo”.

Na ocasião, o Papa também incluiu o português em meio às saudações, invocando a proteção de Maria sobre as famílias:

“Dirijo agora uma saudação cordial aos peregrinos de língua portuguesa, nomeadamente ao Senhor Bispo Dom Gilberto com os seus fiéis da diocese de Setúbal, sobre todos invocando a solicitude materna da Virgem Maria para que, em cada lar cristão, se mantenha viva a chama da fé, do amor e da concórdia, como suma e preciosa herança cuja entrega aos filhos deve acontecer em vida dos pais. A todos vós, às vossas famílias e às vossas terras: saúde, paz e a graça do Senhor, com a minha Bênção!”.
Fonte: Canção Nova

Reflexão

Cuidado com a pregação dos cristãos da fé vitoriosa. Perder com Cristo também é vencer com Ele. Saber perder por amor também é santidade. 
( Padre Zezinho)






A mão estendida dos jovens em marcha, pintada no rosto, ou sobre o peito, quer chamar a atenção da sociedade para uma dura realidade vivida no Brasil. Esse símbolo grita: “Basta! Chega de violência e extermínio de jovens!”.
A Campanha Nacional Contra a Violência e o Extermínio de Jovens nasceu entre os anos 2008 e 2009. É uma ação coletiva das quatro pastorais da juventude atuantes no País – Pastoral da Juventude (PJ), Pastoral da Juventude Estudantil (PJE), Pastoral da Juventude Rural (PJR) e Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP).  Tem como objetivo articular ações para combater o avanço da violência sofrida pelos jovens.
Jovens que morrem – A Campanha vem chamar a atenção para o fato de que não se pode abordar o tema da violência apenas de maneira generalizada. “Muitas instâncias da sociedade não compreendem que a violência contra a juventude e pela juventude talvez seja um dos pontos centrais para discutir a violência de maneira geral na sociedade”, ressalta o jovem Francisco Antonio Crisóstomo de Oliveira (Thiesco), secretário nacional da PJ. Ele destaca que as recentes pesquisas sobre violência mostram que as taxas de criminalidade no Brasil, em boa parte, ou são os jovens os causadores, ou são eles os mais afetados.
De acordo com o Mapa da Violência 2011 – Os Jovens do Brasil, publicado pelo Ministério da Justiça em parceria com o Instituto Sangari, o homicídio é a principal causa de morte de jovens entre 15 e 24 anos no País. No período entre os anos 1998 e 2008, enquanto 1,8% das mortes entre adultos foi causada por homicídios, no grupo jovem a taxa chegou a 39,7%. O estudo traz um diagnóstico sobre como a violência tem levado à morte os jovens nos grandes centros urbanos e também no interior do País. Em alguns estados a situação é mais grave. Alagoas, Espírito Santo e Pernambuco apresentam os piores índices, com mais de 100 vítimas a cada 100 mil jovens.
Já o Mapa da Violência 2012 – Crianças e Adolescentes do Brasil, estudo feito pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos e pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso-Brasil), acrescentou às estatísticas a informação de que as mortes por assassinato entre os jovens negros no País são, proporcionalmente, duas vezes e meia maior do que entre os jovens brancos.
Políticas públicas – Esses números mostram que a violência que atinge os jovens não pode ser enfrentada apenas no âmbito da segurança pública, mas também por outras políticas, como educação, emprego, moradia, entre outras. A Campanha protagonizada pelos jovens também influenciou ações concretas do poder público. O Conselho Nacional de Juventude (Conjuve), que reúne diversas organizações da sociedade, como a PJ, possui um grupo de trabalho de enfrentamento e monitoramento das questões que dizem respeito à violência contra jovens com um foco especial  para a juventude negra. Esse grupo de trabalho motivou a Secretaria Nacional de Juventude e Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial a criarem um plano do Governo Federal chamado Juventude Viva.
O Plano reúne ações de prevenção para reduzir a vulnerabilidade dos jovens a situações de violência, a partir da criação de oportunidades de inclusão social, serviços públicos e espaços de convivência em territórios que concentram altos índices de homicídio e do aprimoramento da atuação do Estado por meio do enfrentamento ao racismo institucional. Também o próprio Estatuto da Juventude, em tramitação no Senado, apresenta uma série de políticas que contribuem no combate à violência contra os jovens.
Extermínio – Alguns setores da sociedade não aderem completamente à Campanha, pelo fato de ela também denunciar que jovens estão sendo exterminados. “Quando trabalhamos a questão do extermínio, nós falamos da existência dos grupos de extermínio. Na nossa realidade, isso está muito ligado a grupos institucionais, como milícias, tráfico, em que até policiais participam. Esse foi um ponto que, de certa forma, atrapalhou na articulação da Campanha com alguns setores da sociedade”, explica Thiesco.
Um caso de extermínio recente em que a Pastoral da Juventude se engajou e tem articulado algumas ações em busca de Justiça foi a chacina ocorrida na região de Nova Iguaçu (RJ). No dia 8 de setembro, seis jovens, com idades entre 16 e 19 anos, foram sequestrados na Baixada Fluminense. Os corpos das vítimas foram encontrados dois dias depois, às margens da Rodovia Presidente Dutra, em Nova Iguaçu. Eles foram executados porque teriam sido identificados como moradores de um morro dominado por uma facção rival à dos 14 acusados pela chacina, ligada ao tráfico de drogas.
Dentro e fora da Igreja – Embora a Campanha tenha nascido nas pastorais eclesiais, vários movimentos sociais de dentro e de fora da Igreja aderiram à iniciativa. Nos últimos anos, a Campanha se expandiu pelo País de diversas formas, especialmente em marchas contra a violência, audiências públicas com os governos federal, estaduais e municipais, mas principalmente nas bases onde as PJs estão organizadas.
Em 2013, a Igreja dará mais destaque para a Juventude não apenas com a realização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), no Rio de Janeiro (RJ), mas também com a Campanha da Fraternidade (CF), que terá como tema a Juventude. “Temos grandes possibilidades de promover debates nas comunidades, para apresentar a realidade juvenil brasileira e estimular um olhar para suas realidades locais”, ressalta Thiesco.
O jovem Thiesco também chama a atenção de todos para que essa não seja apenas uma preocupação da Juventude. “Quando falamos em violência e extermínio de jovens, deixamos de olhar para a dimensão da família, por exemplo, primeira célula da sociedade e da comunidade eclesial. Quantas famílias estão sendo esfaceladas pela violência! Que as famílias também possam se engajar nessa luta pela vida da juventude.” 
Fonte: Revista Família cristã